Rua do Rosário, centro de Fortaleza, via com denominação mais antiga de Fortaleza
Não se sabe a data exata em que teve inicio a nomenclatura das ruas de Fortaleza. Das vias atuais, as únicas que mantiveram os mesmos nomes desde a época da colônia são as ruas do Rosário, que ganhou o nome em fins do Século XVIII, a do Pocinho e a Governador Sampaio, que datam de 1813.
Os nomes das ruas foram dados por iniciativa da população e adotados pelo poder público do município.
Até 1817 não havia na Vila de Fortaleza qualquer indicação relativa ao nome das ruas. No dia 18 de março daquele ano, em sessão realizada na Câmara, foi aprovada a decisão de se colocar letreiros indicando a denominação da via.
Assim no ano de 1818, já se podia ler os nomes das ruas, colocadas nas esquinas das vias públicas da Vila: Rua do Rosário, da Palha, da Cadeia, Nova da Palha, de Cima, do Açougue, das Flores, do Monteiro, do Riacho, Nova da Boa Vista, do Pocinho, do Boticário, das Almas, da Cacimba dos Meirinhos, e outras.
Anos mais tarde, em 1861, foi aprovada pela Câmara uma resolução para que se fizessem tabuletas para identificação dos nomes das ruas e travessas da cidade, que deveria ser uma só e não diferentes nomes.
A resolução decorreu do fato de existirem algumas artérias com mais de um nome. A atual Rua Floriano Peixoto tinha três denominações: Rua das Belas no trecho entre o Passeio Público até a praça onde hoje está o edifício do Banco do Brasil;
daí até a Praça do Ferreira era Rua da Pitombeira, e da Praça do Ferreira em direção a Praça do Carmo era Rua da Alegria.
A Rua Major Facundo era Rua da Palma entre o Passeio Público e a Praça do Ferreira e Rua do Fogo, da Praça até o final.
A decisão de colocar numeração nos imóveis ocorreu junto com a denominação única das ruas, mas não foi implantada de imediato. A falta de números nas portas levava os comerciantes e prestadores de serviços que precisavam tornar seus endereços conhecidos, a utilizarem como referências o nome de pessoas conhecidas, como demonstram esses anúncios publicados em jornais da época:
"Bazar Cearense
Na rua da palma
Confronte ao Quintino
Perto do Zeferino
Por grandes letreiros
Mui bem se conhece
A loja da moda"
(Pedro II-Fortaleza, 24-3-1862)
"Estabelecimento Photographico de Madame Fletcher
Rua Nova, na casa onde morou o Dr. Justa."
(A Constituição- Fortaleza, 25-2-1865)
Rua Formosa (atual barão do Rio Branco) em foto de 1925. Nota-se a total ausência de árvores. Foto Reprodução (Arquivo NIREZ)
No ano de 1890, nova decisão da Câmara causou controvérsias na cidade. Em sessão realizada em 29 de outubro de 1890, o Conselho de Intendência da Capital decidiu substituir o sistema de identificação das ruas, com a denominação dando lugar a números. O motivo alegado foi evitar as contínuas e sucessivas trocas de nomes, quase sempre motivadas por sentimentos partidários.
O critério de numeração utilizava a Rua Formosa como referência: para o nascente todas as ruas eram ímpares e para o poente, pares. Pouco durou, no entanto, a tal resolução: os comerciantes continuaram a anunciar o endereço dos seus estabelecimentos usando os antigos nomes das ruas e travessas. Poucos aderiram ao novo formato. As raras exceções foram:
"Esplêndido sortimento de calçados BOSTOK
para homens, senhoras e crianças despachou a loja Magnólia.
Rua 3 n° 93"
(Libertador, 17, 19 e 22-11-1890).
Em sessão de 28 de abril de 1891, novamente por determinação da Câmara Municipal, os números das ruas foram substituídos pelos seus respectivos nomes primitivos. A novidade durou cerca de seis meses (de 29/10/1890 à 28/04/1891). A Câmara voltou atrás na sua decisão porque a inovação não agradara a população.
Rua Barão do Rio Branco - Início
Rua Barão do Rio Branco - Final (Profusão de placas e anúncios)
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