sábado, 11 de agosto de 2012

Conversando com Orson Welles


Orson Welles era um gênio. O mundo inteiro sabia disso, e ele também. E este gênio tem uma significação especial para muitos no Brasil, sobretudo por sua passagem pelo país nos anos 40.



A palavra "Gênio" não é fácil de empregar. Ela é tantas vezes utilizada que acaba perdendo o significado cabal, profundo que deveria ter. Ou então se aplica o termo de modo previsível demais. Einstein era um gênio, Bethoven era um gênio, e acaba-se ficando no campo das constatações banais. No cinema, ao falar de Orson Welles, só resta cair na banalidade também. Orson Welles era um gênio. O mundo inteiro sabia disso, e ele também. E este gênio tem uma significação especial para muitos no Brasil, sobretudo por sua passagem pelo país nos anos 40. Sua chegada foi tratada com reverência por políticos, artistas e até mesmo pelas pessoas que nada entendiam de cinema; só sabiam que se tratava de um Sr. Welles que, diziam, era dos bons. O Jornal O Povo, evidentemente, cuidou de retratar essa admiração- o quanto pôde. em 1942, quando Welles chegou a Fortaleza para filmar uma história de quatro jangadeiros, o jornal perseguiu e relatou todos os seus atos. Ali, todos sabiam reconhecer a importância daquele jovem presunçoso e...genial. Infelizmente, não houve, naquele período, uma entrevista de fato com o diretor de Cidadão Kane. Isso só veio a acontecer em fevereiro de 1972. Na verdade, com a reprodução de uma entrevista publicada numa revista norte-americana. Vale dizer que esse tipo de reprodução marcou boa parte da história do jornalismo cearense até meados dos anos 70. Não foi propriamente uma entrevista do O POVO, mas ela é válida por conter algumas das frases que virariam epígrafes famosas, e por registrar, nas páginas do jornal, as idéias de um cineasta que, na época, já havia muito esquecido por Hollywood. Mas que continuava e continua sendo lembrado pela imprensa e pelo público.
Num recente inquérito realizado entre críticos internacionais de cinema Cidadão Kane foi eleito o melhor filme realizado até hoje. Aqui para nós deve ter havido um pouco de exagero. De qualquer maneira, foi escrito, dirigido e produzido por Orson Welles que, aos 25 anos de idade, desempenhou bem o papel-título de um idoso magnata da imprensa. A entrevista que se lerá a seguir foi realizada por Kenneth Tynan e publicada na revista americana Diálogo, que é impressa no Brasil pela embaixada americana. Reputado autor teatral e conselheiro literário do Teatro Nacional da Grã-Bretanha, ele é cronista de cinema do The Observer e diretor de roteiros de um grande estúdio. A conversa delineia os principais traços de um homem legendário.
As artes cênicas contam com os serviços profissionais de Orson Welles desde de 1931, ano em que ele se apresentou no Gate Theater, em Dublin, anunciou-se como um reconhecido ator do New York Theather Guild e começou a desempenhar papéis títulos à idade de 16 anos. A margem seu capítulo no teatro e em seguida no rádio com sua famosa versão irradiada de A Guerra dos Mundos, a indústria cinematográfica foi a terceira a capitular. Nos últimos anos, Welles tem sido um elefante traquinas solto na maioria dos meios de expressão artística. Aparece em boa parte. No Marrocos, em Londres, Paris, na Espanha, na Iugoslávia ou Itália. Ganha dinheiro demais em certas ocasiões e também perde muito em outras. Uma de suas mais apresentadas entrevistas se deu no saguão de um hotel de Londres, da qual aqui vão algumas respostas.

O senhor é uma celebridade há 30 anos. Em todo esse período, qual a descrição mais exata já feita a seu respeito?

- Eu não quero que qualquer descrição de mim seja exata. Não que seja lisonjeira. Não acredito que pessoas gostem de ser descritas finalmente pelo menos, não na imprensa. Precisamos vender ingressos e por isso mesmo precisamos de boas notícias.

Na conversação particular qual foi a coisa mais agradável que ouviu dizer a seu respeito?

- (Franklin) Roosevelt dizer que eu teria sido um grande político. (Thomas) Skidmore dizer que (Charles) Chaplin e eu éramos os dois melhores seres vivos. Não quero dizer que acredito nessas coisas, o senhor usou a palavra ''agradável". O que realmente me agrada é a lisonja na periferia do meu trabalho - sobre o que não estou principal nem profissionalmente interessado. Quando um velho toureiro me diz que sou uma das poucas pessoas que entende de touros, ou quando um mágico diz que sou um bom mágico, isso me massageia o ego sem nada ter a ver com a bilheteria.


Entre todos os comentários escritos e falados, feitos a seu respeito qual o que lhe desagradou mais?

- Não me interessa o falado. Importam-se apenas o escrito. Eu preciso fazer um grande esforço para convencer-me de que algo realmente mal que leio a meu respeito não é verdadeiro. tenho um respeito primitivo pela palavra impressa quando ela se aplica a mim, especialmente se é negativa.

Chamam-lhe de gênio há bastante tempo.

- A palavra gênio foi a primeira que ouvi, quando ainda estava no berço. Assim, até chegar à meia-idade, nunca pensei que não fosse um gênio.


Numa era de especialização crescente o senhor se expressou em praticamente todos os meios artísticos. Não quis especializar-se? 


- Eu não posso imaginar-me limitando-me. É uma grande façanha o fato de vivermos numa época de especialistas e que os olhamos com respeito excessivo...Eu conheci um grande cinegrafista-Greg Toland (na foto do alto, com Welles), que fotografou Cidadão Kane. Ele me disse que podia ensinar-me a respeito da câmara em quatro horas.. e o fez. Não acho que o escadaliza seja tudo aquilo que a nossa imprensa diz que é.

Será possível hoje a alguém ser um homem de renascença...alguém igualmente à vontade nas artes e nas ciências?

- É possível e também necessário porque o grande problema que nos confronta hoje é o da síntese. precisamos reunir essas coisas dispersas e dar-lhes sentido. O pior tipo de arte é o vaguear por uma única rua. É melhor não apenas para o indivíduo, mas também para a sociedade, que cria horizontes pessoais. É preciso então que sejam tão amplos quanto possível. O que uma pessoa normalmente inteligente não pode conhecer-se estiver realmente viva e for sinceramente curiosa não vale a pena aprender. Por exemplo, além de conhecer alguma coisa a respeito do teatro elizabetano, acho que poderia também fazer uma tentativa de explicação dos princípios básicos da fissão nuclear uma tentativa bastante razoável para viver no mundo de hoje. Eu não digo: "Isto é um mistério que deve ser deixado aos cientistas." Claro que com isto não quero dizer que estou pronto para aceitar um cargo decisivo na defesa nacional.

Desde a II Guerra Mundial o senhor tem vivido e trabalhado principalmente fora dos Estados Unidos, considera-se um expatriado?

- Eu não gosto dessa palavra. Desde a infância considerei-me sempre um norte-americano que, por acaso, vive em toda parte. "Expatriado" é uma palavra superada, relacionada com determinada geração da década de 1920 e com uma atitude romântica de viver no Exterior. Tenho preconceitos mais contra a palavra do que contra o fato...Eu não sou mais bastante jovem para pegar em armas pelo meu país e, neste caso, por que não morar aqui, onde consigo a maior parte do meu trabalho? Afinal de contas, Londres está cheia de húngaros, alemães e franceses, e os Estados Unidos cheios de todo mundo...e eles não são chamados de expatriados.

O senhor não é católico, mas ainda assim resolveu morar em dois países intensamente católicos, em primeiro lugar, a Itália, e agora, a Espanha. Por quê?

- Isto nada tem a ver com religião. A cultura mediterrânea é mais generosa, menos afligida pela sensação de culpa. Eu não me sinto imensamente confortável em sociedades que existem sem alegria natural, sem certo sentido de tranquilidade na presença da morte. Não condeno o mundo muito setentrional, muito protestante, de artistas como Igmar Bergman. Simplesmente esse mundo não é o lugar onde eu vivo. A Suécia que eu gosto de visitar é bastante divertida. A Suécia de Bergman, porém, lembra-me sempre de algo que Henry James disse sobre a Noruega e Ibsen - que "tresandava a odor de parafina espiritual." O senhor não pode imaginar como simpatizo com essas palavras.

Se podesse ter escolhido um país e período para nascer, teria escolhido os Estados Unidos de 1915?

- O período não teria sido absolutamente assim tão baixo na minha lista, mas qualquer pessoa sensata teria escolhido viver na idade de ouro da Grécia, na Itália do século XV ou na Inglaterra Elizabetana. E houve também outras idades de ouro. a Pérsia teve uma e a China quatro ou cinco...

Qual a sua opinião sobre os diretores franceses da Nowelle Vague, tão admirada por estas revistas?

- Tendo uma imensa vontade de conhecer-lhes os trabalhos. Perdi a maior parte deles porque tenho receio que inibam o meu próprio trabalho. Quando faço um filme, não gosto que me lembrem de outros filmes. Gosto de pensar que invento algo pela primeira vez. Falo ao cahiers do Cinema sobre cinema em geral porque me agrada que gostem dos meus filmes. Quando pedem entrevistas demoradas e intelectualizadas, não tenho coragem de recusar. Mas é um mero ato. Eu sou um embusteiro. Chego a falar da "arte do cinema". Eu sou um falsário. Cabe portanto a mim o direito de falar nisso. Em arte somos sempre os falsários de alguém. A única obra verdadeira é a catedral de Chartres, pois foi construída por operários anônimos.

O que pensa dos filmes de Antonioni?

- Segundo um jovem crítico norte-americano, uma das maiores descobertas de nossa época é o valor do tédio como tema artístico. Se assim for, Antonioni merece ser considerado um pioneiro e um patriarca. Os seus filmes constituem fundo perfeito para manequins. Talvez não fundos tão bons assim na Vogue, mas devia haver. A revista devia contratar Antonioni para desenhá-los.

O que diz de Fellini?

- Ele tem tanto talento como quem quer que hoje faça filmes. A sua limitação o que constitui também a origem de seu encanto é que ele é fundamentalmente provinciano. Seus filmes constituem o sonho de cidade grande do rapaz de cidade pequena. A sua sofisticação funciona porque é criação de alguém que não possui. Mas ele revela perigosos sinais de ser um artista superlativo com muito pouca coisa a dizer.

Ingmar Bergam?

- Conforme sugeri há pouco, não compartilho nem de seus interesses nem de suas obsessões. Ele me é muito mais estranho do que os japoneses.

O que diria dos diretores norte-americanos modernos?

- Stanley Kubrick e Richard Lester são os únicos que me tocam...excetuando os velhos mestres. Quando falo em velhos mestres tenho em mente John Ford, John Ford e John Ford... Não considero Alfred Hitchcock um diretor americano, embora ele tenha trabalhado em Hollywood todos estes anos. Ele me parece tremendamente inglês, na melhor tradição de Edgar Wallace, e nada mais. Há sempre algo de anedótico no seu trabalho. Os seus artifícios continuam a ser artifícios por mais maravilhosamente concebidos e executados que sejam...com Ford nos seus melhores trabalhos, sentes-se que o mundo vive e respira num mundo real.

É possível aprender a dirigir filmes?

- Oh, vários trabalhos técnicos podem ser ensinados, da mesma forma forma que se pode ensinar os rudimentos da gramática e da retórica. Mas não se pode ensinar a escrever, e dirigir um filme é muito parecido com escrever, exceto o ato de envolver 300 pessoas e muito mais ofícios. O diretor é obrigado a agir como um comandante no campo, no momento da batalha. Precisa-se da mesma capacidade de inspirar, apavorar, encorajar, reforçar e, de modo geral, dominar. Assim, trata-se parcialmente de uma questão de personalidade, que não se pode adquirir tão facilmente como quem aprende um ofício.

O senhor acha que a produção de filmes deve ser auxiliada pro verbas oficiais, como acontece em muitos países europeus?


- Se é verdade eu acredito que é que o teatro, a ópera e a música devem ser subvencionados pelo Estado, então é igualmente verdadeiro no caso do cinema, apenas mais verdadeiro. Socialmente, os filmes são mais poderosos e têm muito mais a ver com este momento especial da história mundial. As maiores verbas devem ser dadas ao cinema. O cinema precisa mais e tem mais a dizer.

Qual será o progresso seguinte no cinema?

- Espero que progrida, só isso. Não houve qualquer grande revolução no cinema em mais de vinte anos e, sem uma revolução, a estagnação se firma e a decadência aparece ali na esquina. Nutro a esperança de que surja um tipo inteiramente novo de realização cinematográfica. Mas antes que isso aconteça, terá de ser criada uma forma de baratear os filmes e exibi-los a preços mais baixos. De outro modo, a grande revolução não concorrerá e o artista do cinema jamais será livre...

Qual a sua política, e ela mudou nos últimos anos?


- A política de todo o mundo mudou nos últimos 25 anos. Ninguém pode ter uma opinião no vácuo. Ela tem de ser uma reação a uma situação. Eu sempre fui um radical independente, embora com fortes tonalidades de saudosismo educacional e cultural. Sinto um respeito enorme por numerosas instituições humanas que estão hoje em séria decadência e que provavelmente jamais ressuscitarão. Embora eu seja o que se denomina de progressista, não ocorre isto em virtude de antipatia para com o passado. Eu não rejeito os nossos ontens. Desejaria que partes de nosso passado estivessem mais vivas. Se eu sou capaz de originalidade, isto não ocorre porque eu queria derrubar ídolos ou pôr-me a frente dos tempos. Se há algo rígido em mim, é a antipatia por estar em voga. eu preferia ser considerado ultrapassado a "ter aquilo".

Qual seu maior vício?

- Accidia, a palavra latina medieval para melancolia, e indolência. Não me entrego a elas durante muito tempo, mas elas ainda me espreitam nas trevas. Sou culpado da maioria dos pecados comuns de inveja, talvez menos do que dos demais. E de orgulho. Não tenho certeza de que seja um pecado. Trata-se do único detalhe em que discordo da lista cristã. Se é uma virtude, não há reconheço muito em mim. O mesmo se for vício.

Se a decisão fosse sua, o senhor censuraria alguma coisa no cinema?

- Sou tão contrário à censura que tenho de responder não... Coisa alguma. mas se não houvesse censura, eu tenho uma pequena lista de coisas que preferiria que não fossem exibidas. pelo menos não com muita frequência. O tempero forte não é bom para o paladar.

O senhor acredita em Deus?

- Os meus sentimentos a esse respeito formam um diálogo íntimo constante que não esclareci o suficiente para ter a certeza de que tenho algo a comunicar as pessoas que não conheço. Não sou um crente, mas sou certamente religioso...O fato grande e irresistível a respeito da idéia cristã-judaica é que o homem - não importa a sua ancestralidade, não importa a proximidade em que esteja de qualquer símio assassino-é realmente ímpar. se somos capazes de amar uns aos outros altruisticamente. somos absolutamente excepcionais como espécie neste planeta. Não há outro animal que nem de longe nos lembre. A noção da divindade de Cristo é uma maneira de dizer isso. Esse é o motivo porque o muito é autêntico. No sentido trágico mais alto, dramatiza a idéia de que o homem é divino.




O POVO e a chegada do cineasta a Fortaleza

Orson Welles chegou ao Brasil em fevereiro de 1942. em breve viria a Fortaleza para realizar uma das partes de It's All True, dedicada à saga dos jangadeiros cearenses. Desde o dia 5 de março, O POVO anunciava a chegada para breve do diretor. Os epítetos então lançados à celebridade giravam em torno de "o boy genial da capital do cinema". quando chegou, enfim, Welles seria ao mesmo tempo, visto como o "Napoleão do cinema" e como "um rapaz modesto e simples", imagem bem condizente com sua oficiosa posição de embaixador da política da boa vizinhança entre Brasil e EUA. Welles foi recebido festivamente no Aeródromo do Alto da Balança. Havia, no local, mais de cem jangadeiros em trajes típicos. A reportagem do O POVO, na edição do dia seguinte, registrou detalhadamente as atividades de Welles naquele domingo. Do Alto da Balança, Welles foi levado em animado e "extenso cortejo de automóveis" ao tradicional Excelsior Hotel, no Centro. De lá partiria logo mais para o Jangada Clube, na Praia de Iracema. Estava tão disposto, que às 17 horas, topou manobrar o leme da "Urano", do mestre Jerônimo, numa corrida de jangadas. Na areia, uma multidão calculada em milhares de pessoas, principalmente elementos do "segundo sexo". Welles veio à terra firme "molhado como um pinto", segundo a descrição do empolgado e anônimo repórter. It's All True acabou perdido e só foi encontrado e recuperado em 1992. O filme acabou montado, mesmo sem as cenas finais.

Gênio precoce

Orson Welles nasceu em 1915, ganhou fama mundial no início dos anos 40 e faleceu em 1985, ainda sob a sina. Sobretudo nos EUA, de que era um artista fracassado. Isto porque nenhum de seus filmes pós-Cidadão Kane representou um sucesso comercial. sem falar na sua notória e complicada relação com os estúdios de  .

Trenzinho de brinquedo

Sua relação com a indústria cinematográfica nunca foi pacífica. Os antigos habitantes da "cidade das redes" nunca o engoliram como um igual. Viam-no como um menino mimado, egocêntrico e pretensioso que não deixava de ser verdade. Depois de seu primeiro passeio por um estúdio, o diretor declarou: "É o melhor trenzinho de brinquedo que uma criança poderia querer ganhar."

Nem tudo é verdade

Welles veio ao Brasil para realizar Quatro Homens e Uma Jangada e um documentário contando a história do samba. A idéia era mostrar a vida dos jangadeiros que viajaram de Fortaleza ao Rio de de Janeiro para pedir ao presidente Getúlio Vargas que os reconhecesse como trabalhadores. As intenções do governo americano eram as melhores possíveis, mas para a ditadura de Vargas isto significava sujar a imagem do País, traindo o espírito ufanista da época. a explicação oficial para o projeto degringolar, porém, foi que o diretor teria gasto todo o dinheiro em bebida e mulheres.

Embaixador da boa vizinhança

A passagem de Orson Welles pelo Brasil, no anos 40, foi marcante. Ele acabara de filmar Soberba, o esperado segundo filme após Cidadão Kane. A autonomia do cineasta não agradou à RKO Pictures e mandá-lo ao Brasil foi uma forma de afastá-lo da montagem de Soberba mas, supostamente, encher a bola do diretor. Afinal, ele vinha como embaixador informal da política da boa vizinhança entre EUA e Brasil, em plena guerra mundial.

Guaraná no café Globo


O poeta e jornalista Antônio Girão Barroso, em entrevista de 1988, ao O POVO, repassou impressões em torno da passagem de Orson Welles por Fortaleza. "Em 1942, no ao ano em que foi realizado aqui o 1º Congresso de Poesia de Ceará, a gente se reunia, eu e a turma do (Grupo) Clã, no Café Globo, à noite, para tornar um cafezinho e bater um papo. E, em mais de uma oportunidade, nós vimos por lá o Orson Welles. Enquanto a gente tomava café, ele ficou tomando guaraná sozinho. Como eu não sabia inglês, e ele, português, não poderia haver comunicação."

Cidadão Kane ainda hoje surge em primeiro lugar nas listas feitas sobre os melhores filmes de todos os tempos. E provavelmente continuará surgindo. O filme é inspirado na vida do empresário William Randolph Hearst, que chegou a processar Welles. Nele, dono de um império jornalístico murmura a palavra "rosebud" antes de morrer solitário em sua mansão. Repórter entrevista, então, seus amigos, para tentar descobrir o significado da palavra.
Antes de chegar ao cinema, Welles teve passagem pelo rádio, que revolucionou através do emprego de novas técnicas. A naturalidade e o realismo de sua atuação chegaram a causar pânico entre os norte-americanos, em 1938, ao encenar uma versão de A Guerra dos Mundos, de H.G. Welles, dando a impressão de que a Terra estava sendo invadida pro marcianos.
Perguntaram, uma vez, a Welles qual dos seus discípulos ele mais admirava, Stanley Kubrick foi sua resposta. "Sem Welles, não teria havido Kubrick", escreveu um crítico francês, ao saudar o primeiro longa-metragem do cineasta, diretor de Laranja Mecânica, 2001, Uma Odisséia no Espaço e o recente De Olhos Bem Fechados. Kubrick faleceu ano passado.


Crédito: Jornal O Povo

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Vi sua postagem, muito boa, José Afonso, parabéns e agradeço os créditos!

      Forte abraço

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