sábado, 24 de setembro de 2011

Clubes Sociais - A volta por cima



Eles viveram o apogeu nos anos 50 para amargar a pior crise nas décadas de 80 e 90. Hoje, dão a volta por cima

Clube Náutico - Ainda na Praia Formosa


Fortaleza já foi conhecida como a “Cidade dos Clubes”. Isso foi na década de 1950, quando o fortalezense não tinha acesso a certas comodidades, como piscinas particulares, casas de praia e até boates privadas. "Hoje, a juventude prefere as boates, os bares e os shopping centeres", admite o memorialista Marciano Lopes, que analisa o fenômeno como algo cíclico. "Houve o ciclo dos clubes até os anos 70". Desde então, essas agremiações vivem um período de decadência.



Não faltam responsáveis para o declínio. As barracas de praia são apontadas como as principais concorrentes dos clubes, que amargaram momentos difíceis até o final da década de 1990. Um dos mais antigos, o Clube Iracema, do início do século XX, não resistiu. Agremiações como Maguari, Centro Massapeense, Comercial e Líbano tiveram que fechar seus salões.


O aumento da violência e o incentivo à prática de esportes fazem com que os responsáveis pelos clubes que ainda restam apostem numa volta triunfal. "Hoje, todos os clubes estão retornando devido à insegurança", diz Joaquim Guedes Martins Neto do Ceará, presidente do Náutico Atlético Cearense.


Massapeense

O Clube conta sempre com um diretor, em todos os horários. "Daí, os pais se sentem seguros para deixar seus filhos", diz, acrescentando que o clube está investindo em sistema moderno de segurança. "Sinto que está havendo esta retomada diariamente porque o estacionamento fica cheio", atesta Guedes Neto, embora admita que a concorrência é muito grande.

Clube dos Diários

Antigo baile de carnaval no Diários

O forte do Náutico, clube que este ano completou 82 anos de existência, é o esporte. Ele destaca o trabalho realizado pelas escolinhas de diversas modalidades esportivas. Além disso, o restaurante é aberto ao público durante a semana para almoço e jantar. Aos sábados, oferece a tradicional feijoada.


O Clube Líbano - Foto de 1956

"A tendência dos clubes hoje é melhorar", aposta Manuel Pereira de Moraes Filho, presidente do Clube dos Diários, 98 anos, o mais antigo do Ceará, que funciona de terça-feira a domingo. Desde novembro de 2003, o Clube dos Diários saiu da sua tradicional sede do Meireles para as Dunas. Antes, o clube ficava no Centro, diz o presidente que justifica: "Estamos numa fase inicial". Ele também acredita na volta dos clubes sociais.

Clube Comercial

A tradição é o principal trunfo do Ideal Clube, que completou 80 anos. O clube investe também nos acontecimentos culturais, além de preservar o aconchego dos associados, como o "happy hour" diariamente.

Maguari

"Não temos dificuldade para atrair público porque nossos associados já são tradicionais", orgulha-se o comandante Pereira, vice-presidente do Círculo Militar, que funciona há 63 anos. Ele cita as escolinhas de esporte: "O povo faz fila".
Para William Araújo, presidente do BNB Clube, a qualidade e a segurança garantem o sucesso da agremiação, que também aposta no esporte. O Clube tem duas sedes.

O Iate Clube - Anos 60


IATE CLUBE

Frequentadores fiéis garantiram resistência

Com 57 anos de existência, o Iate Clube é um dos mais tradicionais. Também fazem parte deste seleto grupo os clubes Ideal e Náutico. "Sempre tivemos um público fiel e diferenciado", destaca Paulo Teixeira, vice-comodoro do Iate Clube, afirmando ser o único clube náutico de Fortaleza. A concorrência com a praia é grande, admite, concordando que a insegurança impulsiona o retorno aos clubes sociais.

O Iate é um caso particular no universo dos clubes de Fortaleza. "O clube tem uma magia e, mesmo com poucos sócios, consegue se manter", revela Paulo Teixeira, lembrando que, em alguns momentos, o clube sobreviveu graças ao carinho dos associados. "Alguns contribuíram financeiramente para o clube continuar existindo".

Diferentes de algumas agremiações, no Iate clube só existe o tipo de sócio proprietário. Atualmente, está sendo lançando um lote de 50 ações para a construção de uma piscina moderna. Mesmo mantendo a tradição de ser um clube fechado, o Iate vem abrindo suas portas, gradativamente.

O restaurante, a caranguejada, às quintas-feiras; e um show de jazz, quinzenalmente, no fim das tardes de sábado, são exemplos dessa abertura. Assim como uma boate na área onde funcionava o piano bar, inaugurada em 2007. "Nosso componente social é muito forte", assegura.

ESPAÇO DEMOCRATIZADO

Sócios dividem espaços de lazer

Esporte, lazer e sociabilidade. Estas são as principais vantagens oferecidas pelos clubes aos seus associados, que acabam dividindo com o público em geral. Isso porque alguns serviços são abertos à população, como os de restaurante, academia de ginástica, sauna, hidroginástica e as escolas de esportes, sem contar a realização de festas e eventos sociais.

"Muitas atividades são abertas ao público", afirma William Araújo, presidente do BNB Clube, justificando que há um controle. "É diferente de estar na praia, onde a pessoa não tem segurança e ainda é incomodada por vendedores e pedintes", acrescenta.

As atividades esportivas e a academia de ginástica são abertas ao público. A caranguejada às quintas-feiras, o "happy hour" das sextas, as festas e o restaurante são abertos ao público. "Na prática de esportes, o que diferencia é o preço", observa. O uso da piscina e do restaurante, durante a semana, ficam restritos aos sócios.

A assessora de comunicação do Ideal Clube, Marina Pedrolo, explica que cada grupo tem o seu dia de encontro na agremiação. Alguns preferem o "happy hour". Outros apreciam a feijoada aos sábados. 


ANOS DOURADOS

Clubes se mudam para a praia

O auge dos clubes sociais de Fortaleza foi na década de 1950. O memorialista Marciano Lopes conta no livro "Os Dourados Anos" que o fato de a Cidade ter ficado conhecida Brasil afora como a Capital dos Clubes acabou gerando "gritante contraste da conhecida pobreza do Ceará com a suntuosidade dos seus clubes, onde a elite risonha e franca nem via o tempo passar". O autor dedica um capítulo ao tema.

O memorialista considera como marco importante na trajetória dos clubes cearenses a inauguração da nova sede do Náutico Atlético Cearense, no Meireles. A mudança causou inveja e incômodo aos demais clubes, registra Marciano.

O próximo a seguir o caminho aberto pelo Náutico foi o Clube Líbano Brasileiro, que deixou o velho casarão da Avenida Santos Dumont, indo para a Rua Tibúrcio Cavalcante. O Clube Iracema, chamado de "avozinho", criado no início do século XX e considerado um ícone, saiu do Centro para a Aldeota. O Clube dos Diários, 98 anos, deixou sua sede no coração de Fortaleza, ficando no Meireles até 2003. De acordo com o escritor, após reformas e ampliações, a sede dos Diários "é uma das mais vastas, modernas e agradáveis da cidade". Só que não resistiu e mudou pela segunda vez.

O autor lembra que os anos 50 marcaram o apogeu dos clubes cearenses. Foi uma febre que continuou nos anos seguintes, despertando interesse de todos que visitavam a Cidade. A importância dos equipamentos permaneceu nos anos 70. As duas décadas seguintes são marcadas pela decadência.

Os clubes foram responsáveis, também, por mudanças na vida do cearense. "Eles eram a continuação das casas das famílias", conta, lembrando das tertúlias e dos bailes de debutantes.

SAIBA MAIS

Clube dos Diários - É o mais antigo do Ceará. Tem 98 anos e seis mil sócios. Mudou três vezes de local. Agora, está nas Dunas, onde funciona de terça-feira a domingo, com atividades esportivas e serviço de restaurante. Possui uma piscina semiolímpica, quadras de tênis e futsal.


Náutico Atlético Cearense

O clube completou 82 anos. Congrega 2.200 sócios proprietários, além de 800 na modalidade contribuintes. O restaurante é aberto ao público, de terça-feira a domingo, para almoço e jantar. Aos sábados, oferece a tradicional feijoada. O Náutico possui três salões de festas e cinco piscinas, das quais uma é olímpica. As escolinhas de esporte, a academia de ginástica e a sauna são abertas ao público. Destaca-se pela prática de esporte e realização de competições.


Náutico

Ideal Clube - Com 80 anos, tem mil sócios, entre proprietários, contribuintes e atletas. Alguns fazem parte da terceira ou quarta geração dos 12 primeiros sócios da agremiação. O clube oferece escolinhas para a prática esportiva (tênis, natação, vôlei, basquete e futsal). O restaurante é aberto ao público de terça-feira a domingo, com feijoada aos sábados e "happy hour" todos os dias. Promove festas e atividades culturais, além de dispor de biblioteca que aceita doações. Ocupa área total de 11 mil metros quadrados

Círculo Militar - Com 63 anos, o clube possui mais de dez mil sócios, sendo 1.400 titulares. Não tem restaurante, mas oferece refeições nos fins de semana. Realiza colônias de férias nos períodos de julho e janeiro, abertas ao público; além de programação social, como a festa "Dança Comigo", todos os sábados. Dispõe de academia de ginástica, dando ênfase à prática de esporte, principalmente, às escolinhas para crianças e adultos, nas modalidades de tênis, natação, basquete, vôlei, futebol de salão e judô.

BNB Clube - Tem 57 anos e 2.700 associados, sendo 1.700 vinculados aos bancos e oito mil dependentes. Conta com duas sedes sociais. Uma delas fica na praia. Possui 1.600 alunos matriculados nas escolinhas esportivas de vôlei, basquete, futsal, natação e artes marciais. Abriga também academia de ginástica e hidroginástica, abertas ao público, assim como o restaurante, que realiza "happy hour" às sextas-feiras; caranguejada às quintas; e feijoada aos sábados. Os serviços de restaurante e piscina, durante a semana, não são oferecidos ao público, ficando restritos aos sócios e convidados. Ocupa área de dez mil metros quadrados.

Iate Clube - Tem 57 anos de existência e conta com 800 sócios. Seu forte é o esporte náutico, oferecendo escolinha para crianças e adultos. Inaugurou boate, aberta ao público em geral, assim como o restaurante, que funciona de terça-feira a domingo, com caranguejada às quintas. Quinzenalmente, aos sábados, promove show de jazz no fim da tarde.

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Crédito: Diário do Nordeste, Nirez e Pedro Leite


3 comentários:

  1. Faltou o CLUBE TIRADENTES no Rodolfo Teófilo (funciona hoje a CASA NOSSA SHOW)...o Clube SANTA CRUZ (Rua Padre Mororó com Rua São Paulo....o chamado "CLUBE das ALMAS"...porque ficava perto do Cemitério São João Batista....dizem que várias pessoas dançaram com uma mulher ALMA..que morava no cemitério...kkkkk)..e o famoso CLUBE SECAI (Sociedade Esportiva e Cultural Arco-íris ), do PIRAMBU.... "muito frequentado pelos RICOS...)

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    1. Faltou o Country Club na Barão de Studart e o Massapeence.

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  2. Qual clube que ficava perto da faculdade de direito?

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