quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Igreja do Rosário

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Mais antigo templo de Fortaleza. Em 1730 era somente uma capela de taipa e palha. Em 1755 foi refeita com pedra e cal. Foi a matriz da cidade de 1821 a 1854. Fica na rua do Rosário nº 2
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Postal antigo da igreja

Construída em taipa pela comunidade negra de Fortaleza, em 1730, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário está situada na Praça General Tibúrcio (dos Leões), fazendo parte de um conjunto arquitetônico que inclui ainda a Academia Cearense de Letras (antigo Palácio da Luz) e o Museu do Ceará (antiga Assembléia Provincial). Já foram procedidos os trabalhos de prospecção da pintura interna e externa, bem como recuperados o telhado e as instalações hidráulicas, sanitárias e elétricas. No momento, prossegue o trabalho de investigação arqueológica para identificação das ossadas encontradas sob o piso da igreja.



Em 1892, na revolta contra o governo, uma bala de canhão de 11 quilos utilizada no bombardeio do Palácio da Luz foi arremessada contra a porta principal e arrebentou o púlpito, 2 balaustres da mesa de comunhão e a parede que dar para o corredor esquerdo, depois destruiu o altar de Nossa Senhora das Dores, outra bala dessas desmontou o General Tibúrcio de seu pedestal.
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"É constante a tradição que um preto africano pelos anos de 1730 em diante erigiu uma capelinha a Nossa Senhora do Rosário, no local em que se acha hoje a desse nome, a qual ficava um pouco afastada da vila. Esta era, como toda construção daqueles tempos, de taipa e de palha. Nela rezavam os pretos seus terços, novenas e outros atos de devoção"

MENEZES,Antonio Bezerra de. Descrição da cidade de Fortaleza:Edições UFC, 1992, P. 162.

Como vemos nesta transcrição de Bezerra de Menezes a construção do templo destinado aos cultos a N. Sr(a) do Rosário data do século XVI,porém, não sabemos ao certo a data precisa dos inícios dos trabalhos da Irmandade do rosário que transformaria esta construção de taipa no que conhecemos hoje como a atual igreja do Rosário. Igreja mais antiga de Fortaleza.

Em Fortaleza, vila nascente onde estava instalada a administração da Província do Ceará Grande, como em muitas outras cidades do Brasil, os homens de cor, embora não fossem em grande número, procuraram, desde cedo, ter o seu próprio templo, já que eram discriminados nas igrejas construídas pelos brancos. E, assim como em outras partes, sua devoção dirigia-se a Nossa Senhora do Rosário, considerada sua Padroeira.
A tradição diz que já em 1730, um preto africano construiu, no mesmo local onde está a atual, uma capelinha, de taipa e palha, onde os negros rezavam terços e novenas, na época bastante distante da Vila, centralizada em redor da Matriz de São José.

A Primeira Festa

A primeira festa dedicada a Padroeira realizou-se ali no dia 27 de outubro de 1747, cobrando os padres que funcionaram nos atos religiosos a quantia de 10$000 pela missa e 7$000 pela música. A partir de então, todos os anos, vinham os pretos, escravos ou forros, nos bandos de congos dançar na Noite de Natal em frente à Igreja, para festejar a Virgem. Era grande o número de pessoas que vinha prestigiar a solenidade, inclusive autoridades. Em certas ocasiões a festa do Rosário alcançava raro esplendor. Como lembra João Nogueira, em sua "Fortaleza Velha" era festa de pretos, mas levada com grande pompa e luxo, as negras escravas ostentando cordões de ouro, brincos e jóias de valia, que suas bondosas senhoras lhes emprestavam para que se apresentassem como o espavento e brilho exigido pela importância da missa e coroação dos reis.
Assim, era na igrejinha do Rosário, toda caiada de novo, que se procedia ao ritual da coração do rei, do rei dos Congos, do rei do Rosário, com sua rutilante coroa à cabeça, seu vistoso manto de tecido de algodão aveludado, de um vermelho vivo, contrastando com colete verde e calças azuis, e sempre acompanhado de sua corte, de onde se destacavam as figuras do "príncipe" e do "secretário", com seus chapéus de abas largas enfeitados de brilhantes conchas.
E pelas ruelas nascidas na beira do mar, rumo ao sul vinha o cortejo, cantando e executando bailados e jogos de agilidade, simulando combates, rumo ao Rosário.

O Secretário, então, perguntava: Os pretinhos dos congos, pra onde vão?
O coro respondia: Nós vamo pro Rosário. Festejá a Maria.
Secretário: Oh! Festeja, oh festeja, oh festeja. Com muita alegria.
Coro: Nós vamo pro Rosário, Festejá a Maria.
Secretário: É de zambi a pumba. É de bambê.
Coro: Miserere, miserere. Misere rê.
Secretário: Papaconha, papaconha. Peneruê.
Coro: É de zambi a ponga. E qui bambê.

Maria Moreira e Joana Rodrigues, filhas de Jorge Rodrigues, atendendo ao seu pai, fizeram doação à Santa, em 28 de novembro de 1748, de terras na estrada que ia para Porangaba no rumo de Porangabuçu, com mais ou menos um quarto de légua de comprimento, por três quartos de largura. Esse patrimônio ainda existe, produzindo renda sob a forma de fóros e laudêmios.
Havia uma Irmandade, com dirigentes negros e um Juiz (Presidente) branco, porém, no início, o grupo tinha dificuldades em manter o imóvel em perfeitas condições, tanto que, em 1753 a igrejinha estava ameaçada de cair e com a permissão das autoridades eclesiásticas, iniciaram-se a reconstrução, em pedra e cal, que em 1755 ficou pronta.
Em 1821, a Matriz de São José estava em ruínas, precisando ser reconstruída. Tendo a vila crescido para o lado da Igreja do Rosário, foram passadas para esta, em procissão, o Santíssimo Sacramento e todas as imagens, passando ela a funcionar como Matriz até 2 de abril de 1854, quando as imagens voltaram à Matriz.
Sendo a Igreja unida ao Estado, os templos eram usados para realização de atos públicos. Ocorrendo um conflito mais grave quando das eleições realizadas em setembro de 1848, resultando em derramamento de sangue dentro do próprio recinto sagrado, a capela foi interditada, sendo posteriormente arrombada pelos líderes de um dos partidos.
Ao tempo em que era presidente da Província o bacharel Francisco Xavier Paes Barreto, o vice-presidente José Antônio Machado mandou proceder nova reforma que terminou em 1855.
Em 1872 o capitão João Francisco dos Santos, procurador dos bens patrimoniais ficou encarregado de limpar, assear e decorar o templo. A Igreja do Rosário sempre foi mantida com recursos próprios, advindo de grande terreno a ela doado em 1748, terrenos esses que se estendiam desde o local da igreja até o sítio Damas. Em 1871, entretanto, seus recursos se esgotaram e o então presidente José Antônio Calazans Rodrigues (Barão de Taquary) encaminhou pedido que só foi atendido na gestão seguinte, de João Wilkens de Mattos, importando na quantia de 2.000$000 (dois contos de réis), da Lei Nº 1440 de 2 de outubro de 1871. Mas a verba destinada ao trabalho no templo era insuficiente e o presidente teve de complementar com pagamento de férias por conta da verba "Obras Públicas", ficando a obra concluída ainda em 1872.
O cronista Mozart Soriano Aderaldo, em "Variações em torno da Catedral", revela que a 16 de fevereiro de 1892, na revolta contra o Presidente General José Clarindo de Queiroz, promovida por Floriano Peixoto e executada pelos alunos da Escola Militar, uma bala de canhão, de 11 quilos, das utilizadas no bombardeio do Palácio da Luz - vizinho à igreja - foi arremessada contra a sua porta principal e, penetrando por ali arrebentou o púlpito, 2 balaustres da mesa de comunhão e a parede que dá para o corredor esquerdo; depois, em ricochete, destruiu o altar de Nossa Senhora das Dores e mais 3 balaustres. Outra bala dessas apeou o General Tibúrcio do seu pedestal, em episódio mais conhecido, no qual salientou-se o caráter daquele militar cearense: mesmo nessa hora, ele caiu em pé!
Mas a igreja a que nos referimos até agora não é exatamente esta que hoje lá está, há muito desvinculada dos devotos de cor, relembrando um tempo bem recuado da nossa história. Várias reformas nela foram processadas, além das já citadas. Em março de 1929 abriu-se novas janelas na altura do primeiro andar, em julho de 1935 foram construídos dois nichos, ao lado do sacrário, com Nossa Senhora do Rosário e Santa Teresinha e, por último, em setembro de 1938, repetiu-se o episódio de 1821: a Matriz de São José foi demolida para construção de uma nova e a Igreja do Rosário passou a ter as honras de Catedral, embora muitos atos, mais solenes, viessem a ser realizados na Igreja do Pequeno Grande.
Foram necessários, outra vez, trinta anos, para a construção da nossa nova e esplêndida Catedral, durante os quais a Igreja do Rosário funcionou como a principal de toda a Arquidiocese!
A Igreja do Rosário é testemunha de fatos históricos importantíssimos, dentre eles a deposição de Nogueira Accioli em 1912 e as trincheiras de 1914 feitas para receberem os jagunços da "Sedição de Juazeiro".

Raro postal editado em 1900
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A capela dedicada à Nossa Senhora do Rosário foi construída com o esmero dos escravos do nordeste brasileiro, acredita-se, em 1730. De princípio, era taipa e palha, na cadência de acolher a devoção a Nossa Senhora das Dores e à do Rosário. 25 anos depois, veio a pedra e a cal. Desde os séculos passados, o templo já fora cenário de graves conflitos políticos, balas de canhões, celebrações ecumênicas e muitas reformas.
Em 2008 teve as portas fechadas por seis dias, culpa de assaltos freqüentes. 
"Hoje digo: sento sem medo nos bancos de madeira, olho a Flor de Lis na parede direita do altar e escuto um rufar de tambores afro-brasileiros, homens da pele ferrada pela mesma imagem estampada em azul. Aquela flor estava debaixo de 85 camadas de tinta antes da restauração e está na memória da pele de peitos e de braços negros. Sob meus pés, estão dezenas de corpos pretos e mumificados. À minha esquerda, de pé e olhando a Academia Cearense de Letras – o antigo Palácio da Luz, jaz Major Facundo, homem por quem resguardo menor apreço, mas não ligue."

A igreja guarda uma simplicidade tamanha. É bela para muito além do óleo de banana desfilado em ouro nos ornamentos do altar. É graciosa por muito mais que o silêncio das imagens de homens e mulheres santificados pela religião. Muito embora o cotidiano ela receba, pelos corpos cansados orando em silêncio, está também no passado, feito uma pedra mais teimosa que a erosão. Emociona, não posso negar.

Paulo César, agente pastoral enamorado da construção

 Igreja do Rosário 

Esta foto foi encontrada num encarte contendo diversas fotos, oriundas do Arquivo do Nirez, de igrejas antigas de Fortaleza. Nesta aparece um bonde, possivelmente de uma das linhas de então, Outeiro (que posteriormente passou a denominar-se Aldeota), Praia de Iracema ou Prainha, que um dos consultados (gente da velha geração) afirmou ser Prainha-Seminário (o que faz sentido, pois o ponto final ficava próximo do Seminário, na Prainha). Dr. Zenilo Almada acha que não houve linha com essa denominação. A rua era a então Coronel Bezerril, hoje General Bezerril. A Praça ao lado chama-se General Tibúrcio, mais conhecida por Praça dos Leões devido a existência de duas belas esculturas encimando a escadaria de acesso da ou para Rua Sena Madureira. A Igreja de Nossa Senhora do Rosário, inaugurada no Século XVIII, é considerada a mais antiga de Fortaleza. A foto data de 1908. A edificação grande, ainda existente, era do então Hotel Brasil. A parede ao lado da palmeira é dos fundos da antiga Assembléia Legislativa. Entre o Hotel e a Assembléia divisa-se a Travessa Morada Nova, onde posteriormente passaram a trafegar os bondes das citadas linhas. Na época os bondes iam até mais adiante, ingressando na Rua Guilherme Rocha, parando ao lado da “Rotisserie”, acho que se chamava Palácio Brasil, entrando depois na Rua Floriano Peixoto rumo aos seus destinos. (Adolpho Quixadá)
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Dados Importantes:

  • Em 28 de Abril de 1742 - O visitador Lino Gomes Correia, ao passar pela vila de Fortaleza, determinou que os senhores de escravos lhes dessem o dia de sábado livre para granjearem o sustento e nos dias santos para a Igreja de Nossa Senhora do RosárioA igreja foi reformada em 1753.

  • Em 06 de Maio de 1853 - Salvador (BA): Rodolfo Teófilo, que sempre se disse nascido em Fortaleza, onde se batizou na igreja do Rosário, no dia 1 de outubro do ano do seu nascimento. Pioneiro do sanitarismo no Brasil, recebeu do Congresso Nacional o título de Varão Benemérito da Pátria. Romancista, novelista, contista, poeta, historiador das secas, autor de livros científicos. Filantropo. Pertenceu ao IHGB e Instituto do Ceará. Entre seus livros: A Fome (1890), Os Brilhantes (1895), O Paroara (1899), Sedas do Ceará (1901), Cenas e Tipos (1919). Patrono da cadeira nº 33 da ACL, inaugurada por Perboyre e Silva. Falecimento em 2 de julho de 1932.

  • Em 09 de Agosto de 1902 - A pintora Isabel Rabelo da Silva oferece ao Bispo Dom Joaquim José Vieira a reprodução de duas telas (A Descida da Cruz, de Rubens; A Assunção da Virgem, de Murilo) que foram colocadas na Igreja do Rosário.

  • Em 20 de Maio de 1929 - Em sessão do Instituto do Ceará o consórcio Antônio Teodorico profliga a derribada do tradicional oitizeiro, existente nos fundos da igreja do Rosário.

  • Em 16 de Abril de 1931 -Na igreja do Rosário, Monsenhor José Quinderé celebra uma missa em sufrágio da alma do cearense Dr. João Cruz Saldanha, recentemente falecido no Rio.

  • Em 14 de Maio de 1931 - Na igreja do Rosário, tem começo um Tríduo em honra de Nossa Senhora de Fátima, por iniciativa dos portugueses domiciliados no Ceará.

  • Em 11 de Setembro de 1938 - Derradeira missa, celebrada na antiga de Fortaleza, pelo Arcebispo D. ManuelÀ tarde, a imagem de São José foi conduzida processionalmente para a igreja do Rosário, falando por essa ocasião o Sr. Arcebispo e o Prefeito de Fortaleza.

  • Em 19 de Abril de 1940 - O Governo do Estado promove festas comemorativas do aniversário natalício do Presidente Getúlio Vargas: - pela manhã, missa gratulatória na igreja do Rosário, e, à noite, sessão cívica no Teatro José de Alencar, durante a qual discursaram os Srs: Dr. Andrade Furtado, Heráclito Silva Thé, Antenor do Vale Lima, Eusébio Mota, Antônio Fiúza Pequeno e o Interventor Menezes Pimentel.

  • Em 10 de Maio de 1942 - O Arcebispo Dom Antônio de Almeida Lustosa conclui, na igreja do Rosário, as pregações preparatórias da Páscoa dos Intelectuais.

  • Em 21 de Abril de 1943 - Tamanha tem sido a afluência de ouvintes, que estão sendo irradiadas para a Praça General Tibúrcio as pregações do Pe. Hélder Câmara na Igreja do Rosário, preparatórias da Páscoa dos Intelectuais.

  • Em 14 de Março de 1950 - Falece, nesta capital, Dom Manuel da Silva Gomes, Arcebispo Resignatário de Fortaleza, tendo o fato causado profunda consternação. Trasladado para a igreja do Rosário, onde esteve exposto à visitação pública, seu corpo foi sepultado na cripta da Catedral em construção. Dados biográficos: ver ‘O Nordeste’ desta data.

Foto de Manilov
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Créditos: Fortal, CityBrazil, Fortaleza no CentroMaracatu rei do Congo e Portal da história do Ceará

2 comentários:

  1. Esqueceram de citar a missa derradeira em prol das almas de Padre Mororo e outros mártires da confederação do Equador

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  2. olha,sou de Maracatu é como custume todos os anos selebramos a Misa dos Negros. Tenho muito Orgulho dessa Igreja linda, sempre que podemos estamos la .. e pra vc qe não conhece e tem vontade de conhecer , venha que vc não vai se arepender.. Axe a todos .

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