Ele, bode Yoiô, protagonizou alguns dos causos mais memoráveis da Praça do Ferreira, no coração de Fortaleza.
O caprino era mestiço (com forte predominância da raça alpina - é o fraco!), que viveu na Capital cearense perambulando entre bares e ruas do centro no início do século XX. Segundo se difunde, o bode teria vindo junto a retirantes, fugidos da seca de 1915.
Seu então proprietário, diante do dilema entre a panela e o bolso, preferiu - para sorte da boemia de Fortaleza - arrecadar uns vinténs com o animal. Foi vendido para um representante de uma empresa britânica no nordeste, a Rossbach Brazil Company, da qual se tornou uma espécie de mascote. Com propriedade agora localizada na Praia de Iracema, o bode, outrora mofino, puxado por uma corda de amarrar punho de rede, já não estava na pior.
Propaganda de 1929 da empresa que comprou o bode ioiô
No entanto, não demorou para que a comilança do mato que circundava as dependências da empresa lhe entediasse por demais. O caprino era mesmo afeito a vadiagens e logo seguiu sua sina de andarilho, descobrindo o trajeto que lhe daria a alcunha de "ioiô". O bode aprendeu a partir da praia a seguir para a Praça do Ferreira, realizando o mesmo percurso diariamente.
Imagem meramente ilustrativa, pois na época dessa foto, o bode ioiô ainda não havia chegado por aqui. Estamos na Rua Floriano Peixoto - Detalhe na foto para o Mercado de Ferro ainda com as duas partes. A foto é de 1908 e o bode apareceu por aqui em 1920. Álbum Vistas do Ceará 1908
O boêmio
E foi nos passeios que conheceu a noite fortalezense e seus muitos companheiros. No entorno do famoso Café Java (sede-mor da Padaria Espiritual, inclusive), conheceu escritores, pensadores, músicos, atores, inúmeros artistas de mesas de bar.
Com eles, passeava pelas ruas, ia a teatros, saraus, coretos; deles fora batizado Yoiô e por eles conheceu ainda as delícias da cana-de-açúcar, a bebida destilada preferida, que recebia gratuitamente a cada estabelecimento frequentado. De cara, simpatizou-se por ele o pintor Raimundo Cela, mas foi por todos amado, considerado um cidadão como outro qualquer.
O político
Ainda em 1921, Yoiô aprontaria uma molecagem que o consagraria como autêntico amigo do povão. Naquela época, inaugurava-se nas imediações da praça aquele que seria um dos cinemas mais movimentados da época: o Cine Moderno.
A população chegava de bonde e as celebridades desciam de seus Chevrolets e aguardavam com expectativa a chegada do governador Justiniano de Serpa e do intendente Godofredo Maciel para a cerimônia.
Mas o danado do bode (provavelmente "cheio dos pau", como se diz em bom "cearês") cansou de esperar. Trotou com suas quatro patas até a fachada do prédio e fez as vezes de político: comeu a fita inaugural do cinema. No mesmo ano, lá estavam os intelectuais candidatando Yoiô para vereador de Fortaleza. Mas candidatura não quer dizer vitória! Quem disse? Quando se abriram as urnas, em 1922, o nome do bode saltava das cédulas. Não pode assumir o cargo, mas, mais uma vez, entrou para a história da cidade.
E foi nos passeios que conheceu a noite fortalezense e seus muitos companheiros. No entorno do famoso Café Java (sede-mor da Padaria Espiritual, inclusive), conheceu escritores, pensadores, músicos, atores, inúmeros artistas de mesas de bar.
Com eles, passeava pelas ruas, ia a teatros, saraus, coretos; deles fora batizado Yoiô e por eles conheceu ainda as delícias da cana-de-açúcar, a bebida destilada preferida, que recebia gratuitamente a cada estabelecimento frequentado. De cara, simpatizou-se por ele o pintor Raimundo Cela, mas foi por todos amado, considerado um cidadão como outro qualquer.
O político
Ainda em 1921, Yoiô aprontaria uma molecagem que o consagraria como autêntico amigo do povão. Naquela época, inaugurava-se nas imediações da praça aquele que seria um dos cinemas mais movimentados da época: o Cine Moderno.
A população chegava de bonde e as celebridades desciam de seus Chevrolets e aguardavam com expectativa a chegada do governador Justiniano de Serpa e do intendente Godofredo Maciel para a cerimônia.
Mas o danado do bode (provavelmente "cheio dos pau", como se diz em bom "cearês") cansou de esperar. Trotou com suas quatro patas até a fachada do prédio e fez as vezes de político: comeu a fita inaugural do cinema. No mesmo ano, lá estavam os intelectuais candidatando Yoiô para vereador de Fortaleza. Mas candidatura não quer dizer vitória! Quem disse? Quando se abriram as urnas, em 1922, o nome do bode saltava das cédulas. Não pode assumir o cargo, mas, mais uma vez, entrou para a história da cidade.
Essa foto do bode Ioiô, é bem antiga. Importante destacar que o rabinho do bode ainda não havia sido furtado. Se for um bom observador, verá que o de hoje, é um pouco diferente.
A cidade perdia seu mascote e o museu ganhava uma de suas maiores atrações...
Segundo afirmavam as companhias, além do jeito para as artes, o bode era um exímio entendedor de mulheres. Buliçoso, levantava com o chifre as barras das saias e dos vestidos das moças, garantindo ao macharal a boa vista.
A vida de boemia e libertinagem naturalmente não lhe pouparia da mortalidade, ao contrário, a aproximaria dela. O caprino deixou as ruas de Fortaleza em 1931, encontrado morto nas proximidades da Praça do Ferreira. Como homenagem, Adolfo Caminha resolveu empalhá-lo e é justamente sua figura que se encontra preservada no Museu do Ceará. Bom, preservada em termos, já que, em 1996, lhe roubaram o rabo (o que protagonizou nova história, ainda que "in memoriam").
Nos anais da história, consta que a "causa-mortis" fora, de fato, resultado da vadiagem: cirrose hepática. As malignas línguas, no entanto, dividem-se em duas hipóteses: noivo furioso ou atentado político.
Nessas andanças, Yoiô tornou-se conhecido e querido por todos, principalmente boêmios e escritores. Há relatos sobre o bode Yoiô em livros de diversos memorialistas cearenses.
O bode fumava charuto, tomava uns tragos, sentava-se num tamborete e parecia interessado nas conversas de bêbados, poetas e políticos, a quem distribuía chifradas democraticamente.
Como membro da elite intelectual da cidade Yoiô participou de atos públicos em coretos, praças e saraus literários; Passeou de bonde, perambulou por igrejas e assistiu a peças no Teatro José de Alencar. Consta que comandava passeatas democráticas e comia a fita das inaugurações quando os discursos se tornavam chatos.
Na Praça do Ferreira, capital da república do Ceará Moleque, o bode fazia alegria do macharal quando cismava de levantar as saias das moças, correr atrás dos tipos populares ou mesmo tomar uns tragos de cachaça nas mesas do Café Java.
Yoiô ficou tão famoso que recebeu expressiva votação para vereador. Eis o seu apogeu e decadência.
Um mistério paira no ar: em 1931 o bode Yoiô apareceu morto.Qual a causa da sua morte? São muitas as hipóteses.
Foi um crime político devido a sua expressiva votação? Cirrose hepática, consequência de uma vida boêmia? Talvez um crime passional cometido por algum marido enciumado pelas gracinhas do bode? O mais provável é que Yoiô morreu mesmo foi de velho.
A empresa inglesa empalhou o bode e entregou ao museu, o mais estranho: o museu aceitou e hoje faz alegria de todos aqueles que visitam o Museu do Ceará."
Evaldo Lima
Saiba Mais
Ainda como manifestação de profundo amor ao Bode e revolta pelos desmandos e corrupções exercidos pelos políticos da época, em 1922, os eleitores de Fortaleza elegeram o Bode Ioiô para vereador da cidade, inclusive, com a maior votação daquela eleição. Não foi empossado (claro!), mas sua “eleição” foi considerada na época como uma representativa manifestação de protesto ao poder público e isso fez com que sua fama se expandisse além das fronteiras de Fortaleza. Bem além…Pois hoje existe uma réplica de Ioiô no Museu de Hollywood.
No decorrer dos anos, a cidade ia se desenvolvendo e o vigor físico do animal, em contrapartida, diminuindo. Por esse motivo, tornava-se cada vez menos comum encontrar o Bode Ioiô em meio à boemia. Até que, no ano de 1931, foi encontrado morto próximo à Praia de Iracema. Seu falecimento foi publicado e sentido por grande parte da população fortalezense.
Créditos: Diário do Nordeste, Blog do Professor Evaldo Lima e http://www.infoescola.com
Desenhos de Julião Jr.
É VERDADE.
ResponderExcluirEu morava proximo a Igreja do Coração de Jesus,tinha 9anos de idade e ouvia os nossos vizinhos comentando sobre o bode ioiô....
Agradeço suas palavras e entendo seu ponto de vista. Se olhar as postagens mais antigas, verás q as fotos não tinham nenhum carimbo. O problema é q tenho um certo trabalho para conseguir algumas fotos e depois, algumas pessoas simplesmente copiavam as fotos e reproduziam sem dar nenhum crédito ao blog.
ResponderExcluirIsso não qr dizer q não mando as fotos para alguns amigos q confio no trabalho e sei q darão os créditos certinho.
Abraços e obrigada pelo comentário
Cont...
ResponderExcluirCaso eu venha a escrever algo sobre ele, seria melhor chamá-lo de Yoiô ou Ioiô?
Ele ainda vivia quando o Excelsior entrou em funcionamento?
Abraços!
De pleno acordo!
ResponderExcluirSó gostaria de saber se a resolução das fotos cedidas é a original (?)...
kkkkkkkkk
ExcluirNossa História só sobrevive por conta de página com esta que é administrada por pessoas apaixonadas pelo seu ligar, pela sua História e pelo seu povo. Meus parabéns pelo relevante trabalho.
ResponderExcluirMuitíssimo obrigada! :)
ExcluirForte abraço
Ótima historia adorei a história
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