segunda-feira, 22 de março de 2010

Aldeota




Aldeota está Localizado na zona norte da cidade, tendo como limites a leste a rua Frei Mansueto e Avenida Desembargador Colombo Sousa, a oeste a rua João Cordeiro, a norte a rua Pereira Filgueiras e Avenida Dom Luís e ao sul as ruas Beni de Carvalho e Padre Valdevino.


O Colégio Militar de Fortaleza é um dos marcos do surgimento da ocupação do bairro, mas que atualmente não está em seu território. Possui grandes e arborizadas avenidas em que se encontram várias sedes de importantes empresas imobiliárias, escritórios de serviços diversos, hospitais, clínicas médicas e odontológicas, centros comerciais e shopping centers, sendo a mais importante a Avenida Santos Dumont. Os principais shoppings do bairro são o Shopping Del Paseo, Shopping Aldeota, Shopping Pátio Dom Luis e o Shopping Avenida. Além destes há o Shopping Center Um, primeiro shopping center do Ceará. É considerado um bairro nobre de Fortaleza.

Postal do Colégio Militar 1930

A Avenida Santos Dumont é uma das avenidas mais importantes de Fortaleza. É uma das vias mais longas da cidade com mais de oito quilômetros ligando o bairro Centro a zona leste de Fortaleza chegando até a Praia do Futuro cruzando o bairro Aldeota. A avenida começa estreita e de sentido único oeste-leste à partir da rua Coronel Ferraz sendo alargada à partir da rua Dona Leopoldina. A partir da rua Tibúrcio Cavalcante a avenida ganha um canteiro central e passa a ser de sentido duplo. Quase que totalmente uma linha reta, após seu prolongamento na subida das dunas da praia do Futuro, ganha uma curva na descida para a praia a partir da rua dos Tapajós. A partir dessa rua até o seu fim na Avenida Dioguinho seu canteiro central é bem largo.

Avenida Santos Dumont - Anos 50

Existe uma grande quantidade de instituições, empresas e centros comerciais situadas ao longo de sua via tais como Colégio Militar de Fortaleza, Colégio da Imaculada Conceição, Shopping Del Paseo, Shopping Center Um, Unimed Fortaleza, Hospital São Mateus, Hospital Gênesis, Hospital e Maternidade Gastroclínica, BNB Clube de Fortaleza, Tribunal Regional do Trabalho, Funasa, Central de Artesanato do Ceará, dentre outros.


Mansão na Av. Santos Dumont

Belas casas - Anos 50 ou 60


Aldeota na década de 70

Na década de 70, qualquer sinal de uma região mais comercial se extinguia à altura da Rua Barão de Aracati. Havia, na esquina com a Av. Heráclito Graça, um terreno baldio de um lado, com alguns eucaliptos, e do outro uma revendedora da Volkswagen - que lá está até hoje. Essa revendedora demarcava o último sinal de comércio mais amplo à leste da cidade. O que se seguia era um bairro de casas. Essas casas eram ajardinadas. E havia um grande cuidado com esses jardins. E se cuidar de jardins é um índice de bairro residencial, a Aldeota dessa época era essencialmente para morar.

Avenida Santos Dumont 1975

Algumas árvores eram muitas populares, então. Castanholas, oitis, fícus, mangueiras, algum pau-brasil e, posteriormente, jambos e acácias emolduravam as ruas. Nos jardins, além de diversas espécies de gramíneas - algumas delas não mais em uso - era comum se topar com espirradeiras, coqueirinhos, crótons e roseiras. O destaque eram papoulas de espécimes diversas, quase sempre em renques calcados contra os muros - que ainda eram baixos e, em geral, chapiscados. Mas havia também árvores mais exóticas, como pinheiros - muito cultivados durante certo tempo e um tanto na contramão de sua aclimação.


Pela Av. Santos Dummont seguiam as casas mais aristocráticas. E também algumas das mais antigas. Elas ficavam entre a Praça do Cristo Rei e a Avenida Barão de Studart. Algumas ainda com um certo traço de rústica ruralidade. Essas possuíam um só pavimento e aqueles alpendres laterais, suspensos por vigorosas colunas arredondadas, de alvenaria. Mas também, quando mais achalezadas, os alpendres findavam em uma treliça de madeira com algum arabesco simples, e as colunas eram esguias - fossem de madeira ou metal. E transmitiam uma certa atmosfera ferroviária, vagamente européia. O certo é que pareciam mais com casas de chácara do que de cidade. E são elas que estão na própria raiz do bairro, que antigamente não passava de um ajuntamento de chácaras, quintas e sítios para o fim-de-semana. Um conceito, aliás, bastante ibérico. E como tudo que é ibérico, quase varrido do mapa na Fortaleza de hoje em dia.



Estamos provavelmente em frente a rua Beni Carvalho (entre a avenida Desembargador Moreira e a rua Barbosa de Freitas), local onde antes existia uma comunidade carente.
A foto é de 1976 do jornal Correio do Ceará.
Acervo Renato Pires

Mais recentes que essas, eram as casas em estilo mediterrâneo. Geralmente assobradadas e transmitindo uma certa sensação de solidez e peso. Os jardins eram amplos, guarnecidos por sebes, e a varanda da frente se reproduzia acima e nas laterais. Essas varandas eram suportadas por colunas maciças, e que deixavam vãos de consideráveis tamanhos entre si - embora limitados por pesadas sobre-paredes. Alguns elementos europeus se faziam presentes, como os olhos-de-boi. E havia uma certa compulsão para formas rotundas. Todas elas transmitiam peso e alguma dose de calculado terror.

A geração seguinte eram casas de feição mais americana. Talvez as primeiras riscadas pelos arquitetos que se diplomaram na escola local. As varandas quase desapareceram. Legaram espaço para uma coberta lateral onde se podia pôr o carro. Um espaço que, então, se conhecia como descansa-carro, geralmente antecipado por pérgolas. Mas a garagem era ainda avulsa. Os telhados armavam-se em águas simples e ângulos pronunciados, com destaque para os beirais largos e acolhedores. As janelas ocupavam vasta área. E não eram incomuns imensos janelões correndo sobre trilhos.

Depois dessas, e um tanto no influxo de Brasília, sobrevieram casas modernistas. Algumas belas. Outras excessivamente moldadas em concreto para serem belas. Brutalistas em excesso, num clima que reclama mais vazamento de varandas que bloqueios em cimento armado.

Vista do Bairro da Aldeota - Livro Fortaleza Somos Nós - 1994

comércio no meio de tantas casas, quando muito, se limitava a uma bodega na esquina. Os termos ainda eram esses: bodega e mercearia. Há uma secreta integridade nesses nomes. Eles são muito distantes de shopping ou mall. Bodega, em espanhol, quer dizer mais "adega" que qualquer outra coisa. Mercearia também não fica por menos, provém direto do latim merce = mercadoria (de onde mercadejar, mercantil, mercado etc.). Essa proximidade entre palavra, radicalidade histórica e espaços não é desprezível.

Mas havia também um tempo lento e católico naquela Aldeota. Ela era menos leiga e esse tempo se amplificava nos domingos e dias santos. A própria luz que descia sobre os gramados parecia incendiar o dia com mais lentidão. Longos domingos em que se respirava um sabá.

O dia mais morto na Aldeota - em Fortaleza, suponho - era Sexta-feira da Paixão. O mundo parava. Ainda mais que nos domingos. Não se ouvia música. Não se ouviam passos nas ruas. Não havia qualquer expansão de gestos. Hoje em dia, não se tem noção do que representava um luto fechado como o daquelas sextas-feiras. Estamos excessivamente escolados em nos prover 24 horas ao dia já faz algum tempo. E esses certos dias da rememoração pulverizaram-se na uniformidade shopping-center do dia-a-dia presente.

Não tenho nenhuma saudade daquele tempo em si, ou do bairro como se organizava então. O menor traço de recolheita. Certamente era mais tranqüilo do que hoje. Tenho, sim, saudades do que não aconteceu para melhor a partir daquele tempo e daquele espaço. Não acreditando em progresso e sendo bastante simpático a coisas que nos ensinam pela permanência, é claro que penso que a verticalização não foi uma boa saída para a Aldeota, assim como a excessiva mercantilização do bairro. E creio que o futuro poderia ter sido mais generoso com a Aldeota ou com Fortaleza em geral.

Mas depois que, no início dos 80, se desmatou uma perna de mangue e por cima se ergueu um shopping de ares monumentais, a melhor ponte para um futuro digno de Fortaleza foi desmontada. Claro que isso se reveste de uma estratégia política. Ou mesmo geopolítica, se quiserem. Mas, nesse ritmo, apenas se atolou na lama mais infecta a possibilidade de dotar de dignidade a memória da própria cidade. O Iguatemi apenas amesquinhou o Centro, a Aldeota, Fátima, e bairros mais antigos, como o Jacarecanga ou o Benfica.

Nada de tão singular. As elites brasileiras reproduziram a mesma estupidez em todas as outras capitais do país. Da Barra, no Rio, à Beira Mar Norte, em Florianópolis. É a mesma necessidade de se alienar da memória - como se de um esqueleto dentro do armário. Quando se cometem crimes, não deixar vestígios é a única possibilidade de prosseguir cometendo-os. Essa é a lógica que desfigura nossas cidades quando elas estão prestes a esboçar um sorriso.

Fortaleza não é exceção. Então, as saudades vão não para o que a Aldeota foi. Mas para o que Fortaleza não é.

Aldeota na década de 70 - Artigo publicado em O Povo (31/12/2002)

Aldeota e o comércio

Nas décadas de 70 e 80, as atividades comerciais, antes restritas ao centro da cidade, começaram a se deslocar para outros bairros. Nesse cenário, a Aldeota, que na época era tipicamente residencial, com belas casas arborizadas, começou a mudar de cara. Assim, o bairro recebeu o primeiro shopping center da Capital. 

Atualmente, são pelo menos quatro grandes shoppings no bairro, e um número de prédios cada vez maior. A Praça Portugal é o maior símbolo do bairro, o coração da Aldeota, mas o local tem um pezinho em outro bairro. Ela separa a Aldeota do Meireles. “Dizem que o Meireles é Aldeota. É uma confusão”, brinca o eletricista Francisco Almeida. 

No mapa, a Aldeota é praticamente um retângulo. Fácil de identificar. Começa na rua João Cordeiro; segue na Pereira Filgueiras, até a Praça Portugal, símbolo do bairro; continua na Dom Luiz, Frei Mansueto, Via Expressa e faz limite com o bairro Dionísio Torres na rua Padre Valdevino. Na prática, o bairro parece ser bem maior. “José Vilar, Costa Barros, Barão de Studart e por aí vai. Tudo isso é Aldeota”, dizem os taxistas do bairro. “Começa no início da Desembargador e termina quase no Pirambu”, conta a dona-de-casa Maria Estela. 

A Aldeota é também simbolo de status. A casa de Jacira resiste entre os altos prédios. Ela mora no local há quase 50 anos. “Muitas vezes me oferecem dois apartamentos, mas eu não quis. Não vou sair daqui de forma alguma”, garante.

Fonte: Tv Verdes Mares

Fotos recentes do bairro:

Aldeota é cercada por prédios imponentes, esse da foto é maravilhoso!


Praça Portugal


Praça da Ceart



Open Mall



Mini biblioteca num vagão de trem




Lojas na Av. Senador Virgílio Távora




Mais prédios




Fórum




Construção com entrada super baixa e sem muros ao redor



Prédio super diferente, abriga um colégio



Olha que casinha linda, parece que parou no tempo rsrs



Prédio do Tribunal Regional do Trabalho




Shopping Del Paseo



Shopping Aldeota




Prédios altíssimos



Prédios residenciais


Casa revestida de pedrinhas



Belas construções



Banco do Brasil - Todo azul, muito lindo


Aldeota é um bairro de muitos restaurantes



Aqui tem muito do artesanato cearense. De móveis enormes a pequeninos objetos de decoração



Bairro onde o comércio predomina





Outra construção interessante



Para terminar, mais prédios rsrs

Crédito das fotos: Manilov

11 comentários:

  1. Casa revestida de pedrinhas,pertenceu ao Deputado Murilo Aguiar,meu saudoso avo!
    Stelio Aguiar Junior

    ResponderExcluir
  2. Pelos anos 70, mais precisamente em 1972,o arquiteto Neudson Braga concluiu seu projeto para residência da família do casal Irene Delne e Edson Lopes, na confluência da Avenida Desembargador e Rua Maria Tomázia, Aldeota.
    Foi considerado pelo próprio Fundador Da Faculdade De Arquitetura-UFC,Professor Neudson Braga "seu mais belo projeto residencial".
    (Vide Memorialista Marciano Lopes, MANSÃO PALACETES SOLARES E BANGALÒS DE FORTALEZA)

    ResponderExcluir
  3. Em que rua fica a casinha "parada no tempo"?

    ResponderExcluir
  4. Gostaria de saber, o que havia no local que hj é o Shopping Del Paseo? Poderiam me informar? Grata

    ResponderExcluir
  5. Quem era o dono da casa (que era um quarteirão inteiro) do local onde fica hoje o Center Um?

    ResponderExcluir
  6. Se não me engano Sr. Raimundo Oliveira sujeito a confirmação

    ResponderExcluir