quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Ginásio Municipal de Fortaleza - Atual Filgueiras Lima



Conforme a Lei municipal nº 140 de 1º de abril de 1949, de autoria do então vereador João Ramos de Vasconcelos César (Foto ao lado), é criado o Ginásio Municipal de Fortaleza

Em 02 de maio de 1951, começam as atividades funcionando na Rua Barão do Rio Branco nº 1594, na Praça do Carmo, onde atualmente, localiza-se o Instituto do Ceará*

Seu primeiro diretor foi o advogado Jacinto Botelho de Sousa. Em 1963 através da lei municipal nº 2.121 foi elevado à categoria de Colégio, sendo conhecido como Colégio Municipal de Fortaleza

Em 1966, recebeu o nome de Colégio Filgueiras Lima, uma homenagem ao educador e poeta cearense Antônio Filgueiras Lima**. Atualmente chama-se Colégio Municipal Filgueiras Lima e fica na Avenida dos Expedicionários, 3910 no Jardim América


Foto de 17 de janeiro de 1951, quando no Instituto funcionou o Ginásio Municipal. Vemos da esq. para direita: O professor Geraldo Hugo Lira, o diretor Jacinto Botelho, professor Lauro de Oliveira Lima, professor Ferdinando Tamburini, o vereador Leôncio Botelho e o professor João César de Vasconcelos. Arquivo Nirez 

Matéria de 1966 sobre a mudança de nome do Ginásio Municipal de Fortaleza para homenagear a memória de Filgueiras Lima

Colégio Municipal Filgueiras Lima
José Maria C. de Oliveira

"O Ginásio Municipal de Fortaleza, transformado em Colégio, com a criação do 2º. ciclo, acaba de mudar de nome e de sede.

Passou a denominar-se Colégio Municipal Filgueiras Lima, numa homenagem mui justa e mui merecida aquele educador conterrâneo, subitamente falecido no ano passado, em pleno apogeu de suas múltiplas atividades intelectuais.

Quanto à sede, transferiu-se do vetusto casarão da Praça do Carmo - que o abrigou por quase três lustres - para majestosa sede própria, construída ao rigor da técnica moderna e localizada à Avenida dos Expedicionários.

Sobre o Colégio Municipal melhor do que as pálidas palavras do comentarista, falam os milhares de alunos que, nos últimos quinze anos, ali beberam a luz benfazeja da instrução, guiados pelas mãos hábeis de mestres devotados e competentes. 

Palacete construído em 1921 por Jeremias Arruda, onde se instalou em 1951 o Ginásio Municipal.

Tarefa não menor será falar sobre a personalidade polimorfa de seu ilustre patrono - Prof. Filgueiras Lima - a quem estava ligado por laços de uma amizade sincera e desinteressada.

Analisar a atuação de Filgueiras Lima, nos campos educacional e intelectual, é tarefa que escapa as nossas limitadas possibilidades, pois, por mais fortes que sejam nossas palavras, não podemos retratar, com as cores vivas da realidade, a trajetória luminosa do poeta de Terra da Luz.


O seu nome - com que foi batizado o Colégio Municipal - constituirá um exemplo - palpitante às gerações futuras e servirá de legenda para que, naquela casa de ensino, todos sigam, sem desfalecimentos, o caminho do dever e a trilha da instrução.


Prédio da Avenida dos Expedicionários, 3910. Crédito da foto


Nenhuma homenagem maior ou melhor poderia ter sido prestada ao ilustre educador, cujo nome será dessa forma, reverenciado, a todo instante, pela mocidade estudiosa e pelos professores, que devem ter sempre, na lembrança, esta afirmação de seu patrono: - 
"Ensino como quem reza, com a alma de Joelhos”.

Foto de 2011

Somente louvores merecem o Exmo. Sr. Prefeito Municipal, o Sr. Secretário Municipal de Educação, o Sr. Diretor do Colégio Municipal e todos quantos, direta ou indiretamente, contribuíram para tão dignificante homenagem à memoria de Filgueiras Lima."

Foto de 2011

Datas Históricas:

 01/04/1949 - Criado, pela Lei municipal nº 140, o Ginásio Municipal.

 02/05/1951 - Instala-se o Ginásio Municipal de Fortaleza em antiga casa na Rua Barão do rio Branco nº 1594, na Praça do Carmo, onde funciona hoje o Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico), tendo como diretor o professor Jacinto Botelho de Sousa.

 26/07/1951 - Decreto Municipal nº 1.022, desta data, aprova o regimento interno do Ginásio Municipal de Fortaleza (publicado no D. O. E., l.°.8.51).

 19/11/1953 - Publicado o órgão literário do Grêmio Professor Joaquim Nogueira, do Ginásio Municipal de Fortaleza, O Orientador, que é dirigido pelo estudante Francisco Coêlho Figueiredo e tem como redatores Raimundo Batista da Silva e Marilza Barros de Sousa.

 03/04/1966 Inaugura-se a nova sede do Ginásio Municipal Filgueiras Lima, na Avenida dos Expedicionários, esquina com Avenida Borges de Melo, em frente ao 10º Grupo de Obuses - 10ºGO, com 14 salas de aula e funcionamento em três turnos. O estabelecimento custou mais de 200 milhões de cruzeiros.


*"O prédio, hoje ocupado pelo Instituto do Ceará, ainda passa despercebido. Espremido entre lojas e um estacionamento, quem trabalha ali perto nem enxerga a escada que leva ao andar superior, as paredes amarelas, as grades do portão, a placa com o nome da instituição. O Instituto, uma sociedade civil sem fins lucrativos e pautada pela ciência e pela cultura, parece continuar um lugar, de certa maneira, impenetrável às pessoas comuns." Alan Santiago

**Antônio Filgueiras Lima (Foto ao lado) nasceu em Lavras da Mangabeira em 21 de maio de 1909 e faleceu na madrugada do dia 28 de setembro de 1965 em Fortaleza, deixando viúva D. Amazonia Braqa de Filgueiras Lima, com quem se consorciara em 1935 e de quem teve os filhos, Rui, Antônio e José. Foi educador e poeta cearense. Fundou 350 escolas, reformou o ensino normal e primário e promoveu várias campanhas educativas.

Foi, em seu tempo, uma personalidade marcante e amplamente conhecida no Ceará. Sem forçar espaço ou perseguir notoriedade, conceituou-se como poeta e educador entre seus contemporâneos, sobretudo junto à juventude, sua área principal de atuação. Sua família nunca se descuidou da perpetuação de sua memória, de vez em quanto acendida, pela reedição de seus livros e por outras formas de comunicação visual e fonográfica.



Para maiores informações: (85) 3494-1077 (Tel do colégio)




Fontes: Postal do Ceará, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel ângelo de Azevedo, Wikipédia, Diário do Nordeste, http://www.poetafilgueiraslima.art.br/ 
e https://www.facebook.com/pages/Colégio-Municipal-Filgueiras-Lima

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Cine Theatro Polytheama - 1911



A Praça do Ferreira, centro da vida social e comercial, passa a ter um cinema que se tornou memorável, o Cine-Theatro Polytheama, cuja inauguração ocorre a 2 de junho de 1911. Localizado à praça, no prédio nº 12, no mesmo local em que quarenta e sete anos mais tarde seria inaugurado o luxuoso Cine São Luiz, sua criação deu-se ao esforço dos irmãos José e Joaquim de Oliveira Rola, associados sob a denominação Empresa Rola & Irmãos. O Polytheama, que teve uma longa vida, sobrevivendo à era do cinema sonoro, mesmo permanecendo como cinema mudo, foi em seus seis primeiros anos o principal cinema da cidade, oferecendo maiores e  amplas instalações que seus concorrentes programando filmes de qualidade.


José de Oliveira Rola

Sua inauguração foi precedida por viva expectativa, refletindo-se na imprensa diária as minuciosas providências de seus proprietários. A República”, de 25 de janeiro de 1911, publicava o anúncio:

POLYTHEAMA Cinema e Theatro
Em Construção.

Aceitam-se reclames para as paredes do salão de espetáculos. Preços módicos.
Tratar-se com José Rola. No El Contado.
Rua Municipal, nº 8.

Novamente em “A República”, a 26 de fevereiro de 1911, noticia-se o futuro cinema e teatro, que surpreende com uma pré-inauguração com espetáculo de teatro e música:

POLYTHEAMA

Uma nova casa de diversões vai ser aberta ao público cearense.
Localizado à Praça do Ferreira, por conseguinte num dos melhores pontos da capital, o “Polytheama", da empresa Rola & Irmão, está sendo instalado com o maior gosto e esmero, de molde a corresponder, plenamente, aos fins a que se destina.
Nos três dias de carnaval, à noite, serão realizadas, por sessões, variados espetáculos no  “Cinema-Theatro”.
Tomarão parte na representação alguns artistas da Companhia Francisco Santos, entre os quais Vieira XavierJoaquim Castro, João Carvalho, Narciso Costa, Francisco Brito e Eulina Barreto.
Amanhã serão levadas à cena as seguintes peças: nas sessões de 7 e 9 horas a engraçada comédia de Eduardo Garrido, “Os 30 botões” e na de 8 a comédia “Uma Tourada”.
Serão cantados também o “Fadinho Brasileiro” e a 
Caninha Verde”.



Durante os espetáculos executará escolhidos trechos de música uma esplendida orquestra sob a regência do maestro Smido.
Chamamos a atenção dos leitores 
para o anúncio que a empresa Rola & Irmão faz inserir, hoje, na seção competente.




O Polytheama seria de fato inaugurado, meses antes de sua primeira exibição cinematográfica, agora apenas como espaço teatral. O seu salão era aberto para breve temporada do grupo cênico de Francisco Santos, de 26 a 28 de fevereiro, no período das festas carnavaIescas. O anúncio da Empreza, publicado em “A República, de 25 de fevereiro de 1911, diz:

POLYTHEAMA
Cinema Theatro
12 - Praça do Ferreira - 12


Para festejar o Carnaval de 1911, a Empreza Rola & Irmão, e de acordo com o Empresário Francisco Santos, resolveu realizar espetáculos no novo Theatro, nos dias 26, 27 e 28, divididos em 3 sessões diárias.



Jornal do Ceará de agosto de 1911

Domingo, 26 de fevereiro, Domingo
Grande e variadas sessões
Rir! Rir! Rir!


1ª Sessão (às 7 da noite)A representação da hilariante comédia de
Eduardo Garrido
OS 30 BOTÕES

Desempenhada pelos artistas d. Eulina Barreto, João Carvalho e Narciso Costa.
5 números de música
A célebre Caninha Verde e o Fadinho Brasileiro.


2ª Sessão - às 8 horas
A representação da chistosa comédia
UMA TOURADA

Personagens:
Maurício aficcionado de touros - Vieira Xavier
Arthur, seu filho - Mariano Carvalho
Padre Pimenta - Joaquim Castro
Marcela, “velha beata" - Francisca Britto


3ª e última sessão às 9 horas
Os 30 Botões

Abrilhantará o espetáculo uma excelente 
orquestra sob a regência do distinto maestro Luiz Smido.

PREÇOS

Cadeiras na platéia - 1$000
Idem nas varandas - 1$500
Segunda e terça-feira espetáculos com programas novos.

AVISO

O Salão será franqueado ao ilustrado público depois da 2a. sessão.
0 serviço de Botequim está a cargo da acreditada 
Maison Art-Nouveau.

Depois desse breve período de funcionamento, como teatro, o Polytheama ficaria fechado para as obras complementares. Foram meses de expectativa, voltando o assunto aos jornais apenas em junho, em noticias como a que recolhemos de 'A República' de 12 de junho de 1911:

POLYTHEAMA
Dentro de muitos breves dias a digna e esforçada Empresa Rola & Irmão franqueará ao público desta Capital um estabelecimento de diversões familiares, com um bar de primeira ordem.

Está sendo montado, por profissional competente, um motor potentíssimo para iluminação elétrica do vasto prédio onde está o Polytheama, e acionamento de um grande frigorífico e do aparelho cinematográfico.
Oportunamente daremos uma noticia completa sobre o importante estabelecimento.


Jornal do Ceará de 1911

Dar-se-ia então a inauguração formal do Polytheama, do palco no sábado, 1º de julho de 1911, e do cinema - no domingo, dia 2, numa antecipação do que era previsto para a segunda-feira. Noticia a respeito, em “A República” (30.6.11), diz:

POLYTHEAMA 

Conforme noticiamos, a Companhia Remini inaugurará amanhã essa casa de diversões, com a representação da 
Princesa dos Dollars”, a deliciosa opereta que tanto agradou a nossa platéia.

Domingo, realizar-se-á outro espetáculo da Remini no Polytheama, onde de segunda-feira em diante, começa a funcionar o cinema.

Já chegaram esplendidas fitas e novo sortimento é esperado pelo “S. Paulo", bem como uma troupe de variedades, que 5ª feira, deverá estrear-se.



Jornal do Ceará de 1911

Fortaleza passava a possuir quatro cinemas, e o novo salão tinha tudo para competir com o Rio Branco, Cinema Júlio Pinto e Cinema DiMaio. A abertura do novo cinema, é assim noticiada:

POLYTHEAMA - Ontem começou a funcionar o cinema dessa conceituada casa de diversões, sendo exibidas cinco esplêndidas fitas. Para hoje foi organizado novo programa, de que constam belas fitas da Cines, Biograph e Pathé Frères.

(A República de 03.7.1911)

São filmes da fase inicial do Polytheama: 

Fedra (Phedra), da Pathé Frères, de Paris; Vingança da Morta (La Vendetta di una Morta; Comério L., de Milão, 1908, 130 metros; já exibido no Rio Branco, em novembro de 1910), Nella di Loredano (Nella de'Loredano; Saffi-Comerio, de Milão, 1909, 198 m, fita histórica dirigida por Giuseppe De Liguoro);
Verdadeira Caridade (Simply Charity), Biograph Company, 1910, 993 pés, de D.VV. Griffith, fotografia de Billy Bitzer e Arthur Marvin, com Mary Pickford, VV. Christie Miller, Georg Nichols, Edwin August, Kate Bruce, Charles West, Claire McDowell e William J. Butler; O Carnaval do Rio de Janeiro em 1911, “magnífica fita natural”, Empresa Serrador, fotografia A. Botelho; O Taberneiro Joe ('Ostler Joe), Biograph Company, 1908, 877 pés, estória curta de James Brown Potter, cenário D.VV. Griffith, fotografia Billy Bitzer, direção Wallace McCutcheon, com D. VV. Griffith e Eddie Dillon (já exibido no Júlio Pinto, em outubro de 1910), Max Procura uma Noiva (Max Cherche une Fiancée), Pathé Frères, 1910, com Max Linder; Antonio Foscarini (Antonio Foscarini), Film D'Arte Italiana, de Roma, 1910, 240 m, drama histórico; Mademoiselle de Sombreuil -ou- Um Episódio da Revolução Francesa (Mademoiselle de Sombreuil), Gaumont, 1910, 210 m, fita dramática histórica; Bigodinho e seus Filhos (Rigadin et ses Fils), Pathé, 1911, cômica com Prince-Rigadin; O Fugitivo (The Fugitive), Biograph, 1911, 996 pés, de Griffith, fotografia de Bitzer, com Edwin August, Lucy Cotton, Joe Graybill, Owen Moore, Kate Bruce, Eddie Dillon e Dorothy West, já exibido no Di Maio, a 7.5.11; A Vingança (La Vengeance), Pathé, 1909, 105 m, dramática; Nero (Nerone), Societá Anonima Ambrosio, de Turim, 1909, 338m, de Luigi Maggi e Arturo Ambrosio, com Lydia de Roberti e Alberto Capozzi, já exibido no Cassino Cearense a 16.2.10 e no Rio Branco, em 15.1.11; Campeão de Box (Champion de Box), Pathé, 1910, comédia de Max Linder, já exibida no Rio Branco, a 4.12.10; Amigos da Infância (Amici d'Infanzia), Cines, de Roma, 1910, 188 m, dramática; Mater Dolorosa (Mater Dolorosa), Société Française des Films et Cinématògraphes Eclair, 1910, 200 m, cenário René Marquis, fotografia Ravet, diretor Emile Chautard, com Dupont-dell" Apuxarra -ou- II Tuxani), Cines, 1911, 302 m, de Mario Caserini, com Amleto Novelli e Gianna Terribili-Gonzalez; Novidade na Vila (Novità in Paese), Cines, 1911, 234 m, drama; Noite de Serão (Out of the Night), Thomas A. Edison Inc., 1910, 950 m, adaptação de Rex Beach, direção de Edwin S. Porter; Tontolini Aprende a dançar (TontoIini impara a Ballare), Cines, 1911, 175m, com GuilIaume; Atraso Postal (Ritardo PostaIe), Itala Film, de Turim, 1911, 131 m, cômica; Cidade de VIadikavraz (La Città di Vladikancas), Ambrosio, 1911, natural, de Giovanni Vitrotti; Prisioneiro do Cáucaso (Kavkazski Plennik -ou- Prigioniero deI Caucaso), Societá Anonima Ambrosio, de Turim/timan-Rejngardt, de Moscou, 1911, 306 m, drama filmado na Russsia por Giovanni Vitrotti; e muitos outros, de procedência dos estúdios italianos, franceses e americanos.


Jornal do Ceará de 10 de novembro de 1911

Os anos que se seguiram foram de renovado êxito. Em fevereiro de 1912, há uma temporada do Sr. José Casajuarana, que combinava filmes e fonógrafo. A respeito
dele, são as notícias seguintes:

POLYTHEAMA. Visitou-nos hoje o estimavel cavalheiro Sr. José Casajuarana, que deve estar hoje mesmo, no Polytheama. Os aparelhos de que se serve o Sr. Casajuarana costituem as invenções mais modernas da Casa Gaumont, de Paris.Com o Sr. Casajuarana trabalham os jovens dansarinos Isabel e Maria Jerenzaniti.


(A República de 12.2.12)


Jornal 'O Jornal' de 6 de outubro de 1916

POLYTHEAMA. Assistimos mais uma vez, hontem, com prazer a uma das sessões do Polytheama, que esteve, como quase sempre, admirável. O phonágrapho do Sr. José Casajuarana tem cantado lindas peças, de combinação com bonitas creações da Casa Gaumont, é digno de ser ouvido pelos habitués de bom gosto.

(A República de 16.1.12)


(Grafia da época) 



Fonte:  Livro Fortaleza e a Era do Cinema de Ary Bezerra Leite 
Jornais antigos: Biblioteca Nacional