Centro e bairros da Capital. Meados do século passado. Pessoas tornaram-se folclóricas por apelidações ou comportamentos. Feijão sem Banha, Ferrugem, Rádio Patrulha, Mondrongão, Zé Tatá, Raimundão e outros se fizeram conhecidíssimos. Frequentadores do Abrigo Central, Pega-pinto do Mundico*, Cine Moderno, Bar Flórida, Sorveteria Expressa e Tabacaria Almeida assistiam cenas incríveis protagonizadas pelos exóticos personagens.
Abrigo Central em 1949
Onde morei, existiam alguns desses tipos bem conhecidos da população. Lembro-me dos Paus-brasil – pai e dois filhos. Sararás, quase albinos, destacavam-se por comercializar de porta em porta, a prazo. Era o ofício de “galego”. Seu Tâna, proprietário de vacaria, desejava ser craque de futebol. Quase dois metros de altura, peso de cinco arrobas, segundo afirmava, e chuteiras confeccionadas especialmente para os grandes pés, fez-se sócio benemérito do 5 de Julho Futebol Clube. Comprou camisas, calções, bolas e equipamentos para o soerguimento da agremiação. Em troca conseguiu integrar o segundo quadro do time, o “esfria sol” e, quando a pelota lhe chegava, ninguém se atrevia a disputá-la. Menos ainda, encarar seu estupendo chute “bicudo” e sem rumo, perigoso se atingisse algum adversário. Pegasse na bola, a platéia gritava: “Castiga véi Tâna!”. O atleta ufanava. Recadeiro de rua, Ruído, garoto de pele muito marcada pela catapora, detestava o apelido. Era pronunciá-lo e ouvir cabeludos palavrões. Já Zé Pretim, como era tratado e gostava, vendia tapioca, queijada e filhós pelas ruas. O chamassem de Bola Sete, indignava-se. Resposta imediata. “Pra butá na caçapa da véia!”.
Autoridades, algumas cavaquistas, foram destaque na época. Castorina, renomada apelidadora, criou alcunhos inesquecíveis. Dom Manuel e Dom Antônio, arcebispos metropolitanos, em visitas a Aracati, receberam a marca da longeva senhora. O primeiro, por corpulento e seus paramentos coloridos, foi cognominado Bolo Confeitado, enquanto o segundo, por franzino e usar pequeno pedaço de fita verde-amarela na batina, teve o patronímico de Envelope Aéreo.
Depois dos filmes nos cines Moderno, Majestic, São Luiz ou Diogo, a rapaziada lotava o Pega-Pinto do Mundico, que concorria com o caldo de cana da Leão do Sul. O progresso expulsou o Mundico da rua Major Facundo para a Duque de Caxias, perto da praça do Carmo.
Conforme Gervásio de Paula, o pega-pinto é vendido, atualmente, na Lanchonete Azteca, no térreo do edifício da Associação Cearense de Imprensa (ACI)
O cine Moderno
Autoridades, algumas cavaquistas, foram destaque na época. Castorina, renomada apelidadora, criou alcunhos inesquecíveis. Dom Manuel e Dom Antônio, arcebispos metropolitanos, em visitas a Aracati, receberam a marca da longeva senhora. O primeiro, por corpulento e seus paramentos coloridos, foi cognominado Bolo Confeitado, enquanto o segundo, por franzino e usar pequeno pedaço de fita verde-amarela na batina, teve o patronímico de Envelope Aéreo.
Texto "Na caçapa" do amigo e colaborador Geraldo Duarte (Advogado, administrador e dicionarista)
*Na Fortaleza dos anos 60, o refrigerante preferido dos habitantes de Fortaleza era o refresco de Pega-Pinto.
Tratava-se de uma raiz que (diz a lenda) chegou a ser colhida entre os túmulos do Cemitério São João Batista para poder garantir o consumo. Na praça do Ferreira, o comerciante Mundico abriu uma merendeira - de apenas uma porta, bem pequena, que tinha como principal produto o Pega-Pinto, delicioso diurético que era servido com tapioca ou pedaço de bolo.
Tratava-se de uma raiz que (diz a lenda) chegou a ser colhida entre os túmulos do Cemitério São João Batista para poder garantir o consumo. Na praça do Ferreira, o comerciante Mundico abriu uma merendeira - de apenas uma porta, bem pequena, que tinha como principal produto o Pega-Pinto, delicioso diurético que era servido com tapioca ou pedaço de bolo.
Depois dos filmes nos cines Moderno, Majestic, São Luiz ou Diogo, a rapaziada lotava o Pega-Pinto do Mundico, que concorria com o caldo de cana da Leão do Sul. O progresso expulsou o Mundico da rua Major Facundo para a Duque de Caxias, perto da praça do Carmo.
Wilson (Ibiapina)
Tinha também o xarope de guaraná no abrigo central, que era misturado com água gaseificada. O box ficava mais para o lado da Major Facundo
ResponderExcluirOlá, Leila. Parabéns pelo blog intenso de flashs do passado do qual todos nós somos herdeiros. Sou daqui e por ser militar fiquei quase 30 anos longe da cidade que pude rever em seu trabalho mais que perfeito. Se puder, escreva alguma coisa sobre a Av Aguanambi. Certo dia, teimei com meu pai sobre a época de inauguração dessa importante via que, entre outras coisas, possibilitou a interiorização da cidade. Feliz 2012. Fabiano
ResponderExcluirOi Fabiano, boa noite!
ResponderExcluirMuito obrigada por suas palavras! :)
Fico muito feliz que o blog esteja proporcionando essa volta ao passado. A cada postagem, eu tbm faço essa linda viagem! Ah, e dentro de um bondinho. rsrs
Amei sua sugestão, vou anotar e pesquisar o máximo de dados sobre a Av. Aguanambi, ok? :)
Um forte abraço
Era o Kuat da época, Ivan! rsrsrs
ResponderExcluirConfesso ter ficado emocionado ao ver a foto do abrigo central que conheci na minha infância e ado-
ResponderExcluirlescência como também os cine Moderno e Majestic.
Oh Irmãos! Que recordação e que Saudade!
Muito obrigada por seu comentário, Ramires!
ExcluirFrequentei o Pega Pinto do Mundico já na Avenida Duque de Caxias, próximo à Praça do Carmo, na companhia dos amigos Carlos Alberto Farias, Eliomar Braga, Francisco Bessa e Heitor Ribeiro, dentre outros. Todos éramos diretores da FUCE
ResponderExcluirLeila. Você precisa escrever sobre o Relojoeiro Moura, que consertava relógios Mido nas proximidades das Lojas Damasceno, no Centro de Fortaleza, na Rua Pedro Pereira. A Loja Vox e o seu sistema de som com uma única e potente caixa de som. Era nessa loja de discos onde adquiríamos os últimos lançamentos em LP dos maiores intérpretes da época. Ficava próxima à Casa Parente, uma das lojas mais refinadas de Fortaleza. A Coluna da Hora merece destaque especial, bem como a loja A Hora Certa. Tinha-se por hábito acertar os relógios lendo as marcações
dessas duas e verdadeiras instituições públicas. A Hora Certa também informava a hora certa por telefone .Escreva também sobre o Flórida Bar, do Sá Filho, frequentado por políticos e pela elite de Fortaleza.
Olá Luciano, bom dia!
ExcluirFiz algumas postagens sobre o Abrigo Central e sobre a Praça do Ferreira com sua coluna da hora, acredito que vc gostaria de ler. É só olhar nos marcadores na lateral esquerda do blog.
Vou pesquisar sobre o relojoeiro e a loja A Hora Certa para fazer uma postagem. Ah, já escrevi sobre a Loja Parente, é só olhar nos marcadores.
Abraços
EXISTIA NAS DÉCADAS DE 40 A 60 UMA LOJINHA MUITO FAMOSA PERTO DA PÇA DO FERREIRA INTITULADA: A TORRE EIFFEL. VOCÊ TEM ALGO SOBRE ELA?
ExcluirNa postagem sobre os anos 40, eu cito a loja. Tem foto tbm:
Excluirhttp://www.fortalezanobre.com.br/2010/06/fortaleza-anos-40-ii-parte.html
Olá Leila, adoro seu blog! Parabéns!!! Você me indicaria algum livro sobre o folclore cearense? Se houver. Me interessei bastante sobre o assunto. Obrigada.
ResponderExcluirthank you for nice information, finally i found what I'm searching for.
ResponderExcluirvisit our website: https://uhamka.ac.id/ , Journal UHAMKA