Praia Formosa - Dique de Proteção - 1943 - Assis de Lima
Em 25 de dezembro de 1933, fora inaugurada uma linha ferroviária, que ligou a ponte metálica ao Mucuripe. A mesma fora desativada em definitivo em 1946, apesar de em 1941 ter sido inaugurada a linha Parangaba/Mucuripe. O Viaduto Lucas Bicalho é a Ponte dos Ingleses errôneamente chamada de metálica. Essa nunca funcionou como porto, e sim como atração turística desde 1994.
Viaduto Lucas Bicalho Ponte dos Ingleses 1923
A bifurcação em Y da avenida Aquidabã, hoje Raimundo Girão era o percurso ferroviário.
Praia em alguma época do passado - Assis de Lima
O porto fora instalado em continuação ao núcleo de povoação original, após a margem do rio Pajeú, até então limite leste da pequena vila de Fortaleza. Até meados do século 19, suas instalações eram precárias e bastante ineficientes, contando, basicamente, com uma ponte e uma área de desembarque próxima à praia. Com o aumento de sua atividade, possibilitado pelo aumento das exportações de algodão, a área adquiriu feições de um porto típico. Alguns galpões, armazéns e comércio atacadista - que fornecia suporte e viabilidade à atividade portuária - começaram a ocupar a área entre o Seminário Episcopal e a praia, em uma região conhecida como Prainha.
Defesa da Praia de Iracema - Assis de Lima
"O comércio de exportação ocupara as áreas entre a Sé e a Praia Formosa, dado apenas pela proximidade do porto de embarque, mas sem praticamente explorar as visuais para o mar, constituindo-se, na verdade, em uma barreira entre a Praia e o Centro da cidade." (ROCHA JR., 2000, p. 117)
Até o início do século 20, a então Prainha - como era denominada a faixa litorânea da praia de Iracema na época - tinha como principal atividade a exportação de algodão, café, couro e cera de carnaúba produzidas no Ceará. Era marcante, na paisagem do bairro, a presença dos edifícios do Seminário da Prainha e a Casa Boris. Este último, localizado na antiga travessa da praia (atual rua Boris), perpendicular à rua da Praia (hoje avenida Pessoa Anta), foi fundada em 1869, tendo como razão social a firma "Théodore Boris & irmão", responsável pelo comércio e exportação de produtos cearenses.
Em meados da década de 20, a área começou a despertar o interesse das classes mais altas. A praia do Peixe, área litorânea mais a leste da praia de Iracema, marcada por um vasto coqueiral, passou a ser vista como espaço de lazer da elite fortalezense. O local foi ocupado por casas de veraneio das famílias mais ricas e teve seu nome mudado para praia de Iracema. Esse espaço da cidade, antes famoso pela presença dos pescadores, passou a ser um dos cartões-postais de Fortaleza por sua beleza natural.
Nessa mesma época, já se discutia a retirada do porto da área, considerada muito próxima ao centro. Segundo os especialistas, o lugar mais adequado era a enseada do Mucuripe, a leste do centro da cidade. Essa transferência só aconteceu no final da década de 40. Ainda segundo Rocha Jr., " as implicações com a construção do Porto do Mucuripe interrompiam três décadas de glória, destruindo a privilegiada paisagem praiana, restando apenas pequenos trechos de praia utilizáveis" (ROCHA JR., 2000, p. 119). Em conseqüência disto, ocorreram diversas alterações nos usos do solo, pois a ocupação típica da área era justificada pela adjacência ao porto. Diversos armazéns e casas comerciais ligados às exportações foram abandonados, algumas residências antigas passaram a ser ocupadas por usuários mais pobres e outros edifícios tiveram prostíbulos instalados. O entorno do ramal ferroviário da praia de Iracema passou a ser ocupado por população de baixa renda, formando a Favela do Poço da Draga (SCHRAMM, 2001).
Enrocamento Praia do Meireles - Assis de Lima
Erros na construção do novo porto deram início a um processo de assoreamento da faixa de praia a oeste, passando a representar uma ameaça às casas de veraneio.
"A destruição de parte do casario e a drástica redução da faixa de praia iriam provocar o abandono dos usos que lá se verificavam: o balneário entrou em decadência e os pescadores, em sua maioria, partiram para outras praias." (SCHRAMM, 2001, p. 43)
O bairro foi, durante muitos anos, caracterizado como residencial e habitado, principalmente, por uma população de classe média baixa. No início dos anos 70, a praia de Iracema iniciou uma mudança em seu quadro de estagnação, quando os intelectuais e artistas fortalezenses escolheram os bares lá existentes como reduto da boemia (SCHRAMM, 2001).
No final dos anos de 1980, intensificou-se o processo de mudança no uso e ocupação do bairro. Nesse período, por forte pressão popular, a praia de Iracema foi reconhecida como patrimônio histórico da cidade pela aprovação de uma lei que designava a área como Zona Especial (ZE) - Área de Interesse Urbanístico. Esta estabelecia diretrizes que tentavam compatibilizar o uso residencial e de lazer no bairro e procuravam deter o processo de verticalização, o qual já acontecia em toda a cidade (SCHRAMM, 2001).
Fontes: Assis de Lima, Praia de Iracema e a revitalização de seu patrimônio histórico - Sabrina Studart Fontenele Costa e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez
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