segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Raimundo Fagner



Mais jovem dos cinco filhos de José Fares Lopes, imigrante libanês, e Dona Francisca Cândido Lopes, Fagner nasceu na capital cearense, embora tenha sido registrado no município de Orós.


Foto do acervo pessoal de Raimundo Fagner. Em exibição na sede da Fundação Raimundo Fagner em Fortaleza. Arquivo Klaudia Alvarez

Foto do acervo pessoal de Raimundo Fagner. Em exibição na sede da Fundação Raimundo Fagner em Fortaleza. Arquivo Klaudia Alvarez

Foto do acervo pessoal de Raimundo Fagner. Em exibição na sede da Fundação Raimundo Fagner em Fortaleza. Arquivo Klaudia Alvarez

Raimundo Fagner Cândido Lopes nasceu em 13 de outubro de 1949 foi registrado na cidade de Orós, no interior do estado do Ceará. Foi batizado em 27 de dezembro na Igreja do Carmo em Fortaleza. Aos seis anos ganhou um concurso infantil na rádio local (Ceará Rádio Clube), cantando uma canção em homenagem ao dia das mães. Na adolescência, formou grupos musicais vocais e instrumentais e começou a compor suas próprias músicas. Venceu em 1968 o IV Festival de Música Popular do Ceará com a música "Nada Sou", parceria sua com Marcus Francisco.


Notícia sobre a música vencedora do Festival de 1968 - "Nada sou" de Fagner e Marcus Francisco- Arquivo de Klaudia Alvarez


Tornou-se popular no estado em 1969, após comparecer em programas televisivos de auditório na TV Ceará, e juntou-se a outros compositores cearenses como Belchior, Jorge Mello, Rodger Rogério, Ednardo e Ricardo Bezerra, o grupo ficou conhecido como "o pessoal do Ceará". Também no ano de 1969, após ganhar o 'I Festival de Música Popular do Ceará - Aqui no Canto', Fagner saiu em excursão junto com o grupo de música e teatro do Capela Cristina (grupo de música e arte do Ceará), foram para Buenos Aires de ônibus, a viagem durou 45 dias de estrada.

Jornal Tribuna do Ceará - Uma das primeiras entrevistas de Fagner publicada em um jornal do Ceará. Coluna da jornalista Bete Dias.- Arquivo de Klaudia Alvarez

A carreira nacional deste nordestino começava de forma bastante imprevisível. Mudou-se para Brasília em 1970 para estudar arquitetura, participou do Festival de Música Popular do Centro de Estudos Universitários de Brasília com "Mucuripe" (parceria com Belchior), e classificou-se em primeiro lugar. No mesmo festival, recebeu menção honrosa e prêmio de melhor intérprete com "Cavalo Ferro" (parceria com Ricardo Bezerra) e sexto lugar com a música "Manera Fru Fru, Manera" (também com Ricardo Bezerra). A partir de então, Fagner consegue despertar a atenção da imprensa do Sudeste, sendo suas canções intensamente executadas nos bares da capital do país.


Fagner de Orós a Mucuripe - Foto de Magnólia Corrêa para reportagem do Jornal de Brasilia em 17 de Novembro de 1977 - Arquivo de Klaudia Alvarez

Em 1971 gravou seu primeiro compacto simples em parceria com outro cearense, Wilson Cirino. Foi lançado pela gravadora RGE, e não fez grande sucesso. O Objetivo da gravadora era bater o sucesso de cantores como Antônio Carlos e Jocafi. Ainda em 71 foi para o Rio de Janeiro, onde Elis Regina gravou "Mucuripe", que se tornou o primeiro sucesso de Fagner como compositor e também como cantor, pois gravou a mesma música em um compacto da série Disco de Bolso, que tinha, do outro lado, Caetano Veloso interpretando "A Volta da Asa Branca". 

Matéria publicada em um jornal do RJ em 1972 - Arquivo de Klaudia Alvarez

O primeiro LP, Manera Fru Fru, Manera, veio em 1973 pela gravadora Philips, incluindo "Canteiros", um de seus maiores sucessos, música sobre poesia de Cecília Meireles


1972 - Foto publicada na revista Amiga - Arquivo de Klaudia Alvarez

1972 - Foto que ilustra uma das primeiras matérias feitas com Fagner em um jornal do RJ na época do lançamento do Disco de Bolso do Pasquim - Arquivo de Klaudia Alvarez


O disco teve participação de Bruce Henri – contra-baixista nascido em Nova Iorque e radicado no Brasil, tendo integrado a banda de Gilberto Gil, Naná Vasconcelos e Nara Leão. Apesar de tudo, o Disco vendeu apenas 5 mil cópias, e foi retirado de catálogo, e só foi relançado em 1976. 


1973 - Na época em que Fagner morou na casa de Elis Regina e Ronaldo Bôscoli, na Estrada do Joá, RJ- Arquivo de Klaudia Alvarez

Bilhete de Roberto Menescal para Fagner - Arquivo de Klaudia Alvarez


O cantor fez, também em 1973, a trilha sonora do filme "Joana, a Francesa", que o levou à França, onde teve aulas de violão flamenco e canto. De volta ao brasil, gravou no ano de 1975 seu segundo álbum de estúdio, titulado "Ave Noturna", e foi lançado pela gravadora Continental. O disco atingiu um sucesso considerável de vendas, e pela primeira vez, Fagner teve uma de suas canções na trilha sonora de uma novela, "Beco dos Beleiros", de Petrício Maia e Brandão, na novela "Ovelha Negra" da TV Tupi. Ainda pela gravadora Continental, gravou um compacto simples ao lado de Ney Matogrosso. Em seu terceiro disco, pela gravadora CBS (Sony Music), titulado apenas Raimundo Fagner, que foi um sucesso em vendas, na primeira semana foram vendidos mais de 40 mil exemplares, os arranjos bem elaborados, e a qualidade de gravação, fez do álbum um dos melhores do ano de 1976, este álbum marcava a entrada de Fagner aos repertórios românticos. Ao mesmo tempo grava músicas de sambistas, como "Sinal Fechado", de Paulinho da Viola


Show Astro Vagabundo de 76 - Arquivo Klaudia Alvarez

Outros trabalhos, como seu quarto disco, Orós de 1977, disco que teve arranjos e direção musical de Hermeto Pascoal, demonstram uma atitude mais vanguardista e menos preocupada com o sucesso comercial. Fechando a década de 1970, lançou mais dois discos: Eu Canto (1978) com outro poema de Cecília Meireles – "Motivo", musicado por Fagner e sem os créditos da poetisa; e Beleza (1979). Fagner foi considerado pelos leitores da Revista Playboy, o melhor cantor do ano de 1979, em segundo lugar ficou Roberto Carlos.


Capa da Revista Veja de 1975 - Arquivo de Klaudia Alvarez

Foto de 1978 - Arquivo de Klaudia Alvarez


Coluna de Ronaldo Bôscoli no Jornal Ultima Hora,RJ - Arquivo Klaudia Alvarez

Década de 70 - Fausto Nilo, Fagner, Abel Silva - Arquivo Klaudia Alvarez

Nos anos 80 Fagner manteve o lado nordestino, e se dividia ao mesmo tempo com o romantismo. O primeiro LP dos anos 1980 foi Eternas Ondas, que teve na parte instrumental Zé Ramalho, Dominguinhos, Naná Vasconcelos, e muitos outros. Neste mesmo disco, Fagner fez uma versão, com ajuda de Frederico Mendes, do clássico de John Lennon e Yoko Ono "Oh My Love", do álbum Imagine de 1971. Aproveitando o auge de Fagner em sua carreira, a gravadora Continental lançou o disco Juntos - Fagner e Belchior, uma compilação que continha faixas do disco Ave Noturna, o único de Fagner lançado pela Continental. A Polydor, por sua vez, recolocou para venda o disco Manera Fru Fru Manera. Em 1981, Fagner gravou o álbum Traduzir-se um grande marco em sua carreira. 
O Disco foi lançado em toda a Europa e América Latina, vendeu mais de 250 mil exemplares em pouco tempo, e recebeu disco de platina. Também em 1981, lançou um álbum em espanhol, um antigo sonho de carreira. Em 1982 lançou Sorriso Novo, que tinha como canções, poemas de Fernando PessoaFlorbela Espanca musicados por Fagner. Em 1983 gravou Palavra de Amor, que teve participação do grupo Roupa Nova, e Chico Buarque. Nos anos seguintes, gravou os discos A Mesma Pessoa e Semente, os últimos com a gravadora CBS. Ao lado da Banda BlitzGonzaguinha e outros. Fagner participou do 12º Festival Mundial da Juventude, realizado entre julho e agosto de 1985, em Moscou. Em 1986 lançou seu primeiro disco pela gravadora RCA, com o nome de Fagner-A lua do Leblon, o disco superou a marca de 300 mil cópias vendidas. 

Festival de Verão, 1982

Em 1987, Fagner lançou mais um disco: Romance no Deserto (título em português de uma canção composta e gravada por Bob Dylan no álbum Desire). Este disco superou a marca de 1 milhão de cópias vendidas, e foi lançado também nos Estados Unidos da América, importado pela BMG music/Nova Iorque; as canções "Deslizes" e "À Sombra de Um Vulcão" ficaram por mais de 700 dias entre as mais tocadas do Brasil. O último disco da década, O Quinze, décimo quinto disco da carreira de Fagner, recebeu o Prêmio Sharp de melhor álbum do ano.


Encontro histórico entre o cantor Fagner , Socrates e o tecnico Tele Santana. A seleção brasileira se apresentaría em Fortaleza e em um treino recebeu a visita do cantor cearense que fazia grande sucesso na época. O Brasil acabaría vencendo este amistoso contra o Uruguai realizado no estadio Castelão em 27.09.1980 pelo placar de 1x0. Crédito da foto

 Abril de 1987 - Em seu apartamento no Leblon - Arquivo de Klaudia Alvarez


Abril de 1987 - Em seu apartamento no Leblon - Arquivo de Klaudia Alvarez


Abril de 1987 - Em seu apartamento no Leblon - Arquivo de Klaudia Alvarez

Anos 1990

O primeiro álbum da década, Pedras Que Cantam de 1991 teve como primeira canção de trabalho "Borbulhas de Amor", que tornou-se imediatamente sucesso nacional. O disco recebeu disco de platina tripla por vender 750 mil exemplares, e as canções "Borbulhas de Amor", "Pedras Que Cantam" e "Cabecinha no Ombro" ficaram durante oito meses nos primeiros lugares nas rádios do Brasil. Fagner passou dois anos sem lançar um disco novo. Foram vinte meses de preparo até que o disco Demais fosse lançado em maio de 1993. O disco revive os principais temas da Bossa Nova, com versões de canções de Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Dorival Caymmi. No ano seguinte lançou o disco Caboclo Sonhador, desta vez com clássicos do forró, com versões de canções de Dominguinhos, Luiz Gonzaga e vários outros. O disco não possui nenhuma canção de sua autoria. Em 1995 fixou moradia em Fortaleza, e lançou mais um álbum: Retratos. O álbum recuperou canções do fim dos anos 1970, ainda não gravadas por Fagner. O vigésimo álbum de sua carreira foi lançado em 1996 com o título de Pecado Verde. neste mesmo ano, Fagner completava 23 anos de carreira artística. O último disco da década de 1990 foi Terral, que não possuía nenhuma canção de sua autoria.

Foto de 1994

Anos 2000

Em 2001, gravou o álbum que tem o título apenas de Fagner. Tem canções em parceria com Zeca Baleiro, Fausto Nilo, Abel Silva e Cazuza. A parceria de Fagner e Zeca Baleiro rendeu uma série de shows pelo Brasil. Em 2004, pela Indie Records, Fagner lançou o álbum Donos do Brasil. O Penúltimo disco lançado por Fagner foi Fortaleza, em 2007. Posteriormente lançou "Uma canção no Rádio" em 2009.

Discografia


Estúdio

1973 - Manera Fru Fru, Manera

1975 - Ave Noturna
1976 - Raimundo Fagner
1977 - Orós
1978 - Eu Canto - Quem Viver Chorará
1979 - Beleza
1980 - Eternas Ondas
1981 - Traduzir-se
1982 - Sorriso Novo
1983 - Palavra de Amor
1984 - A Mesma Pessoa - Cartaz
1985 - Deixa Viver
1986 - Fagner - Lua do Leblon
1987 - Romance no Deserto
1989 - O Quinze
1991 - Pedras que Cantam
1993 - Demais
1994 - Caboclo Sonhador
1995 - Retrato
1996 - Pecado Verde
1996 - Bateu Saudade
1997 - Terral
1998 - Amigos e Canções
2000 - Ao vivo - Vol. I e II
2001 - Fagner
2004 - Donos do Brasil
2007 - Fortaleza
2009 - Uma Canção no Rádio


Outros

1971 - Fagner e Cirino

1972 - Cavalo Ferro (Compacto Duplo)
1975 - Fagner e Ney Matogrosso
1979 - Soro
1981 - Raimundo Fagner Canta en Español
1983 - Homenaje a Picasso
1984 - Fagner e Gonzagão I
1989 - Cartaz - Os sucessos de Fagner
1989 - Fagner e Gonzagão II - ABC do Sertão
1991 - Fagner en Español
1993 - Uma Noite Demais - Ao Vivo no Japão
2000 - Ao Vivo
2002 - Me Leve (ao vivo)
2003 - Fagner & Zeca Baleiro

Postcard lançado pela gravadora para promover disco - Arquivo de Klaudia Alvarez

Acusações de plágio

A canção "Canteiros" (do primeiro álbum de Fagner), poema de Cecília Meireles musicado por Fagner, não foi creditada à poetisa. Este incidente levou a uma briga na justiça, onde a família de Cecília conseguiu retirar de circulação seu primeiro disco. Este fato se repetiu cinco anos depois, no LP Eu Canto - Quem Viver Chorará (1978) com outro poema de Cecília - "Motivo", também musicado por Fagner sem os créditos da poetisa. Os dois discos foram relançados posteriormente sem a inclusão dessas músicas.

Curiosidade

Em janeiro de 2002, Fagner participou por 15 minutos de uma partida amistosa entre Fortaleza e Maranguape, no estádio Presidente Vargas. O Fortaleza venceu por 3x0, mas o cantor não marcou gol.

Fagner em Orós

Prêmios

IV Festival de Música Popular do Ceará – 1968

Melhor Canção – "Nada Sou" (em parceria com Marcus Francisco).
Festival de Música Jovem CEUB – 1971
Melhor Canção – "Mucuripe" (em parceria com Belchior).
Prêmio Especial do Júri (hour-concours) – "Cavalo de Fogo" (em parceria com Ricardo Bezerra).
Melhor Intérprete.
Melhor Arranjo.
Festival TV Tupi – 1979
Melhor Intérprete – "Quem Me Levará Sou Eu" (Dominguinhos / Manduka).
Prêmio Playboy de MPB – 1979
Cantor do ano.
Prêmio Sharp de Música Popular – 1990
Melhor Cantor.
Melhor álbum – O Quinze.
Melhor canção – "Amor Escondido" (Raimundo Fagner / Abel Silva).
Melhor disco regional – Gonzagão e Fagner Vol. 2.


Fonte: Wikipédia, Site Oficial, Evangê Costa


13 comentários:

  1. Estimada Leila Nobre:
    Há muito venho acompanhando seu excelente Trabalho.
    Você aprofunda os assuntos, vc.demonstra possuir grande bagagem cultural e amar muito o que faz.
    Para a Cultura e a História o seu Blog é genial.
    Aqui ficamos a torcer para que vc. continue sempre o seu Trabalho.
    Que Cristo a abençoe.

    Daniel Caetano de Figueiredo.

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  2. Nossa, nem sei o que dizer, me deixou sem palavras com tão gentil comentário.
    Amo falar sobre nossa cidade e nossa gente, então, no que depender de mim, estarei sempre atualizando o blog.

    Abraços

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  3. Oi Carolina!

    Poderá entrar em contato com a Klaudia através do Multiply: (http://ksalvarez.multiply.com/) ou pelo Flickr:(http://www.flickr.com/people/raimundofagner/)

    Abraços

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  4. UM artista sério que nunca perdeu amor pelo seu povo.Profundamente identificado com suas raízes cearenses, Fagner consolidou sua imagem pelo trabalho com envolvimento social.Estive na FRFagner e pude constatar o quanto são relevantes suas ações em prol do jovem e da arte.

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  5. A FRFagner é uma prova da responsabilidade social de Fagner,lá o poeta direciona o jovem atráves da arte com cidadania.

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  6. Gostaria que vc me informasse onde Fagner compôs a música "Estrada de Santana". Grata.

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  7. Esta música foi composta por Petrucio Maia e Brandão.

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  8. Confesso Leila, que as recordações do amigo Raimundo Fagner, me tiraram uma lágrima...lindíssima tua homenagem ao nosso conterrâneo...Parabéns!

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  9. A maior parte desse texto pertence ao pesquisador e jornalista Evangê Costa.

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    1. Oi Fco Costa, boa tarde!
      Eu havia colocado o site oficial e a Wikipédia como fonte, mas já acrescentei o Evangê Costa. Se tem trechos do texto dele, nda mais justo, obrigada! :)

      Forte e caloroso abraço

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  10. Olá.
    Poderia me sinalizar se a letra da música " Frenesi" foi sobre algum momento vivido em um domingo de Julho de 1977 no Rio Saubara, próximo a Santo Amaro da Purificação, recôncavo baiano?
    Fico muito grata!

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