O PV na década de 40
De há muito, velho
amigo, ex-repórter esportivo, insiste na produção de artiguete
nosso sobre o futebol dos meados da década de cinquenta aos da de
sessenta do século passado. Tempo em que o “pebol” era mais
esporte, mais rádio e mais fraternidade. Televisão não existia e
as “jornadas esportivas” das tardes dos sábados e domingos,
viam-se ao Sol. Iluminação elétrica para as “pelejas” surgiu
anos depois. “Senhoras e senhores! Diretamente do Benfica, no
Estádio Presidente Vargas, transmitiremos mais uma partida de
futebol pelo campeonato alencarino! Agora mesmo, ingressam na Tribuna
de Honra as autoridades civis, militares e eclesiásticas.”
PV nos anos 60 - Grupo de árbitros
Na
maioria das vezes, “ali não existia ninguém.” Somente o floreio
imaginativo do “locutor de cabine” ou, por vezes, o do de
“pista”, este responsável por comentários e entrevistas com
atletas no campo. “Preparado para a contenda?”E o “center
half”, em um chavão de todos, não titubeava: “Estou pronto
física, mental e psicologicamente!”. O PV dividia-se em duas
partes de arquibancadas. A “geral”, do “lado do Sol”, com
ingressos a preço popular. E, as “sociais”, do “lado da
sombra”, com entradas mais caras. As torcidas não possuíam áreas
diferentes. Todas juntas. Um colorido variado e festivo. O ato de
violência maior consistia em jogar bagaços de laranja nos
torcedores que teimavam em assistir o jogo em pé, prejudicando a
visão dos demais. Até 1957, quando chegaram a Fortaleza os “Spica”,
rádios portáteis inexistiam no Estádio. O Torneio Início abria o
campeonato com a participação de todos os times, começando ao
meio-dia e encerrando-se no final da tarde do domingo anterior ao
começo do primeiro turno.
Time do Fortaleza 1947
Os auxiliares do árbitro principal eram
os “bandeirinhas”. Escanteio conhecia-se por “corner”. Bola
na trave dizia-se “pau-de-trave”. A defesa constituía-se de dois
“backs”. Novos craques formavam-se na “Escolinha do Fortaleza”
e dos “Dentes-de-leite” do Ceará Sporting Club.
O Ceará em 1958
O programa
esportivo cômico-satírico do rádio cearense era o “Bola-de-meia”,
produzido e interpretado pelo jornalista José Oli Moreira.
Geraldo Duarte
(Advogado, administrador e dicionarista)
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