quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho




Em 18 de Dezembro de 2002, o palacete do engenheiro e antropólogo Thomaz Pompeu Sobrinho, situado no antigo bairro Fernandes Vieira, hoje Jacarecanga, passou então a abrigar o Centro de Restauro do Ceará e a Escola de Artes e Ofícios. Mais tarde, em 15 de maio de 2006, tivera suas portas reabertas para receber 55 novos alunos que formariam a segunda turma do curso de Conservação e Restauração do Patrimônio Arquitetônico, agora com nova gestão e novos parceiros.



Quem passa pela Avenida Francisco Sá, a poucos metros da Praça do Liceu, dificilmente ignora um imponente casarão, bem restaurado, com uma reluzente fachada amarela. Um resquício da antiga nobreza do Jacarecanga, a casa de Thomaz Pompeu Sobrinho hoje abriga a Escola de Artes e Ofícios (EAO), equipamento do Governo do Estado que realiza atividades de qualificação profissional em restauração e conservação do patrimônio cultural com jovens e adultos da cidade.


Acervo Patrimônio Para Todos

O casarão data de 1929. E, após 5 anos de construção, serviu de residência à família de Thomaz Pompeu Sobrinho¹, engenheiro e antropólogo de rica e influente família no início do século XX em Fortaleza.
Construído de 1924 a 1929, o casarão é um patrimônio arquitetônico da cidade num período notadamente marcado pela influência da arquitetura européia. É um exemplar característico do Art Noveau em Fortaleza.



Ofipro

A fachada do casarão impressiona. Um portal de concreto, artigo de luxo na década de 1920, ergue-se ao fim da pequena escadaria que dá acesso ao hall de entrada. A visão é contrastante. Um olhar para fora nos deixa de cara com a Avenida Francisco Sá, com seu intenso fluxo de veículos. O barulho dos ônibus grita que estamos em uma metrópole. Quando nos voltamos para dentro do casarão, somos transportados de volta a um tempo em que o antigo bairro Fernandes Vieira, o atual Jacarecanga, abrigava a elite de uma Fortaleza ainda tranquila.





A sala possui, assim como todo o casarão, um rangente piso de madeira. As paredes são enfeitadas com delicadas pinturas. As janelas de madeira pintada de branco, o altíssimo pé-direito e uma escada em caracol que leva ao segundo andar fecham o clima bucólico na sala. Mas o contraste entre a modernidade e o passado chama a atenção de quem visita a casa. Ao lado de uma janela de 80 anos, há uma ilha digital. Computadores conectados à Internet estão à disposição da comunidade e são o principal atrativo da casa para a maior parte dos jovens que a visitam.




A casa é ladeada por jardins bem cuidados, que mostram o zelo das mais de 20 pessoas que trabalham no local.
Ainda no primeiro andar, há um refeitório com janelas que dão para o grande jardim de Thomaz Pompeu Sobrinho. A área total do terreno é de 2147,84 m².





O lindo jardim


É já quase nos fundos da casa que vemos um dos mistérios do casarão. Uma escada de concreto nos leva ao porão. A questão é: em 1929, não se fabricava cimento no Brasil. Se um portal de concreto na fachada se justifica pela beleza arquitetônica, acredita-se que a escada do porão era um símbolo de ostentação dos Pompeu. A origem da escada é incerta. A hipótese mais provável é que ela tenha vindo já pronta de Portugal em um navio.




O porão, de teto baixo e paredes caiadas, reserva uma surpresa. É possível ver a estrutura de sustentação da casa: colunas de concreto e trilhos de bonde, que faziam as vezes de vigas metálicas. O porão servia de depósito e abrigo para os agregados da família, como índios que Thomaz Pompeu Sobrinho trazia para sua casa como objetos de seus trabalhos antropológicos.




No segundo andar, ficavam os quartos da família, hoje utilizados como salas de aula e gabinetes da administração da Escola. No início do século, eram comuns as “casinhas de asseio” externas às casas. O banheiro dentro da casa, presente no segundo andar, demonstra uma inovação arquitetônica para a época. A pia de louça, vinda de Liverpool, era mais um artigo de luxo.






A varanda, de posição privilegiada na fachada, nos leva de volta à visão dos carros e ônibus da Avenida Francisco Sá. É da varanda que se tem acesso a uma espécie de torre: um quartinho que representa todo o terceiro pavimento do casarão. Infelizmente, o quarto é utilizado como depósito pela Escola e não é permitida a visitação. Por vários anos, Thomaz Pompeu Sobrinho deve ter desfrutado de sua torre com vista para o mar.



Detalhe do piso

Numa varanda lateral, funciona a Biblioteca Thomaz Pompeu Sobrinho, mais um serviço da EAO para a comunidade. O acervo da biblioteca destaca assuntos referentes ao patrimônio cultural e à arte.





A própria restauração da casa foi resultado de cursos de restauração do patrimônio arquitetônico, com especializações em Alvenaria Artística, Pintura e Carpintaria. Além dos cursos de restauração, a EAO oferece o curso Marcas da Cultura, uma formação básica para o tratamento e o trabalho em couro, e o projeto Brincar de Criança, voltado para a valorização e produção de brinquedos artesanais.





¹Thomaz Pompeu Sobrinho



Thomaz Pompeu de Sousa Brasil ou Th. Pompeu Sobrinho, intelectual brilhante, fez construir em 1929 , no bairro Jacarecanga - Fortaleza, uma edificação que lhe serviu de residência até o seu falecimento, em 9 de novembro de 1967 , aos 87 anos de idade.


Dois anos antes da morte de Thomaz Pompeu Sobrinho (1888-1967), Nertan Macedo a ele se referiu como “o homem que redescobriu o Ceará”. Não se encontraria uma referência mais justa e sensível a seu respeito. Alba Valdez aproximou-se de maneira poética, e o chamou de “o escafandro mais erudito da história do Ceará”. Valdez foi uma das poucas pessoas a destacar, em público e ainda vivo o escafandro, a importância capital deste homem, plenamente refletida em sua obra.


Fonte - EAO.org/Terra dos Casarões/http://www.viapolitica.com.br

15 comentários:

  1. opa! gostei muito do seu blog...
    e conheço muito bem essa Escola....realmente é um casarão muito bonito..

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    1. Olá. Tem a possibilidade de você ceder essa ultima fotografia do Thomaz Pompeu sentado? Agradeço demais. meu email alexandregeograf@gmail.com

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    2. Alexandre, sem nenhum problema, mas essa foto não tem uma qualidade muito boa, pois é foto de foto. O registro em questão, está exposto em uma das paredes do casarão.

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  3. QUANDO ESTOU ESPERANDO O ONIBUS, NA PARADA EM FRENTE AO CASARÃO, FICO PERDIDA NO PASSADO IMAGINANDO A HISTORIA DO MESMO, COMO TAMBÉM DAS OUTRAS RESIDENCIAS NA VILA. E PROMETI A MIM MESMA PROCURAR ALGUMA NOTICIA SOBRE ESSAS MARAVILHAS... ENCONTREI E GOSTEI DEMAIS. APROVEITEI TAMBÉM PARA ASSISTIR VIDEOS DA FORTALEZA DE 1920. CONFESSO QUE TENHO VONTADE DE VOLTAR AO PASSADO, TUDO ERA TÃO TRANQUILO, TÃO DIFERENTE... ENFIM, COMO NÃO POSSO FICO SÓ REVENDO PELA INTERNET. MEUS PARABÉNS PELO SEU TRABALHO. ANA PAULA C. PEREIRA.

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    1. Obrigada, Ana Paula, fico feliz que tenha gostado do q viu! :)
      Forte abraço e obrigada pelo comentário!

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  4. Incrível, gostei mto de aprender um pouco mais sobre a nossa história. Coisas q devíamos ter mais acesso e um conhecimento maior. Realmente, concordo q nos faz voltar ao passado olhar esses prédios antigos e mais ainda, estar dentro deles nos traz à memória coisas q não vivenciamos (é um pouco paradoxal, mas é a sensação q tenho)
    Gostei mto!!

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  5. No momento ah augum curso gratuito no palacete?

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    1. Alguns cursos tiveram início no final de 2018. Esse ano eu ainda não soube nda sobre cursos gratuitos, só ligando pra lá: (85) 3238-1244

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  6. A esqueci de falar acho belissimo o palacete

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  7. Oportunidade salutar conhecer um pouco da história de nossa cidade neste blog.

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  8. Isto se chama TÚNEL DO TEMPO. Como é maravilhoso voltar no tempo. Antigamente não tinha as facilidades de hoje mas acredito que as pessoas eram mais felizes.

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  9. Este casarao é esplêndido! Tive o privilégio de morar neste palacete!

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  10. Incrível!
    Leila, seria possível me enviar essas duas primeiras imagens do antigo palacete? Gostaria de fazer uso em minha monografia.
    Deixo meu e-mail: gab.lima068@gmail.com
    Abraço!

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