domingo, 25 de julho de 2010

Cajueiro da Mentira ou cajueiro botador


O Cajueiro Da Mentira ou Cajueiro Botador ficava na Praça do Ferreira do lado da Rua Floriano Peixoto, aproximadamente entre a 
delegacia de Polícia (hoje o Palacete Ceará) e a telefônica (hoje Livraria Alaor), por trás da parte urbanizada em 1902 por Guilherme Rocha, onde ficava o Jardim Sete de Setembro.
A foto mais antiga, que data aproximadamente de 1907, traz um dos momentos de reunião dos habitues da Praça do Ferreira que no Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador, contavam suas histórias, seus "causos", seus contos, enfim, dão vazão a seus espíritos criativos.
Todos os dias 1º de abril à sombra do "Cajueiro Botador" havia uma sessão de mentiras e em seguida a eleição do melhor dos mentirosos, tudo feito festivamente, com urna pendurada no tronco da árvore, tudo enfeitado de bandeirinhas de papel colorido, fogos a valer, música tocada por parte de alguma banda da polícia ou de outra corporação. A bebida não faltava e o café mais próximo ao cajueiro era o Café Java, que no dia tinha cerveja à vontade.
À noite o nome do vitorioso era colocado escrito em placa no tronco do cajueiro, sendo na hora homenageado com discursos, aplausos, risos, palmas, mas havia os que não gostavam da brincadeira e apupavam.
A brincadeira, de acordo com Raimundo Girão, iniciou-se em 1904, sendo iniciada por Álvaro Weyne, Antônio Martins, Henrique Cals, José Raimundo Costa, Porfírio da Costa Ribeiro, todos comerciantes na Rua Floriano Peixoto em frente à Praça do Ferreira. Outros elementos engrossaram a fila dos "mentirosos", todos ilustres, como Amâncio Cavalcante, Leonardo Mota, Eurico Pinto, Gérson Faria, William Peter Bernard, Ramos Cotoco, Chamarion, Carlos Severo, Gilberto Câmara, Quintino Cunha, o Rochinha da farmácia e o Pilombeta, conforme nos diz Otacílio de Azevedo em seu "Fortaleza descalça".
Em 1920 a praça foi reformada, na gestão do prefeito Godofredo Maciel e foram banidos os quiosques dos cafés e também o "cajueiro botador", assim chamado por dar frutos o ano inteiro.
A segunda foto, batida por Nirez, é do mesmo local quando da existência da praça feita na gestão do prefeito José Valter Cavalcante.
No local existe hoje uma placa que diz: "Neste local existiu um frondoso cajueiro que por frutificar o ano todo era apelidado "Cajueiro Botador", ou por se realizarem, sob sua copa, cada 1º de abril as eleições para o maior "potoqueiro" do Ceará, era também chamado de "cajueiro da mentira". Abatido, em 1920, com a reforma do logradouro, então realizada, foi em sua memória plantado um novo cajueiro, quando da restauração da praça, na administração Juraci Magalhães. Só que o cajueiro ali plantado há muito morreu e não foi plantado outro, restando apenas a placa. Será mais uma mentira do cajueiro?
Fonte: Portal do Ceará/Arquivo Nirez

7 comentários:

  1. É muito interessante tudo o que diz respeito à Praça do Ferreira, principalmente a lenda do Cajueiro da Mentira/Botador. É uma bela fábula!!

    Ainda na época da Coluna da Hora da reforma de Godofredo Maciel,algumas empresas de ônibus (ainda com janelas de madeira)faziam ponto final na Prç. do Ferreira. Na passagem do ano, muitas famílias iam ouvir as 12 badaladas,se abraçarem e gritar Feliz Ano Novo!
    Depois era pegar o ônibus alí mesmo, na praça, e retornar para casa. "Meu" ônibus era da Empresa São Francisco e passava pelo Bairro José Bonifácio,onde eu morava.
    Eu juro que é verdade, Leila!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  2. Mas quem falou que eu não acredito? rs
    Amo ficar sabendo do passado da Praça do Ferreira, gosto de imaginar por exemplo, como seria se hospedar no Excelsion Hotel, devia ser um luxo!!!

    Os ônibus com janelas de madeira? Isso é novidade para mim, muito interessante.

    ResponderExcluir
  3. Foi brincadeirinha, pra fazer "blague" com o cajueiro mentiroso rsrs!
    Como faziam barulho, os ônibus franciscanos (eram maarrom e branco). As janela, eram que nem essas das casas, abriam e fechavam conforme chovia ou fazia sol....bem msis fresquinhos do que os de hoje.....
    Pesquisa, amiga, dá boa matéria!Talvez haja fotos no Nirez, ele sabe dessas coisas (década de 1940/50- quando eu viajava neles).

    Adoraria, tmb., ter sido hóspede do Excelsior Hotel!!!

    Eu volto, com as minhas saudades!!!
    Beijos!

    ResponderExcluir
  4. huahuauhauhauhauhuhauha não acredito que vc me pegou bem embaixo do cajueiro da mentira huhauhuahahauh Muito bom! :D

    Já falei dos ônibus antigos daqui de Fortaleza, mas lógico que farei novas pesquisas para enriquecer a postagem.

    ResponderExcluir
  5. Existe um monumento em homenagem a Raimundo Girão que está abandonado na Praia de Iracema.Completamente quebrado e jogado em cima de um monte de areia no aterro.Foi feito pelo artista plástico Altair na época em que Barros era presidente da Funcet,atual Secultfor.O lamentável é que nem a própria Secultfor sabia desse monumento,portanto chegou a hora com a revitalização da praia de Iracema de se fazer jus a esse grande escritor e ex prefeito de Fortaleza que deu nomes as ruas da Praia de Iracema.E a família Girão que tem políticos deveria ser mais zelosa e interessar-se pelo caso.

    ResponderExcluir
  6. Blog maravilhoso, cara Leila. Eu, que sou um saudosista de carteirinha, emocionei-me ao ler textos e ver imagens que me remeterem aos longínquos anos que não voltam mais. Não vivi nessa época, mas é como se tivesse vivdo. Um tempo em que não havia tanta violência, tanta intolerância, tanta maldade quanto existe hoje. Parabéns por esta iniciativa. Um forte abraço. Helder Campos

    ResponderExcluir