quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Clubes de Fortaleza - Iate Clube




Das dunas do Mucuripe ao Século XXI: a trajetória histórica do Iate Clube

O jangadeiro sempre foi um símbolo da força do povo cearense, singrando os verdes mares bravios e ressaltando a verve náutica de nosso povo. No entanto, as belas praias da capital cearense se ressentiam de um espaço que projetasse ainda mais a prática e o desenvolvimento dos esportes náuticos em nosso Estado. Esta lacuna veio a ser preenchida graças à ousadia de 16 jovens da sociedade local que, após vários encontros, decidiram fundar, no dia 1° de maio de 1954, o Iate Clube de Fortaleza.





Com a certeza de terem criado um clube de vida longa, os primeiros sócios logo trataram de escolher o local da sede. A dúvida inicial entre o Mucuripe, a Volta da Jurema e a Barra do Ceará logo foi dissipada, tendo sido escolhida a primeira opção, graças às melhores condições para a implantação da infra-estrutura do clube. A organização administrativa também mereceu atenção especial, com a elaboração de um estatuto, a eleição do primeiro Conselho Deliberativo e a indicação do primeiro Comodoro, Adriano Borges Martins. Um galpão de madeira passou a reunir os sócios e suas famílias, em especial nos domingos e feriados. A pauta de discussões sempre girava em torno do iatismo e das melhorias para o clube.




Inicialmente, os sócios e seus familiares se reuniam em um ambiente muito simples e tinham que trazer toda a alimentação de casa, uma vez que não havia bar ou restaurante no local. Os barcos eram ancorados também de forma simples. Com o passar dos anos, novas conquistas foram obtidas e a infra-estrutura do Iate Clube cresceu em proporção direta ao interesse por parte da sociedade local.

Acervo Isabella Monteiro

As primeiras 100 ações para sócios-proprietários foram lançadas no mercado e logo vendidas. Na área náutica, a sede começou a se equipar e se modernizar, inicialmente com a ampliação da garagem dos barcos, a substituição das rampas por um guindaste e a construção de um flutuante moderno e uma escada com pilastras intermediárias. A sede ganhou um restaurante e banheiros e teve suas áreas internas e externas arborizadas. Pouco a pouco, o clube começava a criar espaços de convivência para os sócios e frequentadores  O que fazia com que o número de pessoas que acorriam à sede fosse gradativamente aumentando, não apenas entre adeptos do iatismo, mas mesmo entre aqueles que desejavam usufruir do espaço social do clube. Esse aumento na demanda por um espaço mais adequado levou a diretoria a decidir pela construção de uma nova sede.



Primeiro Terreno - Anos 50


Pelos idos de 1956, tinha início o processo de erguimento da nova sede, que contou com o apoio de diversas autoridades cearenses, do então Departamento Nacional de Portos e Vias Navegáveis e do Serviço de Patrimônio da União, bem como da extinta Serviluz. As obras de fundação da futura e definitiva sede do Iate Clube, no local onde se situa até hoje, no final da Avenida Abolição, no Mucuripe, levaram cerca de dois anos. Surgia, assim, um novo espaço, com uma área bem mais ampla para ancoragem dos barcos e oferecendo maior conforto aos sócios e seus familiares. Era a consolidação do nome do Iate Clube de Fortaleza.

Ao longo dos anos, as atividades promovidas e as relações firmadas pela diretoria com os poderes públicos e com a iniciativa privada conquistaram definitivamente o respeito de toda a sociedade cearense. O número de sócios crescia de forma constante, e fazer parte do late Clube começava a se tornar motivo de orgulho. O conceito de clube íntegro e atento aos seus objetivos básicos
de fomentação dos esportes náuticos e congraçamento entre seus frequentadores veio sendo desenvolvido de forma natural. Por outro lado, o iatismo cearense encontrou no Iate Clube o espaço indicado para formar grandes campeões e competidores ou simplesmente para saciar a paixão pelo mar de milhares de desportistas.


Vista da praia do Mucuripe com a construção do Iate Clube de Fortaleza, vendo-se ao fundo as dunas e outras dependências do clube. Foto da década de 50 - Arquivo Nirez.

Postal Iate Clube anos 60

Os esportes náuticos a motor e a vela, a pescaria, a motonáutica, e o ski foram modificando a paisagem na orla marítima cearense.
A já clássica imagem das jangadas saindo e chegando do Mucuripe foi acrescentada a saída e chegada de barcos das mais diferentes classes e categorias. E todos numa convivência sempre pacífica. Em paralelo, a sede do iate Clube seguia se reciclando e ganhando novos equipamentos que permitiam este incremento na parte náutica. A construção de um novo flutuante, a recuperação da escada, a fixação de duas colunas dentro do mar, o balizamento dos obstáculos que constituíam perigo para a navegação, as construções da primeira prancha do nordeste para competições de ski e de uma área coberta para os barcos. O Iate Clube de Fortaleza acompanhava o progresso sempre se equipando da melhor forma, com visão administrativa de futuro.




Em sua trajetória, o lado social nunca esteve esquecido pelo Iate Clube, desde a realização de eventos que ficaram na história da sociedade cearense, como a Festa do Hawaii e o Réveillon  até encontros nacionais e internacionais de diversas origens sediados no belo espaço do late Clube, que traz consigo uma privilegiada vista da orla marítima da capital cearense.

A história do Iate traz ainda belas páginas na área de responsabilidade social, com um trabalho constante de realização e apoio a campanhas assistenciais e de trabalho humanitário, em especial junto a comunidades carentes de Fortaleza e do entorno da sede do clube. Destaca-se a participação ativa do Iate Clube em 1960, após o arrombamento da barragem do açude Orós, quando sócios do clube deslocaram-se para a região com lanchas e barcos e, durante três dias, ajudaram a resgatar e salvar pessoas ilhadas nos municípios atingidos pelas enchentes, em especial Limoeiro do Norte, Russas, Jaguaruana e Jaguaribara. Atualmente, o Iate Clube mantém a escola Thais Pinheiro, em homenagem à esposa do Comodoro Manoel Cavalcante Pinheiro, voltada para crianças carentes do bairro Mucuripe, contando, este ano com 26 alunos. Os custos com os salários dos professores e o material escolar estão sob a
responsabilidade do Iate Clube.

A proximidade com as Forças Armadas sempre foi uma característica do clube. E não apenas com a Marinha do Brasil, parceira constante desde o final dos anos de 1950 e apoiadora de todos os eventos náuticos promovidos pelo Iate Clube, em especial com o apoio da Capitania dos Portos do Ceará. O Exército Brasileiro também promoveu dezenas de atividades conjuntas com o Iate Clube ao longo destes 50 anos, como a tradicional regata alusiva ao Dia do Soldado, realizada em agosto. Já a Aeronáutica, por meio da Base Aérea de Fortaleza, tem em seu calendário anual de atividades desde o início da década de 1990 a promoção da Regata Santos Dumont, congregando amantes do ar e do mar em competições esportivas. Nos jardins da Praça Comodoro Etevaldo Nogueira Lima figuram três peças bélicas doadas pelas armas brasileiras: um míssil anti-submarino Ikara utilizado pelas fragatas da classe Niterói, doado
pelo Ministério da Marinha em 06 de dezembro de 1998; um estabilizador vertical de uma aeronave AT-26 Xavante da Força Aérea Brasileira, doado pelo Comando da Aeronáutica em 22 de outubro de 2000; e um canhão Krupp 75 mm, doado pelo Exército Brasileiro em 25 de setembro de 1998.



Barcos dispõem de infra-estrutura moderna de ancoragem e garagem

Já no início dos anos 80, crescia a preocupação de se reformar novamente a sede do clube para enfrentar de cabeça erguida os desafios da virada do século que se aproximava. A sede já então sofria o desgaste do passar dos anos e começava a se tornar pouco atraente para os sócios. Era preciso reverter esse processo. Para tanto, numa iniciativa ousada, o Comodoro Francisco Martins decidiu mudar as feições do Iate Clube de Fortaleza, fazendo obras estruturais importantes, até se chegar à decisão de construir um novo edifício sede.

Com três andares, sala de jogos, mirante e terraço panorâmico, piano bar, restaurante ampliado e uma área específica para a administração, era inaugurada em 1984 a atual sede social denominada "Edifício Comodoro Francisco Martins de Lima". Com este novo espaço, o Iate Clube mais uma vez passou a viver dias de glória e a receber importantes eventos sociais em sua sede.



Vista interna do Clube

A ampliação do Parque Náutico Comodoro Fernando Hugo Borges Martins e a criação do Parque Infantil Comodoro Adriano Borges Martins garantiram fôlego novo para despertar nas futuras gerações de cearenses o mesmo espírito de companheirismo e dedicação que reuniu há 50 anos um grupo de jovens em torno de um ideal comum.
Essa história com várias páginas de sucesso veio sendo construída por todos aqueles que, direta ou indiretamente, ajudaram a tornar o Iate Clube de Fortaleza em um exemplo de agremiação social e desportiva.


Fachada atual

Fonte: Site oficial do Iate Clube e pesquisas de internet

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