sexta-feira, 15 de junho de 2012

Soldado Luiz Gonzaga


Soldado Luiz Gonzaga

“Passou pelo Crato e depois Fortaleza, no Ceará, onde serviu no 23º Batalhão de Caçadores. A tensão política que precedia a Revolução de 30 acabou levando Gonzagão e uma parte de seu batalhão para a cidade de Souza, na Paraíba, onde permaneceram por pouco tempo.”
João Marcelino Mariz

Como Tenente, servia no 23º Batalhão de Caçadores. Designado, juntamente com dois sargentos, organizávamos a festa de confraternização natalina do Quartel. Solicitamos sugestões a todos. Transcorria dezembro de 1968.

Das manifestações, uma mereceu atenção maior. Veio de sargento da Banda de Música. Convidar o ex-Soldado Corneteiro 728, Bico de Aço, para cantar e encantar as famílias dos praças e oficiais.

Na ocasião, não me ative aos detalhes do número, nem do apelido do cantante sugerido. Chamei o músico para indagar a respeito. Solicito e contente pela atenção, não somente informou de quem se tratava como discorreu a respeito.

Referira-se a Luiz Gonzaga do Nascimento, nascido na Fazenda Caiçara, em 13 de dezembro 1912, Exu, Pernambuco, filho de Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus. Ninguém menos do que o famoso e conhecido Luiz LuaGonzaga – o Rei do Baião.

23º Batalhão de Caçadores

Fiquei atônito. Como conseguir tal? O sargento, cujo nome me foge à memória, disse que, mesmo não sendo amigo íntimo do Gonzagão, seu empresário no Ceará era o mesmo que apoiava o conjunto musical dele e poderia conseguir. O coronel João Olímpio Filho, então comandante do Batalhão, aprovou a idéia. Convidar o inigualável sanfoneiro, prestar-lhe homenagem como ex-Soldado do 23 BC e entregar-lhe uma placa de prata registrando o evento.

Dias depois, veio a confirmação da presença. Luiz Gonzaga compatibilizaria ida a Natal, Rio Grande do Norte, com vinda a Fortaleza. Estabeleceu a data e horário. Este, entre 17 e 19 horas. Tudo acertado, nem acreditávamos em tão grandioso acontecimento. Cívico, fraterno-cristão e artístico. 

 
O soldado Luiz Gonzaga posa com sanfona na banda de música do quartel do Exército  - Tokdehistória

Estávamos todos enganados quanto à alegria. Não éramos nós os mais felizes. Luiz Gonzaga suplantou a todos. Emocionou-se grandemente. Riu, chorou, cantou, agradeceu e, até, pilheriou. 

O apresentador, por duas vezes, disse que ele estava “contaminando” os presentes. E ouviu, em tom descontraído: “Menino, contaminação para mim é de doença, muda a rima!” 

Hoje, no Oriente Eterno, deve estar cantando “Acácia Amarela”. Mais uma vez, obrigado inesquecível Rei Luiz Gonzaga!

Geraldo Duarte


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Crédito ao querido amigo Geraldo Duarte, que é advogado, administrador e dicionarista.

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