terça-feira, 11 de maio de 2010

A Rádio Educadora Cearense




O Brasil havia experimentado o funcionamento do Rádio por ocasião da festa do centenário da independência quando, aos 7 de setembro de 1922 foi instalado no Corcovado, Rio de Janeiro, um equipamento transmissor e vários receptores em locais estratégicos da então Capital da República. Isso motivou o Sr. Edgar Roquette Pinto a fazer funcionar um ano depois a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, embora devamos fazer justiça ao estado de Pernambuco quando em Recife a sua “Rádio Clube” foi ao ar em 1919. No Ceará, apesar da euforia de 1924 com a beleza teórica e pouca aplicabilidade prática do “Rádio Clube Cearense” que de modo efêmero funcionou no prédio do Distrito Telegráfico (Fênix Caixeiral), Fortaleza ainda saboreou desta experiência.
Coincidência ou não, a segunda tentativa em Radiotelefonia cearense nasceu juntamente com o Jornal O Povo, com diferença apenas de dias. Em 1 de janeiro de 1928 O Céu da Fortaleza Antiga Foi novamente cortado pelas ondas hertzianas da “Rádio Educadora Cearense”. Aos 12 de janeiro de 1928, o Jornal O Povo em sua edição nº 6, traz a seguinte nota: “Esta nova sociedade de Rádio, ciosa de seus deveres de educar o povo de nossa terra, está promovendo um concurso que sobre os aspectos, é merecedor dos aplausos do público e dentro de pouco tempo saberemos qual o melhor Rádio telegrafista...”.
A sede da Rádio Educadora Cearense localizava-se na Rua General Sampaio nº 118, no local onde depois funcionaria o Instituto de Previdência do Município-IPM, esquina com a Rua Meton de Alencar, na Praça Clovis Beviláqua, que já foi “Praça da Bandeira” e na época se chamava “Visconde de Pelotas”.


Por todo o mês de janeiro (1928) e, durante os dias úteis de 19.00 até 21.00h, ficaram abertas na sede da emissora, as propostas de matrículas aos interessados em fazerem o concurso para ficarem aptos, ao manuseio dos equipamentos da Rádio-telegrafia. Essa estação radiofônica foi se impondo no conceito público pela sua programação e pelas suas altruísticas atitudes.
O jornal “O Povo”, com menos de um mês de existência, já acompanhava todos os acontecimentos da cidade e publicou na edição de 23 de janeiro os nomes dos componentes da R.E.C. “Presidente: Dr. José Odorico de Moraes; Vice-presidente: Luiz Espíndola; 1º Secretário: Achiles Arraes; 2º Secretário: Pierre Pereira da Luz (Locutor); Adjunto tesoureiro: Antonio D'Oliveira Braum; Diretores fiscais: Flósculo Barreto, Benjamim Falcão e Oswaldo Fernandes”. Nessa mesma nota, o noticioso de Demócrito Rocha diz que o Sr. Antonio de Alencar Santiago (telegrafista), ficava como responsável pela a direção da Rádio, quando ausentes os diretores.



Naquela época era difícil se conseguir concessão do Governo para o serviço de comunicação, tanto pela dificuldade da aquisição dos equipamentos, o quanto pela a liberdade de expressão que era vigiada, talvez seqüelas deixadas pela “coluna prestes”.
Fortaleza assim sintonizava sua programação, mas ainda sem qualidade a gosto do ouvinte. Tinha o boletim informativo, músicas selecionadas. Nos fins de semana eram transmitidas para a elite (os receptores eram caríssimos) as partidas de futebol, de onde o poeta Pierre Luz, da janela do estúdio narrava os acontecimentos no campo, local este onde depois construíram a Faculdade de direito da UFC, afinal o Estádio do Prado só seria inaugurado em 1941.
A vida dessa emissora também foi curta, pois quando João Dummar criou “O Ceará Rádio Clube” a Rádio Educadora Cearense já havia saído do ar.
Teria sido a Revolução de 1930? Descubram os entendidos.




3 comentários:

  1. Depois que ler meu comentário, por favor, apague!
    Grata.

    ResponderExcluir
  2. Olá Melissa, vou vê o que posso fazer, qualquer coisa eu entro em contato.

    Abraços

    ResponderExcluir
  3. http://fortalezanobre.blogspot.com/2010/04/praca-da-bandeira-clovis-bevilaqua.html


    Falei um pouco delas nesse post sobre a Praça da Bandeira.

    ResponderExcluir