A Praça do Ferreira, desde priscas eras sempre foi local de atração dos fortalezenses.
PRAÇA DO FERREIRA em 1934, onde se vêem, ao fundo, os cinemas Moderno e Majestic, já inexistentes
Cedo aprendemos a admirá-la como local de encontro por ser centro nervoso do comércio retalhista, onde todos circulavam naquele quadrilátero para fazer compras, admirando antigas edificações quase sem prédios suntuosos, guardando memórias de antigos casarões, de muitas histórias.
Na Praça do Ferreira aconteciam confissões de paixões segredadas à primeira vista ou declarações que recolhidas no peito, esperavam momento de externar extravasando sentimentos, pudessem merecer aconchego no coração da mulher amada e até momentos fatais se desenrolaram sob visões que foram além das paixões adolescentes.
CARTÃO POSTAL do Palacete Ceará, sede do Clube Iracema, no ano de 1930, hoje agência bancária
Quantos encontros fortuitos ou previamente marcados tiveram desfecho feliz e terminaram no altar... ou se desfizeram no nascedouro... hoje lembrança, é recordar a saudade que chega e desconhece pessoas, coisas, locais e tempo, porque metamorfoseando-se toma forma dentro de nós com irresistível vigor que transcende da velhice, é história latente que está no nosso eu e só se acaba com a morte.
A Praça do Ferreira, cujo nome provém do Boticário Ferreira, farmacêutico vindo de fora, que ali se instalou, bem precisamente na Rua Major Facundo, por alguns anos, na Farmácia Boticário Ferreira.
Por muitas vezes palco de grandes eventos políticos, comícios, apresentações de artistas, comemorações por parte dos governos Estadual e Municipal, showmícios, e, na penúltima administração, por motivo de comemoração, fez-se imenso bolo em volta da praça, cujo tamanho representado em 278 metros, correspondia ao tempo de fundação da cidade (1726-2004).Chamava atenção por se ter tornado o famoso “banco da opinião pública”, inaugurado em 1922 e reinaugurado a 1º de fevereiro de 1942, no qual se reuniam para palestrar, durante a tarde, várias e conhecidas pessoas de Fortaleza. Comentou-se na imprensa local: “Há 65 anos, ou seja, 1º de fevereiro de 1942. Quando o banco foi inaugurado pela primeira vez, há cerca de vinte anos, assinaram a ata o coronel Antonio Diogo de Siqueira, Tibúrcio Targino, Meton de Alencar e Raimundo Cícero”.
Vista da Praça do Ferreira no cruzamento da Major Facundo com Guilherme Rocha 1925
Diz ainda que “A Prefeitura de Fortaleza iniciou os trabalhos de reforma da Praça do Ferreira e retirou todos os “bancos”, inclusive o da “opinião pública”. Logo tem-se que o “banco da opinião pública” foi inaugurado no ano de 1922 – há 85 anos.Como o próprio nome dizia – nesse banco da praça, se comentava a vida alheia, dos políticos, do clero, da fortuna dos ricos da época, dos sovinas mais conhecidos e dos que levavam a vida com sibarismos a arrotar grandeza com parvoíce, em antítese, acendradas opiniões que mereciam o mais alto e justo acatamento dos que naquele banco proferiam suas opiniões com certo comedimento.
Sul América e o Savanah Hotel na Praça do Ferreira-Ainda de pé
Sem que houvesse separação da classe social nem tão pouco discriminação entre os freqüentadores da praça, existia uma sutil divisão na ocupação dos bancos por certos profissionais liberais; havia o banco ocupado por médicos; advogados, magistrados e intelectuais ocupavam outro; os banqueiros, comerciantes e outras pessoas gradas se dirigiam bem vestidos nos seus ternos – trajes de passeio de tecido caroá listrado com paletó almofadinha, de linho puro acetinado branco, que dava tom de elegância; os caixeiros interessados das firmas. Enfim, a praça se enchia de muitas pessoas – sobre as diversas ocorrências locais e das últimas, embora atrasadas, notícias do país e do mundo.Era forma de obsidiar os freqüentadores, de onde saíam e transpiravam as notícias vindas do Palácio do Governo, muitas vezes de forma oculta e indizível para não quebrar o sigilo da política, coisa levada muito a sério pelas pessoas que ali desfilavam.
RUA GENERAL BEZERRIL - O OITIZEIRO DO ROSARIO
Professor Dias da Rocha, homem de muito saber, nascido em Fortaleza, no dia 23 de agosto de 1869, proprietário do Museu Rocha e profundo conhecedor de História Natural, dizia como surgiam as histórias, manchetes de jornal, e por ser da mais absoluta discrição ou segredo de Estado, não poderiam ser divulgados sob nenhum pretexto, diante do rigor exigido pelos chefes políticos, que tornava a revelação um ato de insubordinação ou infidelidade partidária.Não raro surgiam boatos em forma de segredo de abelha que pareciam coisas do “arco da velha” mas que tinham na sua essência a divulgação de fatos e discussões travadas no palácio. Pessoas mais graduadas não se submeteriam ao escárnio público. Assim esses fatos foram se divulgando e cada vez mais crescia a desconfiança entre os próprios participantes da roda palaciana, e, além disso, as indagações e conjecturas que despertavam em cada membro da situação, em tese a infidelidade de comentar ou passar à frente o que no palácio fôra tratado. Entretanto o jornal opositor, de logo reproduzia em manchetes, notícias que eram do mais alto sigilo político.
Praça na década de 50
Por sua vez, geravam entre os mesmo membros da facção, uma desconfiança que causava mal-estar porque não se sabia de onde partiam as informações que traíam o governador.Pairava discórdia entre alguns políticos que ficavam perplexos sem saber como haviam transpirado tais assuntos e reinava desconfiança entre os mesmos. Passado algum tempo, se descobria que certo indivíduo transvestido de pedinte e com certos disfarces, à noite, aproximava-se das rodas dos políticos e tomava conhecimento dos assuntos tratados entre eles. A dúvida permaneceu até o dia em que determinado assunto foi descoberto e publicado no jornal Unitário, e o autor se deixou trair por todas as notícias divulgadasl – vinha, induvidosamente do Pe. Alexandre Cerbelon Verdeixa, possuidor de grandes dotes intelectuais, jornalista, por demais conhecido como arguto e, grande agitador nos movimentos político do Estado. Dessa forma todos ficaram sabendo da astúcia do Pe. Verdeixa, que naquele tempo perlustrava o anedotário cearense, com suas façanhas e que ninguém ousava criticar sabendo de sua boca ninguém silenciaria, por conhecer o seu valor crítico e cultural.
Muito interresante,aqui desperta a curiosidade sobre a historia de fortaleza !
ResponderExcluirObrigada pela visita, que bom saber q vc gostou do blog ツ
ResponderExcluirestou muito feliz em vê que minha fortaleza sempre foi e sempre sera liiida
ResponderExcluirEstou emocionado por ver tanto da história da cidade em que nasci. Tenho fotos e postais antigos de Fortaleza e gostaria de saber como coloco a disposição deste site.
ResponderExcluirAbraços, Antônio Carlos de Carvalho Melo Filho
(tonhao.emma@yahoo.com.br)
Olá Antônio Carlos!
ResponderExcluirQue alegria a minha poder proporcionar essa emoção,saiba que sinto essa mesma emoção sempre que leio algo sobre nossa linda cidade e sempre que olho essas fotos maravilhosas!
Para ser um colaborador do blog, basta enviar seu material para fortalezanobre@r7.com
o que já lhe agradeço, pois é muito importante para o enriquecimento do blog e prncipalmente, para o enriquecimento cultural.
Abraços e ficarei no aguardo!
Obs:Serão dados os devidos créditos.