Na Fortaleza do Séc. XIX o ordenamento do espaço urbano estava estreitamente relacionado com medidas e técnicas voltadas para o reajustamento das camadas mais pobres da população, através do controle da saúde, gestos e comportamentos.
Para manter a cidade limpa e asseada, medidas saneadoras foram adotadas, com a inauguração de vários estabelecimentos destinados a abrigar os diversos segmentos sociais residentes na cidade, considerados “párias”. O primeiro a ser inaugurado foi o Asilo de Alienados São Vicente de Paulo, a 1° de março de 1886, com a presença de inúmeras autoridades. Nos discursos médicos proferidos sobre a necessidade de uma instituição asilar, foram apresentadas justificativas como “retirar os dementes do seio de suas famílias e livrá-los da associação com o crime” e “equacionar o problema do estacionamento de loucos no espaço urbano”.
Se chegara a vez de isolar os loucos das ruas, logo outros segmentos chamados desviantes, como os mendigos, os órfãos, os velhos, os vadios e as prostitutas também seriam, mais cedo ou mais tarde, forçosamente recolhidos a asilos, escolas de correção, orfanatos ou cadeias.
Entre o fim do Séc. XIX e o início do Séc. XX foram inauguradas diversas organizações com fins assistencialistas, articuladas com a polícia (mediante acordo para erradicação da mendicância), que assistiam e internavam a massa de excluídos da Capital: Dispensário dos Pobres (1885), o antigo Asilo de Mendicidade (1886) e o novo patrocinado pela Maçonaria (1905) para pobres e indigentes; Patrocínio dos Menores Pobres (1903) para menores pobres ou órfãos; Patronato de Maria Auxiliadora para Moças Pobres (1922) e Asilo Bom Pastor (1925).
Subvencionadas pelo Estado, supervisionadas pela Igreja Católica, organizadas por senhoras “de caridade”, médicos, e grupos de intelectuais, tais organizações possibilitaram a transformação da filantropia de caráter caritativo em um novo modelo de assistencialismo: a filantropia higiênica.
Em 22 de julho de 1925, é inaugurado o Instituto Bom Pastor (Asilo), destinado ao abrigo de mulheres solteiras que incorriam no ato de engravidar sem casamento. E um Decreto de 26 de julho de 1934, dispõe sobre o recolhimento de menores abandonadas ao Asilo Bom Pastor.
A entidade realiza trabalhos filantrópicos e é dirigida pelas religiosas da Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor* e, desde seus primeiros anos de existência, tem como principal atividade acolher jovens em situação de risco familiar e social que moram nas redondezas do Instituto.
No princípio, as religiosas atendiam em regime de semi-internato jovens que não tinham boa conduta. Contudo, a realidade presente pediu uma mudança no atendimento e hoje, meninas de 10 a 17 anos são atendidas em regime de semi-internato e passam suas manhãs ou tardes participando das diversas atividades do projeto ‘É Fuxicando que se aprende’. A iniciativa é realizada em parceria com o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de Fortaleza – Comdica.
O projeto atende duas turmas, uma pela manhã e outra pela tarde. Para participar é necessário apenas estar estudando. Atualmente, 64 meninas realizam atividades como reforço escolar, esporte, catequese, oficinas de bordado, fuxico, bijuteria e pintura; além de palestras e orientações voltadas para a prevenção contra o uso de drogas, violência familiar e social e desenvolvimento psicossocial.
A família também é uma peça importante nesse processo de transformação da realidade das jovens; por esse motivo, o projeto trabalha ainda a convivência familiar e intergeracional, que se dá por meio de encontros e reuniões com os pais e responsáveis. “O desafio é fazer com que as jovens possam transformar também o ambiente ao seu redor como a casa, a rua e a escola”, fala Núbia Pena, elaboradora de projetos do Instituto.
Segundo Francirelda de Araújo, coordenadora de projetos sociais do Bom Pastor, as atividades das quais as jovens participam, apesar de não serem profissionalizantes, ajudam na geração de renda. “Algumas meninas já estão produzindo em casa e comercializando os produtos que aprenderam a fazer nas oficinas”, comenta.
O ‘É Fuxicando que se aprende’ deixou de receber recursos do Comdica em abril de 2010, mês em que completou 12 meses de realização. Mesmo assim, as atividades não devem pararam, confirmou Francirelda. “Quando não é repassado mais dinheiro o Instituto assume o projeto e apela aos doadores para que as meninas não deixem de ser atendidas", explica.
*A Congregação de Nossa Senhora da Caridade do Bom Pastor, mais conhecida por Congregação do Bom Pastor, existe na Igreja desde 1835. Foi fundada por Santa Maria Eufrásia Pelletier, Religiosa da Ordem de Nossa Senhora da Caridade do Refúgio, para onde entrou a 20 de Outubro de 1814, jovem de 18 anos chamada Rosa Virgínia Pelletier.
Ali encontrou um ideal que a atraiu e com o qual preencheu toda a sua vida: - tornar presente junto de jovens e mulheres a Misericórdia de Deus que acolhe e acarinha todos, especialmente os mais carentes e feridos pela sociedade, imitando tanto quanto possível, a ardente caridade dos Corações de Jesus e Maria.
Doações e mais informações pelo telefone (85) 3223-0658
Localiza-se na Avenida Filomeno Gomes, 110 - Jacarecanga
Fontes: Portal da História do Ceará, Nirez, Wikipédia,
Fortaleza Belle Époque: Reformas Urbanas e Controle
Fortaleza Belle Époque: Reformas Urbanas e Controle
social de Sebastião Rogério Pontes e Adital - Natasha pitts.
QUAL O ENDEREÇO DE VOCÊS , POR FAVOR ?
ResponderExcluirInstituto Bom Pastor
ResponderExcluirAvenida Filomeno Gomes, 110 - Jacarecanga, Fortaleza - CE, 60010-280
(085)3223-0658
O Instituto Bom Pastor é só asilo ou ainda tem a mesma função de antigamente?
ResponderExcluirAonde se localizava o Asilo do Bom Pastor?
ResponderExcluirOi Fernando, bom dia!
ResponderExcluirNa Avenida Filomeno Gomes, s/nº, ao lado do Liceu do Ceará.
oi bom dia, gostaria de saber como fazer para internar uma idosa,ela morava com ema irma que faleceu, e as outras irmas ja sao da idade e nao tem como ficar com ela, por fsvor ajude essa senhora
ResponderExcluirOlá, bom dia!
ExcluirO blog apenas prestou uma homenagem ao asilo, não temos nenhum vínculo com o mesmo!
Para informações, melhor ligar diretamente para eles:(85)3223-0658
Forte abraço
Essas "medidas saneadoras", e "filantropia higiênica"...deviam voltar URGENTEMENTE... pois as ruas estão lotadas de "CRAQUENTOS" (ou "dependentes químicos"...é mais bonito)...que fazem "ninho" e necessidades fisiológicas a luz do dia...em qualquer logradouro ou praça...(isso quando não assaltam os passantes....para sustentar esse cruel vício devastador...)...que tristeza...essa "pedra do demônio"!
ResponderExcluirÉ a pedra do capiroto, acabando com os nossos jovens!
ExcluirNão sabia que o Asilo Bom Pastor ainda existia, mesmo que tenha mudado o foco. Foi um nítido exemplo do conservadorismo ridículo dessa sociedade, pois não foi somente no Brasil q jovens em jogadas nesses asilos simplesmente por serem mães solteiras. Esse ano o governo Irlandês pediu perdão as mulheres que por décadas foram colocadas nessas instituições e obrigadas a trabalhar em tarefas como costura, limpeza e principalmente nas lavanderias industriais.
ResponderExcluirQual é o telefone do Instituto ??
ResponderExcluirTelefone:(85) 3223-0658
ResponderExcluirEsse telefone está inexistente... Teria outro?
ResponderExcluirAcredito que o Bom Pastor não exista mais! Fui outro dia lá e a Fametro ocupa o local, inclusive destruiu parte do edifício antigo, uma pena!
ResponderExcluirEstudei nesse Instituto. Foram os melhores anos de minha pré-adolescência. Ainda lembro o nome completo de minha melhor amiga, Penha Alves do Nascimento e Silva. Muito queria encontrá-la. Parabéns a esta página.
ResponderExcluirObrigada, Rosângela, espero q vc encontre sua amiga querida!
ExcluirBeijos
Minha mãe estudou e ficou internada ai, hoje ela vive bem teve esposo (viuva) 10 filhos, após anos ela decidiu concluir os estudos, gostaria da declaração escolar dela (fez até a 4ª série) e saiu daí aos 12 anos ela nasceu em 1937(certidão) nome dela: Aldenira Targino Alves, agradeço. Parabéns a tds vcs.
ResponderExcluirÉ possível localizar um histórico de uma internação de 1950? Minha mãe esteve internada aí neste período, e este histórico ajudaria muito em tratamento médico.
ResponderExcluirEm 1963) estava eu com 11 anos de idade e fui uma das internas do bom pastor até hoje guardo boas recordações daquele lugar que por 3 anos foi o meu doce lar, para mim foram os melhores anos da minha pré adolescência. As três freiras que até hoje eu trago carinhosamente nas minhas lembranças e estão sempre presente em minhas orações são elas 1° irmã Maria de são Francisco de Sales na época era a superiora, 2°irmã Maria são João de vianei esta era minha madre mestra, 3°irmã Maria celeste também nossa madre mestra, substituta de madre vianei nas horas vagas. Muito obrigobrigada 🙏 leila Nobre por essa postagem que me trouxe tantas boas e inesquecível recordações. Amei 😍😘❤🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌹🌻🍀
ResponderExcluirQual o ano de fundação da igreja?
ResponderExcluirNo ano de 1975,estive aí. Foi o pior ano da minha vida,nessa epoca muitas coisas aconteceram e ainda hj guardo pessimas recordações desse lugar.
ResponderExcluirEu fui interna do Bom Pastor aos 11 anos no primeiro semestre de 1952 ou 53. Meu sonho era saber se existem arquivos e álbuns fotográficos da época. Gostaria de fazer uma visita, doar alguma coisa, rever esse lugar onde me diverti, estudei, dei muito trabalho. Mas enfim. Quero muito saber se existe uma foto se quer do meu tempo, das meninas, das festas religiosas. Fui pra lá porque perdi meu pai e eu tinha uma irmã por parte de pai que foi freira lá por muitos anos. Então me levou pra estudar lá um tempo o nome dela era Hozana Soares Araújo. Por favor!!!
ResponderExcluirMeu coração está pulando de alegria em ver essa publicação,minha mãe morou no Bom Pastor por 8 anos só não me recordo o ano, as freiras da época dela era as irmãs Zélia, Celeste, Letícia, Julia. Na época a irmã Zélia era a superiora. Depois de alguns anos q ela saiu ,ela retornou pra trabalhar aí no bom pastor e infelizmente descobriu um câncer fatal e faleceu em 30/04/1987,eu tinha 12 anos, e como não tinha onde eu ficar acabei tbm morando lá, onde agradeço muito pois fui muito bem criada pela irmã Celeste a quem eu a chamava carinhosamente de mãezinha, tbm me recordo com muito carinho da Rosalba, uma pessoa com nessecidades especiais q foi abandonada lá muito criança e q as freiras cuidaram muito bem dela. Me recordo bastante das meninas q tbm moravam lá. Da escola Eduardo Campos o de terminei meu ensino fundamental, aprendi muitos cursos. Hoje tenho muitas recordações boas. Gostaria muito de poder reencontrar alguém da minha época, morei de 1987 até 1993.
ResponderExcluirBom dia já fui aluna deste lugar era maravilhoso
ResponderExcluirEu me chamo Lucimar e minha irmã Luciana ficamos no bom pastor por quatro anos, minha mãe era presidiária no presídio próximo ao bom pastor, fomos colocadas lá pelo juizado e lembro-me muito das missas e das fardas que usávamos uma cor pra cada dia,por ser na época a mais nova devia ter uns sete ou oito anos e ser pequena e magrinha era muito paparicada pelas freiras, Irmã Angélica e a Madre Virgínia, lembro-me também da Rosalba.adorava fazer hóstia e os biscoitos que hj tento lembrar as receitas ,se alguém for deste tempo e se lembrar,pir favor me envie.
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