quinta-feira, 30 de setembro de 2010

De Rodoviária dos pobres a Terminal Rodoviário de Antônio Bezerra



Foto Fortalbus

Durante mais de 20 anos, um ponto localizado no bairro de Antônio Bezerra ficou conhecido informalmente pelos fortalezenses como "Rodoviária dos Pobres". O local foi ponto de embarque para os viajantes que tinha como destino a zona norte do Ceará e a outros estados como o Piauí e Maranhão, pois a Avenida Mister Hull era a principal saída para a BR-222.

A "Rodoviária dos Pobres" passou a designar-se como tal em 1974, quando Antônio Alves de Souza, natural de Itapipoca, trouxe sua banca do antigo Hotel dos Boiadeiros, nas proximidades dos trilhos da Rffsa, para a sombra de um pé de timbaúba, quase na esquina da avenida Mister Hull com a rua Padre Perdigão Sampaio. Antônio Alves, agente comissionista, vendia passagens da Viação Horizonte, pelas quais ganhava cinco por cento.

E tudo se dava por que era bem mais conveniente tomar os ônibus que iam para a zona norte no caminho, sem ter de ir ao Terminal João Tomé e depois voltar. A intensa procura por passagens fez com que outras empresas passassem também a encostar seus carros no local, uma vez já tendo apanhado os primeiros passageiros na rodoviária "oficial".

Foto Fortalbus

Diversas outras empresas passaram a ter boxes na "Rodoviária dos Pobres", como a Ipú Brasília, Expresso de Luxo, Brasileiro, Timbira, Serrano, Redenção, dentre outras. A principio, os ônibus estacionavam em quaisquer dos quadrantes do "terminal" (na Avenida, na Rua ou no posto de gasolina ao lado), e a demora era significativa. As passagens eram tiradas pelos agentes, que combinavam esforços para conter a multidão no empurra-empurra para entrar nos ônibus.


Antes - Rodoviária dos pobres


Foto Fortalbus


"Do outro lado da cidade, a oeste, o Terminal Rodoviário de Antônio Bezerra é conhecido por todos os fortalezenses, numa decisiva e unânime informalidade, como Rodoviária dos Pobres. O nome indica a origem modesta do povoado de Antônio Bezerra, depois assimilado pela expansão urbana de Fortaleza. Ainda que o Brasil se torne um país riquíssimo e, digamos, por uma ironia histórica dessas para valer, o Bairro de Antônio Bezerra se converta num afluente centro de finanças e serviços, ainda assim seria interessante indicar a origem do bairro pelo peculiar nome de seu terminal rodoviário."
 Ruy Vasconcelos


Foto Fortalbus

Enquanto aguarda seus ônibus, o povo procura escapar do sol causticante do meio-dia, escorado nas paredes dos boxes, ou mesmo dentro deles. Poucos cabem na sombra da banquinha de revistas e na lanchonete de alumínio, ambas na esquina. Outro tanto é concentrado na mangueira do Posto Atlantic, ou em seu restaurante. A falta de um sistema de auto-falantes, preocupa a multidão que não tem idéia exata dos horários de partida dos ônibus; daí as sucessivas indagações sobre embarques, de deixar qualquer agente nervoso. Quanto às bagagens, são as mais variadas, desde as malas de luxo a sacolas de mão...” 
Jornal O Povo (17/01/1988)

Nos primeiros anos, a situação era ainda mais complicada, pois sem nenhum abrigo, os passageiros aguardavam o ônibus aproveitando a sombra das bancas de fruta, no fim da linha de Antônio Bezerra. A espera se tornava muito desconfortável, não apenas por causa do sol, mas ainda em face da poeira consequência das obras de alargamento da Av. Mister Hull.

Foto Fortalbus

O movimento na rodoviária só crescia, e os problemas também. Já na década de 80, tomar um ônibus na rodoviária dos pobres tornou-se um grande desafio, num local totalmente desprovido de condições para quem aguardava um transporte.

O fator segurança também preocupava os passageiros, que não escapavam dos furtos nem no interior do ônibus, até falsos vendedores ambulantes se aproveitavam para agir enquanto ofereciam sua mercadoria.

O nome que lhe foi atribuído identificava-se muito com seu aspecto, que não tinha sanitários, posto telefônico, cabine policial e um local que os protegiam contra o sol e a chuva. Até a higienização do local foi por bastante tempo esquecida. 

Foto Fortalbus - Ontem

Foto 2019 - Rua Padre Perdigão Sampaio, 364

Uma cena bastante comum daquele terminal improvisado, acontecia quando o ônibus mal parava e os vendedores corriam levantando seus “tabuleiros” à altura das janelas do veículo, oferecendo água, frutas, bolos, doces e “merenda” em geral.




A área sob o viaduto, atrás do terminal do Antº bezerra é conhecido popularmente como a Rodoviária dos pobres, para pessoas que procuram viajar para o interior do Ceará, em noroeste são usados para esperar meios de transporte mais baratos do que portos de destino, e de lá passam os meios de transportes públicos como as Topiques, todos os destinos: Itapajé, Itapipoca, Paracuru, Pecém, São Gonçalo do Amarante, etc... Depois, talvez, os preços praticados fossem realmente inferiores aos das linhas de onibus oficial, mas na verdade hoje a situação se inverteu. Mas o caboclo continua a utilizar tais meios, inseguros e, muitas vezes ilegal, certifique-se de salvar alguma coisa!!!

Foto: Tribuna do Ceará em 1979. 

Foto de 1988. "A Rodoviária dos pobres, BR 222, fazia jus ao nome, ali a pobreza era sentida em todos os lados. Não havia abrigos, os banheiros eram sujos" 
Renato Pires

Foto de 2019 - 

Na Avenida Mister Hull, onde o movimento é constante de veículos que partem em direção a outros municípios cearenses, um ponto de ônibus chama a atenção pela intensa movimentação de pessoas. Mas não são só ônibus intermunicipais que param no local. Vans de transporte alternativo e até carros clandestinos utilizam o local, que fica próximo ao Terminal do Antônio Bezerra, como ponto de partida.


Por causa do grande número de pessoas que circulam pelo ponto diariamente, que mais parece uma "mini rodoviária", o local está cheio de ambulantes. O mesmo acontece embaixo do viaduto que passa ao lado. A presença irregular dos ambulantes não é de hoje. Há dois anos, eles foram retirados do local pela Prefeitura de Fortaleza, mas já voltaram.

Para a vendedora ambulante Vera Lúcia de Maria, o ponto-de-venda é muito lucrativo. "O movimento é grande, principalmente no fim de semana. Dá pra pagar meu curso, meu aluguel, água, luz, telefone e ainda pagar uma pessoa pra ficar aqui também", contou.

Ela está no local há três anos, período interrompido apenas por pouco tempo, quando retiraram os ambulantes do local. Em seguida, ela retornou. Já para Maria Rosalina Barbosa da Silva, também vendedora, o local deveria deixar de ser ponto das topiques e ser mais organizado. "Se eles (topiqueiros) saírem, vai me prejudicar aqui, mas eu recomeço em outro ponto", disse despreocupada.

Segundo a assessoria de Imprensa da Secretaria Executiva Regional (SER) III, o Distrito de Meio Ambiente realizou a retirada dos ambulantes do local em 2008. Garantiu, ainda, que, em breve, eles serão novamente notificados por ocupação irregular de passeio.

A assessoria de Imprensa confirmou que tem conhecimento de outras irregularidades no local, como pequenos furtos, uso de drogas e até venda ilegal de passagens de ônibus intermunicipal.



Mudanças

A movimentação de pessoas no local promete diminuir bastante, em breve. Com a ampliação do Terminal do Antônio Bezerra, há a possibilidade de que os ônibus da Empresa Vitória, que param naquele ponto em direção à Caucaia, passem por dentro do terminal.

Segundo a assessoria da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), a possibilidade existe, mas não há nada confirmado. Além disso, por causa dessa ampliação, o ponto de apoio de vans credenciadas pela Cooperativa de Transporte e turismo do Estado do Ceará (Cootrece), que faz o transporte alternativo para vários municípios, será transferido para as proximidades do Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé, no bairro de Fátima.

O fiscal Cláudio Almeida informou que a diferença é pequena entre o preço da passagem de uma van e a de um ônibus, que passa na "rodoviária dos pobres", próximo ao Terminal do Antônio Bezerra. "Muitos preferem a van por comodidade. A gente deixa mais perto de casa", afirmou.

Ele contou também que outro problema no local é a presença de carros comuns que fazem, clandestinamente, o transporte intermunicipal. "Eles colocam uns quatro passageiros dentro do carro e até cobram mais caro. Mas tem gente que prefere. Por causa da pressa, entram em qualquer carro", denunciou.

Segundo a gerente de Fiscalização de Transporte de Passageiros do Departamento de Trânsito do Ceará (Detran-CE), Maria Auxiliadora Abraão, se for pego em flagrante e se for comprovado que o carro faz transporte de passageiros de forma irregular, o carro será apreendido e levado ao depósito do Detran. O condutor, por sua vez, levará uma multa de infração de R$ 613,00, fora os custos com o reboque e a diária cobrada no depósito.



Em 1993, o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) proibiu a parada de ônibus interestaduais naquele terminal, porém a vontade dos passageiros era contrária, pois achavam muito mais cômodo embarcar próximo de suas casas. Vendedores ambulantes, passageiros e agentes de viagem da Rodoviária dos Pobres, elaboraram um abaixo assinado contra a medida do DNER. Até as empresas não concordaram com a decisão, ignorando o aviso e continuando a realizar embarques na rua.

A falta de segurança e as precárias condições da Rodoviária dos Pobres foram os motivos principais para que o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem proibisse a parada de ônibus interestaduais no local. Os embarques continuaram sendo realizados até o ano 2000.


Depois - Terminal Rodoviário Antônio Bezerra

11 de Dezembro de 2000

A Socicam e o Governo do Estado 
inauguram na noite de 11 de dezembro de 2000, 
na Rua Hipólito Pamplona nº 45, o Terminal Rodoviário
de Antônio Bezerra, que substitui a chamada Rodoviária dos Pobres.


Construído pela Socicam, o novo terminal foi inaugurado em 12/12/00, seis meses antes da data prevista por contrato: uma conquista da população deste bairro de Fortaleza, do Governo do Estado do Ceará e da Socicam!
Com 12 plataformas, 19 bilheterias e 3 lojas de apoio (lanchonete, revistaria, charutaria, churros e presentes), além de posto da Polícia Militar, Juizado de Menores e ANTT, o terminal está instalado em terreno de 11 mil metros quadrados, o que permite sua ampliação de acordo com o crescimento dos embarques.

Há 20 anos a população do Bairro de Antonio Bezerra embarcava em condições precárias, no meio da rua, sem qualquer higiene ou conforto.



A solenidade de inauguração contou com a presença do Governador do Ceará, Sr. Tasso Jereissati, que viu a primeira partida simbólica de ônibus a partir da plataforma 8. Um lindo show pirotécnico com fogos de artifício deu início às festividades populares que contou ainda com a Banda Acaiaca de Forró, tocando para quase 1000 pessoas até pouco antes do início das operações.





Mas havia um problema, a estrutura do novo terminal possuiria todos os itens para deixar os usuários satisfeitos, não fosse a ausência de uma área para desembarque. No momento da descida, a única opção é deixar o transporte em um ponto da Avenida Mister Hull, a cerca de 300m do terminal e do outro lado da via.


A ausência de retorno próximo, na Avenida Mister Hull, é o motivo alegado para não haver área de desembarque no Terminal Rodoviário de Antônio Bezerra. A justificativa é da Sociedade Civil Campineira (Socicam), empresa administradora do local. Até hoje, ao longo de uma década de serviço, nunca foi viabilizado um desembarque.


Foto Fortalbus

Uma parada de embarque irregular instalada poucos meses após a inauguração do novo terminal, tornou-se numa espécie de “nova rodoviária dos pobres”. Localizada a menos de um quilometro da antiga, sob o viaduto da Avenida Mister Hull, o local, que inicialmente seria utilizado para parada de vans, passou a ser usado também por ônibus.

A parada no meio do caminho estava prejudicando o novo terminal rodoviário construído pela Socicam, um dos fatores que estaria afastando os usuários, segundo pesquisas, foi a cobrança da taxa de embarque. O local passou a ser ponto das “topiques” irregulares que cobravam uma tarifa inferior ao ônibus.

Mais tarde, o transporte alternativo complementar foi regularizado pelo antigo DERT, mas a parada sob o viaduto não deixou de existir. Vários ambulantes se instalaram no local. Em 2008, o Distrito de Meio Ambiente da Prefeitura de Fortaleza, realizou a retirada dos ambulantes da “mini rodoviária”, porém, voltaram logo em seguida.


Rodoviária Antonio Bezerra
Endereço: rua Hipólito Pamplona, 45
Tel.: (85) 235-1423

Obs.: Algumas fotos estão sem créditos, se vc for o autor de uma delas, favor deixar seu nome nos comentários que os créditos serão dados.


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Crédito: Fortalbus, Diário do Nordeste, O Povo e pesquisa na internet

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Antônio Rodrigues Ferreira - O Boticário Ferreira


Praça do Ferreira - Arquivo Nirez

Em 1825, chegava de mudança ao Ceará, vindo do Estado do Rio, o boticário Antônio Rodrigues Ferreira. Estabeleceu-se naquele local, concentrando, em pouco, em seu torno, as atenções dos fortalezenses, pois era homem de visão larga e notável simpatia. Sua botica ficou sendo o "rendez-vous” dos políticos da terra, da gente de prol. Dado o prestígio granjeado pelos seus dotes pessoais, era, em 1848, eleito vereador e, logo mais, vice-presidente, depois, presidente da Câmara Municipal da Capital, cargo que exerceu, ininterruptamente, pelo largo período de doze anos, trabalhando sempre em prol do desenvolvimento material da cidade, e cujo nome ficou perpetuado na Feira Nova, como homenagem póstuma dos seus contemporâneos, após seu falecimento, em 29 de abril de 1859. Antônio Rodrigues Ferreira, o boticário Ferreira, foi o político do seu tempo que mais influência exerceu e que maiores benefícios prestou ao aformoseamento da cidadezinha que desabrochava promissora.
Até o seu tempo, a Feira Nova, — nome que se lhe aplicou em virtude de ser ali que os comboieiros costumavam expor à venda as mercadorias trazidas do sertão, — morria no
beco do Cotovêlo, formada de uma linha modesta de casas modestas, em cuja extremidade se trifurcava em ruelas pobres.


Outro aspecto da praça - Arquivo Nirez

Antônio Rodrigues Ferreira nasceu em Niterói, no Rio de Janeiro, em 1799. Ainda jovem, veio para Fortaleza*, trabalhando como caixeiro para o cônsul Manoel Caetano de Gouveia. Foi vereador, prefeito e presidiu a Câmara Estadual do Ceará de 3 de março de 1843 até 29 de abril de 1859, quando faleceu. Como presidente, era o executor das decisões do Colegiado e suas ações são notórias na história da cidade de Fortaleza. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da Praça do Ferreira e resguardou tenazmente, ao lado de Silva Paulet, a regular expansão urbana de Fortaleza.

O boticário Ferreira

Político brasileiro nascido no Rio de Janeiro, o folclórico Boticário Ferreira, que foi escolhido (1845) e reeleito várias vezes presidente da Câmara e que em sua homenagem, a Praça Municipal passou a se chamar Praça do Ferreira, duas semanas após sua morte. Da capital do Vice-Reino do Brasil, ainda jovem, veio para Fortaleza, trabalhando como caixeiro para o comerciante Manoel Caetano. Depois da proclamação do 2° Império, foi eleito vereador e assumiu a presidência da Câmara Estadual do Ceará (1843-1859), cargo que permaneceu até sua morte. Na sua época quem assumia a presidência da Câmara, também acumulava automaticamente as funções de prefeito. Como presidente e executor das decisões do Colegiado, suas ações tornaram-se notórias na história da cidade de Fortaleza. Na sua administração foram aplicadas com rigor as diretrizes do plano de urbanização da cidade elaboradas, durante o governo (1812-1820) do Coronel Manuel Inácio de Sampaio, pelo ajudante de ordens, o tenente-coronel de Engenheiros Antônio José da Silva Paulet. No documento estavam as primeiras normas de organização do espaço urbano de Fortaleza, como também, a elaboração do projeto para a construção de um novo Forte (1812-1823), no lugar onde existira o já desmoronado Forte de Schoonenboch. a velha fortaleza no monte à margem esquerda do Rio Pajeú, construído pelo holandês Matias Beck. No trabalho de Paulet, se incluiu a Planta da Villa da Fortaleza e seu Porto (1818). Na data de 17 de março (1823) a Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção foi elevada à categoria de cidade recebendo o nome de Fortaleza de Nova Bragança. Como prefeito deu prosseguimento a implantação do traçado em xadrez, dirigindo a expansão da cidade para o lado Sul, Praça da Sé ou Largo da Matriz e Praça do Ferreira. Obedeceu tenazmente, o projeto do Engenheiro Paulet quanto a expansão urbana regular de Fortaleza, modelo de fácil adaptação em função da topografia plana da região. Contratou como seu auxiliar o arquiteto Adolfo Herbster, para dá continuidade ao direcionamento da malha urbana em xadrez. Foi obedecido um maior disciplinamento à expansão da cidade, proibindo-se a abertura de becos estreitos e/ou em deflexões, como nos arruamentos do traçado orgânico. Empenhou-se na construção da Santa Casa, foi o responsável pela construção da hoje famosa Praça do Ferreira. Ordenou (1856) um levantamento cadastral da cidade, resultando na planta organizada pelo padre Manuel Riego Medeiros, onde se constatou que a área urbana ia pouco além dos limites, mas observando-se o cumprimento às diretrizes em xadrez de Paulet. Três anos depois, Herbster elaborou a Planta Exata da capital do Ceará, acrescentando vários elementos, como o levantamento do sistema ecológico, vias de acesso à cidade, denominação dos Logradouros públicos, todo equipamento urbano público e privado então existente. Morreu em Fortaleza, aos oitenta anos, ainda no exercício do poder.

Antiga Rua da Palma (Major Facundo)

Em 1881, após a morte do Boticário Antônio Rodrigues Ferreira, a Câmara Municipal deu ao logradouro o nome de Praça do Ferreira em sua homenagem, mas em 1890 o Conselho da Intendência achou por bem retirar os nomes de pessoas de todas as ruas, avenidas e praças da cidade, recebendo as ruas numeração e as praças nomes como a Praça Municipal, novo nome da nossa Praça do Ferreira, mas durou pouco e no mesmo ano volta a velha nomenclatura.


A rua Major Facundo - Local da Botica do Ferreira

*Veio para o Ceará muito jovem, trabalhando como caixeiro. Tornou-se boticário, utilizando-se da licença de "pronto-medicato", assim estabeleceu uma farmácia situada à Rua Major Facundo. Seu temperamento cordial e comunicativo logo transformou sua casa de trabalho em um movimentado centro de reuniões políticas e sociais, no coração de nossa cidade.


A rua Major Facundo - Detalhe para a 'Pharmácia Galeno'(Onde antes funcionou a Botica do Ferreira - Arquivo Nirez (Foto restaurada por Sidney Souto)

Gozando de enorme prestígio devido a personalidade de homem íntegro e capaz, além da passagem pelo batalhão de reserva de Fortaleza, logo ingressou na vida política. Foi eleito vereador em 1842 e presidente da Câmara no ano seguinte, mantendo-se nesse cargo e função até o ano de sua morte, 1859.

Este é o registro fotográfico mais antigo realizado no Ceará. O homem que vemos em seu leito de morte é Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo, o boticário Ferreira. Morreu no dia 29 de abril de 1859, momento registrado na fotografia acima. Foto: Museu do Ceará

Até os dias de hoje o Boticário, como era popularmente conhecido, se faz presente na cidade, onde a Praça do Ferreira leva seu sobrenome e também a honrosa medalha ofertada pela câmara aos indivíduos que se destacam pelo trabalho social , em prol do coletivo e da cidade de Fortaleza.


Homenagem ao boticário


Exumação do corpo do Boticário Ferreira do São Casimiro para o Cemitério São João Batista



Medalha Boticário Ferreiraa medalha é uma forma de reconhecer e valorizar aqueles que se distinguam pelo notório saber e pelos serviços ofertados à coletividade. A Medalha recebeu esta denominação em homenagem a uma das mais ilustres personalidades que Fortaleza teve como administrador: Boticário Ferreira. 

Já receberam a medalha:

entre outros...


Fonte: Literatura Real, Cearádeluz , Dec.Ufcg e pesquisa de internet

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aerolândia


A pracinha da Aerolândia é o ponto de encontro dos moradores do bairro. A BR-116 é uma das grandes referências do bairro, assim como a avenida Raul Barbosa.
Fácil de encontrar. Difícil em Fortaleza quem não saiba onde fica a Aerolândia. O nome é uma referência à proximidade com a base áerea. Esta é a terra do ar. Surgiu exatamente por conta da construção da base.


Os primeiros moradores foram pedreiros, carpinteiros e serventes que foram trabalhar na obra, na década de 1930. Nesta época, a região era chamada de Campo de Aviação. Até hoje o bairro tem muitos moradores que trabalharam na base. O engenheiro, Hélvecio Veiga, foi sargento. “As pessoas começaram a se instalar aqui em meados de 1936. Como a base aérea era aqui, criaram o nome Aerolândia”, conta ele.


Exatamente por esse motivo, quase todas as ruas do bairro tem algum tipo de patente. “Isso é em virtude de militares da Força Aérea Brasileira que estiveram aqui. Muitos participaram inclusive da Segunda Guerra Mundial”, conta o militar.

O bairro conta com várias vias de acesso, sendo a mais importante delas a rodovia federal BR-116. É considerado por muitos moradores bem localizado. 

Pelas ruas do bairro, casas simples e moradores que mantem velhos hábitos. Como o de comprar água da carroça que passa todos os dias pela manhã. Mesmo depois que chegou a água encanada na década de 1960.


Há 50 anos, a Aerolândia reunia o comércio da região. Era local de compras para os que moravam do outro lado do rio, no Luciano Cavalcante e nas Salinas. E por ser vizinho ao rio Cocó, o bairro sempre sofreu com inundações. Algumas continuam na memória dos mais antigos. A dona-de-casa, Angelita dos Santos fala de uma história que aconteceu em 1962. “Houve uma enchente em que um galo ficou em cima de uma casa. Ele cantava, cantava, para ver se conseguia sair de lá”, lembra Angelita.


Angelita é muito amiga de Maria Luiza Oliveira, que há 40 anos vive na Aerolandia. Ela chegou quando o bairro foi loteado e ocupado. “Não tinha rua. Não. Eram casas aqui e acolá. Era cheio de buraco”, conta ela.


O maior desenvolvimento da Aerolandia foi na década de 80, com a BR-116 e a construção da Raul Barbosa à margem do rio Cocó.


"Como toda localidade, a Aerolândia é cheia de histórias pitorescas, engraçadas e humanas. Tem seus personagens próprios que animaram e ainda animam o dia-a-dia da região, engrandecendo-a sobremaneira", enfatiza Francisco Caminha.


Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração foi construída em 1954. Tornou-se paróquia 16 anos depois, em 1970

Foi na década de 1930 que iniciaram as obras de construção da Base Aérea de Fortaleza, quando pedreiros, carpinteiros e serventes da obra ocuparam a região, que era chamada de Campo de Aviação.


Em seguida, muitos militares da Força Aérea Brasileira chegaram ao local pela proximidade com a Base Área. Não é por acaso que a maioria das ruas do bairro carrega consigo uma homenagem aos militares que moraram no local, como as ruas Capitão Aragão, Tenente Maia e Capitão Vasconcelos.


"Quando meu avô chegou aqui, tudo era um matagal", contou o funcionário público Marcel Régis Moreira da Costa. Seu avô, o militar Plácido Moreira da Costa, tornou-se morador da Aerolândia na década de 1940. "Ele já faleceu, mas minha avó mora até hoje na mesma casa, na Rua Capitão Clóvis Maia. Vivi os meus 28 anos aqui, casei-me e continuo morando aqui. Gosto muito", afirmou ele.


Mas os avanços da Cidade trouxeram para o bairro uma mancha em sua história: a violência. Limitado, em parte, pelo Canal do Lagamar e pelo cruzamento das avenidas Raul Barbosa e Murillo Borges, o bairro vive momentos de insegurança. Mas, segundo Marcel, nos últimos anos, as coisas melhoraram um pouco. "A chegada do Ronda do Quarteirão amenizou a violência e deu uma sensação de segurança maior nas ruas".


Até hoje, o bairro ainda guarda alguns costumes do passado. Apesar da violência, muitos ainda têm o hábito de conversar nas calçadas até mais tarde com os vizinhos. Outra prática antiga dos moradores é a de comprar água de poço da carroça, que passa pelas ruas todos os dias pela manhã.


Lazer


A pracinha do bairro e a quadra de esportes, localizada ao lado do Mercado da Aerolândia, ainda são os principais locais de lazer dos moradores. A antiga moradora Eunice Uchoa, 69 anos, frequenta a praça até três vezes por semana para aulas de ginástica dadas pelo professor Maninho, pelo programa Academia na Comunidade, da Prefeitura. "É direcionado para os idosos, mas vai gente de todas as idades", disse Eunice.


O pátio da Igreja Nossa Senhora do Sagrado Coração, inaugurada em 1954, é ponto de encontro de jovens após as missas. Seja para assistir às celebrações ou não, o templo, localizado na Rua Capitão Uruguai, é muito frequentado pelos moradores. Foi lá que Marcondes Tenório conheceu a esposa, uns 20 anos atrás, quando costumava ir até a calçada da igreja para saber onde seria a "tertúlia" do fim de semana. "Tinha festa quase todos os sábados e domingos na casa de algum morador. Hoje, isso não existe mais. Mas eu conheci minha esposa na igreja mesmo. Nós nos casamos lá depois", acrescentou.


Há dois meses, um novo espaço de lazer foi inaugurado na região. Mesmo que já não seja dentro dos limites do bairro, o espaço construído com a urbanização do rio Cocó, na Avenida Raul Barbosa, é muito frequentado pelos moradores da Aerolândia. Basta atravessar a avenida para aproveitar a área, que conta com pista de skate, ilhas de descanso para coopistas, bancos, campo de futebol e playground. "Muitos jovens estão frequentando o lugar. De manhã, já tem muita gente fazendo caminhada. Tenho a intenção de começar a caminhar lá também", disse Marcondes.


Localização


Tanto para Marcel, que mora há 28 anos na Aerolândia, como para Marcondes, que mora lá há 30, o que há de melhor no bairro é a localização. "A Aerolândia é um bairro muito bem localizado. É só chegar na BR-116 que dá para ir a qualquer ponto da cidade de ônibus", contou Marcel. Segundo informações dos itinerários das linhas de ônibus de Fortaleza, disponíveis no site da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), 29 linhas passam pela BR-116. Além disso, uma passarela construída sobre a praça do bairro facilita a passagem dos pedestres.


Referência histórica


Construído na década de 1940 (Na Praça Paula Pessoa - São Sebastião), o Mercado da Aerolândia é coberto por uma estrutura de ferro fundido, importada da França, remanescente do Mercado da Carne. Esse antigo mercado, construído em 1896 na área central da Cidade, foi desmontado, e a estrutura de cobertura, considerada de extremo valor histórico para o Município, foi dividida e deu origem aos mercados da Aerolândia e dos Pinhões. Na época, os 50 boxes do Mercado da Aerolândia vendiam frutas, legumes e verduras, além de cortes de carne, peixes frescos e miudezas em geral. O local, que tinha seus boxes disputados pelos permissionários, possui apenas três boxes funcionando nos dias de hoje.


Importante: O Mercado de Ferro foi desmontado em 1937 sendo dividido em duas partes indo uma para a Praça Paula Pessoa (São Sebastião) e a outra metade para a Aldeota, na Praça Visconde de Pelotas (Pinhões).
A parte da Praça São Sebastião foi desmontada em 1968 e levada para a Aerolândia onde ainda se encontra.

A foto de aproximadamente 1942 a 1944 da Praça Paula Pessoa, é da época da inauguração do Mercado São Sebastião (A parte que depois foi para a Aerolândia). 

Estamos na Clarindo de Queiroz olhando na direção da Padre Ibiapina. o mercado São Sebastião, à época, feito de ferro, fazia pouco tempo que havia sido inaugurado e estava justamente à esquerdo por trás do fotógrafo.  Arquivo Nirez



Mercado tombado sofre com abandono


Com mais de 70 anos de existência, o Mercado da Aerolândia foi tombado como patrimônio histórico pela Prefeitura de Fortaleza em 2008. Mas, de lá para cá, o restauro necessário do local ainda não foi feito. Moradores ouvem falar de um projeto de transformá-lo num espaço cultural e de pequenos negócios, mas não há prazos e nada de concreto.

A foto mostra o mercadinho do bairro da Aerolândia, em 31/07/1970. Nesta data, este era o único mercado com todos os boxes ocupados. Seus concorrentes, as feiras livres e os mercantis ficavam distantes. Arquivo O Povo


Apesar de ser um prédio tombado, a situação real do mercado é bem vergonhosa. O telhado do prédio já nem existe mais em alguns pontos. Os banheiros funcionam precariamente, e a manutenção da estrutura dos boxes, quase todos fechados, é praticamente inexistente.


O local não tem vigia, embora esteja localizado numa área considerada perigosa. Apenas três permissionários "teimam" em trabalhar no local, entre eles, a vendedora Alda Ferreira Moura, de 84 anos. Ela lembra que lá se vendia de tudo, numa época em que não existiam as grandes redes de supermercado e o local era o destino principal dos moradores quando queriam comprar frutas, verduras, carnes e peixes.


Desestímulo


"Era difícil conseguir um boxe aqui antigamente. Tinha lista de espera. A uma hora dessas, há 25 anos, tinha muita gente por aqui comprando. Agora, está assim. Às vezes, eu me pergunto por que ainda venho trabalhar aqui", afirmou. Apesar de desestimulada, Alda ainda tem esperanças de ver o mercado restaurado e com mais movimento. Ainda restam alguns clientes da época em que instalou a sua pequena mercearia no local. "Continuo não só por necessidade, porque o lucro é muito pequeno. É por gostar de trabalhar mesmo", disse Alda.


O funcionário público Marcel Régis Moreira da Costa também era frequentador do mercado, quando era pequeno. "É muito triste ver o mercado assim. Eu vinha muito aqui quando era moleque. Existe um projeto de transformá-lo num centro cultural, mas ele nunca saiu do papel". Segundo ele, uma feira bem movimentada é realizada todas as quintas-feiras, ao redor do antigo mercado. "A feira surgiu para suprir a ausência dele (do mercado)", explicou.


Segundo a Secretaria Executiva Regional (SER) VI, um projeto para a realização de obras de restauro em toda a estrutura do mercado foi desenvolvido. Após o levantamento dos custos, a Regional deve buscar os recursos necessários para a execução. Pela assessoria de imprensa, a SER VI afirmou, ainda, que o Distrito de Meio Ambiente realiza serviços de limpeza nas áreas internas e externas do mercado diariamente.



Estrutura de ferro do Mercado da Aerolândia e telhado estão comprometidos 


O Mercado da Aerolândia, cuja construção remonta ao fim do século XIX, é um retrato vivo do descaso das autoridades para com o patrimônio histórico e arquitetônico da Cidade. Abandonado, o local parece uma sucata, já que sua estrutura é de ferro, além de ter sofrido descaracterização na sua concepção original, devido à interferência dos permissionários. Apesar de questionado, por não garantir preservação e conservação de um bem, a Prefeitura Municipal de Fortaleza lança mão ao mecanismo do tombamento.


Mercado enfrenta descaracterização

Tombar é diferente de preservar. O tombamento é um ato que basta uma assinatura no papel, não importando a situação em que se encontre o imóvel, como é o caso do Mercado da Aerolândia, cujas características originais já foram alteradas. A Prefeitura prevê um projeto de restauração, que significa, muitas vezes, recompor camadas que não existem mais, sendo reinventadas.

Algumas partes do telhado foram levadas pelo vento, assim como faltam pedaços de ferro na sua estrutura. “Mandei emplacar (forrar com alvenaria) o meu box”, acrescenta Francisco de Assis Barbosa, confirmando a intervenção feita no imóvel. Faltam partes do piso original. 


Crédito: CETV, Diário do Nordeste, Cronologia Ilustrada de Fortaleza do Nirez e pesquisas na internet