domingo, 2 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte II



Paulo Cabral

Paulo Cabral, atualmente diretor geral da Ceará Rádio Clube, nasceu em 23 de agosto de 1922, em Guaiúba, Ceará. É formado em direito pela Faculdade de Direito do Ceará. Começou a trabalhar fazendo um concurso para locutor na PRE-9, a 5 de fevereiro de 1939. Foi bem sucedido e ficou como locutor. Em 1942, substituiu Dermival Costa Lima na direção artística. No ano seguinte, pediu demissão do cargo, ocupando seu lugar Lourival Marques. No mesmo ano, voltou a assumir a direção do Departamento Artístico, afastando-se novamente em janeiro de 1944, por razões particulares (CPOR, escritório de advocacia e estudos de direito).

Foi substituído, então, por Antônio Maria. Em março de 1945, foi convidado pelo Dr. João Calmon para o cargo de diretor-geral da Ceará Rádio Clube, onde se mantém até hoje.
Viagens: Rio, São Paulo, Amazonas, além de várias viagens, pelo nordeste, em missão da rádio. Tem recebido várias propostas para trabalhar no Rio de Janeiro, mas não pensa em deixar a sua PRE-9, nem Fortaleza.

Paulo Cabral


Paulo Cabral é o mais popular locutor do Ceará e se tornou famoso por sua invulgar capacidade de improvisação. Foi ele o principal animador da monumental campanha em prol da Santa Casa, conseguindo, com seus apelos tocantes, levantar nada menos de l milhão e 50 mil cruzeiros de contribuições populares. Paulo Cabral é casado. Não tem "hobbies", salvo o rádio, a que se entrega de todo o coração.

Paulo Cabral - radialista precursor do uso da mídia na política cearense

Artigo publicado em História do Rádio e Televisão no Ceará

Nos anos 40, o rádio cearense se notabilizou pelas grandes campanhas que empreendia.
Pode-se falar do São João e Natal dos Lázaros, que conseguia doações para o Educandário Eunice Weaver, que trabalhava a favor das vítimas da hanseníase e seus filhos, então confinados na colônia de Antonio Diogo (Redenção).
Outra campanha memorável foi a do levantamento de recursos para a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que alcançou a cifra recorde de um milhão de cruzeiros.
Essas campanhas mobilizavam a cidade, criavam um sentimento de "pertença" e estimulavam o lado filantrópico das pessoas.
À frente destas iniciativas estava um jovem radialista, Paulo Cabral de Araújo.

Quando se aproximavam as eleições de 1950, o clima era de pouco entusiasmo diante dos candidatos lançados. De um lado, antecipando-se aos empresários na política, o milionário Diogo Vital de Siqueira. O prefeito Acrísio Moreira da Rocha não podia se candidatar à reeleição e apoiou Erestides Martins, que teve uma votação pífia.
O fato novo da política veio a reboque dos partidos políticos e passou a ser a primeira grande interferência da mídia no poder: o radialista Paulo Cabral de Araújo, aos vinte e oito anos, sem vivência de política partidária, sem apoio dos partidos tradicionais, disparou na preferência do eleitorado e teve uma vitória estrondosa nas urnas.

Confraternização Associada nos anos da década de 1940-49. Discursando José Júlio Barbosa. Da esquerda para a direita: de costas, José Júlio Cavalcante; major João Baptista Brandão; Zezé do Vale, Paulo Cabral de Araújo, Orlando Mota, Edgard Freire, Manuelito Eduardo e Oscar Cirino.

A vitória chamou a atenção para a força da mídia.
Era freqüente a utilização dos jornais, como foi feita por Paulo Sarasate nas eleições para o governo do Estado, em 1954, mas o rádio era novidade.
Paulo Cabral optou pela carreira jornalística. Ocupou cargos significativos no cenário nacional. Foi presidente do Condomínio dos Diários Associados.
Por trás disso tudo, os velhos transmissores, a empolgação dos segmentos populares, a necessidade de ajudar uma instituição que presta grandes serviços à cidade e vive, permanentemente, em crise.
Em termos de política cearense, essa eleição teve tanto impacto quanto a de Maria Luiza Fontenele a prefeito de Fortaleza, em 1985, também por um partido pequeno e contra todas as forças hegemônicas.

O papel da mídia na política tem sido grande. Nas eleições de 2006, três radialistas de programas sensacionalistas foram eleitos para a Assembléia Legislativa. O tema já foi objeto da tese de doutorado da jornalista e professora Márcia Vidal.
Mas o começo de tudo foi Paulo Cabral.

Comissão recebedora de donativos da Campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza - da esquerda para direita, Heldine Cortez Campos, na terceira e quarta posições: Manuelito Eduardo e Paulo Cabral; de frente, escrevendo: Maria Coeli de Araújo; sentados, em primeiro plano: Aderson Brás e Tereza Moura, em atendimento aos ouvintes cooperadores.



Os méritos foram dele, do contexto de então e das campanhas que, da mobilização pela dádiva, passaram para a militância política.


Continua...

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