Fachada do Cine Familiar na Praça dos Libertadores, no Otávio Bonfim - Foto Aba Film
carregador de filme (o auxiliar do projecionista) do Cine Nazaré, que depois teria o nome mudado para Cine Familiar, e pertencia à paróquia de Nossa Senhora das Dores. Ele trabalhou nesse cinema até 1968, exercendo funções diversas, até chegar a gerente geral em 1957. No Cine Familiar, graças ao publicitário Tarcísio Tavares e ao empresário Maurílio Arraes (arrendatários do cinema às segundas-feiras, mantendo de 1966 a 1970, um dos mais interessantes cinemas de arte de Fortaleza), foi exibido em 16 de fevereiro de 1967, a obra prima de Orson Welles, ‘Cidadão Kane’*.
Seu Vavá - Foto de Neysla Rocha
Depois de aposentado não conseguiu esquecer essa paixão. Comprou as cadeiras do extinto Cine Fortaleza, e devagar, com muito carinho, foi montando seu próprio cinema. E então o Cine Nazaré renasceu, no mesmo bairro de Otávio Bonfim, na rua Padre Graça nº 65. Hoje “Seu” Vavá é o orgulhoso proprietário de uma das últimas salas de cinema à moda antiga, na realidade um pequeno museu, nessa cidade que já teve mais de duas dezenas de cinemas espalhados por seus bairros. Simples, sempre risonho, 81 anos bem vividos, “Seu” Vavá talvez nem imagine que realizar esse sonho foi, ao mesmo tempo, uma declaração de amor a Fortaleza.
O Cine Familiar era anexo a Igreja N.S. das Dores e foi construído com investimento dos frades Franciscanos. Funcionou até a década de 60 como opção de lazer para os moradores de Otávio Bonfim e adjacências.
O Cine dedicava-se à exibição de filmes de arte, localizado no bairro de Otávio Bonfim. Não se localizava, portanto, no “olho” das salas de exibições cinematográficas fortalezenses.
Sala de exibição do Cine Familiar na Praça dos Libertadores, no Otávio Bonfim
Foto Aba Film
O Cine Familiar, foi fundado pelo frei Leopoldo, surgiu para fazer oposição e contrabalançar os malefícios decorrentes da apresentação de fitas a cargo do Cine Odeon, que funcionava em área defronte onde hoje se localiza a Delegacia do 3º Distrito Policial. O Cine Odeon era de propriedade de José Marcelino, àquela época marchante, e que funcionava o seu cinema sem dar grande “bolas” para a moral e os bons costumes, ditados pela censura do jornal O Nordeste.
Foto de 1960
Frei Leopoldo diz, em registro: “Em dezembro de 1935, resolvi construir, ao lado da Igreja, no parque dos meninos, um pavilhão aberto para nele ser ensinado o catecismo. Ao mesmo tempo adquiri um velho aparelho de cinema, fora de uso, e quase de graça, dando apenas um pequeno aparelho de projeção fixa em troca. Era minha intenção dar, de vez em quando, uma pequena sessão cinematográfica para os meninos do catecismo. Vendo grande interesse do povo e notando ao mesmo tempo que um cinema vizinho passava todas as fitas, mesmo as condenadas pela censura católica, resolvi dar sessões semanais. Consertei o aparelho, um tanto avariado, o melhor possível e comecei. O resultado foi satisfatório. Em dezembro de 1936, na ocasião da visitação canônica, combinei com o Rev. Pe. Provincial de que o dinheiro do cinema fosse aplicado à pobreza. O Sr. Miguel Rosendo daria dinheiro e mantimentos mediante vales despachados por mim e pelo Sr. José Alexandre, presidente dos vicentinos, entre pessoas idosas. No fim de cada mês resgataria esses vales com o dinheiro do cinema. Em agosto de 1937 adquiri um aparelho já usado para tornar o cinema falado, da mão do Pe. Luis Braga, por 7.000$000, montado aqui e funcionando. O dinheiro foi dado, parte por pessoas amigas da cidade, parte do saldo de cada mês. Era um cinema falado, funcionando até bem, mas só na minha mão, por ser muito complicado. Recebendo, às vezes, pessoas “endinheiradas” da cidade, em visita, as mesmas achavam tudo muito trabalhoso, para mim, muito quente na cabine e acharam de bom alvitre em comprar um aparelho moderno, novo, bom, prometendo dar o dinheiro. Combinei, “exigindo” porém, antes de fazer a encomenda, o dinheiro. Aos poucos vinha recebendo os donativos para esse fim. (...) Lá passam fitas aprovadas pela Censura de O Nordeste”.
Cine Familiar, inaugurado em dezembro de 1937, na Praça dos Libertadores, no bairro de Otávio Bonfim, fundado pelo Frei Leopoldo, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora das Dores. Em 12 de agosto de 1968 houve a última exibição no Cine Familiar, com o filme “Bandoleiros do Mississipi”.
Por essa época, a Praça fronteiriça era um imenso areal, cuja travessia incomodava muita gente. Chamava-se Praça dos Libertadores. Ganhou a denominação que hoje ostenta, de Praça de Otávio Bonfim, ao ser inaugurada no final do mês de maio do ano de 1941, na gestão do Prefeito Alencar Araripe, quando foi transformada a área, com a plantação de canteiros, construção de passeio e iluminada com lâmpadas elétricas.
Foto da então Praça dos Libertadores - Arquivo Nirez
O cinema funcionou até 1968 quando foi fechado por exigência do Pe Provincial sob
a alegação de que estava dando mais prejuízos que retorno financeiro. Foi aberta
concorrência para arrendamento da sala de projeção em 1970, saindo como vencedora,
a empresa Severiano Ribeiro, que posteriormente, decidiu pela desativação.
Saiba Mais:
a alegação de que estava dando mais prejuízos que retorno financeiro. Foi aberta
concorrência para arrendamento da sala de projeção em 1970, saindo como vencedora,
a empresa Severiano Ribeiro, que posteriormente, decidiu pela desativação.
Saiba Mais:
- 02/12/1937 - Surgiu, no bairro de Otávio Bonfim, o Cine Familiar, na Praça dos Libertadores, pertencente à Paróquia de Nossa Senhora das Dores.
- 11/08/1968 - Última exibição no Cine Familiar, com o filme "Bandoleiros do Mississipi".
- 18/05/1969 - O antigo operador do Cine Familiar, Raimundo Carneiro de Araújo (Vavá), adquire e reabre o Cine Nazaré, na Rua Padre Graça nº 65, com o filme "Desafio de Gigantes". Ficaria até 1972.
*"O filme Cidadão Kane teve lançamento em Fortaleza, no Moderno, no dia 2 de abril de 1944. Como não chamou a atenção maior dos cinéfilos da época, pensavam muitos que não fora exibido na cidade e o Tarcísio é que exibira pela primeira vez no Cine Familiar." Ary Bezerra Leite
Fontes: Diário do Nordeste, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo
e Site Paroquiadasdores.org
Maravilha seu blog. Me achei nele. Em uma foto da mesbla.Abração
ResponderExcluirwww.willugabri.blogspot.com.br
Oi Luza, boa tarde amiga! :)
ExcluirMuito bom saber, fico feliz!
Forte abraço
Gostei tambem, conheci no Facebook mais to gostando mais do blog
ResponderExcluirQue bom! :)
ExcluirObrigada!!!
Não estou conseguindo postar em seu blog essa observação sobre a exibição de "Cidadão Kane", em Fortaleza, em 2 de abril de 1944. O Tarcísio só fez um relançamento abrindo sua sessão de arte no Familiar, 16 de fevereiro de 1967. Portanto, 23 anos depois. Após décadas de pesquisa sobre os cinemas sinto a necessidade - enquanto houver energias - de disponibilizar dados de pesquisa que corrigem equívocos que naturalmente ocorrem nas narrativas de memorialistas. Outra informação. No meu livro "A Tela Prateada" eu tenho um capítulo sobre 3 cinemas que tiveram a denominação - Cine Familiar. - Fico ao seu dispor. Meu abraço - Ary Bezerra Leite
ResponderExcluirOi querido amigo, boa tarde!
ExcluirEntão não foi em 1968 e sim em 16 de fevereiro de 1967?
Farei a correção, obrigada!
Gostaria de saber mais sobre esses cinemas, claro! :)
Abraços
Morei na R. Agapito dos Santos, 1186 casa 20 Fortaleza - cê , hoje conhecida como rua Rúbia Sampaio,mudou muito da minha época até hoje.
ResponderExcluirSaudades
Boa noite!
ResponderExcluirMeu nome é Ricardo natural de Fortaleza/ce,nasci na rua Teresa Cristina,depois meus pais mudaram para rua Agapito dos santo,hoje rua Rúbia Sampaio onde passei minha infância,adolescência,adulto,frequentei muitas vezes a praça da igreja,como também a praia da marinha,joguei futebol com amigos da época e gostaria saber por onde anda este pessoal da minha época, Nilton,Luiz Brito,Batista,Samuel,Carrapicho,Araújo,Carlos Augusto(Carlinho),Zé Raimundo,Airton,Josué,Evaristo,Arnóbio,Ricardo Oliveira,etc
Atualmente moro em São Paulo, mais tenho saudades destes bons tempos que residi em Fortaleza.
Um abraço amigo a todos.
Ricardo Lima
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBoa noite!
ResponderExcluirMeus tios chamavam- se Raimundo o e Luzia ( in memória ) meus primos são
Regina,Marlene,Maria do Carmo,Fátima,Francisco(Chico ex. mototista de ônibus)Jairo,José,Eduardo,Roberto ( da marinha do Brasil). Meus pais chamavam-se Manoel e Nazaré irmã do Sr.Raimundo citado acima.(in memória).
Moravam aí na naturalista Feijó bairro Monte castelo Fortaleza em frente a sede do time de futebol Liberal no começo da referida rua bem perto de uma passagem(rua) bem estreita que sai na rua Joaquim Lino.
Por favor que conhece ou conheceu estas pessoas citada acima e ainda consegue ter contato, se for possível me manda notícias ou telefone fixo,Cel.para meu e-mail
ResponderExcluirrdo.lma@hotmail.com
Desde já agradeço
Boa noite, Leila. Parabéns! Gostei muito do seu blog. Tenho um sobre cinemas de rua : 'Cinefechadoparareforma', sou colecionador e fui operador cinematográfico em cinemas da Baixada Fluminense. Cinema é paixão!
ResponderExcluir