A Praça do Ferreira é conhecida como o coração de Fortaleza. Existe há 172 anos e sua história alia o passado e o futuro.
O local já abrigou antigos bancos de duas faces, os “frades de pedra” para amarrar cavalos, a primeira Coluna da Hora, o Hotel Excelsior, e foi palco de um dos melhores momentos do espírito moleque do cearense: quando o sol foi vaiado. E quem não lembra dos bancos dos aposentados, da bolsa de apostas e da Banca do Bodinho?
1934 - Vemos o Cine Theatro Majestic Palace incendiado nos anos 50
Seu nome é referência ao Boticário Ferreira que, enquanto presidente da câmara municipal, fez uma reforma na área e urbanizou o espaço. Desde 2001, após pesquisa popular, a praça do Ferreira foi oficialmente declarada Marco Histórico e Patrimonial de Fortaleza pela lei municipal 8605 de 20 de dezembro de 2001. Na praça do Ferreira, aglutinaram-se grandes empreendimentos e grandes eventos da sociedade e da cultura fortalezense durante o final do século XIX até a metade do século XX quando a cidade passou por uma expansão urbana e pela criação de outros pólos de desenvolvimento. Em 30 de janeiro de 1942 o Sol foi vaiado por um grupo de pessoas na praça depois de 2 dias de tempo nublado e chuvas. O ano de 1942 foi de estiagem no Ceará.
Foto dos anos 40
No dia 7 de setembro de 1902 houve sua primeira urbanização, pelo intendente Guilherme Rocha, com a construção de um jardim em cujo centro ficava a Avenida que então passou a denominar-se Jardim 7 de setembro, rodeada por colunas de concreto e grades de ferro, ocupando pequeno espaço em frente ao hoje cine São Luiz. Foi construído também cinco artísticos quiosques que abrigavam quatro cafés e um servia de posto de fiscalização da Companhia de Luz.
Ali existiam também os célebres frades de pedra, feitos de pedra de lioz vinda de Portugal, com argolas, onde se amarravam os animais. Havia também, no centro do jardim, uma caixa d’água e um catavento, que puxava água para aguar os jardins. Em 1892 um dos cafés foi palco do movimento literário “Padaria Espiritual”.
Café do Comércio - 1908
O prefeito Godofredo Maciel fez uma reforma em 1920 que retirou os quiosques, mosaicou toda a praça e também tapou o poço, fazendo vários jardins e colocando em seu centro um coreto sem coberta, onde a banda da Polícia executava às quintas-feiras suas afamadas retretas. Em 1923 foi colocado outro coreto, este coberto.
Local onde ficava o Café do Comércio - foto atual sem o Café
Em 1933 Raimundo Girão derrubou o coreto e levantou a Coluna da Hora em estilo “Art Dèco” de cimento e pó de pedra”. Com os festejos pelo fim da Segunda Guerra Mundial em 1945 a praça passou ser considerada e batizada de “Coração da Cidade”. No dia 15 de novembro de 1949 o Abrigo Central foi inaugurado, pelo prefeito Acrísio Moreira da Rocha. Concebido inicialmente como terminal de ônibus, fez parte da história de Fortaleza. Poucas pessoas lembram de um centro comercial que funcionava, ininterruptamente, ao norte da Praça do Ferreira da década de 1950, onde antes existia o prédio da Intendência Municipal, bem à frente do prédio do Hotel Savanah.
Durante o ano de 1966 o prefeito Murilo Borges, sem nenhuma consulta popular e sob alegativa de que o abrigo estava para ruir, iniciou uma reforma que derrubou a Coluna da Hora e o Abrigo Central. Em 1968 foram encontradas duas urnas no subsolo da praça, uma de 1936 contendo moedas, cartas e jornais de época. A reforma terminou em 1969, deixando a praça totalmente diferente.
Foto da Praça do Ferreira mostrando a Coluna da Hora inaugurada
em 31 de dezembro de 1933
Nessa época a praça teve instalações subterrâneas e que abrigaram a Galeria Antônio Bandeira até sua última reforma.
Em 1991, o poço foi recuperado, quando da última reforma pela qual a Praça passou na gestão de Juraci Magalhães. Descoberto o poço, ele foi mantido e novamente erguida a Coluna da Hora em estilo semelhante a primeira com projeto contemporâneo dos arquitetos Fausto Nilo e Delberg Ponce de León.
Café Java - 1887
Local onde ficava o Café Java - 1989
Local onde ficava o Café Java em 1991- Atual já sem o Café
Desde o final do século XIX, a Praça do Ferreira é a praça mais conhecida e frequentada da cidade, sendo considerada por muitos como o coração de Fortaleza tendo sido palco de importantes episódios da história da cidade. Por mais de um século, seus bares, cinemas, os antigos cafés ou seus bancos foram ponto de encontro do povo cearense. Por ela passaram os mais ilustres personagens da história de Fortaleza, como Quintino Cunha, o próprio Boticário Ferreira, os membros da Padaria Espiritual, entre muitos outros.
O Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador
O Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador - Hoje só resta uma placa
Na praça ocorreram vários episódios hilariantes, como... O inflamado discurso do Prof. Eduardo Mota, que incitava o povo à revolta e ao vandalismo, dizendo que nada devia-se temer, mas quando a polícia chegou mudou logo o discurso, dizendo: "..sim, mas dentro da ordem e do direito, respeitando as autoridades constituídas...".
Os momentos de celebridade do bode Ioiô...
Os encontros do "Batalhão de Potoqueiros de Fortaleza", iniciados em 1904 pelos jovens Álvaro Wayne, Antônio Dias Martins, Henrique Cals, Porfírio da Costa Ribeiro, José Raimundo da Costa entre outros. Os encontros aconteciam sob o "Cajueiro da potoca" ou "Cajueiro da mentira", e tradicionalmente no dia 1º de abril era eleito o Potoqueiro do Ano. A votação tinha mesa, urna e ocorria debaixo do próprio cajueiro. Os encontros duraram por muitos anos, até que o cajueiro foi derrubado, em 1920, na gestão do prefeito Godofredo Maciel.
Foto de 1978
A Praça do Ferreira é rodeada ainda hoje, por várias construções que marcaram época em Fortaleza, como o Palacete Ceará, a Farmácia Oswaldo Cruz, a lanchonete Leão do Sul, o Cine São Luiz, o Edifício SulAmérica, e os hotéis Savanah e Excelsior Hotel (primeiro grande hotel de Fortaleza, construído onde ficava o famoso Café Riche).
Até meados do século XIX, a Praça do Ferreira era só um Areial. Um Areial com uma cacimbão no centro, algumas mongubeiras, pés de castanhola. Nos cantos do terreno, marcos de pedra para amarrar jumentos dos cargueiros ambulantes que vinham do interior. Nesse tempo, o Areial era chamado de "Feira Nova" por abrigar uma feira movimentada.
Em 6 de dezembro de 1842, uma lei da Câmara Estadual autorizou a reforma do plano da cidade de Fortaleza. As alterações incluíam a eliminação da Rua do Cotovelo para a construção de uma praça, que deveria chamar-se Dom Pedro II. A Praça Dom Pedro II foi então construída por Antônio Rodrigues Ferreira (Boticário Ferreira), então presidente da Câmara.
Antônio Rodrigues Ferreira instalou uma botica na Rua da Palma, hoje Rua Major Facundo. Sua botica, conhecida "Botica do Ferreira", ficou bastante conhecida, chegando a ser ponto de referencia e ponto de encontro na praça. O Ferreira e sua botica tornaram-se tão célebres, que por volta de 1871, a praça passou a ser chamada de "Praça do Ferreira".
Foto da década de 50
Em 1886, quando a praça ainda era um Areial com um cacimbão no meio, foi construído o primeiro café-quiosque da praça: Café Java. Depois chegara os outros três: Iracema, Café do Comércio e Café Elegante - um em cada canto da Praça.
Em 1902, o intendente Guilherme Rocha mandou fechar o cacimbão e em seu lugar, fez um jardim, o "Jardim 7 de Setembro". Em 1920 o prefeito Godofredo Maciel ladrilhou o Areial e demoliu os quatro cafés, e derrubou o famoso "Cajueiro da Potoca" - onde se fazia anualmente a eleição do maior mentiroso de Fortaleza. O mesmo Godofredo Maciel, em 1925 construiu um coreto no centro da praça.
Em 1932, o prefeito Raimundo Girão iniciou uma pequena reforma. Ordenou a demolição do coreto para a construção de uma Coluna da Hora, com 13 m de altura e quatro relógios votados para cada lado da praça, colocou novos bandos na praça e a ornamentou com vários canteiros e pés de fícus.
Postal raro da Praça dos anos 60
Em 1968 a praça foi radicalmente modificada. A coluna da hora foi demolida e em seu lugar foi construído um Abrigo Central, que não durou muito tempo. Apesar do grande fluxo de pessoas que proporcionava, logo virou reduto de desocupados.
Praça do Ferreira com Coreto na década de 1920 e vista do Cine Majestic - Nirez
Finalmente, por volta de 1991, durante a administração de Juraci Magalhães, a praça adquiriu sua configuração atual: em um projeto contemporâneo, os arquitetos Fausto Nilo, Delberg Ponce de León tentaram recompor simbolicamente cada época da Praça do Início do século. Hoje, a praça possui uma versão moderna da antiga coluna da hora, quiosques em cada canto da praça, um pequeno cajueiro, no mesmo lugar onde existiu o Cajueiro da Potoca e até o cacimbão foi reaberto, ao lado da coluna da hora.
Olá!Me chamo Iran Damasceno Pinheiro,procuro parentes aí na praça do Ferreira,pois meu pai e meus avós(Antonio Damasceno pinheiro,Maria Damasceno Pinheiro e Osmar Pinheiro),respectivamente,nasceram e foram criados aí,até a década de 50,mais ou menos.Sendo assim,caso algum parente reconheça os sobrenomes,faça contato por favor.Abraços aos Cearenses!Obs:e-mail:iran.damasceno@yahoo.com.br
ResponderExcluirEstou fascinada com a história de nossa querida praça do ferreira. Entrei no site para fazer um trabalho com minha filha e fiquei maravilhada. parabéns!
ResponderExcluirquem construiu praça do ferreira e por que
ResponderExcluirO boticário Ferreira. Para mais detalhes leia esse post:
ResponderExcluirhttp://fortalezanobre.blogspot.com/2009/12/historia-da-principal-praca-de.html
E aqui nesse cordel
ResponderExcluiruma história vou narrar
e a Praça do Ferreira
é que vou apresentrar
seu passado, seu presente
sua história, minha gente
nesses versos vou rimar
ela que já foi chamada
de o coração da cidade
no começo só um campo
e um poço de verdade
ali, aos seus redores
casebres e muitos pobres
formavam a sociedade
e o seu grande destaque
era aquele sobrado
bonito, bem vistoso
do comendador Machado
"o beco do cotovelo"
o sobrado do Pacheco
ali também destacado
e em 1902
a primeira urbanização
Intendente Guilherme Rocha
fez a primeira construção
e por feito fez assim
fez um grandioso jardim
de chamar muita atenção
construiu também quiosques
para os cafés abrigar
a praça tomava vida
começava a se enfeitar
e o lado cultural
a padaria espiritual
começava a atuar
mas em 1920
a praça foi reformada
o Godolfredo Maciel
prefeito na parada
todos quiosques derrubou
os mosaicos arrancou
fazendo outra calçada
fez assim outros jardins
e o poço ele tampou
contruiu até um coreto
e a praça ele alegrou
e a banda da polícia
às quintas, que delicia
a retreta emplacou
mas assim em 33
eis que Raimundo Girão
o coreto derrubou
sem nenhuma explicação
são lembranças de outrora
ali a coluna da hora
ergueu na imensidão
coluna que até hoje
traz a sua tradição
apesar de muitas mudanças
sua raiz tá lá no chão
o tempo foi não vai voltar
mas ela vai tá sempre lá
aos olhos da população
e com o fim da grande guerra
a segunda mundial
os festejos lá na praça
foi uma coisa sem igual
foi aí que de verdade
de o coração da cidade
ficou conhecida universal
então, em 49
do prefeito a decisão
Acrísio Moreira da Rocha
outra nova construção
e o abrigo central
de onibus o terminal
ganhou a população
e já nos anos 50
uma tragédia aconteceu
o Theatro Magestic
um grande incêndio sofreu
por sorte, muita sorte
não houve ferido nem morte
felizmente ninguem morreu
mas já em 66
sem muito justificar
Murilo Borges, prefeito
veio tudo a derrubar
e num ato sem igual
aquele abrigo central
veio do nada se acaabar
até a coluna da hora
dessa onda não escapou
Murilo Borges, também
a coluna derrubou
o homem tava invocado
feito trator mal guiado
na frente tudo arrastou
e pra se justificar
dessa besteira se redimir
disse que o abrigo
já estava pra ruir
é melhor acreditar
e se é de escorregar
digo que é meçhor cair...
Esta é apenas uma pequena mostragem da literatura de cordel que relata toda história da Praça do Ferreira, que será lançado em abril do ano corrente em homenagem ao aniversário da cidade de Fortaleza.
aceito sugestões
Manoel de Farias
manueldefarias@yahoo.com.br
Me pedôe, não é uma crítica... seu cordel está ótimo. Mas se você der uma implementada na metrificação dessas belas septilhas, ficará magnifica... também faço cordel e só vim a aprender as rimas com metrificações, com meu mano Escrivão Joaquim Furtado... você tá no caminho certo, Parabéns!...
ExcluirNossa, que lindo, fiquei arrepiada.
ResponderExcluirSomente quem tem um dom como o seu
para conseguir contar toda uma história
de uma forma majestosa e o mais completa
possível, incrível!!!
Parabéns, parabéns, nem sei mais o que falar,
vou ler novamente esses lindos versos e me
emocionar pela segunda vez rsrs
Abraços Manoel, amei!
Leila, por favor, queria saber acerca da Galeria de exposições subterrâneas, Antonio Bandeira... se sabe informar de sua construção, por quem, quando, e também quando ela foi extinta ou fechada e por quem?...
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ResponderExcluirSó um coisa. O Boticário Ferreira faleceu em 1859.
ResponderExcluirFoi uma viagem no tempo. Muito pelas estórias que meu pai , um grande frequentador e apaixonado por Fortaleza contava. Obrigado
ResponderExcluir