Em 1922 instalou-se a primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza na Praia do Peixe com duas grandes torres(antenas)¹. Os escritórios ficavam no prédio da Fênix Caixeiral, na Praça Marquês do Herval, na Rua General Sampaio, esquina com Rua Guilherme Rocha, onde hoje fica o edifício do CEMJA.
Foto da época da instalação das antenas em 1922 - Detalhe que a casinha não tem nenhum vizinho próximo. A Foto faz parte do acervo de Joanna Dell'Eva
Zoom da foto anterior
Em 21 de agosto de 1927 é inaugurada a Estação Radiotelegráfica "Ceará", da Repartição Geral dos Telégrafos - RGT, sob a direção de Augusto Mena Barreto.
Uma das antenas na década de 30
Uma das antenas na década de 30
Família Mamede
Por volta de 1947 já com o fim da estação, Mozart Vitoriano Pinheiro, que foi telegrafista na época da agência, foi convidado a morar na casa, que pertencia a União².
Por ser uma pessoa muito correta e honesta, aceitou o "convite" somente mediante o pagamento de aluguel. O aluguel era simbólico, mas existia. Foi então que juntamente com a esposa Hilda Mamede e os filhos: Luís Mário, Mozart, Francisco Alísio (com 12 anos na época), Maria Hilda, Maria Júlia, Maria Plautilia e Maria Tereza, ele foi para a simpática casa na Praia de Iracema, onde criou os filhos e viveu momentos maravilhosos. Foi lá inclusive que nasceu uma das filhas do casal: Maria Celuta (Que hoje se encontra com mais de 60 anos).
Uma das antenas na década de 30
Foto da década de 30 - Detalhe que ainda não existia nem o Ed. São Pedro e nem a igrejinha. Arquivo Nirez
A casa foi moradia de pelo menos três gerações da família Mamede.
Depois de muitos anos na casa, o patriarca resolveu se mudar, e um de seus filhos, Mozart Mamede, foi morar na casa com a família que havia constituído.
Outra foto da década de 30 vendo-se as duas antenas dos telégrafos
Década de 30
Zoom da foto anterior
Em 1973, a casa passou a ser moradia para o outro irmão, Francisco Alísio Mamede Pinheiro e sua família.
Maria Tereza Pinheiro, filha de Francisco Alísio conta:
Essa foto é maravilhosa! Foi a primeira foto usada por mim no painel do blog.
Década de 30
Foto de 1931 - A antena lá atrás
Foto do final de década de 60 - A casinha (seta) que serviu de agência dos correios e telégrafos
Aquela casinha que foi tão importante, que foi a primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza e que por anos foi o aconchegante lar da família Mamede, hoje nada mais é que escritórios de arquitetura de Luciano Cavalcante, que fez o favor de modificar totalmente a casa. Em busca da modernização, ele tirou todas as características da casa³.
Foto de 30/05/1955 - A casinha ao lado do restaurante Lido (em reforma). Na foto, Charles Dell'Eva. Arquivo Joanna Dell'Eva
Pedro Dell'Eva em uma das sapatas que ficavam em frente ao Lido em 1955- Arquivo Joanna Dell'Eva
¹-Meus Trampolins
Pois bem, aquelas 4 sapatas eram os “meus trampolins” ! Ficávamos sobre a tal sapata, um de “meus trampolins”, na espera ansiosa de uma grande onda, e na hora “H”, pulávamos dentro d’água como peixinhos! Era uma delícia e como era divertido. Hoje os meus saudosos "trampolins", aqueles que me deram tantas alegrias, foram cobertos pela areia e concreto e sumiram para sempre com todas suas fabulosas histórias dos anos 30, dando espaço à uma pista de patins e skates insuportável!
Joanna Alice Dell’Eva
Filha de Charles e Lúcia Paulette Dell’Eva
1968 - Foto de Nelson Bezerra
Zoom da foto anterior
Casinha que serviu de sede do serviço telegráfico em 1931 e que resistiu ao tempo. Foto de 1969 - Arquivo Nirez
²-Essa casa só poderia ter sido vendida pra gente, porque morávamos lá há muitos anos, caso a gente não quisesse, ela teria que ser leiloada, por ser Patrimônio Público, só que não foi isso que aconteceu, e após anos morando na casa, tivemos que nos mudar.
Maria Tereza Pinheiro
Iracema, final dos anos 70 - Vemos as sapatas da antena que ficava em frente ao Lido.
"Durante um tempo meus trampolins ficavam enterrados, e se escondiam de mim sob a areia...e apareciam de novo, lavados pelas águas do mar!
como você vê Leila, quando a maré baixava lá estavam eles, imponentes e majestosos blocos de concreto, fortes e imbatíveis, mesmo com a força do mar...porém não resistiram a força brutal do Homem!" - Joanna Dell'EvaA Casinha ao lado do Lido - Foto de 21/09/1973
Zoom da foto anterior
³-Muitas perguntas sem respostas
E foi tão importante para Fortaleza, as primeiras antenas e a casa dos telégrafos!!!
Seria por cabo marinho na época?
São tantas as perguntas...
Quem construiu? Em que ano? O material veio de onde? Americanos, ingleses ou franceses?
Você pode observar com clareza que a casinha, era construída sobre pilotis sem dúvida por causa do mar...
Eu me lembro desta casa ainda com seus pilotis...erguida sobre a areia.
E as antenas? Se eu fosse Prefeita mandava desenterrar e faria sua historia!
Foto de 1975 - Foto do acervo de Joanna Dell'Eva
E pior ainda...não existe nem uma plaquinha dizendo "Aqui foi a casa que abrigou o primeiro telégrafo de Fortaleza com 2 antenas”.
O Luciano Cavalcante se preocupou só em modificar por completo a casinha amarela...Que pena, além de que ela era TOMBADA! Não entendo...
O Luciano Cavalcante se preocupou só em modificar por completo a casinha amarela...Que pena, além de que ela era TOMBADA! Não entendo...
Joanna Alice Dell’Eva
A casinha hoje:
A casinha hoje, totalmente modificada... Foto de Pedro Paulo
Nem uma única plaquinha dizendo "aqui foi a casa que abrigou o primeiro telégrafo de Fortaleza" - Foto de Pedro Paulo
Foto de Tereza Duarte
Foto de Tereza Duarte
Agradecimentos a Maria Tereza Pinheiro, Joanna Alice Dell'Eva e Nirez
Minha amiga, estou emocionada ! mais uma vez sem palavras. Você é realmente uma Nobreza, Leila NOBRE, e a cada dia que passa seu site Fortaleza Nobre fica mais rico.
ResponderExcluirComo fico feliz em ver esta história maravilhosa voltar à tona, parece contos de fada esquecidos no fundo do baú. Esta casa e suas 2 antenas fizeram e fazem parte da memória de Fortaleza e você conseguiu dar vida novamente. Estes relatos da Maria Tereza Pinheiro são inéditos e reveladores. Estou impressionada ! Eu apoio e muito, pois sou e sempre serei uma eterna conservadora e preservadora. Devemos todos muito à voce Leila ! PARABÉNS minha linda.
Com profunda admiração e agradecimentos
Joanna Alice Dell'Eva
Fortaleza 02-02-2012
Saiba que você foi a responsável por essa postagem ter saído, afinal, foi graças a sua maravilhosa contribuição e ajuda que consegui reunir o máximo de informações necessárias. E foi de tanto a gente conversar sobre essa casa que resolvi falar dela no face e assim encontrar a Maria Tereza, um amor de pessoa e que abraçou de imediato essa minha vontade de falar sobre a primeira estação radiotelegráfica de nossa linda Fortaleza! :)
ExcluirEu sinto como se a gente tivesse voltado no tempo e resgatado a verdadeira importância dessa casa. Porq olho para ela hoje e não a reconheço, é outra casa, perdeu o valor histórico, pois foi muito modificada e desvalorizada quando caiu nas mãos de pessoas erradas!
Não precisa agradecer, foi um prazer sem igual, eu amei e me realizei muito coletando informações e depoimentos.
Beijos amada e obrigada por esse comentário tão lindo! :*
Boa madrugada amiga leila, mais uma semana está a se findar, não pude está muito presente nas ondas, o pouco que restou dediquei-me quase a dormir sobre o teclado a festa na minha Ilha, mas não podia vir saborear um pouco da nossa história que aqui se retrata de forma tão gostosa... as antenas :) e a do faquir nota mil .... passei para dizer oi, sabes como anda nossa Fortaleza e eu a mil... beijos no coração e vê se aparece na festa da Ilha ela não para kkkkkk
ResponderExcluirNossa, como boa anfitriã, imagino como deve ter sido corrido esses últimos dias de festa hauahuauahuhauhau :)
ExcluirVou aparecer sim, pode aguardar!
Beijos
Morei na Praia de Iracema entre os anos 70 e 90 e lembro bem dos imensos blocos de concreto que ficavam na praia - SOMENTE AGORA SEI A ORIGEM DELES. Tomei muito banho e mar ali junto aos blocos. Tinha a barraca do Roberto - que depois soube que foi morto e esquartejado por uma mulher, tinha Seu Martins lá no Edif São pedro, tinha o doido Bobó, tinha o Restaurante Tratoria do Alfio, tinha o Bar do Getúlio, tinha a farmácia do seu Edmundo, tinha uma boate vizinho ao posto de gasolina que não lembro o nome, tinha o Lido, tinha o taxista Garibaldo, tinha a Vila Morena e o garçon Alemão, tinha o Pirata chegando, tinha o CaisBar chegando, SAUDADES. SAUDADES. SAUDADES. Hoje moro em REBORDOSA, PORTUGAL.
ResponderExcluirMorando tão distante, imagino q a saudade deve ser enorme realmente... :)
ResponderExcluirAbraços e obrigada por compartilhar seu momento de nostalgia conosco. :D
Leila, fiquei muito feliz em resgatar esta história que envolve minha familia. A Maria Tereza sabe de muitas outras e sempre que posso converso para ter conhecimento delas. Marcio Mamede
ResponderExcluirEu tbm fiquei muito feliz em saber dessas curiosidades sobre o passado da família, que viveu momentos tão marcantes naquela casinha! :)
ExcluirForte abraço e agradeço o comentário!
Morei na Praia de Iracema quando criança, na antiga Rua da Aeronáutica, hoje continuação da Rua Nogueira Acioli e esta tua magnífica publicação me remeteu a um tempo em que eu também pulava daquelas sapatas de concreto nas ondas. Inclusive, minha primeira professora (lamentavelmente não recordo o seu nome)morava naquela casinha e ensinava no Colégio Elvira Pinho, àquela época na Av. Aquidabã, vizinho ao San Pedro Hotel.
ResponderExcluirDurante a Segunda Grande Guerra os militares americanos se utilizavam daquela antena localizada junto ao Restaurante Lido e a denominavam PC - Posto de Controle (Pi Ci, na pronúncia inglesa). Quando posteriormente a antena foi removida para as proximidades do Jóquei Clube, foi ela que batizou o bairro do Pici, já que continuou sendo chamada como era pelos ianques.
Não me canso de elogiar este teu inestimável trabalho pela memória da nossa linda e esquecida história. Parabéns, Leila!
Oh amigo Adauto, eu que agradeço esse seu comentário tão enriquecedor e esclarecedor! Sobre a origem do nome PICI, acredite, muitos não fazem ideia que foi por causa de uma das antenas do telégrafo, a mesma que um dia esteve na bucólica Praia de Iracema. :)
ExcluirForte abraço e volte sempre, é uma honra tê-lo por aqui!
Na década de 60 eu morava na rua dos Tabajaras bem vizinho a igreja de São Pedro,toda tarde eu e meus amigos brincávamos atrás desta casinha e sabia de que se tratava.poi meu pai foi telegrafista dos correios agência central.
ResponderExcluirHoje ela virou o centro cultural belcior
ResponderExcluirMeu nome é Mozart Vitoriano Pinheiro Neto,meu avô e meu pai moraram nessa casa!Que alegria vê essa história tão significante para nossa maravilhosa Fortaleza!
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