sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nirez - Uma lenda



Miguel Ângelo de Azevedo, nasceu em Fortaleza em 15 de maio de 1934, filho de Otacílio de Azevedo e Teresa Almeida de Azevedo. Jornalista, chefiou o setor de Pesquisas do jornal “O Povo” Manteve programa de pesquisa sobre Música mundial nas rádios Uirapuru, Ceará Rádio Clube, Dragão do Mar e Rádio Cidade, reunindo grande coleção de discos em 78 rotações.
Em 1966 inaugurou o Museu Fonográfico do Ceará, atual Museu Cearense de Comunicação.
A partir de 1965 manteve colunas permanentes no “ O Povo” e “Correio do Ceará”. Co-produziu a Discografia da Música Brasileira; relacionando os discos em 78 rotações prensados entre 1902 e 1964. Catálogo publicado pela FUNARTE e considerado a melhor publicação sobre MPB no ano de 1984.
Realizou disco sobre a revolução de 1930, com discursos de Getúlio Vargas e músicas em voga na época, e outro sobre a revolução constitucionalista de 1932. Posteriormente; fez O Ciclo de Vargas, Memórias da Farmácia e, ainda; um outro, encomendado pela revista “Nosso Século”, com textos, fotografias e disco. É membro do Instituto do Ceará.






A sabedoria de um homem não se conhece apenas no seu ponto de vista intelectutal, mas também na dedicação prática da cultura. Por exemplo, após ter obtido ao longo de quase cinco décadas, uma das maiores e raras coleções de discos de cera de 78 rotações do Brasil, Miguel Ângelo de Azevedo, o popular Nirez, 70 anos, cearense de Fortaleza, considera-se um homem realizado no âmbito da discografia brasileira.
Como jornalista e produtor de programa de rádio em Fortaleza, Nirez é o único colecionador do Brasil que ainda utiliza os discos em suas programações musicais, desde o início dos anos 60. Esta seleção é apresentada pelos mais variados ritmos: tango, valsa, bolero, sem desprezar, nunca, a melodia regional como o forró de Luiz Gonzaga, Abdias, Pedro Sertanejo, Zé Calixto, Marinez entre outros.


A história do acervo vem de muito longe. Tudo começou em 1954, lembra ele. “Não foi tarefa muito fácil, conseguir colecionar raridades e harmonizar o material fonográfico. Mas aos poucos juntando unidade por unidade, acabei tornando-me um eterno apaixonado da arte musical”.

Com 13 anos em 1947 - Arquivo Nirez

Com o cuidado peculiar de um discófilo, ele já informatizou boa parte do catálogo, contendo nome do intérprete, etiqueta, data de gravação e lançamento. E como não tinha recursos para concretizar o velho sonho de um dia ver todo o acervo em CD, recorreu a um patrocinador através do Projeto Disco de Cera Meio Século de MPB, do Ministério da Cultura. “Nunca vou esquecer a boa vontade desse pessoal, somente assim, irei realizar um sonho antigo”, admite.

Folder do Projeto Disco de Cera

Como não existe mais agulhas propícias no mercado para serem utilizadas em seus microssulco, a paciência, no entanto, ele tem de sobra. Sempre dá um jeitinho de atingir os índices de qualidade desejado nas gravações, feitas por encomendadas. Nirez deu início uma carreira bem peculiar, sem fins lucrativos, quando ainda tinha 20 anos. Jamais imaginou ele que um dia seu nome iria almejar a fama no cenário da discografia nacional. Cada volume de sua coleção, é uma peça rara. “E não tem preço”, diz, com propriedade.

"Aos 19 anos de idade "sentei praça" no Exército, indo servir no 23º Batalhão de Caçadores onde passei nove meses sofrendo "o pão que o diabo amassou", mas foi uma experiência boa." Nirez

Nirez em 1956 - Arquivo Nirez

Coleção de Nirez é reconhecida e premiada nacionalmente

Apesar de sua humildade, o cearense Nirez, hoje é conhecido nacionalmente como um dos colecionadores mais bem equipados no gênero do disco de cera do País. Até mesmo ele é bastante requisitado de Norte a Sul do Brasil. E não só por outros colecionadores, mas principalmente por diversas gravadoras, uma das quais a Série Revivendo, que por sua vez já reprocessou inúmeros discos de sua coleção em 78 RPM para 33 RPM em long plays e para os modernos disc laser.
Em 1975, Nirez fundou a Associação dos Pesquisadores da Música Popular Brasileira-APMB, também é autor de vários livros sobre discografia brasileira, dentre eles de maior destaque, o Balanceio de Lauro Maia, que contém todas as músicas do compositor cearense, falecido em 1950 – gravadas em 78 RPM. Lauro Maia, era irmão da esposa do também cearense, o saudoso Humberto Teixeira, parceiro do rei do baião, Luiz Gonzaga.

Em 83, Nirez lançou o livro Discografia Brasileira nº 1, que rendeu-lhe uma homenagem Durante o lançamento, no Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.

(Nordeste Web)

Miguel Angelo de Azevedo é um cearense magro, tímido, pai de uma dúzia de filhos e funcionário, como bom nordestino, do Departamento Nacional de Obras contra as Secas, em Fortaleza.

Seria apenas mais um, entre tantos burocratas do órgão, se não existisse o Nirez. Respeitado nacionalmente como um dos mais dedicados e idealistas pesquisadores da música popular brasileira, Nirez, com recursos próprios - e muito poucos recursos, pois sempre foi um homem de posses modestas - formou um dos mais completos arquivos da música brasileira, com milhares de discos 78 rpm, revistas, recortes, documentos, etc., além de outras curiosidades - como uma incrível coleção de carteiras de cigarros que mereceria se transformar em livro de arte patrocinado por alguma multinacional do fumo.

Um grande amigo, já falecido, Descartes Selvas Braga, também apaixonado pesquisador, o auxiliou em sua formação cultural e hoje dá nome a sala-sede do Museu Cearense da Comunicação, onde reúne seu precioso acervo - em sua modesta residência, num dos bairros da capital cearense.

Há muitos anos que, reconhecido nacionalmente pela firmeza de suas pesquisas, o bom Nirez tem sido lembrado para merecer um prestigiamento oficial, mas lá, como aqui em Curitiba, quem se dedica a atividade cultural, ao acervo e a pesquisa, sem ficar badalando os eventuais (e quase sempre medíocres) donos do poder cultural-político, nada consegue.

Em 1956 - Arquivo Nirez

Nirez entrevista Orlando Silva no Premir Hotel (1970) - Arquivo Nirez

Ao longo destes últimos 25 anos, Nirez tem contribuído muito para a memória musical brasileira. Participou de três dos cinco encontros nacionais de pesquisadores da MPB e foi um dos quatro responsáveis pelo levantamento da discografia em 78 rpm da música popular brasileira, que resultaria numa edição referencial indispensável, patrocinada pela Xerox do Brasil, para o conhecimento de nossa música.

Funcionário do mais importante jornal cearense - "O Povo" - onde coordena o departamento de arquivo e pesquisas, Nirez enriquece dominicalmente as páginas daquele jornal com textos e fotos das mais interessantes sobre Fortaleza dos séculos XVIII, XIX e XX, em seus diferentes aspectos. Material, portanto, para revelar o muito de interesse que existe, esquecido na historiografia oficial, não lhe falta. Falta, isto sim, maior apoio para poder fazer chegar aos leitores o resultado de suas pesquisas, que não fique apenas na perenidade momentânea das páginas dos jornais.

Aramis Millarch-Estado do Paraná publicado em 27 de Abril de 1991



Convite do lançamento dos postais










Nirez nasceu em Fortaleza no dia 15 de maio de 1934. É jornalista, historiador e desenhista técnico aposentado, além de um dos mais respeitados pesquisadores da música popular do Brasil e dono de um dos mais completos arquivos sobre a cidade de Fortaleza, Ceará.

Filho do poeta, escritor e pintor Otacílio de Azevedo, Nirez foi batizado em homenagem ao artista renascentista Michelangelo. Começou trabalhando como desenhista técnico no DNOCS, onde ficou até o ano de 1991, quando foi transferido para a Rádio Universitária FM da Universidade Federal do Ceará, mas desde 1956 colabora com jornais de Fortaleza, tais como: Tribuna do Ceará, Correio do Ceará e O Povo. Seu filho, Nirez de Azevedo, seguiu os passos do pai como escritor, tendo inclusive escrito um livro sobre a história do futebol no Ceará.


Arquivo Nirez - 50 anos




Nirez mantêm em sua casa, localizada à rua Professor João Bosco, 560 - Bairro Rodolfo Teófilo, segundo o jornal "Folha do Ceará", a maior discoteca particular do país. Boa parte de seu acervo foi conseguido quando a emissora de rádio Uirapurú, a "Emissora do Pássaro", resolveu atualizar sua discoteca com LP's e, graças ao radialista e ex-senador Cid Carvalho, os discos de 78 rotações foram doados ao Nirez. Possui também um grande registro de imagens históricas de Fortaleza e outros munícipios do estado, formada quando o estúdio fotográfico ABA FILM se desfez de seus arquivos de sua sede no centro de Fortaleza.

Nirez. Foto: Raimundinho, 2005

O Arquivo Nirez, conhecido em todo Brasil, é composto por um rico acervo bibliográfico, arquivístico e museológico, como: livros, revistas, rótulos, fotos, slides, negativos, equipamentos antigos, etc. Possui como principal atração a coleção de gravações em 78 rotações (discos de cera) considerada uma das maiores do país em gravações brasileiras comerciais, com um montante de mais de 22 mil exemplares, contemplando todas as fases da produção musical nacional de 1902 a 1964. A coleção por ser bastante volumosa, torna a pesquisa rica, porém demorada; por se encontrarem em bom estado de conservação os discos permitem que se desenvolva um trabalho de digitalização, visando sua preservação definitiva e facilitando o acesso às informações (fonogramas), que apesar de parte das músicas serem pouco conhecidas do grande público são fundamentalmente importantes para a história da música brasileira. Nirez faz um programa semanal na rádio Universitária, que está no ar desde 1960.


Prêmios

Pelo seu trabalho, Nirez recebeu inúmeros prêmios e reconhecimentos, entre eles: Medalha do Mérito Cultural da Fundação Joaquim Nabuco, (Recife - Pe.) em 1982, Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em l994, Prêmio Sereia de Ouro, também em 1994. Em 2002, seu arquivo foi contemplado no concurso da Petrobrás, recebendo apoio para reformá-lo e digitalizá-lo. O Projeto “Meio Século de MPB - Disco de Cera” consistiu na digitalização de todo o acervo de discos de cera (78 rpm) do Arquivo Nirez (22 mil exemplares) e a disponibilização dos dados na Internet. O projeto contou com as etapas de higienização, catalogação e digitalização dos discos (captura em meio digital dos fonogramas analógicos através de softwares de áudio específicos), sob a coordenação de profissionais com larga experiência na área. Ao final, deu-se a gravação definitiva dos arquivos musicais em padrões “cda” "wav" e “mp3” com cópia de segurança. O projeto que se realizou entre 2004 e 2005 contou ainda com a supervisão do Nirez, assessoria técnica da Cia. de Áudio e o patrocínio da Petrobras através da Lei Rouanet do Ministério da Cultura.

Higienização dos discos (Análise) Foto: Raimundinho, 2005

Discos secando, após lavagem. Foto: Myreika Falcão, 2005

Estantes dos discos (um lado da sala) Foto: Myreika Falcão, 2006
Bibliografia

Além de colaborar com inúmeras coletâneas e dicionários, Nirez escreveu também os livros:

O Balanceio de Lauro Maia
Fortaleza de Ontem e de Hoje
Cronologia Ilustrada de Fortaleza


Miguel Ângelo de Azevedo é um ícone do nosso movimento cultural, sem dúvidas.
Um talento múltiplo que atuou como desenhista do Dnocs, sendo, também, publicitário, jornalista e radialista, mantendo, há 40 anos, apreciado programa sobre o universo da Música Popular Brasileira, Nirez é, sobretudo, um grande colecionador.


Arquivo ou museu - Colecionador, desde criança, Nirez dispõe hoje de um espetacular acervo, mais de 140 mil peças em seu arquivo que já pode ser considerado, na realidade, um verdadeiro Museu, em face das raridades que possui, muitas vezes procuradas por pessoas de outros estados e até do exterior. Funciona na rua Professor João Bosco, próximo à Reitoria da UFC. Estando a completar meio século de existência, o Museu do Nirez dispõe, entre outras coisas, de 44 mil discos antigos, podendo esta coleção ser considerada uma referência nacional dada sua magnitude. Espetacular também é toda a memória iconográfica que dispõe enfocando nossa Fortaleza. Membro do Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico, casado com dona Zenir, incentivadora e companheira no extraordinário trabalho por ele desenvolvido, Nirez, com muita justiça, é Gente da Cidade.


Fonte: 1001 Cearenses Notáveis - F. Silva Nobre, Diário do Nordeste, Projetos Nirez, Wikipédia, Nordeste Web, O Estado do Paraná e pesquisas na internet.

6 comentários:

  1. fiquei emocionado
    em ver tanta raridade
    mas dentre os 22000 discos
    eu so queria o audio de um.

    o de elino juliao 1961
    parabens

    ze lima niteroi rio


    jslima1959@hotmail.com

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  2. O CEARÓLOGO NIREZ É MINHA FONTE DE CONSULTAS PERMANTE

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  3. Fantástico esse estudo sobre o Nirez...Valeu Leila Nobre.

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  4. Será que o ilustre colecionador tem o disco que procuro a anos...? Trata-se do primeiro disco do cantor Roberto Carlos, gravado em agosto de 1959 em 78rpm, pela gravadora Philips/Polydor; este vinil em 78rpm, tem o selo na côr vinho (avermelhado); existe uma gravação do referido disco, mas com o selo azul da Polydor, mas a edição com o selo na côr vinho é mais difícil de achar do que uma agulha no palheiro. Obrigado.

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  5. Francisco de Sousa Lima4 de janeiro de 2017 às 16:34

    eu sou muito fã das coisas antigas.

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  6. A dorei a pesquiza e sabe que esse cara quarda un tesoro parabs Nirez.

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