(Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção ou Porto do Siará, 1811. Atribuído a Francisco Antônio Marques Giraldes.) |
1811 – Foram feitos os primeiros estudos para a construção do Porto de Fortaleza pelo oficial da marinha Giraldes. Foi entregue uma planta com um projeto.
(Planta do Porto e Vila de Fortaleza, autoria de Silva Paulet, 1813) |
1826 – Neste ano foi levantada uma outra planta pelo Cap. João Bloen, no governo de Nunes Belfort.
1830 – Em nova planta feita pelo Cap. Ten. Joaquim Lucio dos Santos e em estudos pelo engenheiro francês J. E. Seraine. Nesta época as profundidades da Enseada do Mucuripe eram muito menores que as atuais, inviabilizando a construção do porto neste local. No entanto, nestes estudos contatou-se a existência de um antigo ancoradouro na enseada.
1849 – O engenheiro Manoel Gouveia foi incumbido de dar seu parecer sobre a construção de um trapiche flutuante, bem como o melhor modo de realizar o embarque e desembarque no porto. Gouveia condenou o projeto de construção de um trapiche de madeira avançando sobre o mar, previa que o acumulo de areia nas suas proximidades. No entanto, o engenheiro sugeriu que esta poderia ser uma solução temporária.
Na mesma ocasião o Cap. de Artilharia Afonso de Almeida emitiu seu parecer contrário à ponte flutuante e favorável à ponte firmada sobre estacas de carnaúba sendo orçada a obra em 20 contos de réis e 20 anos de duração.
1854 – O problema do porto de Fortaleza foi submetido a exame pelo governo de Pernambuco pelo engenheiro Henrique Augusto Millet, para satisfazer a recém criada Companhia de Navegação Pernambucana.
O engenheiro sugeriu a construção de um cais – onde fica o atual estaleiro da INACE – e uma muralha sobre os arrecifes já existentes. Recomendou a também a dragagem da área entre a muralha e o cais e a fixação das dunas do litoral por plantações bem dirigidas.
O projeto de Millet foi orçado em 500 contos de réis, quantia extremamente alta e por este motivo o projeto não foi executado.
(Planta da cidade de Fortaleza, 1856. Pelo Padre Manoel do Rêgo Medeiros.) |
1857 – O trapiche sugerido por Gouveia foi finalmente construído: uma ponte de madeira que avançava sobre o mar servindo para embarque e desembarque de passageiros e mercadorias.
A ponte foi pouco a pouco se aterrando como previra o engenheiro.
1858 – O Coronel de engenharia José Gomes Jardim apresentou um projeto idêntico ao de Millet, com a construção da muralha orçado em 800 contos.
O engenheiro francês Pierre Florent Berthot iniciou longos estudos para a construção do porto. Após quatro anos observando marés, ventos, correntes de fundo e de superfície, modificações hidrográficas e o movimento das areias, etc., o francês sugeriu a construção de uma muralha submersa de grande extensão na Praia do Meireles, 2500 metros a leste do trapiche da alfândega, para “desviar” as areias que vinham das dunas do Mucuripe e se acumulavam no Porto.
(Planta Exata da Capital do Ceará, 1859. Por Adolfo Herbester.) |
1860 – Estando na “Província” uma comissão cientifica para estudos astronômicos chefiada pelo Cap. Ten. Giacomo Raja Gabaglia foi este convidado para emitir sua opinião sobre o porto da capital.
Gabaglia criticou os estudos prévios e sugeriu que seriam necessários 25 anos de estudos para a construção do Porto. Porém sugeriu a construção de dois quebra mares flutuantes para um porto com capacidade para 25 ou 30 navios. O engenheiro tentava evitar o assoreamento, mas desprezou a agitação que existiria no porto, uma vez que a vaga continuaria a se propagar através do quebra mar flutuante.
1861 – Estava pronta a muralha submersa de Berthot com cerca de 370m de comprimento. O projeto se mostrou ineficaz, pois em pouco tempo a muralha de Berthot estava completamente aterrada. Apesar dos quatro anos de estudo, o engenheiro considerou apenas os sedimentos trazidos pelo vento, desprezando ao arrasto pelas correntes marinhas.
1864 – O Engenheiro Zozimo Barroso foi incumbido pelo Governo Imperial de examinar e apresentar soluções para o porto. Os estudos deste engenheiro não foram publicados. No entanto, no ano seguinte o relatório publicado pelo Ministério da Marinha apresentava vários fatos provenientes do estudo do eng. Barroso. O mais importante deste relatório é a indicação da Enseada do Mucuripe como local favorável a construção do porto. Foi a primeira vez que houve uma manifestação franca em prol da Enseada como local propício para a localização do Porto de Fortaleza.
1866 – Os engenheiros Zozimo Barroso e James Foster se propuseram a construir o porto do Mucuripe. Porém o projeto dos engenheiros encontrou forte oposição entre os comerciantes da época pela distancia a que se localizaria o novo porto.
1867 – Em agosto a Companhia de Gás obteve a permissão para construir um trapiche para descarga de seu material no local do antigo porto.
O engenheiro Law e Blont apresentaram um projeto de uma ponte situada no prolongamento da Rua Formosa (hoje Rua Barão do Rio Branco) destinada a atracação de navios de todos os calados para desembarque de passageiros e mercadorias. Deveria ter uma profundidade de 17 pés (pouco menos de 9 metros ).
1870 – O engenheiro Zozimo Barroso, a fim de provar que estava certo quanto a localização do porto na Enseada do Mucuripe, submeteu seus estudos a aprovação do engenheiro inglês Charles Neate. Este, mesmo achando que o Mucuripe era o local mais adequado concordou com a Associação Comercial que preferia um porto mais próximo a capital.
Neate apresentou um projeto baseado nos estudos de seus antecessores. Seu projeto incluía a elevação dos arrecifes e sobre esses, a construção de um quebra-mar de 400m de extensão, a construção de um molhe de 150m destinado a atracação de navios com 5 ou 6 metros de calado, paralelo a este um outro molhe de 300m para atracação de navios menores.
Neste ano o acumulo areia chegou ao ponto de só permitir o embarque na maré alta e ficando completamente “no seco” durante a baixa.
(Projeto para o Porto de Fortaleza por Charles Neate, 1870.) |
1874 – Foi convidado pelo Governo Imperial o engenheiro inglês John Hawkshaw para realizar estudos sobre os portos do Brasil. Em parecer emitido no ano seguinte, para o Ceará o inglês realizou um rápido levantamento hidrográfico do ancoradouro fronteiro a cidade e sondagens geológicas sobre os recifes do porto.
Hawkshaw apresentou um projeto similar ao de Neate com pequenos ajustes.
(Planta de Fortaleza, 1875. Por Adolfo Herbester.) |
1881 – O engenheiro norte americano Milnor Roberts foi contratado pelo Governo Imperial para novos estudos. Roberts endossou os projetos de Hawkshaw e Neate acrescentando algumas alterações.
No entanto, as sondagens de Hawkshaw que negaram o projeto de Neate foram desprezadas por Roberts.
(Planta da Cidade de Fortaleza, Capital da Província do Ceará, 1888. Por Adolfo Herbester.) |
1889 – Foram paralisadas as obras, o quebra-mar estava completamente aterrado. O engenheiro Coimbra quando procurado para explicar o insucesso das obras, este sugeriu a construção de um dique a 800m do porto com 500m de extensão.
1891 – Os engenheiros Alfredo Lisboa e L. Baldwin Bent tomaram providencias para a retomada das obras. Foi iniciada a dragagem do porto, a abertura de um canal através de um viaduto completamente obstruído e a construção de um dique de pedras destinado a concentrar as correntes litorâneas para evitar o assoreamento nos arredores do porto.
Sir John Bruce, ex-presidente do Instituto de Engenheiros de Londres, foi encarregado da diretoria da “Ceará Harbour Corporation”. Este determinou a construção de um molhe a leste do porto, em frente a Praia do Meireles, a dragagem do Porto entre outras medidas.
1895 – O engenheiro A. Lisboa apresentou a Companhia um novo projeto baseado em Hawkshaw para remediar os efeitos das marés. Entretanto em seu projeto a bacia deixaria de ter os 22 hectares e 6m de profundidade previstos no projeto de Hawkshaw para 48 hectares e 2,2m de profundidade e um canal de acesso de 20 metros de largura. O molhe seria equipado com pranchões de madeira para embarque e desembarque. Essas medidas foram, na verdade, uma confissão da impossibilidade do projeto de Hawkshaw.
1896 – Insatisfeito com o rumo das obras o Governo Imperial contratou o engenheiro Domingos Sergio de Sabóia e Silva. Após estudos, apresentou um projeto em que teria uma bacia de 13,5 hectares e limitada ao norte e a leste pelo quebra-mar de Hawkshaw, ao sul pelo litoral e a oeste por dois molhes convergentes de madeira, além de um trapiche de madeira partindo do cais com 100m de largura e 160 de extensão e a dragagem da bacia.
Fontes:Biblioteca Menezes Pimentel, Álbum de Fortaleza, 1931 e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez).
Queria,
ResponderExcluirpoderia fazer a gentileza em mencionar o endereço do "Mar do Ceará" (www.mardoceara.com.br) junto aos créditos nesta postagem de seu prestigiadíssimo blog?!
Obrigado! :)
Mais uma vez parabéns pelo seu trabalho admirável!
Claro que sim, amigo, é um prazer, o Mar do Ceará é muito rico, parabéns, seu trabalho é magnífico!
ExcluirAbraços
Leila, é um prazer ler seu blog. Que grande pesquisadora! Estou entrando nesse universo pesquisando sobre o riacho Pajeú e seu destino terrível. Tenho encontrado muitos documentos do séc.XIX, mas pouca informação do sec. XX. Alguma dica? Abraço e parabéns
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