quarta-feira, 3 de junho de 2009

Bondes em Fortaleza



Bonde Joaquim Távora com funcionários da Tramway. O trajeto desse bonde era: Major Facundo /Liberato Barroso/Floriano Peixoto/Pedro I (Igreja coração de Jesus)/Visconde Rio Branco onde ficava a garagem, almoxarifado e mecânica da empresa.

 
Foto de meados do século XX Em frente a Praça da Estação

Um viajante inglês registrou a existência de bondes em Fortaleza na década de 1870, mas outras fontes afirmam que a primeira linha de bondes puxados por cavalos, entre a estação ferroviária e o centro de Fortaleza, foi inaugurada pela Companhia Ferro-Carril do Ceará (FCC) em 25/4/1880, usando bitola de 1.400 mm a mesma usada pela Trilhos Urbanos na linha de bondes a vapor em Recife. A Ferro Carril do Parangaba abriu uma linha para o lado Sul da cidade em 18/10/1894 e a Ferro Carril do Outeiro (FCO) iniciou sua linha no lado Leste de Fortaleza em 24/4/1896. A Ceará Tramway, Light & Power Co., Ltd., registrada em Londres em 11/12/1911, comprou os sistemas da FCC e da FCO e inaugurou a primeira linha de bondes elétricos da capital cearense em 9/10/1913, agora com bitola de 1.435 mm. A linha Parangaba foi fechada em 1918 e não chegou a ser eletrificada. Todos os veículos elétricos de Fortaleza tinham um padrão, com troles: a United Electric construiu 30 em 1912 e dez em 1924. A linha de bondes de Fortaleza foi fechada por problemas elétricos em 19/5/1947 - três semanas após o fechamento do sistema de bondes em Belém. Vinte anos depois, em 25/1/1967, a Companhia de Transportes Coletivos inaugurou duas linhas de trólebus entre o lado Oeste da cidade e o Largo do Carmo.


Viagem experimental do primeiro bonde elétrico de Fortaleza em 1913. 
Experiência do 1º bonde elétrico em Fortaleza - Presentes os senhores: Coronel Ildefonso Albano - Intendente Municipal, Dr. J. G. Marques Porto - Diretor de obras públicas (no motor), Sr. E. M. Scott - Gerente da The Ceará Light e engenheiro Picanço desta Companhia. A saída do primeiro bonde elétrico em Fortaleza, deu-se da Praça do Ferreira, onde vemos a aglomeração popular aguardando a chegada das autoridades e convidados.
Acervo Nilson Cruz

Foto da da mesma época, mostra o bonde elétrico, na Floriano Peixoto, aberto prefixo 76, na linha do Outeiro, passando ao lado de uma bomba de gasolina. Reparem na arquitetura dos prédios... Banco do Brasil, na época...(por volta dos primeiros cinco anos da década de 1930). (Clique nas imagens para ampliar)



Antiga Sé (Catedral) de Fortaleza. Segundo Nirez, "no dia 11/09/1938 foi rezada a última missa na velha Catedral e em seguida ela foi demolida juntamente com seu cruzeiro cujos santos que o enfeitavam estão hoje no Museu São José do Ribamar, no Aquiraz."
Segundo Adolpho Quixadá, duas linhas passavam pela praça - Prainha e Praia de Iracema. Nirez confirma: "Existiam duas linhas que passavam por ali, uma era a "Prainha", que ia até o pé da subida da ladeirada Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha, hoje em frente ao Centro Cultural Dragão do Mar, logo após aCapitania dos Portos; a outra linha era da Praia de Iracema,que seguia pela atual Avenida Pessoa Anta."




A foto, tirada nos anos 40 na Praça do Ferreira, Fortaleza, Ceará, nos mostra os três principais meios de transporte disponíveis na época: os bondes elétricos, os ônibus e os táxis. Os bondes logo seriam extintos, em 1947, ficando o transporte coletivo por conta dos auto-ônibus.


Dois empreendimentos marcaram, na mesma data - 31 de Junho de 1871 - e por iniciativa da mesma pessoa - Estevão José de Almeida -, o início da história dos bondes de Fortaleza. Um tratava-se de um "tram-road" (uma outra forma de dizer "tramway") para veículos urbanos a tração animal, e o outro consistia numa via para bondes a vapor, ligando a cidade à povoação de Messejana. O prazo para a conclusão das obras, estipulado em três anos, não foi cumprido, pelo que efetuou-se novo contrato com Tomé A. da Motta, que denominou a empresa de "Companhia Ferro-Carril do Ceará". Finalmente, em 25 de Abril de 1880, inaugurou-se o serviço dos bondes, com 25 veículos de cinco bancos, rebocados por muares, sistema que atravessou a virada dos séculos XIX / XX, mantendo-se por mais alguns anos. Por volta de 1910/11, começou-se a cogitar a eletrificação. Em 4 de Fevereiro de 1911, chegou à cidade

o engenheiro Ker Box, a fim de estudar as condições, chegando a uma conclusão favorável.

A fotografia dos anos 30 nos mostra um bonde elétrico da Ceará Tramways, Light & Power

Praça do Ferreira, na rua Pedro Borges
esquina com Floriano Peixoto,
em Frente à Mercearia Leão do Sul.

Reparem numa loja A Cearense, bem típico
Entrementes, a Cia. Ferro-Carril Cearense assinou contrato com a municipalidade, também expressando o intento de adotar a tração elétrica, e, não obstante, inaugurou mais uma linha de bondes a burro, ligando a cidade à região onde se localizava o tiro cearense. Por fim, em 24 de Junho de 1912, a CFCC passou à "The Ceará Tramway Light and Power Co. Ldt.". Transcrevendo as palavras de Stiel, à página 124 da "História do Transporte Urbano no Brasil", "Às duas horas da tarde, com a presença da sociedade cearense e representantes da imprensa, o coronel Tomé de A. Motta vendeu por escritura a referida empresa, bem como a do Outeiro . . . A nova empresa obteve concessão dos serviços de "tramways" por 76 anos a partir de maio de 1911, luz e força elétrica. Eram então diretores da companhia, C. Hunt; A. A. Campbell Swinton; E. B. Forbes; Sir Howland Roberts e Tomé A. da Motta. Como quase todas as empresas de transporte da época, era de origem inglesa, sendo representantes no Brasil, Hugo Stenhouse na av. Rio Branco, 46 - Rio de Janeiro." Os primeiros bondes elétricos chegaram em 13 de abril de 1913 e a inauguração se deu no dia 9 de outubro do mesmo ano.
Poucos meses depois a tração animal foi extinta na cidade.
Os primeiros anos do bonde elétrico foram marcados pela baixa renda e a consequente precariedade, o que acarretou protestos por parte de usuários, chegando a ocorrer atos de vandalismo, como danos deliberados de via e veículo. A partir de 1925 foram perpetradas medidas para o melhoramento do serviço, construindo-se a nova linha para a vila Messejana, e em 1927 inaugurou-se uma espécie um tanto bizarra de tramway, que consistia num sistema de bondes puxados por um trator inglês do tipo Simplex. Essa linha ligava Fortaleza a Cajazeiras. Em maio de 1945 a Light decidiu passar a empresa às mãos estatais, iniciando as negociações com o governo, que, por fim, assumiu o sistema, mas por pouco tempo. Por fim, como já ia acontecendo em diversas cidades brasileiras, o serviço de bondes também não foi estimulado em Fortaleza, acabando por extinguir-se em 1947. Mais tarde, como era de se esperar, constatou-se que os ônibus convencionais não davam vazão à demanda de transporte, e tentou-se a opção dos trolebus (cujo serviço começou em 1967), os quais, como de costume, tiveram o mesmo destino dos bondes, em 1971.


Praça do Ferreira nos anos 40. O serviço de bondes ainda existia seria extinto em 1947- mas os ônibus já têm presença Os veículos tinham capacidade para 20 passageiros.


Bonde de tração animal - Fortaleza - 1900. Em 25 de abril de 1880 é inaugurado o serviço de transporte de passageiros por bondes em Fortaleza, no Ceará. A empresa que explorava o serviço era a Cia. Ferro-Carril do Ceará. A frota constava de 25 bondes de 5 bancos cada, e funcionavam de 6 da manhã às 9 horas da noite. A foto é do início do século XX.


Bonde de tração animal - Fortaleza
O serviço de transporte de passageiros por bondes a burro em Fortaleza, Ceará, inciou em 1880 e perdurou até 1913, quando foram substituídos pelos bondes elétricos. A imagem, do princípio do século XX, mostra uma das características típicas desses veículos que era o uso de cortinas nas laterais, para proteger os passageiros da forte intensidade do sol do local.


Manutenção de bonde - Fortaleza - Anos 20O veículo da foto é um caminhão destinado à manutenção da rede aérea do sistema de bondes da cidade de Fortaleza, no Ceará, durante os anos 10 e 20. Pertencia à Ceará Tramways, Light & Power, empresa que implantou o serviço de bondes elétricos a partir do ano de 1913.


Veja também:

O bonde - Parte II (Jacarecanga)
O bonde - Parte IV (Bonde Soares Moreno)
O bonde - Parte V (Bonde Benfica)
O bonde - Parte VI (Bonde Praia de Iracema)
O bonde - Parte VII (Bonde Prainha) 
O bonde - Parte VIII (Bonde Outeiro)
O bonde - Parte IX (Bonde Alagadiço)
O bonde - Parte X (Bonde Joaquim Távora)
O bonde - Parte XI (Bonde Prado)
O bonde - Parte XII (Bonde José Bonifácio)



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