Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : O Matadouro Modelo
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domingo, 8 de janeiro de 2012

O Matadouro Modelo



Matadouro Modelo no Jardim América inaugurado em 18/07/1926. Foi demolido em 1962, passando os trabalhos para o Frifort- Arquivo Nirez

Em 18 de julho de 1926 o Matadouro Modelo é inaugurado, na administração do desembargador José Moreira da Rocha, sendo prefeito Godofredo Maciel, autorizado o contrato da construção pela lei municipal nº 126, de 29/12/1924.
O prédio foi benzido pelo monsenhor Antônio Tabosa Braga (Monsenhor Tabosa).
Ficava no bairro do Barro Preto ou Tauape, hoje Jardim América, no mesmo local onde está o Colégio Paulo VI, na Rua Jorge Dummar, em frente à Praça Humberto de Campos (hoje Praça Delmiro Gouveia).
Ali foi o sítio Tauape, de Manuel Romualdo Holanda, que o vendeu a Antônio Diogo de Siqueira e Abel Ribeiro.




Foto do Álbum  de Fortaleza 1931

Jornal Diário do Ceará, pág. 03 do dia 19 de julho de 1926 *:

"Parte os srs. drs. Godofredo Maciel, Demosthenes Rockett, Waldemar Falcão, Hugo Rocha, H. Monte, deputados Soares Bulcão e A. Themotheo, e mais Abel Ribeiro, Antonio Fiuza, commandantes Pedro Bittencourt e Sorares Pinho, José Thomé de Saboya, Thoribio Motta, vereadores Markan, Frederico Andrade e Leandro Lyra, Luiz B. Vieira, Theodoro Vieira, Cesar Magalhães e Elias Mallmann.

O agape decorreu em meio da maior cordialidade, sendo os coroneis A. Diogo, Abel Ribeiro e A. Themotheo saudados pelos srs. Leandro Lyra, em nome da Camara municipal e E. Mallmann, em nome da imprensa.

Durante a tarde de hontem continuou o Maradouro largamente visitado, computando se em cerca de 20.000 pessoas as que até ali foram durante todo o dia.

Os socios da empreza receberam de todos as mais expressivas e enthusiasticas demonstrações de applauso e sympatia.

Tendo recebido o gado hontem, este após o descanço regulamentar de 24 horas foi abatido hoje, desde uma hora, para o mercado amanhã.

O transporte da carne para o mercado será feito em caminhões e automoveis.


Foto do Álbum  de Fortaleza 1931

Hontem foi o ultimo dia em que se fez a matança no antigo Matadouro do Alagadiço, que se acha encerrado.

Congratulando-nos com a população fortense pela inauguração do novo curro, felicitamos os coroneis A. Themotheo, Abel Ribeiro e A. Diogo, pelo exito de seus esforços até aqui verificado.

Publicamos abaixo os discursos cujas copias pudemos obter:

FALA O DR. CESAR CALS, ORADOR OFICIAL DA INAUGURAÇÃO

Exmo sr. Presidente do Estado.

Exmo. sr. Prefeito de Fortaleza.

Meus senhores.

A Empreza Matadouro Modelo, nesta hora auspiciosa para o Ceará, tem grande prazer e honra maxima de, por meu intermedio, saudar respeitosamente a vs. excas. sr. Presidente do Estado e sr. Prefeito de Fortaleza.



Foto do Álbum  de Fortaleza 1931

A Empreza sauda e ao mesmo tempo felicita a vss. exças. que certamente se sentirão satisfeitos de terem dotado Fortaleza com um edificio que honra o municipio, honra o Estado e não desmerece a grande Patria.

Esta majestosa construcção que vem de ser inaugurada, começada e terminada na administração de vss. exas., ficará como uma caracteristica evidente e duradoura da intelligencia sadia e da visão larga e sensata daquelles que neste periodo dirigem os destinos de nossa terra. Ficará quasi eterna e mostrará aos que vierem que o tempo e as energias de vss. exas. Não foram inutilmente disperdiçados e algo ficou, patente e vialvel, em beneficio do nosso Ceará.

Sr. Presidente, tem v. exa. Hoje resolvido o 2º problema dos muitos que reclamam solução em nossa terra – Aguas e Exgotos foi o primeiro – Matadouro Modelo, o segundo. E o Ceará inteiro espera o mesmo exige de vss. exas. Solução ou pelo menos andamento aos demais problemas.

Fortaleza, sr. Prefeito, não precisa mais ocultar aos olhos dos visitantes o logar de onde sae, para o abastecimento publico, o seu primeiro genero de alimentação.

Fortaleza, sr. Prefeito, não se envergonhará mais e terá, bem ao contrario, motivo de justificado orgulho, em mostrar aos visitantes este majestoso predio que é um immenso contraste, daquillo que até hontem se chamou o o Matadouro.



Foto do Álbum  de Fortaleza 1931

Empresa saúda também, com muita honra e respeito, a invicta edilidade de Fortaleza, cujos edis, animados de são patriotismo, nunca regatearam esforços para solução rapida do problema hoje resolvido – a construcção de um matadouro modelo. – Uma parcella, portanto, do grande melhoramento que vem de ser introduzido em Fortaleza, deve-se tambem a nossa patriotica e invicta edilidade.

Agora, senhores, um pouco de justiça tambem para áquelles que têm aqui seu capital empregado, a grande porção de suas energias e trabalho.

Acostumados como estamos nós cearenses, a apreciarmos a fallencia de quasi todos as empresas que aqui se installam, é uma agradavel surpresa para todos, isto que aqui vemos e que nossos olhos não estão habituados a vêr.

E’ mais uma prova da tempera forte deste povo forte que ama doudamente sua terra apesar de tudo e não obstante a certeza que tem da avareza com que sempre é compensado o capital e o trabalho.

Trez cearenses lutadores, fortes e emprehendedores, Antonio Diogo, Abel Ribeiro e Arthur Themotheo, homens de negocios que são, honrados e sertos, recebendo do sr. Prefeito a responsabilidade desta empresa, não pouparam esforços, trabalho e dinheiro e dentro de pouco mais de um anno enriqueceram o patrimonio de Fortaleza, com uma obra de vulto.

Justo e natural era que vicassem fins incentivos, mas o amor exagerado no Ceará e a vaidade cearense sobrepuseram-se a seus interesses financeiros e envez de um predio modesto, de accordo com o nosso progresso, ergueram um sumptuoso edifício que é grande demais para uma terra pobre.

Pelo vulto das transações, ha de parecer a alguns que a empresa terá rapidas e grandes compensações. A avultada somma empregada, a administração e conservação custosas e os compromissos para com o município, anullam uma boa parte do que poderia ser lucro, redusindo-o a proporções menos que compensadoras. Em todo caso, senhores, aqui tem o sr, Prefeito a chave do edificio que irá em breve ser franqueado ao publico.

Para terminar, a Empresa, por meu intermedio, saúda e consigna seus agradecimentos a todos os que aqui estão honrando-a com suas presenças, mui especialmente o exmo. revmo. Monsenhor Tabosa Braga, dignissimo representande de s. exma. revma. O sr. Arcebispo Metropolitano e a distincta e nobre imprensa de Fortaleza."

*Grafia de época

Datas Importantes

  • 04 de maio de 1931 - A Prefeitura Municipal de Fortaleza toma posse do Matadouro Modelo, sob protestos da empresa concessionária, passando a administração a ser exercida por Manuel Freire de Andrade


  • 15 de abril de 1932 - Só nesta data chegam a Fortaleza, em trens especiais, mil e tantos flagelados. Foram desembarcados à altura do bairro ‘Damas’, e concentrados no Matadouro Modelo.

  • 11 de dezembro de 1933 - Um Decreto Municipal desta data autoriza a compra, para o município de Fortaleza, de todos os bens pertencentes à Empresa do Matadouro Modelo.

  •  25 de julho de 1959 - O Matadouro Modelo é desativado

  • 30 de janeiro de 1962 - Iniciada a demolição do Matadouro Modelo no bairro do Jardim América para no local ser construído o prédio do Ginásio Municipal que sairá da Praça do Carmo. Foi construído no local o Colégio Paulo VI



Fontes: Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez, Cepimar e 
Revista do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) - 1957

12 comentários:

  1. Oi Leila, parabéns pelo seu blog, com ele pude conhecer a antiga Fortaleza.

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  2. Muito obrigada!
    Bom saber que o blog anda cumprindo o seu
    papel, o de apresentar como era Fortaleza
    no passado e resgatar a nossa história! :)

    Abraços e obrigada pelo comentário

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    1. Olá Leila tudo bem? Então. Gostaria de saber se por acaso você já ouviu falar sobre o antigo Zoológico que existia ali perto da Eduardo Girão. Não sei direito onde era, lembro vagamente que era no Jardim América e meus pais confirmaram numa conversa, mas como eu era muito criança e eles também não sabem bem o nome etc. fiquei na curiosidade se saber informações e infelizmente pela net não aparece nada!
      Fiquei na esperança de que você conseguisse encontrar alguma informação sobre o assunto. O que achas?

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    2. Gil, só tenho conhecimento do Zoológico coordenado e de propriedade do professor Onélio José Porto (Onélio Porto)que funcionou no Parque da Liberdade e do atual Zoológico Municipal Sargento Prata no Passaré.

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  3. ja estudei no Colégio Paulo VI,moro a dois quarteirões de lá,mais precisamente na R.ANTONIO MENDES.foi bom relembrar o que os meus professores falavam nas aulas!!!!!

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  4. francisco carlos ribeiro de moura16 de outubro de 2014 às 21:29

    dessoas que viveram no periodo esde que nasci em 1968 quando me entendi por gente sempre ouvi falar sobre esse matadouro, ouvi muitas historias contadas por pessoas que viveram entre 1926 a 2o14 entre eles o meu pai que saudosamente relembra aie nda hoje . acontecimentos da epoca tinha muita curiosidade de ver esse matadoura que para mim estava tao distante e ao mesmo tempo tao perto cercado por tantas recordacoes de minha maravilhosa infancia que bom que existem registros tao precisos como esse parabeniso a todos por esta ediçao muito obrigado .

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    1. Agradeço suas palavras, Francisco Carlos, muito obrigada! :)

      Leila Nobre

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  5. Obrigado por ver onde meu avô por parte de mãe trabalhou, e meus pais ainda moram quase em frente ao colégio Paulo VI. Parabéns por retratar tão bem a história de nossa cidade

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  6. Olá Leila!
    Não sei como lhe dizer, mas acho que suas datas não batem com o que eu mesmo vi e vivi. Eu já tinha mais de 10 anos em 1963 e ainda vi o Matadouro Modelo funcionando, mesmo porque quando eu ia para a Feira da Gentilândia com a minha mãe e passávamos em frente do mesmo, a fedentina era geral. Outra, após a desativação do mesmo os abates foram transferidos para o Matadouro no Bairro João XXIII. É só conferir. Um abraço.

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  7. Estudei no Piamarta e o Colégio Paulo VI só admitia estudantes do sexo feminino por isso nós maldosamente às chamávamos de Vacas. rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

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  8. Onde se lê João XXIII, leia-se Parque Santa Fé.

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