domingo, 31 de maio de 2009

MUCURIPE




Mucuripe, o primeiro - O primeiro topônimo cearense a constar em mapa foi Mucuripe. Ele aparece nos mapas das Capitanias, em 1574, escrito Macorie. Que aparecerá na relação de Soares Moreno, em 1618, como Macoripe. Significaria na linguagem dos indígenas água ou rio dos Mocós.


Mucuripe na década de 30
O Mucuripe é um bairro de moradores apaixonados pelo lugar

Foto da década de 30
O bairro do Mucuripe guarda uma das imagens mais marcantes de Fortaleza: as velas que encantam e fazem a moldura da enseada que leva o nome do bairro.

O local fica movimentado pela manhã, com as pessoas que vão caminhar e correr na Beira Mar e os visitantes que aparecem no mercado de peixes para comprar o pescado.
O Mucuripe é o bairro do pescador e de moradores realmente apaixonados pelo lugar. Hoje é cheio de prédios imponentes; símbolos da Capital.
No nome da rua - Manuel Jacaré - a homenagem ao pescador que foi até o Rio de Janeiro falar com o presidente, pedir uma vida melhor para os homens do mar. Hoje, pouco mudou. Há dois anos, cansado das dificuldades, mas sem querer se afastar do mar, o instrutor de vela, Edson Ferreira da Silva, trocou a jangada pelos esportes náuticos. Ninguém melhor do que ele, 40 anos de pescaria, para ensinar velejadores. Trabalhando na areia, pouca gente sabe o que ele guarda na memória; detalhes de um Mucuripe que já não existe mais. “Na memória ficam as brincadeiras de criança que a gente ia surfar na praia, depois tomar banho nos riachos, quando era despoluído. A gente roubava fruta do quintal dos pescadores. Era muito legal”, conta Edson.
O riacho que Edson fala é o Maceió, que deságua próximo à estátua de Iracema, construída em 1965. E o Mucuripe tem mais. A capelinha de São Pedro, erguida no final do século XIX; um cemitério quase centenário, que foi ideia dos moradores da época. Mas é na areia da praia que sentimos o que é viver no Mucuripe. Um estado de espírito. Raimundo Gomes da Silva nunca esqueceu a primeira vez que entrou no mar. “Vim para cá com sete anos de idade. Chegando aqui, um pescador me convidou para ir ao mar, e eu fui. Minha mãe ficou louca atrás de mim. Umas quatro horas da tarde cheguei com bastante peixe, dinheiro, e não vimos que era outra vida”, lembra Raimundo.

No mercado de peixes, quem é de outros bairros vêm em busca de pescado é claro. Para quem é do Mucuripe, é hora de comemorar. O motivo da festa? A volta para casa. “A pessoa sai para pescar, aí chega no fim de semana e tira um peixinho para comer torrado aqui”, conta um pescador.
E sabe o que sente o pescador quando chega em terra firme? “É um mar de rosas, né!?”, diz o pescador, Raimundo Gomes.
Ao lado da capelinha do padroeiro, a justa homenagem ao jangadeiro cearense.




Afinal, o que seria do Mucuripe sem o pescador ou do pescador sem o Mucuripe?



Farol do Mucuripe

O Velho Farol do Mucuripe virou Museu do Jangadeiro, mas hoje está fechado.

O farol foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1982. Hoje em dia não tem segurança e não espera por uma reforma.



Construído no século XIX, o velho Farol do Mucuripe guiou as embarcações pela costa de Fortaleza até a década de 50. Em 1982, foi tombado pelo Patrimônio Histórico e transformado no Museu do Jangadeiro. Mas isso também faz parte da história. Hoje o velho farol está fechado por falta de conservação e segurança.

A foto mostra como era o farol desde sua inauguração até a década de 50, reinando solitário entre as dunas. O Farol do Mucuripe foi terminado em 17 de novembro de 1846, construído pelos engenheiros Júlio Álvaro Teixeira de Macedo e Luís Manoel de Albuquerque Galvão e do Maquinista Trumbull (Truberel). Começou a funcionar em 29 de julho de 1871, o farol giratório do Mucuripe.
De longe a fachada parece intacta. Mas a falta de manutenção do Farol do Mucuripe afastou os visitantes. Os moradores da região dizem que o local, que era pra ser ponto turístico de Fortaleza, foi esquecido. O Farol do Mucuripe tem um passado importante. Foi construído no século XIX. Desde então, passou por inúmeras reformas. Foi desativado no fim da década de 50 do século passado. A última recuperação foi há 25 anos quando o farol foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria da Cultura. Hoje o lugar parece que perdeu importância. 


A foto atual, de Osmar Onofre, o mostra "sufocado" entre casas e casebres, apesar de bem tratado, todo pintadinho, servindo de museu.
A placa é de indicação de um equipamento turístico, mas o Farol do Mucuripe está completamente abandonado. A prova disso é que ele está fechado para a visitação pública. Alguns moradores fizeram do farol ponto de encontro. O pescador Pedro Pessoa, que mora no Mucuripe há mais de 40 anos, lembra da época em que o lugar recebia a visita de turistas.
O prédio está pichado. E há muito tempo não há sinal de manutenção. Apenas um guarda da Polícia Militar faz a segurança do farol, que está sempre de portas fechadas.


O Farol do Mucuripe foi construído em 1840 e fica próximo ao Cais do Porto, que tem o mesmo nome. Foi desativado e conservado, servindo de sede ao Museu do Jangadeiro ou Museu de Fortaleza.
O velho Farol do Mucuripe foi construído pelos escravos entre os anos de 1840 a 1846. Uma construção em alvenaria, madeira e ferro, em estilo Barroco. Uma das mais antigas edificações de Fortaleza. Foi durante muito tempo referência para embarcações que aqui aportavam. O velho olho do mar, como era conhecido, foi desativado em 1957. No período de 1981 a 1982, foi reformado para abrigar o Museu do Jangadeiro, atual Museu do Farol, cujo acervo faz referência a Fortaleza Colônia. Faz parte do Patrimônio Histórico, sendo um dos mais belos pontos turísticos da cidade. Infelizmente está fechado a visitação.
Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) o Farol do Mucuripe está entregue ao abandono, um referencial de Fortaleza Colônia.



Porto do Mucuripe
Porto em fase de conclusão 1958
Porto 1946
O Porto do Mucuripe é um dos principais portos da navegação de cabotagem do Brasil em movimentação de cargas.
Situado na enseada do Mucuripe desde a década de 50, o Porto de Fortaleza é rico em histórias, idéias e projetos.
O primeiro projeto de porto para Fortaleza surgiu em
1870 pelas mãos de Charles Neate. Seu projeto consistiu na construção de um quebra-mar e sistemas auxiliares para a atracação de navios na costa no históricos local da Prainha, ao lado direito da foz do Riacho Pajeú, próximo a Fortaleza de Nossa Senhora de Assunção, onde hoje existe a Praia de Iracema. Neste local foi construído vários trapiches desde 1804. Em 1875 tem início a construção do projeto de Neate pelo Sir John Hawkshaw; início da construção do quebra-mar, armazéns, Prédio da Alfândega de Fortaleza em 1883; a construção da Ponte Metálica entre 1902 e 1906 até a construção da famosa Ponte dos Ingleses em 1921. Como o local escolhido e no qual foi construído mostrou-se inviável as atividades portuárias, foram feitos estudos e projetos para um novo local para o Porto de Fortaleza.
Em
1908, uma comissão chefiada pelo engenheiro Manoel Carneiro de Souza Bandeira começou uma minuciosa e completa pesquisa na Prainha e na Enseada do Mucuripe, para levantamentos topo hidrográficos e para estudo do regime dos ventos, das marés, das correntes e dos movimentos das areias.




Em 1929, o Departamento de Portos, Rios e Canais tinha planos de realizar estudos sobre o porto de Fortaleza. Esta tarefa coube ao engenheiro Augusto Hor Meyll. Com base nos estudos feitos em Fortaleza, o Dr. Hor Meyll apresentou, a 21 de janeiro de 1930, o seu projeto de construção do porto de Fortaleza na enseada de Mucuripe. A enseada do Mucuripe oferecia vantagens extraordinárias, inclusive o fato que esta localiza-se seis quilômetros da Capital. Na época Meyll diz em frase que ficou famosa: "Ou temos o porto na enseada de Mucuripe, ou nunca teremos um porto em Fortaleza."Getúlio Vargas em 7 de julho de 1938 decide sobre a localização do novo porto de Fortaleza e definindo a enseada do Mucuripe como o novo local.

No ano seguinte, 1939, foi instalado o canteiro de obras para construção do primeiro trecho de cais.


Estátua de Iracema

Foto antiga, bem antes da "restauração"
Estátua de Iracema - O primeiro monumento que retratou a “virgem dos lábios de mel” foi esculpido pelo pernambucano Corbiniano Lins e inaugurado em 24 de junho de 1965. A estátua foi construída na enseada do Mucuripe, local onde a índia esperava o regresso do “Guerreiro Branco” - Martim Soares Moreno. No monumento, os personagens: a índia Iracema, seu marido Soares Moreno, o filho Moacir e o fiel cão Japi.


Inauguração da Estátua de Iracema


A Praça do Ferreira entre os anos 1930 e 1960



A Praça do Ferreira, desde priscas eras sempre foi local de atração dos fortalezenses.

PRAÇA DO FERREIRA em 1934, onde se vêem, ao fundo, os cinemas Moderno e Majestic, já inexistentes
Cedo aprendemos a admirá-la como local de encontro por ser centro nervoso do comércio retalhista, onde todos circulavam naquele quadrilátero para fazer compras, admirando antigas edificações quase sem prédios suntuosos, guardando memórias de antigos casarões, de muitas histórias.
Na Praça do Ferreira aconteciam confissões de paixões segredadas à primeira vista ou declarações que recolhidas no peito, esperavam momento de externar extravasando sentimentos, pudessem merecer aconchego no coração da mulher amada e até momentos fatais se desenrolaram sob visões que foram além das paixões adolescentes.

CARTÃO POSTAL do Palacete Ceará, sede do Clube Iracema, no ano de 1930, hoje agência bancária


Quantos encontros fortuitos ou previamente marcados tiveram desfecho feliz e terminaram no altar... ou se desfizeram no nascedouro... hoje lembrança, é recordar a saudade que chega e desconhece pessoas, coisas, locais e tempo, porque metamorfoseando-se toma forma dentro de nós com irresistível vigor que transcende da velhice, é história latente que está no nosso eu e só se acaba com a morte.
A Praça do Ferreira, cujo nome provém do Boticário Ferreira, farmacêutico vindo de fora, que ali se instalou, bem precisamente na Rua Major Facundo, por alguns anos, na Farmácia Boticário Ferreira.

Por muitas vezes palco de grandes eventos políticos, comícios, apresentações de artistas, comemorações por parte dos governos Estadual e Municipal, showmícios, e, na penúltima administração, por motivo de comemoração, fez-se imenso bolo em volta da praça, cujo tamanho representado em 278 metros, correspondia ao tempo de fundação da cidade (1726-2004).Chamava atenção por se ter tornado o famoso “banco da opinião pública”, inaugurado em 1922 e reinaugurado a 1º de fevereiro de 1942, no qual se reuniam para palestrar, durante a tarde, várias e conhecidas pessoas de Fortaleza. Comentou-se na imprensa local: “Há 65 anos, ou seja, 1º de fevereiro de 1942. Quando o banco foi inaugurado pela primeira vez, há cerca de vinte anos, assinaram a ata o coronel Antonio Diogo de Siqueira, Tibúrcio Targino, Meton de Alencar e Raimundo Cícero”.

Vista da Praça do Ferreira no cruzamento da Major Facundo com Guilherme Rocha 1925

Diz ainda que “A Prefeitura de Fortaleza iniciou os trabalhos de reforma da Praça do Ferreira e retirou todos os “bancos”, inclusive o da “opinião pública”. Logo tem-se que o “banco da opinião pública” foi inaugurado no ano de 1922 – há 85 anos.Como o próprio nome dizia – nesse banco da praça, se comentava a vida alheia, dos políticos, do clero, da fortuna dos ricos da época, dos sovinas mais conhecidos e dos que levavam a vida com sibarismos a arrotar grandeza com parvoíce, em antítese, acendradas opiniões que mereciam o mais alto e justo acatamento dos que naquele banco proferiam suas opiniões com certo comedimento.




Sul América e o Savanah Hotel na Praça do Ferreira-Ainda de pé


Sem que houvesse separação da classe social nem tão pouco discriminação entre os freqüentadores da praça, existia uma sutil divisão na ocupação dos bancos por certos profissionais liberais; havia o banco ocupado por médicos; advogados, magistrados e intelectuais ocupavam outro; os banqueiros, comerciantes e outras pessoas gradas se dirigiam bem vestidos nos seus ternos – trajes de passeio de tecido caroá listrado com paletó almofadinha, de linho puro acetinado branco, que dava tom de elegância; os caixeiros interessados das firmas. Enfim, a praça se enchia de muitas pessoas – sobre as diversas ocorrências locais e das últimas, embora atrasadas, notícias do país e do mundo.Era forma de obsidiar os freqüentadores, de onde saíam e transpiravam as notícias vindas do Palácio do Governo, muitas vezes de forma oculta e indizível para não quebrar o sigilo da política, coisa levada muito a sério pelas pessoas que ali desfilavam.


RUA GENERAL BEZERRIL - O OITIZEIRO DO ROSARIO

Professor Dias da Rocha, homem de muito saber, nascido em Fortaleza, no dia 23 de agosto de 1869, proprietário do Museu Rocha e profundo conhecedor de História Natural, dizia como surgiam as histórias, manchetes de jornal, e por ser da mais absoluta discrição ou segredo de Estado, não poderiam ser divulgados sob nenhum pretexto, diante do rigor exigido pelos chefes políticos, que tornava a revelação um ato de insubordinação ou infidelidade partidária.Não raro surgiam boatos em forma de segredo de abelha que pareciam coisas do “arco da velha” mas que tinham na sua essência a divulgação de fatos e discussões travadas no palácio. Pessoas mais graduadas não se submeteriam ao escárnio público. Assim esses fatos foram se divulgando e cada vez mais crescia a desconfiança entre os próprios participantes da roda palaciana, e, além disso, as indagações e conjecturas que despertavam em cada membro da situação, em tese a infidelidade de comentar ou passar à frente o que no palácio fôra tratado. Entretanto o jornal opositor, de logo reproduzia em manchetes, notícias que eram do mais alto sigilo político.


Praça na década de 50

Por sua vez, geravam entre os mesmo membros da facção, uma desconfiança que causava mal-estar porque não se sabia de onde partiam as informações que traíam o governador.Pairava discórdia entre alguns políticos que ficavam perplexos sem saber como haviam transpirado tais assuntos e reinava desconfiança entre os mesmos. Passado algum tempo, se descobria que certo indivíduo transvestido de pedinte e com certos disfarces, à noite, aproximava-se das rodas dos políticos e tomava conhecimento dos assuntos tratados entre eles. A dúvida permaneceu até o dia em que determinado assunto foi descoberto e publicado no jornal Unitário, e o autor se deixou trair por todas as notícias divulgadasl – vinha, induvidosamente do Pe. Alexandre Cerbelon Verdeixa, possuidor de grandes dotes intelectuais, jornalista, por demais conhecido como arguto e, grande agitador nos movimentos político do Estado. Dessa forma todos ficaram sabendo da astúcia do Pe. Verdeixa, que naquele tempo perlustrava o anedotário cearense, com suas façanhas e que ninguém ousava criticar sabendo de sua boca ninguém silenciaria, por conhecer o seu valor crítico e cultural.

Praça do Ferreira




A Praça do Ferreira é conhecida como o coração de Fortaleza. Existe há 172 anos e sua história alia o passado e o futuro.

O local já abrigou antigos bancos de duas faces, os “frades de pedra” para amarrar cavalos, a primeira Coluna da Hora, o Hotel Excelsior, e foi palco de um dos melhores momentos do espírito moleque do cearense: quando o sol foi vaiado. E quem não lembra dos bancos dos aposentados, da bolsa de apostas e da Banca do Bodinho?



Foto do Àlbum Vistas do Ceará de 1908. Em detalhe o frade para amarrar cavalos.
 
1934 - Vemos o Cine Theatro Majestic Palace incendiado nos anos 50

Seu nome é referência ao Boticário Ferreira que, enquanto presidente da câmara municipal, fez uma reforma na área e urbanizou o espaço. Desde 2001, após pesquisa popular, a praça do Ferreira foi oficialmente declarada Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza pela lei municipal 8605 de 20 de dezembro de 2001. Na praça do Ferreira, aglutinaram-se grandes empreendimentos e grandes eventos da sociedade e da cultura fortalezense durante o final do século XIX até a metade do século XX quando a cidade passou por uma expansão urbana e pela criação de outros pólos de desenvolvimento. Em 30 de janeiro de 1942 o Sol foi vaiado por um grupo de pessoas na praça depois de 2 dias de tempo nublado e chuvas. O ano de 1942 foi de estiagem no Ceará.

Foto dos anos 40

No dia 7 de setembro de 1902 houve sua primeira urbanização, pelo intendente Guilherme Rocha, com a construção de um jardim em cujo centro ficava a Avenida que então passou a denominar-se Jardim 7 de setembro, rodeada por colunas de concreto e grades de ferro, ocupando pequeno espaço em frente ao hoje cine São Luiz. Foi construído também cinco artísticos quiosques que abrigavam quatro cafés e um servia de posto de fiscalização da Companhia de Luz.


Ali existiam também os célebres frades de pedra, feitos de pedra de lioz vinda de Portugal, com argolas, onde se amarravam os animais. Havia também, no centro do jardim, uma caixa d’água e um catavento, que puxava água para aguar os jardins. Em 1892 um dos cafés foi palco do movimento literário “Padaria Espiritual”.

Café do Comércio - 1908

O prefeito Godofredo Maciel fez uma reforma em 1920 que retirou os quiosques, mosaicou toda a praça e também tapou o poço, fazendo vários jardins e colocando em seu centro um coreto sem coberta, onde a banda da Polícia executava às quintas-feiras suas afamadas retretas. Em 1923 foi colocado outro coreto, este coberto. 



Local onde ficava o Café do Comércio - foto atual sem o Café

Em 1933 Raimundo Girão derrubou o coreto e levantou a Coluna da Hora em estilo “Art Dèco” de cimento e pó de pedra”. Com os festejos pelo fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 a praça passou ser considerada e batizada de “Coração da Cidade”. No dia 15 de novembro de 1949 o Abrigo Central foi inaugurado, pelo prefeito Acrísio Moreira da Rocha. Concebido inicialmente como terminal de ônibus, fez parte da história de Fortaleza. Poucas pessoas lembram de um centro comercial que funcionava, ininterruptamente, ao norte da Praça do Ferreira da década de 1950, onde antes existia o prédio da Intendência Municipal, bem à frente do prédio do Hotel Savanah.

Durante o ano de 1966 o prefeito Murilo Borges, sem nenhuma consulta popular e sob alegativa de que o abrigo estava para ruir, iniciou uma reforma que derrubou a Coluna da Hora e o Abrigo Central. Em 1968 foram encontradas duas urnas no subsolo da praça, uma de 1936 contendo moedas, cartas e jornais de época. A reforma terminou em 1969, deixando a praça totalmente diferente.

Foto da Praça do Ferreira mostrando a Coluna da Hora inaugurada 
em 31 de dezembro de 1933 

Nessa época a praça teve instalações subterrâneas e que abrigaram a Galeria Antônio Bandeira até sua última reforma.

Em 1991, o poço foi recuperado, quando da última reforma pela qual a Praça passou na gestão de Juraci Magalhães. Descoberto o poço, ele foi mantido e novamente erguida a Coluna da Hora em estilo semelhante a primeira com projeto contemporâneo dos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce de León.

Café Java - 1887


Local onde ficava o Café Java - 1989

Local onde ficava o Café Java em 1991- Atual já sem o Café

Desde o final do século XIX, a Praça do Ferreira é a praça mais conhecida e frequentada da cidade, sendo considerada por muitos como o coração de Fortaleza tendo sido palco de importantes episódios da história da cidade. Por mais de um século, seus bares, cinemas, os antigos cafés ou seus bancos foram ponto de encontro do povo cearense. Por ela passaram os mais ilustres personagens da história de Fortaleza, como Quintino Cunha, o próprio Boticário Ferreira, os membros da Padaria Espiritual, entre muitos outros.

O Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador

O Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador - Hoje só resta uma placa

Na praça ocorreram vários episódios hilariantes, como... 

O inflamado discurso do Prof. Eduardo Mota, que incitava o povo à revolta e ao vandalismo, dizendo que nada devia-se temer, mas quando a polícia chegou mudou logo o discurso, dizendo: "..sim, mas dentro da ordem e do direito, respeitando as autoridades constituídas...".
Os momentos de celebridade do bode Ioiô...
Os encontros do "Batalhão de Potoqueiros de Fortaleza", iniciados em 1904 pelos jovens Álvaro Wayne, Antônio Dias Martins, Henrique Cals, Porfírio da Costa Ribeiro, José Raimundo da Costa entre outros. Os encontros aconteciam sob o "Cajueiro da potoca" ou "Cajueiro da mentira", e tradicionalmente no dia 1º de abril era eleito o Potoqueiro do Ano. A votação tinha mesa, urna e ocorria debaixo do próprio cajueiro. Os encontros duraram por muitos anos, até que o cajueiro foi derrubado, em 1920, na gestão do prefeito Godofredo Maciel.

Foto de 1978

A Praça do Ferreira é rodeada ainda hoje, por várias construções que marcaram época em Fortaleza, como o Palacete Ceará, a Farmácia Oswaldo Cruz, a lanchonete Leão do Sul, o Cine São Luiz, o Edifício SulAmérica, e os hotéis Savanah e Excelsior Hotel (primeiro grande hotel de Fortaleza, construído onde ficava o famoso Café Riche).

Até meados do século XIX, a Praça do Ferreira era só um Areial. Um Areial com uma cacimbão no centro, algumas mongubeiras, pés de castanhola. Nos cantos do terreno, marcos de pedra para amarrar jumentos dos cargueiros ambulantes que vinham do interior. Nesse tempo, o Areial era chamado de "Feira Nova" por abrigar uma feira movimentada.

Em 6 de dezembro de 1842, uma lei da Câmara Estadual autorizou a reforma do plano da cidade de Fortaleza. As alterações incluíam a eliminação da Rua do Cotovelo para a construção de uma praça, que deveria chamar-se Dom Pedro II. A Praça Dom Pedro II foi então construída por Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira), então presidente da Câmara.

Antônio Rodrigues Ferreira instalou uma botica na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo. Sua botica, conhecida "Botica do Ferreira", ficou bastante conhecida, chegando a ser ponto de referencia e ponto de encontro na praça. O Ferreira e sua botica tornaram-se tão célebres, que por volta de 1871, a praça passou a ser chamada de "Praça do Ferreira".

Foto da década de 50

Em 1886, quando a praça ainda era um Areial com um cacimbão no meio, foi construído o primeiro café-quiosque da praça: Café Java. Depois chegara os outros três: Iracema, Café do Comércio e Café Elegante - um em cada canto da Praça.

Em 1902, o intendente Guilherme Rocha mandou fechar o cacimbão e em seu lugar, fez um jardim, o "Jardim 7 de Setembro". Em 1920 o prefeito Godofredo Maciel ladrilhou o Areial e demoliu os quatro cafés, e derrubou o famoso "Cajueiro da Potoca" - onde se fazia anualmente a eleição do maior mentiroso de Fortaleza. O mesmo Godofredo Maciel, em 1925 construiu um coreto no centro da praça.

Em 1932, o prefeito Raimundo Girão iniciou uma pequena reforma. Ordenou a demolição do coreto para a construção de uma Coluna da Hora, com 13 m de altura e quatro relógios votados para cada lado da praça, colocou novos bandos na praça e a ornamentou com vários canteiros e pés de fícus.


Postal raro da Praça dos anos 60

Em 1968 a praça foi radicalmente modificada. A coluna da hora foi demolida e em seu lugar foi construído um Abrigo Central, que não durou muito tempo. Apesar do grande fluxo de pessoas que proporcionava, logo virou reduto de desocupados.

Praça do Ferreira com Coreto na década de 1920 e vista do Cine Majestic - Nirez

Finalmente, por volta de 1991, durante a administração de Juraci Magalhães, a praça adquiriu sua configuração atual: em um projeto contemporâneo, os arquitetos Fausto Nilo, Delberg Ponce de León tentaram recompor simbolicamente cada época da Praça do Início do século. Hoje, a praça possui uma versão moderna da antiga coluna da hora, quiosques em cada canto da praça, um pequeno cajueiro, no mesmo lugar onde existiu o Cajueiro da Potoca e até o cacimbão foi reaberto, ao lado da coluna da hora.



Paixão pela história



Narcélio Limaverde, um apaixonado por Fortaleza.

Aos 76 anos, Narcélio Limaverde se orgulha de ainda estar em atividade. Nos 54 anos de carreira, ele já passou pelas maiores rádios AM do Estado e também teve experiências em jornais e na televisão. Narcélio é referência ainda quando o assunto é a Fortaleza de sua infância, de um tempo de cordialidades e de mais solidariedade.

Narcélio Sobreira Limaverde, de 76 anos, é um homem apaixonado. Seu primeiro amor foi pela cidade em que nasceu. Da Fortaleza de sua infância guarda lembranças quase tangíveis para quem o ouve contá-las. Quase se experimenta as brincadeiras de infância, a macaca (amarelinha), a arraia, o castelo, o futebol de campo. Do tempo de rapazinho, as memórias dos cinemas de bairro, oportunidade para embalar as primeiras paixões das moças e rapazes da redondeza da rua Imperador, no Centro. Memorialista, Narcélio não se cansa de recordar do bairro então cheio de efervescência onde famílias mais abastadas e mais humildes compartilhavam em harmonia o dia-a-dia. Gosta de lembrar das bodegas e mercearias e dos personagens que passaram por lá. Memória de um tempo em que as pessoas tinham identidade com o local em que viviam. Foi também nesse tempo que Narcélio foi seduzido por uma nova paixão. Na verdade, um amor que nasceu em casa. Filho do radialista José Limaverde Sobrinho, Narcélio já nasceu embalado pelas ondas da rádio AM. Mas não foi o pai quem o incentivou a seguir a trilha. Fez concurso para a Ceará Rádio Clube, passou em terceiro lugar e esperou uma vaga. Assim, ela veio e hoje são 54 anos de romance. Hoje, orgulha-se de ser um dos radialistas mais antigos em atividade. "Coisa pra entrar no Guiness Book", gaba-se. Sua trajetória passa pelas principais rádios AM do Ceará, por canais de TV e hoje está inclusive em uma FM (Assembléia), coisa que antes parecia impensável. A popularidade ganha o seduziu e o levou a mais um amor arrebatador. Mas que, dessa vez, não teve um final feliz. Candidato a vice-prefeito em 1985, a chapa de Narcélio perdeu a eleição. Mas seu nome já tinha apelo eleitoral e resolveu tentar sozinho a trajetória. Candidato a deputado estadual, foi eleito com mais de 30 mil votos. Mas na reeleição, ironia do destino ou não, levou o fora das urnas. Recebeu pouco mais de 10% dos votos da primeira eleição. Narcélio não esconde que se decepcionou com a política. Assume seus erros e não se envergonha de dizer que não se enveredaria novamente nessa paixão. Arriscada demais e "pra quem tem jogo de cintura", mas não era desses tipos. Hoje, no rádio, seu vício como bem assume, e fora dele, ao lado da esposa Helenira, dos quatro filhos e netos, continua se apaixonando pela vida.
O senhor morou muito tempo no Centro, na rua do Imperador, e o senhor fala muito dessa época...
Eu falo muito na rua do Imperador porque lá nós moramos em dois locais. Um que hoje em dia é o (colégio) 7 de Setembro, na rua do Imperador, entre as avenidas Clarindo de Queiróz e Duque de Caxias. O número da casa é 1.055. E a outra 1.164, mesmo defronte à antiga Igreja de São Benedito. Então a minha infância toda aconteceu na Imperador.
E o senhor nasceu lá também?
Não, nasci na rua 24 de maio, também no Centro. Uma rua residencial mas com algumas bodegas e mercearias. Bem próximo das ruas Duque de Caxias, Imperador, Tristão Gonçalves, 24 de maio, Princesa Isabel.
Quais são as lembranças mais fortes da sua infância?
Eu me lembro muito que tinha a fábrica do Tó (abreviação de Antônio) Diogo. Diogo era uma família muito importante e rica. Tó Diogo era filho do Antônio Diogo que deu nome a um distrito de Aracoiaba, onde ainda hoje existe um leprosário mantido pelo Diogo. Então, a fábrica dele tinha uma sirene que apitava às dez e meia da manhã. E isso chamava muita atenção porque nós todos sabíamos, sem termos relógio, que era dez e meia por causa da sirene. E o que também marcou muito a minha infância foi a bodega de seu Gambetá. Era uma loja de secos e molhados que tinha tudo, e os funcionários, praticamente todos, eram sobrinhos ou filhos dele. Seu Gambetá foi o pai do padre Arquimedes Júnior, um religioso muito importante nessa cidade. E também foi pai do Roberto Bruno que era médico e foi jogador de futebol (zagueiro da seleção cearense e do time Maguary Sport Club). Seu Gambetá foi quem inaugurou o doce gelado. O doce gelado eram aquelas pedrinhas de gelo feitas numa fôrma - porque ainda não tinham inventado esse redondo, o chamado picolé. O doce gelado era comprado na caderneta de fiado. Recordo que na minha casa tinha duas pitombeiras. Um tempo a gente inventou de comercializar essas pitombas, lá na bodega... De meia em meia hora, a gente ia lá olhar pra ver se já tinha vendido alguma coisa. Eu sempre fui um péssimo comerciante. Lendo comerciais no rádio até que vendo, mas ao vivo, não.
E das brincadeiras de criança. De que os meninos daquela época brincavam?
colocou "festival de pipa na Praia de Iracema" e eu fiquei chateado. Aqui é arraia não é pipa. Existia também o futebol na calçada que era na calçada da casa do Inácio Parente, dono da Casa Parente, onde hoje funciona o (Colégio) 7 de Setembro, aquele ao lado do Patronato das irmãs de caridade. E também a gente brincava de castelo. Pegávamos uma lata pequena, enchia de sabão pra ficar pesada. No chão, desenhávamos um triângulo. Em cada canto e no meio ficava uma castanha de caju. Ganhava quem acertasse o maior número de castanhas com a lata. Agora o futebol tinha predominância.
Hoje, essa convivência entre ricos e pobres é mais difícil, já que a maioria das pessoas de classe mais baixas foram, de certa forma, deslocadas para as regiões periféricas...
O bairro dos ricos naquela época era Jacarecanga, depois a Aldeota... Sabe como é que minha mãe, dona Ledinha, chamava a Aldeota? Cemitério dos vivos. Sabe por quê? Por que não botavam cadeira na calçada.
Então, essa divisão ocorreu por que a cidade cresceu e houve esse espaçamento mesmo ou porque a cidade ficou mais desigual?
Eu acho que ela cresceu e ficou desigual. O negócio está terrível. Hoje a gente tem medo de sair de casa. Quando eu era jovem, a gente ia a pé para o Maguary (Sport Club), que ficava ali perto no 23 BC (Batalhão de Caçadores), na Barão do Rio Branco (hoje fica a Coelce). Aí, no final da festa, sabe o que a gente fazia? Ia eu e um amigo meu. Ele me perguntava: 'Rapaz, a gente vai de sanduíche ou a pé?' Eu respondia: 'De sanduíche'. O sanduíche cai duro era comprado, partia no meio - que a gente só tinha dinheiro pra comprar um sanduíche - e ia a pé. Ele morava no Otávio Bonfim, eu morava na rua Clarindo de Queiroz, já chegando na praça São Sebastião. E era naquela maior escuridão porque não tinha essa iluminação como hoje em dia e nunca aconteceu problema. E não era só uma vez não. Porque não era toda vez que a gente tinha dinheiro pra pegar transporte. Não havia táxi, era carro de corrida. A vida era assim. A cidade era tranqüila. Eu digo que eu sou do tempo que quando você gritava pega o ladrão, o ladrão corria. Então, naquele tempo, até os ladrões eram mais amigos, né?
algumas crônicas que contavam o clima dessa época. Em uma delas, o senhor fala da saudade dos cinemas de bairro. Hoje, eles foram substituídos pelas salas de cinemas nos shoppings. O senhor sente saudade desse tempo?
Ah, eu ia ao cinema segunda-feira e de tanto comparecer já conhecia as vozes dos artistas. Tinha o Charles Boyer, que tinha a voz muito grave, o Hunfrey Bogart, o astro de Casablanca. Conhecia todos pela voz. Às vezes, os colegas perguntavam: - E agora, Narcélio? Eu dizia é fulano de tal, é fulano, é Dorothy Lamour, que eu era apaixonado por ela. E quem não era? Ia muito ao cinema. Eu ia muito no Cine Centro, na Tristão Gonçalves com Duque de Caxias, que uma empresa que vende material de construção demoliu. Achei um absurdo. Vejo que as grandes lojas aproveitam o arcabouço de uma coisa antiga e modernizam dentro. Infelizmente, o Centro foi destruído. Esse era o cinema que a gente mais freqüentava. Filmes mexicanos, brasileiros e série (filmes em capítulos, como as novelas de hoje), a fila arrodeava o quarteirão. E a partir da tabuleta que era colocada na esquina do seu Gambetá, a gente sabia qual era o filme do dia. E um deles foi um escândalo. Nunca houve uma mulher como Gilda, com a Rita Hayworth. E todos nós nos apaixonamos por ela. Naquele tempo você mandava buscar retrato de artista e vinha: 'To Narcélio, sincerely, fulano de tal'. Elas mandavam pra gente (risos). E o cinema era também um refúgio dos namorados. Eu me lembro que nesse tempo, as moças, as namoradas da gente, ou iam escondidas ou com o irmão menor. O irmão menor, a gente comprava com bombom, guloseimas ou chocolate. Mas quando era irmão maior, a gente não comprava de jeito nenhum. (risos)
O senhor acha que nessa Fortaleza as pessoas eram mais cordiais, viviam mais em comunidade?
Eu moro num prédio de apartamentos e eu ainda me encontro com a minha vizinha. Não vejo costumeiramente os outros moradores. Então esse convívio diminuiu. Antes a gente ia nas casas e não precisava nem ligar avisando. Hoje em dia, se você vai na casa de alguém, tem que avisar. Na Europa, nem um filho vai na casa do pai sem avisar. Nós estamos quase chegando a essa situação. Eu acho que isso também se deve à velocidade do tempo... As pessoas não têm mais tempo.
Quando sua família morava no Centro, vocês viviam no mesmo bairro de famílias mais ricas, mas vocês não eram ricos. Como era esse convívio?
Minha família não era miserável, mas também não tinha folga. Na minha rua, tinha gente rica. Tinha o dono de grandes empresas, a Cidao, cujos donos eram da família Moreira, de Iguatu. Tinha um empresário de uma grande loja de tintas, Pedro Américo. O vizinho, seu Gadelha, dono de plantação de cera de carnaúba, a grande riqueza da época. Sabíamos que era surdo e falava muito alto. Porque a nossa rua era de classe média alta, com algumas pessoas ricas. Mas, por exemplo, meu pai era bancário e radialista. Depois ele deixou o banco e acabou sendo funcionário da Cenorte (Companhia Elétrica do Norte), uma empresa de eletricidade. Quando meu pai morreu em 71, morreu mais novo que eu, num domingo, ele tinha trabalhado até tarde no sábado.


Para ler a entrevista na íntegra, acesse:
http://www.opovo.com.br/opovo/paginasazuis/800393.html

Jacarecanga merece...



Jacarecanga é um bairro do município de Fortaleza, ao oeste do centro da cidade. A principal atração natural deste é o Riacho Jacarecanga. À margem esquerda e boca deste foi construído em 1749 uma fortificação militar Reduto de Jacarecanga, neste mesmo local nos dias de hoje localiza-se a Escola de Aprendizes-Marinheiros do Ceará.
Com a expansão territorial de Fortaleza no século XIX, as margens do riacho Jacarecanga começa a ser consolidada e aqui em 1845, foi instalado o terceiro colégio mais antigo do Brasil, o Liceu do Ceará. No bairro localiza-se o Cemitério São João Batista (Fortaleza), o qual foi construído em 1866. Este bairro ainda sedia o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará e Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. Das primeiras décadas até as décadas de 40 do século XX, o Jacarecanga viveu o seu apogeu, quando este era o bairro da elite de Fortaleza. Porém com a mudança da elite para a Aldeota e com a construção da estação de tratamento de esgotos na praia do Jacarecanga, este bairro sofreu uma grande desvalorização.
Bairro muito católico, abriga várias instituições religiosas: Instituto Bom Pastor, Capela das Filhas de Sant'Ana Rosa Gatorno, Igreja dos Navegantes(foto acima) e a Igreja de São Francisco de Assis.



O Cemitério São João Batista foi inaugurado no dia 5 de abril de 1866 para substituir o Cemitério de São Casemiro que ficava no local onde está construída a Estação João Felipe. Seu fechamento foi determinado em virtude do terreno sofrer influência de dunas móveis e por ficar próximo do núcleo urbano de então. Em 1880 foram exumados do cemitério São Casemiro os restos de pessoas ilustres como Pessoa Anta e Padre Mororó e transferidos para a cemitério São João Batista. O cemitério é administrado pela Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e tem uma área total de 95 mil m².

Quem sai da praça do Liceu e se dirige ao cemitério São João Batista, Igreja dos Navegantes ou Escola de Aprendizes Marinheiros ou, ainda, à praia, certamente ficará na posição em que ficaram os fotógrafos tanto da foto antiga como da atual.

Na foto velha, que data do final da década de 40, vemos como era o bairro de Jacarecanga na época, com suas mansões, seus bangalôs, equivalendo à Aldeota. A primeira casa que vemos pertenceu ao secretário do governo do Estado, Brasil Pinheiro, seguindo-se a de Stênio Gomes e outros. O governador, na época interventor federal, era Francisco de Menezes Pimentel. Outros bangalôs podem ser vistos à distância.




A foto atual, fruto da objetiva de Osmar Onofre, foi tirada do mesmo ângulo, embora pareça de outro pela posição do meio-fio da calçada da direita, mas é que a calçada atual é mais larga que a antiga.; a casa que foi de Brasil Pinheiro ainda está lá, da mesma forma, com alteração apenas no muro da frente. As casas que se seguem também sofreram pouca alteração, a não ser na vizinhança, pois existem construções novas entre elas. Note-se que a casa que foi de Stênio Gomes da Silva sofreu visíveis alterações, tendo sido retirado o telhado de beira-e-bica de quatro faces. Outras alterações na foto atual são a presença do asfalto na pavimentação, a pintura do meio-fio que hoje é caiado, a ausência dos fios, postes e trilhos dos bondes. A região, mesmo na época dos bondes, foi servida pelos ônibus de Oscar Pedreira.



Créditos: Fred Guilhon e pesquisas na internet

Conforme pedidos, um pouco mais sobre o bairro Jacarecanga:

A avenida Filomeno Gomes, uma das principais vias do bairro Jacarecanga, homenageia o industrial Pedro Philomeno Gomes, dono de boa parte dos imóveis do bairro Jacarecanga. Ele foi dono de fábrica de redes e de grandes hotéis do Centro, como o Lord, fechado há muitos anos.
Entre alguns ex-moradores ilustres do bairro, estão o ex-governador Virgílio Távora; o desembargador Leite Albuquerque; o ex-prefeito de Fortaleza Acrísio Moreira da Rocha; o ex-governador do Piauí, Alberto Silva; o padre Antônio Thomás; o ex-ministro Brasil Soares; e o industrial Philomeno Gomes.
Nos primeiros edifícios da década de 20, os apartamentos funcionavam apenas como unidade de habitação. A área de serviço ficava longe do convívio da família, no último andar.
No fim da década de 40, o Jacarecanga era cheio de mansões e bangalôs. O calçamento era de pedras toscas e os trilhos dos bondes corriam ao longo da avenida, bem como os fios apoiados em postes da The Ceara Light and Power Ltd. (que fornecia energia elétrica para a cidade). As árvores eram pés de ficus-benjamins, regularmente podadas. A região, mesmo na época dos bondes, foi servida pelos ônibus de Oscar Pereira (que hoje dá nome a outra antiga rua do bairro).



Ao cruzar o século XVIII , Fortaleza é uma aglomeração urbana bem modesta, mantendo-se sem muita alteração, seja demográfica ou física, pelo restante do século . Este quadro começa a alterar-se a partir de 1930 com um crescimento desordenado , a cidade sofre uma experiência de inchação . As famílias abastadas localizavam-se em chácaras e palacetes , constituindo a área de maior manifestação dos traços arquitetônicos trazidos da Europa. Fazendo parte desta influência, esta a casa do intelectual Thomaz Pompeu Sobrinho, com influência do art-nouevau italiano, edificada na parte oeste da cidade, antigo bairro Fernandes Vieira, hoje Jacarecanga.
Esta zona, originalmente residencial, começou a degradar-se paulatinamente com o surgimento de indústrias, fazendo com que, as famílias de melhores condições financeiras fossem para a zona leste, desvalorizando-se gradualmente suas chácaras e palacetes.
Thomaz Pompeu de Sousa Brasil ou Th. Pompeu Sobrinho, intelectual brilhante, fez construir em 1929, no bairro Jacarecanga - fortaleza, uma edificação que lhe serviu de residência até o seu falecimento , em 9 de novembro de 1967, aos 87 anos de idade.
Destaca-se ainda pela imponência de suas linhas arquitetônicas originais, retratando bem a aristocracia de Fortaleza no início do século, época em que Jacarecanga era o bairro nobre da cidade. Até hoje, o bairro mantém a originalidade de parte do seu acervo de arquitetura residencial, destacando-se o palacete de Thomaz Pompeu Sobrinho, como uma referência para seus moradores, memória do passado e da história da cidade de Fortaleza. Protegida pela lei estadual nº 9.109/68 e adquirida pelo Governo do Estado do Ceará, a casa de Thomaz Pompeu Sobrinho será restaurada, ficando asseguradas as condições ideais para a sede da escola de artes e ofícios do Ceará num projeto conjunto entre a secretaria de cultura, o Instituto de Cooperação Ibero-Americano e o Ministério da Cultura.

O sobrado situado na avenida Francisco Sá, 1801, é uma das ultimas pecas integrantes do acervo da arquitetura residencial do bairro da Jacarecanga e exemplar do patrimônio histórico e arquitetônico de Fortaleza.

Remanescente de um acervo praticamente desaparecido, a casa sobressai das demais edificações do bairro por suas linhas de inconfundível exemplar de arquitetura art-nouveau, conscientemente projetada, de acordo com a variante dita, liberty, de procedência italiana.

Classificação geral da construção:

Autor do projeto: Thomaz Pompeu Sobrinho

Proprietário original: Thomaz Pompeu Sobrinho

Proprietário atual: Secretaria de Cultura e Desporto

Avaliação: monumento histórico arquitetônico

Época de construção: século XX, 1929

Na paisagem urbana do Jacarecanga estão impressas as marcas deixadas nos diferentes momentos da historia da industrialização cearense. Com a chegada das indústrias e das habitações operárias, sobrados e casarões, que remetem ao passado nobre da área, são abandonados pela elite fortalezense, cedendo lugar a instalação de indústrias, comércio e cortiços. A ação do poder público na construção de distritos e pólos industriais na região metropolitana, a oferta de atrativas vantagens fiscais para instalação de empresas em cidades interioranas e a cobrança excessiva de tarifas e impostos favoreceram a migração de indústrias da capital para outras cidades e o esvaziamento da função industrial do Jacarecanga. Bairro, densamente ocupado por famílias de baixa renda, deixou de ser prioritariamente industrial para ser comercial, de serviço e residencial, apesar de existir ainda algumas indústrias em funcionamento. Uma considerável parcela da população constituída de mão de obra não especializada e que trabalhava nas indústrias, encontra-se desempregada, pois não é considerado viável economicamente o deslocamento dos trabalhadores para o distrito industrial de Maracanaú. A atividade industrial, tão vulnerável as oscilações do capital, foi decisiva na estruturação do espaço do Jacarecanga, mas a sua migração também modificou profundamente a organização intra-urbana de Fortaleza.