domingo, 24 de junho de 2012

Crédito Popular São José


O Crédito Popular São José foi uma cooperativa fundada pela Igreja em 17 de novembro de 1920 para “favorecer a pobreza oprimida pela desenfreada usura dos tempos”. 

Almanach Estatístico, Administrativo, Mercantil, Industrial 
e Literário do Estado do Ceará para o anno de 1921.

O Crédito popular São José foi a primeira cooperativa de crédito fundada no Ceará. Instalada a 17 de novembro de 1920 sob os auspícios do Exmo. Sr. Dom Manuel da Silva Gomes, arcebispo Metropolitano, iniciou suas operações com o pequeno capital de 22:000$000, que logo se elevou a 70:895$.

Foi seu primeiro presidente o Sr. Ildefonso Araújo, de saudosa memória.

Hoje essa cooperativa é indubitavelmente, a maior do Estado. Seu capital se eleva, pelo último balanço, a Rs. 305:872$500.

Seus depósitos já se apresentam com a elevada soma de Rs. 2.942:070$716 sendo que a maior parte é a prazo fixo, na importância de 2.165:935$938.


Esse estabelecimento, de orientação católica, foi fundado para auxiliar as classes populares. Nesse sentido estabeleceu uma tabela de empréstimos de importância até 1:200$000, com juros excepcionais, destinados a socorrer os pequenos tomadores.

Antônio Ildefonso de Araújo

Sob a presidência do Sr. Antônio Ildefonso de Araújo, o mesmo estabelecimento levou a efeito a construção da Vila Operária, "Dom Manuel" composta de 32 casas no Bairro da Prainha, nesta cidade, para venda em pequenas prestações mensais.

O bairro da Prainha - Arquivo Nirez

Também construiu o "Quarteirão Santa Teresa", no Outeiro, com boas casas, igualmente vendidas a prestações.

Rua 25 Março no antigo bairro do Outeiro

O atual presidente desta cooperativa é o Dr. Manuel Antônio de Andrade Furtado, professor da Faculdade de Direito e Jornalista católico.

Texto do Álbum Fortaleza 1931 

Manuel Antônio de Andrade Furtado

A foto ao lado é de 1926 da Rua General Bezerril.
O prédio da esquerda, foi demolido e em seu lugar foi levantado o do Banco de Fortaleza - Banfort. Antes, o velho prédio já abrigava o Crédito Popular São José, Sociedade Cooperativa de Responsabilidade Ltda., fundada em 1920 sob a responsabilidade do Arcebispado de Fortaleza, transformando-se, em 1939, em Banco Popular de Fortaleza S/A. A árvore ao lado é o famoso 
Oitizeiro do Rosário.

As habitações populares no início da década de 1920, começaram a sofrer as intervenções estatais dentro da zona urbana – com base na política sanitária e controle das epidemias. Foi nesse período que se iniciaram os incentivos para a construção de vilas de acordo com as normas de higiene e saúde pública em vigor. Em 1922, uma lei concedia isenção de impostos prediais e municipais para construção de casas populares nos bairros menos habitados da cidade. Dois anos depois, o Crédito Popular São José também conseguiu a mesma isenção para construir e vender casas em Fortaleza com valor que não excedesse dez contos de réis.

Em meados dos anos 1920, a disposição de casas para os trabalhadores começa a ser ensaiada no Círculo São José. A diretoria do Círculo conseguiu em 1924, na gestão do Desembargador Moreira, isenção de impostos para as casas da Vila Operária Dom Manoel. O projeto que previa ampliação edificou, com financiamento do Crédito Popular São José, 31 casas “arejadas e higiênicas” a serem vendidas a pequenos comerciantes associados ao Círculo Operário. Apesar de as casas serem vendidas em parcelamentos de até quinze anos, eram destinadas aos comerciantes, certamente porque a maioria dos circulistas tinha
ganhos descontínuos, não podendo pagar rigorosamente todos os meses. As prestações variavam entre 27 e 47 mil réis e as casas eram de três tipos (A, B e C), dependendo da área construída e do número de cômodos.

Círculo de Operários e Trabalhadores Católicos São José

Fatos Históricos

  • 17 de novembro de 1920 - Instala-se, em Fortaleza, o Crédito Popular São José, sociedade cooperativa de responsabilidade limitada, na sede do Círculo Católico de Fortaleza, sob direção de Antônio Ildefonso de AraújoDepois iria para prédio na esquina da Rua Guilherme Rocha nº 15 (antigo, atual 17) com Rua General Bezerril nº 177 (antigo). Depois se transformou no Banco Popular de Fortaleza S/A - Banfort

  • 22 de abril de 1926 - Adquirido a Carlota Gouveia de Miranda Cavalcante, pelo Crédito Popular São José, o terreno na Rua da Aldeiota (hoje Rua Nogueira Acioli), na Praça Benjamin Constant (Popularmente do Cristo Rei), para construção da residência dos padres jesuítas. A mesma proprietária doou parte do terreno para ser construída a Igreja do Cristo Rei

  • 03 de fevereiro de 1938 - O Crédito Popular São José, passa a denominar-se Banco Popular de Fortaleza S/A - Banfort, em vista de autorização concedida pelo governo federal, através da Carta Patente nº 169 de 25/01/1938.


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Fontes: Álbum Fortaleza 1931, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Arquivo Nirez e o artigo “Obreiros Pacíficos”: O Círculo de Operários e trabalhadores Católicos São José. (Fortaleza, 1915 – 1931) de Ana Cristina Pereira Lima

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