Antigamente, cada praça de Fortaleza, ao ser urbanizada, tinha dois nomes, o da praça e o do jardim. A Praça do Ferreira tinha o jardim Sete de Setembro; a Praça Caio Prado, ou da Sé, tinha o jardim Pedro Borges; a Praça José Júlio (ou Coração de Jesus) tinha o jardim Bárbara de Alencar, a Praça Comendador Teodorico (ou da Lagoinha) tinha o jardim Tomás Pompeu e a Praça Marquês de Herval (hoje José de Alencar), tinha o Jardim Nogueira Acióli, inaugurado em 1903, na administração do intendente Guilherme Rocha. No dia 24 de janeiro de 1912 houve uma revolta e a consequente derrubada do governo Acióli e o povo rebatizou o jardim como Franco Rabelo.
Existia, no centro da praça, um grande coreto coberto onde se apresentava duas vezes por semana a Banda de Música do Batalhão de Segurança. Como pode ser visto na foto antiga (Em cima, à esquerda), estátuas e combustores rodeavam o coreto dando uma graça que era completada com o jardim, bancos e o catavento que alimentava a caixa d'água.
Existiam na praça, vários quiosques menores onde eram comercializados café, garapa (refresco), cigarros, etc. A proporção do jardim em relação à parte não plantada era muito diferente da atual, onde predomina o cimento. Naquela época existia muito mais área plantada, com jardins floridos e bem menos passeios. Hoje vemos muito mais verde, mas oriundos de copas de grandes árvores.
Hoje, como pode ser visto na foto nova, tudo mudou. Em 1º de maio de 1929, por iniciativa do jornalista Gilberto Câmara, foi erigida no centro da praça uma estátua de José de Alencar, cujo centenário de nascimento ocorria naquela data, sendo anos depois mudado o nome da praça de Marquês do Herval para o nome do grande escritor cearense. A parte central da praça hoje é bem arborizada, mas seu redor tem muito cimento e poucas árvores e nenhum banco. Os Jardins outrora formados de roseiras e flores outras, hoje são feitos apenas de grama muito mal cuidada.
A praça está hoje transformada em um "mercado persa", onde se encontra desde pregadores religiosos com serviços de alto-falantes, até engraxates, passando por mini restaurantes, bancas de revistas, sapatarias, contorcionistas, engolidores de espadas ou de fogo, carros de som vendendo pão, sanduíches, etc, sem falar no comércio de outro tipo de carne quando o manto da noite cai e a prostituição toma conta do logradouro, num patente atestado da incapacidade da atual administração da cidade.
Enquanto a antiga foto mostra os jardins e peças que compunham a praça, a atual, da objetiva de Osmar Onofre, mostra o acúmulo de árvores em redor da estátua que não aparece, enquanto a outra metade de praça fica totalmente sem arborização num patente desequilíbrio arquitetônico. No fundo, os prédios que hoje se levantam por trás da praça.
A antiga Praça Marquês de Herval (Atual Praça José de Alencar) no início do século XX.
Acervo Carlos Augusto Rocha
O Jardim Nogueira Acióli - Álbum Vistas do Ceará 1908
PRAÇA MARQUÊS de HERVAL - JOSÉ DE ALENCAR - Lado da RUA LIBERATO BARROSO
O século passado encontrou a atual Praça José de Alencar com o nome de Praça Marquês do Herval e logo no inicio (1903) houve nela uma reforma que lhe deu quiosques, bancos, coreto, caixa d'água, catavento e jardins que ganhou o nome de Nogueira Accioli.
Do lado da Rua das Trincheiras (atual Rua Liberato Barroso), ficavam, do nascente para o poente: o Batalhão de Segurança (Policia) e a Escola Normal Pedro II, que podem ser vistos na primeira foto, que data de 1904.
Depois, parte do Batalhão de Segurança foi cedida para construção, a partir de 1908, do Teatro José de Alencar, inaugurado em 1910. Decorrido algum tempo o prédio do batalhão foi ocupado pela Escola Aprendizes Artífices, enquanto o da Escola Normal passou a abrigar o Grupo Escolar Norte da Cidade e depois o Grupo José de Alencar.
Quando a Escola Aprendizes Artífices mudou-se, o prédio foi demolido e em seu local foi construído o prédio da Diretoria de Saúde, depois Centro de Saúde, que vemos na segunda foto, quando já existia o edifício do Lord Hotel. No prédio da antiga Escola Normal passaram a funcionar as faculdades de Farmácia e Odontologia, Medicina e depois o Iphan (Pró-memória), que hoje é o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN.
A fotografia atual, de Osmar Onofre, mostra o jardim do Teatro José de Alencar. As curiosidades são que na primeira foto existe, atravessada na rua, uma carroça d'água. Na segunda foto, da década de 50, no passeio entre o teatro e a praça, uma bomba de venda de gasolina "Esso", enquanto na foto atual vemos uma cabine da Telemar e vários "orelhões" (telefones públicos).
A vegetação tanto do jardim como da praça cobrem quase toda a foto, não deixando ver o teatro, o Iphan e o Lord Hotel, que está condenado. Deverá ser demolido para construção, no local, de uma estação do Metrofor.
Fonte: Portal da história do Ceará/Arquivo Nirez
Certamente o CAFÉ CENTRAL funcionou em um dos quiosques referidos. Um dado que encontrei no livro "Baú de Ossos" de autoria de Pedro Nava: Os membros da Padaria Espiritual reuniram-se nesse Café para comemorar seu primeiro ano de atividades.
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