segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Tragédia na inauguração da Av. Leste-Oeste


Primeiro trecho asfaltado da Avenida Leste-Oeste em 1973 
Arquivo O Povo

Em 20 de outubro de 1973, com a presença do Ministro do Interior, Costa Cavalcante, são inauguradas várias obras, entre elas, a primeira etapa da Avenida Marechal Castelo Branco (Avenida Leste-Oeste).
Durante as comemorações aviões faziam evoluções, quando um deles se desgoverna e se projeta sobre três casas na Rua Gomes Parente, no Pirambu, matando mais de uma dezena de pessoas e deixando dezenas de feridos.
O Xavante era pilotado pelo tenente aviador Pedro Rangel Molinos, que era gaúcho.

"O bairro onde nasci e me criei, em Fortaleza, tem a curiosa peculiaridade de várias de suas ruas serem identificadas por dois nomes, um oficial e outro atribuído pela população local.

A rua Pedro Artur, mais conhecida como Rua Sete de Setembro  
Imagem Google Street View

Por exemplo, a minha casa ficava em uma rua chamada oficialmente de Pedro Artur, que era – e ainda é – conhecida como Rua Sete de Setembro. O nome da rua dos fundos da casa é Monsenhor Rosa, mas todos a chamam de Rua Mossoró. Basta caminhar até a esquina para chegar à Dom Hélio Campos, apelidada de Rua da Felicidade.

Pode ser estranho, mas é um traço cultural tão forte do lugar, que o próprio bairro chama-se oficialmente Nossa Senhora das Graças, mas qualquer fortalezense que passa por ali sabe que está atravessando o Pirambu.

 1937. Estamos no Arraial Moura Brasil, na parte de baixo, atual Avenida Presidente Castello Branco (Leste-Oeste). Vemos a Comunidade de Santa Teresinha em torno de sua capelinha, que foi a única a resistir quando a avenida foi rasgada.
Em 1936-37, o Arraial Moura Brasil foi urbanizado. Acervo Lucas.
No começo dos anos 1970, a minha rua era uma das mais importantes do bairro, porque era a via por onde circulavam os ônibus que faziam a linha para o centro da cidade. Foi assim até 1973, quando foi aberta a Avenida Presidente Castelo Branco, apelidada imediatamente de Leste-Oeste, porque segue paralela à margem do Oceano Atlântico, ligando o Mucuripe (Leste) à Barra do Ceará (Oeste).

 O bairro Arraial Moura Brasil muito antes da construção da Avenida Leste-Oeste

Para os meninos da minha idade, foi uma ótima mudança, já que, sem os ônibus circulando, ficou mais seguro brincar na rua, mas a melhor parte aconteceu mesmo antes da inauguração da avenida, no período de sua construção.

Primeiro foi brincar nos escombros das casas desapropriadas, que as pessoas foram abandonando, levando portas, janelas, telhas e outros de seus pedaços, para aproveitar na construção da nova moradia. O cenário de destruição era perfeito para brincar de guerra e esconde-esconde, numa época em que as crianças podiam usar armas de brinquedo, e os pais não morriam de medo quando passavam horas sem saber onde os filhos estavam.

Foto publicada no Jornal O POVO, em 05/10/1974. Importante via de ligação entre o Porto do Mucuripe e a Barra do Ceará - a Avenida Presidente Castelo Branco - foi entregue ao público, como uma das maiores obras da administração do prefeito Vicente Cavalcante Fialho.

Depois, veio o tempo de assistir ao espetáculo das máquinas trabalhando. Ficávamos maravilhados com a força dos tratores de esteira, derrubando as últimas paredes que restavam das casas, revirando tudo e fazendo grandes montanhas de entulho. Sim, montanhas, porque, para um menino de sete anos, eram enormes aqueles montes de terra e, quando os tratores paravam, sempre achávamos um jeito de brincar neles. Depois vinham as pás mecânicas e punham toda aquela terra em caminhões que a levavam não se sabia para onde.

Máquinas de terraplanagem, de compactação, de colocação do asfalto, conhecíamos cada uma delas, certamente que por nomes diferentes desses que uso hoje.

Inauguração da 1ª etapa da avenida em 1973 - Arquivo Nirez

Até que chegou o dia da inauguração, acredito que em outubro de 1973. Meu pai estava trabalhando, mas eu e meu irmão fomos com minha mãe ver a festa. Havia muita gente, carros, banda de música, caminhões de bombeiros e militares com fardas de todos os tipos.

 A grande festa de inauguração - Arquivo Nirez

Eu nunca tinha visto nada parecido. De repente, ouvimos um barulho estranho, vindo do céu, e quatro aviões Xavante passaram sobre nossas cabeças. Voavam baixo, fazendo o que depois me diriam que era um voo rasante. Seguiram assim por mais alguns instantes e, de repente, subiram, quase na vertical, diante dos nossos olhos atentos e atônitos.
Mas, no meio da subida, um dos aviões passou a se comportar de modo estranho. Não acompanhava mais os outros, girava, rodopiava… Apontou o bico para baixo e sumiu por trás das casas. Uma imensa coluna de fumaça negra ergueu-se no ar.

Foto da inauguração da Avenida Presidente Castelo Branco, publicada no Jornal O POVO, em 07/10/1974. Milhares de estudantes de vários colégios de Fortaleza ficaram colocados ao longo da avenida, formando ala dupla para a passagem das autoridades que chegaram ao lado do Forte Nossa Senhora da Assunção.

Foi como se, por alguns segundos, tudo houvesse ficado em silêncio. Como se o tempo houvesse parado um pouco para que as pessoas pudessem entender o que estava acontecendo. Acho que eu nem respirava.

- Caiu! – gritou alguém.

Foto do Xavante que caiu sobre as casas no Pirambu - Arquivo O Povo

E o tempo voltou a funcionar. Houve gritos e correria. Verdadeiro pânico tomou conta da multidão. Lembro bem de um caminhão de bombeiros saindo, com a sirene ligada, um de seus soldados correndo e se pendurando nele.

Um modelo Xavante está exposto na Base Aérea. A aeronave marcou a história da aviação de caça brasileira - Arquivo Diário do Nordeste

Olhei de novo para a coluna de fumaça. Mesmo tendo apenas sete anos eu podia perceber que sua base ficava bem na direção da nossa rua. Acho que minha mãe também percebeu isso, porque não queria nos levar para casa. Entramos apressados em um táxi que não sei de onde surgiu e fomos para a casa de uma amiga da família, um pouco distante da nossa.

Dona Geralda prometeu cuidar de nós enquanto minha mãe ia ver como as coisas estavam. Ficamos ali o dia inteiro, esperando notícias. Se fosse hoje teríamos procurado alguma coisa na TV ou na Internet, mas, naquele tempo, tivemos que aguardar até nossa mãe chegar, já no final da tarde, e nos levar para casa. Nosso pai já nos esperava lá.

Sim, a nossa casa continuava de pé. O avião caíra a uma quadra e meia dela, uns duzentos e cinquenta metros ao leste, segundo posso ver hoje nos mapas do Google.


Fomos dormir tarde da noite, depois de ouvir as muitas histórias que foram sendo contadas por vizinhos que a toda hora apareciam para conversar com meu pai.
No dia seguinte, de manhã bem cedo, eu e meu irmão fomos com meu pai ver o local do acidente. A cratera era imensa. Não sei quantas casas foram destruídas. Lembro que saía fumaça de alguns pontos do chão. Em um dado momento, soltei a mão de meu pai e me aproximei de algo parecido com uma pedra:

- Papai, tem uma coisa aqui! Tá meio enterrado, mas…

Meu pai revirou a terra com um pedaço de madeira e pudemos ver que era o pé de uma das vítimas. Um pé grande, de homem adulto, com um pouco de pele da perna todo encolhido, parecendo carvão. Fiquei olhando para aquele pé, até que um homem fardado aproximou-se e o recolheu.

Minutos depois voltávamos para casa, conversando sobre o que vimos ali. Alguns dias mais tarde, fiquei sabendo que treze pessoas haviam morrido no local, incluindo o piloto do avião.

Rua Gomes Parente, lugar da queda do avião 
Imagem Google Street View

A rua onde o acidente aconteceu chama-se Gomes Parente, e naquele tempo não tinha um segundo nome. Não tinha, porque desde então passou a ser conhecida como Rua do Avião."

Marcos Mairton

A Leste-Oeste nos anos 70

Uma segunda visão do ocorrido:

"No ano de 1973 eu tinha 16 anos e estudava no Colégio Estadual Liceu do Ceará cursando a 7ª Série. Durante a semana que antecedeu o dia da inauguração da Av. Leste Oeste fomos informados que o Liceu iria desfilar, usando o mesmo fardamento do desfile que acontecera no dia 7 de Setembro.
Na manhã daquele Sábado acordei cedo, vesti minha farda engomada no grude, no capricho, amarrei uma fitinha verde e amarela no punho e me mandei para o local da solenidade. Desci do ônibus na Praça do Liceu e fui a pé para a Marinha, misturado com outros alunos que também haviam sido convocados.
O Liceu foi um dos últimos a desfilar. Já passava do meio dia quando nos dispersamos. Alguns alunos foram para suas casas e outros, como eu, ficaram observando o final da solenidade. Os caças Xavantes já haviam dado alguns voos rasantes, mas neste último, eles surgiram em número de três, sobrevoando a Marinha no sentido sertão mar. Ao passarem sobre o palanque das autoridades armado junto ao muro da Marinha, eles empinaram e subiram quase na vertical. Lá no alto um deles começou a expelir uma fumaça negra e por uma fração de segundos ele fez uma pirueta no ar, como se tivesse desgovernado, lembrando uma folha seca ao sabor do vento. Em seguida empinou o bico para baixo e descreveu uma diagonal caindo inapelavelmente no solo, sobre umas residências. A queda foi tão rápida que o piloto não teve nem tempo de ejetar o assento e acionar o paraquedas. Os outros dois Caças interromperam as manobras e voltaram à Base. 
O Avião caiu, ouviu-se o grito da multidão que corria desesperada na direção da coluna de fumaça negra que se erguia do local onde o avião caíra. E eu correndo junto da multidão, pulando cercas, pulando arbustos, me esquivando dos pés de mata-pasto, dos pés de salsa, vencendo a areia fofa típica de região praiana. Lembro ter passado junto a um muro de uma fábrica, creio que era os fundos da antiga Cibresme e corri mais um pouco até chegar numa rua estreita. De onde eu estava dava para ver e escutar o crepitar das chamas consumindo o que restou do avião, a parte traseira de uma casa e um pé de castanhola. Considerando a multidão que acorrera ao local do sinistro, creio que eu fui um dos primeiros a chegar. As pessoas contemplavam a cena caótica e se entreolhavam como se tivessem procurando uma explicação para aquele desastre.
De repente eu vi uma cena que me deixou estupefato, lívido, sem ar nos pulmões. Era como se eu tivesse levado um potente soco na boca do estômago. A boca ficou seca, um gosto amargo de fel na boca. Eu só pensava em sair daquele local o mais rápido possível. A minha curiosidade se escafedeu como que por encanto e fui forçando a passagem entre as pessoas, que assim como eu também ficaram chocadas com a imagem, como se não acreditassem no que estavam vendo. Às duras penas consegui sair dali e chegar numa rua que ia dar na Av. Francisco Sá, na altura da passagem de nível que fica próximo da Brasil Oiticica. Apanhei o ônibus e fui pra casa tentando esquecer o que tinha visto. Mas nós não dominamos nossos pensamentos. Por mais que tentasse, a cena aparecia viva na minha frente. Naquele dia não almocei e passei uma semana sorumbático, triste. O assunto da queda do avião dominou a cidade por vários dias. 
A cena que me deixou chocado foi ver uma garota totalmente despida, pelo tamanho dos seios, do tamanho de limões, e pela rala penugem que cobria a vulva, ela deveria ter no máximo uns doze anos. A pele toda se soltando, como se fosse papel se descolando em tiras. Por baixo da pele era uma cor branca como se ela não tivesse sangue. Os cabelos na altura dos ombros se encontravam úmidos, como se tivessem sido molhados com uma espécie de gosma, não eram soltos, eram grudentos. Os olhos esbugalhados em tempo de sair pelas órbitas fitando as pessoas, suplicando ajuda, porém sem gemido, sem dizer uma palavra, trespassada de dor, sem entender o que houvera acontecido. Não sei se ela se encontrava no banho, no momento que o mundo desabou sobre a casa dela, ou se ela livrou-se das vestes ao ser encharcada com a gasolina altamente volátil do avião e pegado fogo.
Uma Senhora se aproximou da garota trazendo uma toalha branca umedecida e a cobriu. Alguém solicitou ajuda para leva-la ao hospital e prontamente um Senhor se apresentou se oferecendo para transportá-la. Embarcaram numa C-10 branca e foi à última vez que vi aquela garota. Não sei se ela sobreviveu. Passado tanto tempo, 45 anos depois daquela fatídica manhã eu ainda lembro com uma impressionante riqueza de detalhes."

Santos Souza

Alguns Acidentes

junho de 1967 o jato da FAB explode na Usina Evereste. Dez pessoas morreram e 22 ficaram feridas.
1967 avião cai em Messejana. Morreram o ex-presidente Castelo Branco, seu irmão, Cândido Castelo Branco, e três outras pessoas.*
1967 Um caça não municiado (TF-33) da Força Aérea Brasileira sob comando do 1º Tenente Renato Ayres, chocou-se com violência contra os verdes-mares do Mucuripe. O impacto causou uma explosão imediata chocando a população que assistia perplexa.**
1973 um Xavante cai no Pirambu, matando 13 pessoas.
1981 Caça cai no mar, matando piloto.
1981 Xavante cai na Barra do Ceará.
1982 Boeing 727 "Super 200" da Vasp choca-se com a Serra de Aratanha, matando 135 pessoas.
1987 Xavante decola e cai em seguida, na área militar do Aeroporto Pinto Martins.
1989 Bimotor cai na Lagoa da Parangaba.
2007 Em abril, o Boeing 737-300 da Gol fez um pouso forçado, derrapando 15 metros e saindo da pista, depois atolando na lama. 

Diário do Nordeste


*Notícia de 18 de julho de 1967: "Ontem, no Ceará, uma colisão aérea vitimou o ex-presidente Castelo Branco, que havia deixado a Presidência da República há quatro meses.
O avião em que ele estava, com mais seis pessoas, foi atingido na cauda por um caça militar e caiu em "parafuso". Sem grandes problemas, o jato da aeronáutica conseguiu pousar na sua base. Quanto ao bimotor abalroado o resultado foi trágico: com excessão do co-piloto, salvo milagrosamente, todos os demais morreram no choque da pequena aeronave com o solo." Escapou o co-piloto Emílio Celso. Morreram, o Comandante Celso Tinoco Chagas,  a escritora Alba Frota, o Marechal Castello Branco, seu irmão Cândido Castello Branco e o Major Assis.  Circularam rumores de que o avião do ex-presidente teria invadido a zona destinada ao avião da FAB.

**O dia era 22 de outubro de 1967 e milhares de pessoas lotavam a faixa de areia do Iate Clube até a Praia de Iracema para assistir ao show aéreo prometido para aquele dia como parte das comemorações da semana da asa. Dez aeronaves participavam do evento e até um alvo incendiário foi montado dentro da Enseada do Mucuripe para demonstrações de tiro.





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Créditos: Diário do Nordeste, Jornal da Besta Fubana e 

Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo

45 comentários:

  1. Respostas
    1. Eu tbm até bem pouco tempo, não sabia! rs

      Obrigada pelo comentário, Unknown :)

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    2. sou irmao de uma das vitimas naci algum tempo depois meu pai foi sobrevivente poi estava no mar sua esposa tambem foi vitima e sobrevivel mais tres irmaos

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  2. Oi, Leila.
    Fico feliz por poder contribuir para o seu blog com minhas memórias.
    As fotos que você acrescentou enriqueceram o texto. Gostei!

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    1. Nossa, seu texto é maravilhoso e bem detalhista, Marcos, eu li e era como se estivesse presente no dia, ali, ao lado de vcs, incrível!!! Parabéns!

      Eu que agradeço, seu texto enriqueceu o blog!

      Forte abraço

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    2. Impressionante este depoimento. Moro nessa região e vê os nomes populares da ruas citados foi muito legal. Sempre procurei algo sobre este acidente que escuto falar desde criança. Matéria fantástica, Leila, parabéns. Obrigada Mairton por esclarecer tão bem fatos ocorridos no bairro que não encontramos na mídia.

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  3. Excelente blog. Estou sempre a deliciar-me com as postagens vindas do Fortaleza Nobre para o Facebook. Sempre as compartilho, com muita aceitação.

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    1. Ai que bom, amigo, fico feliz! :)

      Muito obrigada pelas gentis palavras e por compartilhar o conteúdo da Fan Page do blog com os amigos.

      Forte e caloroso abraço

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    2. Só errou o lugar que o avião caiu na foto. Ele caiu do lado oposto. Do outro lado onde hoje é o depósito da pague menos. A foto mostrada fica na gomes parente conhecida como Boa vista ( não sei pq ). Ms mesmo assim. Rico em detalhes. Parabéns!

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    3. Laninha, no relato do Marcos Mairton, ele conta que o avião caiu na rua Gomes Parente, por isso a foto.

      Agradeço o comentário :)

      Abraços

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    4. Muito interessante e esclarecedor. Gostaria de contribuir com o nome do bairro onde o avião caiu: Montese e não Messejana.

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  4. Excelente blog. Delicio-me com as postagens para o Facebook e sempre as compartilho, com muito sucesso entre os (as) amigos (as).

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  5. Em 1973 eu tinha 16 anos e estudava no Colégio Estadual Liceu do Ceará.
    Naquela fatídica manhã fomos convocados para prestigiar a inauguração da Av. Leste Oeste, onde haveria desfile de estudantes e de militares na presença de várias autoridades.
    O Liceu era muito respeitado naquela época e compareceu com um grande número de alunos usando fardas de gala confeccionadas especialmente para o desfile de 7 de Setembro.
    A cerimônia seguia seu curso normal tendo o palanque das autoridades sido montado ao lado do muro da Marinha.
    Creio que se aproximava das 12 horas e o Liceu já havia desfilado, tendo os alunos se dispersados para acompanharem o final da solenidade.
    Os caças faziam vôos rasantes e subiam quase na vertical.
    Numa dessas subidas um dos caças começou a expelir uma fumaça negra e lá no alto perdeu o controle.
    Por alguns instantes girou no ar como uma folha sêca para em seguida embicar no rumo do solo e cair inapelavelmente.
    O piloto não teve tempo nem de tentar cair no oceano, tamanho o descontrole da aeronave.
    A primeira impressão que tive é que o avião havia caído há poucos metros de onde se encontrava a multidão e corri na direção da coluna de fumaça, que subia do local do sinistro.
    Ledo engano.
    Corri por vários quarteirões driblando matos e areia fôfa seguindo a multidão de curiosos que teve a mesma idéia que eu.
    Lembro de ter contornado o muro da Cibresme pelos fundos e entrado numa rua estreita.
    O crepitar das chamas consumindo o avião e as casas já dava para escutar e de repente parei estupefato.
    A cena que ví, ainda hoje, 39 anos depois continua nítida na minha memória.
    Essa cena foi responsável por freiar minha curiosidade e a partir daquela visão procurei sair imediatamente daquele local de desolação em busca da Av. Francisco Sá, onde apanharia o ônibus para minha residência.
    Naquele dia não almocei e passei uma semana sorumbático, tentando esquecer aquela cena.
    Passados tantos anos, quando leio algo à respeito daquele acidente lembro com uma incrível riqueza de detalhes de tudo que ví.
    A cena que nunca esquecí foi ver uma jovem, totalmente despida, deveria ter uns 12 anos considerando o tamanho dos pequenos seios, com a pele toda se soltando como se tivesse se descolando, sendo amparada por dois populares que a resgataram das chamas.
    Do meu lado surgiu uma senhora com uma toalha de banho branca e a cobriu.
    Em seguida alguém se ofereceu para levá-la ao hospital e ela embarcou numa camionete C-10.

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    1. Nossa, fiquei arrepiada com a sua descrição e riqueza de detalhes, FME. Que coisa horrível, deve ter sido muito difícil presenciar tudo aquilo, aquele desespero...Só de ler, já fico agoniada.:(
      Uma cena dessa, nunca será esquecida e como vc bem falou, mesmo depois de 39 anos, ela continua nítida na sua memória.
      Agora eu fiquei curiosa sobre o paradeiro da jovem, vc soube (eu acredito q não) o q aconteceu depois, se ela sobreviveu?!?!?

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    2. Impressionante o relato.
      Tenho certeza que muita gente tem histórias assim para contar. Histórias que estão perdidas no tempo.
      Gostaria de replicar esse comentário no blog onde publiquei originalmente o texto.

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    3. Ela (criança) infelizmente não sobreviveu, foi a primeira vítima.

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  6. Cara Leila Nobre parabens pelo maravilhoso blog.Só gostaria de deixar uma retificação:o Boeing que caiu na Aratanha era um 727-super 200.

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    1. Obrigada Ricardo, já fiz a correção! :)

      Agradeço tbm as gentis palavras!

      Forte abraço

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  7. na época, estava na esquina da rua rio negro com a sta rosa e ví o momento exato da queda; moro atualmente em Santos e até hoje sonho com aquele dia; a rua ficou conhecida como Rua do Avião.-

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  8. Aqui voltamos ao passado e participamos dele como se fosse hoje e dá vontade que o futuro não destrua nossa história expressa no patrimônio físico. Mil parabéns aos que cuidam da página deste blog.

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  9. Corrigindo todo mundo. A queda do avião da Everest pode até ter sido em 1967 mas eu tenho a impressão que não. Em 1967 tivemos a queda do avião de treinamento da FAB no dia 22/06/1967 no Montese em cima de três casas e próximo aonde funcionou a fábrica de Café Guimarães bem pertinho da minha casa. No dia 18/07/1967 houve o choque dos aviões no ar em Mondubim onde morreu o Ex-Presidente Castelo Branco. No dia 22/10/1967 defronte a Praia do Náutico o avião da FAB pilotado pelo 1º Ten/Av Renato Ayres Azzuarga bateu com a esquerda nas ondas e afundou em seguida. Eu estava lá de corpo presente assistindo o que seria uma demonstração pelo o dia do aviador que seria comemorado no dia seguinte. Espero ter contribuido para seu blog.
    Corrigindo todo mundo. A queda do avião da Everest pode até ter sido em 1967 mas eu tenho a impressão que não. Em 1967 tivemos a queda do avião de treinamento da FAB no dia 22/06/1967 no Montese em cima de três casas e próximo aonde funcionou a fábrica de Café Guimarães bem pertinho da minha casa. No dia 18/07/1967 houve o choque dos aviões no ar em Mondubim onde morreu o Ex-Presidente Castelo Branco. No dia 22/10/1967 defronte a Praia do Náutico o avião da FAB pilotado pelo 1º Ten/Av Renato Ayres Azzuarga bateu com a esquerda nas ondas e afundou em seguida. Eu estava lá de corpo presente assistindo o que seria uma demonstração pelo o dia do aviador que seria comemorado no dia seguinte. Espero ter contribuido para seu blog.
    Nazareno Lemos.
    nazareno.lemos@bol.com.br

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    1. Meu amigo bom dia.lendo esses acontecimentos me faz voltar ao passado:eu tinha uns sete anos quando aconteceu esse acidente do avião da fábrica de café Guimarães você tem razão atualmente moro em Niterói;mais lembro até hoje

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  10. Olá, adorei a postagem!
    Você sabe algo sobre um avião que caiu na lagoa do Campus do Pici, provavelmente na década de 60?

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  11. Adorei muito legal saber um pouco da história do nosso bairro.não sabia direito o motivo da Gomes parentes ser chamada rua do avião agora já sei.você escreveu tão bem que parecia que eu estava lá muito legal parabens

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  12. Amei saber sobre esse acontecimento. Moro na avenida presidente castelo branco e gostei bastante de saber sobre isso. ♡

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  13. De 1963 a 1966 morei na vila Santo Antonio, era um pirralho que cruzava o Pirambu pra escorregar nas areias dos morros do Pirambu com outros muitos colegas. Sentados em tabuas, deslizava morro abaixo em grande velocidade. Alguém lembra ou participou daquela saudosa brincadeira ?

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  14. Eu tinha 13 anos quando a gente tava jogando de dominó em frente a minha casa e a gente viu aquela quentura né no corpo o que acontecia quando a gente olha para cima e vê que vinha bola de fogo e os pedaços de asa de avião caiu
    Um dos pedaços da asa do avião é partiu a bananeira da minha casa no meio né e Aliens morava ali encostados Everest é na Vila da Fábrica Santa Cecília e já viu já viu as pessoas trabalhavam na base a Sirene apitando e não antes que nós saímos das casas que a Caldeira da fábrica Everest a explodir Quando Q esquecemos e quando eu estou esquecendo esquecendo a minha mãe esqueceu né Nós esquecemos a minha irmã Terezinha net só tinha 9 meses de nascida E voltei para pegar ela vamos todos aí nós aí nós vamos para o Colégio Sucupirap vendo vendo e foi assim muito triste foi assim é uma parte da minha vida que jamais esquecerei etamina minha minha memória estou assim relatando porque isso fez parte da minha infância nela estão marcados nessa tragédia foi uma das tardes que nunca esquecerei meu nome é Maria Helana tenho 65 anos e presenciei isso

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  15. Meu pai falou que tava nesse dia da inauguração, ele lembra do avião caindo e esse avião caiu 3 casas depois da minha tia

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  16. Nossa!Que maravilha ler sobre esses acontecimentos da minha cidade.Parece que vivemos novamente os fatos.Parabéns Leila.

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  17. Já ouvi falar várias festas histórias, por parentes e pessoas mais velhas, quando eu era criança. Apressar de nascido em 74, soube de tais fatos, através dos mais velhos, no tempo que as pessoas ainda conversavam e as crianças ouviam essas histórias.
    Parabéns a todos os colaboradores da página e principalmente a você Leila, por permitir que os fortalezenses compartilhem suas memórias. Isso é que faz um povo e uma cidade ter alma e ter vida, tendo sim um passado rico, histórico e conhecido de todos.

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  18. Boa tarde. O meu padrinho, Oficial da Marinha do Brasil, servia na Escola de Aprendizes de Marinheiros de Fortaleza e estava no palanque de autoridades na hora da queda do Xavante e assistiu tudo. No seu carro oficial, um Aero Willys preto foram levadas diversas vítimas para o hospital. O motorista era o Cabo da Marinha, com o nome de guerra De Vita!

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  19. Boa tarde. O meu padrinho, Oficial da Marinha do Brasil, servia na Escola de Aprendizes de Marinheiros de Fortaleza e estava no palanque de autoridades na hora da queda do Xavante e assistiu tudo. No seu carro oficial, um Aero Willys preto foram levadas diversas vítimas para o hospital. O motorista era o Cabo da Marinha, com o nome de guerra De Vita!

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  20. Minha mãe, conta uma história sobre o bairro Pirambu, muito intrigante. Ela descreve o fenômeno como "uma bola gigante, idêntica a lua, crescendo e se aproximando das pessoas, em plena luz do dia. Ela relata que essa "bola gigante", depois foi diminuindo de tamanho até sumir no céu. Muitas pessoas gritando e dizendo que o mundo iria se acabar...

    Estou relatando isso, pois estava pesquisando sobre, mas não encontrei nada, além desse blog...

    Alguém aqui também viu esse fenômeno?

    Ficarei grato com alguma resposta.

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  21. Isso aconteceu sim. Começava com um bola de luz bem pequena e aumentava. Depois descobriram que era um foguete qe teste na barreira do inferno- RN

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    1. Nossa! Muito obrigado pela informação. Há tempos que isso me deixava curioso.

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  22. Sou Maria Concebida De Sousa, sou umas das sobreviventes dessa tragédia, Na época eu tinha 33, fui passar as férias na casa da minha amiga Maria Da Penha Dos Santos, Antes do acontecido ela tinha me chamado para almoçar, eu falei que iria ao banheiro e ela reclamou, entrei no banheiro e ela continuou a fazer varanda me me esperando, ouvi a criança me chamando para pedir dinheiro para comprar dindin, eu falei pra ela que quando nós terminarmos de comer eu daria, então a criança saiu chorando para o lado de fora da casa, só deu tempo da criança sair o avião veio em direção as casa, quando eu me despir, quando eu iria botar água na cabeça, ouvi um barulho grande e o banheiro se encheu de fumaça, quando abri a porta do banheiro eu só vi as casas caídas e as labaredas de fogo, fui pra casa vizinha pra onde também teve um sobrevivente uma criança próxima aos 10 anos, lá me enrolei com uma rede sem cabeceira e sai correndo na rua até achar uma casa que eu pegasse um vestido da dona da casa que não estava em casa, ai eu fiquei em um estado de choque, me levaram para uma casa, só me lembro de 9:00 da noite quando o esposo da minha amiga foi me procurar dizendo que já tinha trazido a Penha para casa pra velar, é uma coisa que até hoje não consigo tirar da memória, em que situação eu vi ela é o garotinho.

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    1. Nossa, Maria, que situação desesperadora você passou. Posso imaginar o quanto esse trágico acontecimento te marcou.
      Muito obrigada pelo rico comentário.
      Forte abraço

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    2. no seguimento dos ecidentes com aviões faltou o de 1975 um bimotor que caiu no bairro da erolandia em junho ou foi em julho 1975 destruindo 04 casas

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