Coisas há que o tempo não leva. Não consegue fazê-las esquecidas. Em nos dando a observar, vemos as simples firmarem-se resistentes.
Os desejosos de transportarem-se à meninice, independente da idade, conseguirão. Bastam encontrar-se com o João Soares. A viagem de retorno ao passado inicia-se em sua residência, rua Princesa Izabel, prosseguindo até o bairro Dionísio Torres. No tilintar para uns e no melodiar para outros, ele, com o triângulo e o batedor de ferro alegra a todos nas andanças diárias.
Com seu instrumento musical de origem africana, usual no folclore português e em conjuntos de forró verdadeiro, cria sons cadenciados e chamativos. Enquanto a percussão faz-se com o batedor tocando no triângulo, o sincronismo dá-se, simultaneamente, com o abrir e o fechar da mão que o segura. Daí, a sonorização aberta, com maior sustento, ou fechada. É o anunciar do vendedor de chegadim.
Faltou somente, entre os toques, o cantarolar de antigamente:
Chega! Chega! Chegadim! Chega mais um bocadim!.
O vendedor João Soares - Foto Geraldo Duarte
A lata tubular com tampa, de aço inoxidável, denominada caixa, tem diâmetro de 25 e altura de 70 centímetros. Uma tira de couro fixada nas extremidades, a aselha, permite o transporte a tiracolo. Neste depósito acondicionam-se 60 embalagens de 6 chegadins cada.
Crocante, a iguaria laminar, feita de farinha de trigo, pouco açúcar e água é torrada até o iniciar do douramento.
Seu João, quase cinquentão e sempre sorrindo, há 27 anos vende chegadins pelas ruas da Capital.
Foto Geraldo Duarte
Geraldo Duarte
(advogado, administrador e dicionarista)
Era um festa comprar essa guloseima. Uma delícia para nós todos. Em outras regiões chamam de Cavaco Chinês e na Europa chamam de Waffer.
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