Semanário Constitucional
Orgão da família Castro. Trazia entre Os dois nomes a Coroa Imperial; em algumas edições a Coroa vem sobre o título. Publicava-se aos sábados em Fortaleza, na Tipografia Constitucional, na Praça Carolina (Hoje Praça Valdemar Falcão), ex-Tipografia Nacional, antiga Tipografia Republicana, comprada pelo Capitão-mór Joaquim José Barbosa, e subscrevia-se nas casas nomeadas na Gazeta Cearense, nº 33. Custava 750 réis por trímestre e os números avulsos a 80 réis cada um na residência do redator. Tinha por epígrafe as palavras "Independência, União, Imperador, Constituição" e o verso de Camões, canto 9.0 Est. 90:
"Caminho da virtude, alto e fragozo
Mas no fim doce, alegre e deleitozo"
O primeiro número, que traz a data de 4 de Setembro, começa com o seguinte artigo-programa:
"He unicamente o zelo da Causa Publica, o desejo de ver arreigada e bem cultivada a prodigiosa arvore da liberal Constituição que vai dirigir a nossa penna e nos anima a entrarmos na honrosa linha dos escriptores livres, por meios do presente periodico, intitulado- O Semanario Constitucional.
Estamos dispostos a fazer quanto couber em nossas forças á prol da Constituição e da Lei. Empenhar-nos-hemos em fazer conhecer aos nossos concidadãos a excellencia do systema Constitucional -Monarchico Representativo, as vantagens que delle devemos esperar por ser a unico capaz de fazer a nossa felicidade e para isso teremos o cuidado de offerecermos aos nossos leitores alguns discursos dos mais acreditados políticos, as fallas pronunciadas na Tribuna Nacional pelos mais abalisados oradores de ambas as Camaras Legislativas, uma idea em geral dos trabalhos das mesmas, e igualmente transcreveremos tudo quanto julgarmos de melhor dos nossos periodicos defensores da Liberdade Constitucional.
Não se persuadão os nossos leitores que ignoramos quão difficil e espinhosa he a situação do escriptor publico morrnente quando se propõe a debellar o crime e os abusos que, infelizmente inveterados entre nós, entrarão fazendo parte do nosso primeiro alimento, e por isso identificados com grande numero de individuos, que não souberam ainda despir-se dos antigos habitos para trajarem as vestes Constitucionaes. Sabemos que he necessario adoptar uma firme resolução para nos expormos aos sacrificios que acompanhão sempre a enunciação da verdade, e a merecida censura das prevaricações, por mais moderada e modesta que seja. Sabemos que o infractor da Lei se esforça por cohonestar o seu illegal procedimento, procurando milhares de evasivas, ordinariamente despresa uma advertencia amigavel e patriotica, persiste no erro querendo dar provas de convicção e boa fé com que o commeteo a primeira vez, irrita-se contra o escriptor, lança-lhe o odioso estigma de calumniador, de mentiroso, de atrabiliario etc. e alguns mais penetrados da saudade do antigo tempo, as vezes em seus geraes exclamão-Maldito tempo! ja se não pode exercer um cargo publico! ja se acabou o tempo em que se podia governar no. Brazil!
É conhecimento pois destas verdades, que uma constante observação e experiencia nos tem ensinado, nos obriga a rogarmos aos nossos concidadãos, que se sobre algum recahia alguma censura que protestamos fazer guardadas sempre as Leis sagradas da decencia, a não recebão como didada por intriga, offensa ou outro algum particular motivo, mas pelos desejos de ver cada um conter-se dentro da orbita da Lei, e que os funccionarios publicos, quer de eleição do Governo, quer do povo, edifiquem com seu exemplo os outros cidadãos, e os ensinem a respeitar as Leis, a amar e zelar a Constituição. Conhecemos bastantemente a fraqueza dos homens, e que alguns de mais a mais teem de fazer o pesado sacrificio de substituir antigos por novos habitos, e por isso mesmo, dando os devidos descontos procuraremos somente frisar os pontos em que a Lei, ou a Constituição. for infringida, limitando-nos quanto ao mais á fazer leves advertencias, a ver se pouco a pouco vão entrando no verdadeiro e seguro trilho da liberdade legal.
Não nos he estranha a debilidade de nossa penna, e a fraqueza dos nossos homhros para nos submettermos á onerosa tarefa de redigirmos um periodico, mas ao mesmo tempo estamos convencidos de que a exposição nua e crua da verdade, a fraze singela, e a linguagem franca e patriotica he muitas vezes mais eloquente e poderosa do que os mais bem trabalhados discursos, enfeitados com todas as flores da Retorica; e firmes neste principio, nos abalançamos com coragem a tomar a defesa das Liberdades Publicas, e da Constituição, e continuaremos nella debaixo dos auspicios da Lei e do grande principio consagrado na mesma Constituição - Todos podem communicar os seus pensamentos por palavras, escriptos etc."
A transcrição, embora longa, serve como lição do que pensavam os jornalistas do tempo e da sua maneira de escrever para o público.
Foi um dos redatores do Semanário Constitucional o advogado Angelo José da Espectação Mendonça, Icoense, Angelo Rapadura como lhe Chamavam.
"Minha collecção encerra grande cópia de exemplares desse periodico, e nas pesquizas a que me entreguei ha annos no Archivo Publico do Rio encontrei os nºs 44 e 45, os quaes, a meu pedido, figuraram na exposição do Centenario da Imprensa."
Barão de Studart
Dimensões do Semanário: 31 e 1/2 centímetros de comprimento e 22 centímetros de largura.
A ele (Semanário) se refere nestes termos José de Castro Silva em Fala dirigida ao Conselho Geral da Província em 1º de Dezembro de 1830: "Hum periodico publicado aos sabbados nesta cidade, escripto em sentido liberal, vae offerecendo aos cidadãos hum tal e qual meio de aprezentarem ao publico suas reflexões, de censurarem o empregado negligente no cumprimento de seus deveres e de queixarem-se finalmente com a maior publicidade das arbitrariedades por qualquer praticadas."
Sacramento Blake no seu "Dicionário Bibliográfico" (Artigo José Ferreira Lima Sucupira) supõe que o Semanário Constitucional foi o primeiro jornal publicado no Ceará.
Sentinela Constitucional
A única coisa (Infelizmente) que se sabe sobre esse jornal é que era publicado em Fortaleza.
Fonte - Instituto do Ceará
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