quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ponte José Martins Rodrigues - Ponte sobre o Rio Ceará


Placa de construção da ponte. Alberto de Souza

Antes da construção da ponte. Acervo Albertu's Restaurantes

Em 1997, na gestão do prefeito Juraci Magalhães, a Ponte José Martins Rodrigues, com 633,75 metros de pista dupla, é inaugurada. Com um custo estimado em mais de R$17 milhões de reais, a ponte sobre o Rio Ceará liga o município de FortalezaCaucaia.

Construção da Ponte - Acervo Alberto de Souza

Inauguração

Quatro anos. Este foi o tempo de espera para a construção da ponte José Martins Rodrigues sobre o Rio Ceará desde o anúncio de sua construção, em outubro de 1993, pelo então vice-prefeito de Fortaleza, Marcelo Teixeira, até a inauguração dela, concluída pelo então prefeito, Juraci Magalhães, em outubro de 1997.

Acervo Albertu's Restaurantes

Denúncias de irregularidades foram feitas durante a sua construção. Uma das polêmicas levantadas foi quanto ao valor do pedágio cobrado e qual o percentual dele seria destinado ao município de Caucaia, que fica do lado de onde estão instaladas as cancelas, e qual o valor para a Prefeitura de Fortaleza, que desembolsou dos cofres públicos R$ 17 milhões para a construção do equipamento.

Foto de 1996, a ponte foi terminada em 1997- Acervo de Everson Sales

Para viabilizar as obras, foram desapropriados 120 imóveis em Fortaleza e 50 no município de Caucaia. A Ponte José Martins Rodrigues tem uma extensão de 633,75 metros e largura de 20,2 metros. Ela liga a faixa litorânea de Fortaleza às praias do litoral oeste.

Em junho de 1997, o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, garantiu verba de R$ 3 milhões para a urbanização das imediações da ponte. Em agosto, com a obra concluída, foi liberada a passagem para pedestres.

Diário do Nordeste/CE - 30/1/2013

Acervo Alberto de Souza

Pedágio



Através de Projeto de Lei, enviado à Câmara Municipal de Vereadores em 2013, a Prefeitura de Fortaleza põe fim a cobrança que existia desde 1997, ano em que a Ponte sobre o Rio Ceará foi inaugurada. A lei 8.061, sancionada pelo então prefeito Juraci Magalhães, determinava que o pedágio deveria ser cobrado por apenas - e somente - 10 (dez) anos ininterruptos e sem prorrogação. Desde 2007, a cobrança era feita por força de liminares.

Construção da ponte - Acervo Albertu's Restaurantes


No Ceará, ponte virou obstáculo para o meio ambiente

Quase na metade do rio, a água batia um pouco acima do joelho. A maré, por volta das 10h30min, estava baixa. Ao lado das enormes colunas de sustentação da ponte sobre o rio Ceará, seu Antônio fica minúsculo. Passa quase desapercebido. Depois de jogar a tarrafa uma, duas, 10, 20, 30 vezes, ele caminha lentamente em direção à margem. Ao abrir o saco que segurava na mão direita, algumas tainhas – menos de 10 – se debatiam. Não há mais peixes’, disse, enquanto enxugava o suor que escorria pela testa. Afinal, o calor era forte. Mais de 30 graus, com certeza.

Acervo Alberto de Souza

Casado e pai de cinco filhos, Antonio Borges Pinto, ou simplesmente seu Antonio, vive na Barra do Ceará e é pescador há mais de 20 anos. ‘Antes, em duas horas, eu conseguia pescar entre 15 e 20 quilos. Aqui, se chegar a dois é muito. É só para o almoço’, lamenta. Toda a vida, seu Antonio tirou o sustento da família da pesca. Isso até alguns anos atrás. Hoje, a atividade de pedreiro se mistura com as manhãs de pescaria. ‘Quando aparece algum trabalho de pedreiro, dou prioridade ao serviço. É mais negócio’, diz. A situação do pescador é semelhante a de diversos moradores da Barra do Ceará, que têm na pesca o principal meio de subsistência.

A ponte, vista do Morro de Santiago. Acervo Alberto de Souza

Inaugurada em 1997 para facilitar o acesso entre Fortaleza e Caucaia, a ponte José Martins Rodrigues, mais conhecida como ponte sobre o rio Ceará, beneficia, diariamente, milhares de pessoas que cruzam os seus 633 metros. Para os cearenses que se deslocam diariamente entre as duas cidades, ela trouxe algumas melhorias, como a economia no tempo e na distância do percurso. Mas, para o meio ambiente já são sete os anos de prejuízos.

A ponte, vista do Morro de Santiago. Acervo Alberto de Souza

De acordo com a doutora em geografia ambiental e professora da Universidade de Fortaleza, Vanda Claudino Sales, as colunas de sustentação da ponte instaladas no leito do rio impedem o fluxo normal da água. ‘Como o rio é o maior transportador de areia e outros materiais orgânicos para o mar, os prejuízos são enormes para o meio ambiente. Os pilares acabam funcionando como obstáculos para a água’, explica. Segundo ela, grande parte da areia que deveria ser levada até o mar, acumula-se no entorno do obstáculo. ‘Isso causa um grande desequilíbrio no ecossistema. O prejuízo é para o rio, para as praias, principalmente do litoral Oeste, para as dunas e para os peixes’, afirma.

(Foto Fábio Lima)

No rio, o desequilíbrio começa na profundidade do leito. O aterramento de boa parte da margem para a construção da ponte e os bancos de areias que se formam devido às colunas deixam o rio cada vez mais raso. Os barcos pesqueiros só conseguem passar por apenas um canal, localizado exatamente no centro do leito. ‘Ainda bem que esse ano foi muito chuvoso, caso contrário, nem no meio os barcos conseguiriam passar’, explica Vanda.

Segundo ela, a baixa profundidade prejudica, inclusive, a reprodução dos peixes que vêm do mar para desovar no rio ou no mangue. ‘A temperatura da água esquenta mais do que o normal. Com isso, os peixes acabam procurando outro lugar para se reproduzir’, explica. A vibração dos carros que passam sobre a ponte e a iluminação artificial que reflete na água à noite também são considerados fatores determinantes para a diminuição dos peixes no rio Ceará.



Créditos: Nirez, Portal do Ceará, Diário do Nordeste, http://noticias.ambientebrasil.com.br, http://www.fortaleza.ce.gov.br e Alberto de Souza

domingo, 24 de novembro de 2013

Colégio Militar - Fotos Históricas



Arquitetura e instalações

Atividades educacionais 

Vista interna em 1924

Vista interna em 1924

Passadiço em 1924

Passadiço em 1924

O Colégio em 1928 - Acervo MIS


Instrução militar e formaturas

O Colégio  em 1931

Alojamento

Foto de 1956

Educação Física

Mudança do nome. De Escola Preparatória de Fortaleza para Colégio Militar de Fortaleza.

interior do prédio

interior do prédio


Continua...



Agradecimento especial ao amigo Raphael Bessa Moreira


sábado, 23 de novembro de 2013

San Pedro Hotel


Ele foi durante muito tempo o hotel mais luxuoso de Fortaleza 

Arquivo O Povo

No dia 29 de maio de 1959, era inaugurado o San Pedro Hotel, da Imobiliária Pedro Lazar, de Pedro José Lazar (Pedro Lazar), localizado na Rua Castro e Silva nºs 71/91, esquina com a Rua Floriano Peixoto.

"A dois passos do Forte Nossa Senhora da Assunção, quase em frente ao Centro de Artesanato da Emcetur, ao lado do Mercado Central e da Catedral em construção, próximo ao Teatro José de Alencar e no corredor de todas as praias metropolitanas.
O hotel mais procurado por quem quer ficar perto de tudo"
, diz o folder da inauguração.

Possui uma área de 6.086 metros quadrados, 11 pavimentos, contando com o térreo, sobreloja e o restaurante, 78 quartos, elevadores movidos por luz própria a óleo diesel, salão de beleza e sala de reuniões.

Arquivo Nirez

Ícone da hotelaria de Fortaleza até os anos 90, o San Pedro era um dos endereços mais procurados na época. Artistas, personalidades, jogadores de futebol e políticos, nele encontraram conforto e hospedagem; a cozinha era uma das melhores da cidade; na boate, festas concorridas eram animadas por músicos de renome.
O entorno do prédio, valorizavam ainda mais o hotel, como por exemplo, o belíssimo Passeio Público, a Catedral Metropolitana, o suntuoso prédio da Santa Casa e a belíssima Estação João Felipe
Na década de 80 o glamour do conceituado hotel perdia forças mediante a decadência do Centro conduzindo o San Pedro à sua desativação em 1990, cedendo lugar à Secretaria da Indústria e Comércio, que lá funcionou até o ano de 1999. Depois, o prédio foi reformado para abrigar o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e AgronomiaCREA.

Cartão Postal da inauguração do San Pedro Hotel

A reestruturação do edifício custou mais de R$ 1 milhão e estendendo-se por quatro anos para ser concluída. Um dos objetivos do CREA é colaborar com o Programa de Revitalização do Centro. O edifício abandonado e esquecido, mas que marcou a história do Centro, teve sua compra efetivada em 2003 por R$ 660 mil. A reforma começou no ano seguinte e consumiu mais de R$ 1 milhão. 
São 11 andares que abrigarão, além do CREA - Ce, outras entidades das categoria, um museu e um centro cultural. Segundo o Jornal O Povo de 18 de março de 2008. 

 Fotos tiradas da Praça da Sé, no sentido poente da rua Castro e Silva. O prédio branco ao fundo é o San Pedro Hotel, hoje ocupado pelo Crea. Acervo da foto antiga: Carlos Juacaba


"Antigamente a rua Castro e Silva tinha o nome de Rua das Flores. Era lá que os jovens se reuniam para dançar e se divertir. As calçadas eram movimentadas, fosse dia, fosse noite. Mas quando o Hotel San Pedro foi desativado, a rua ficou praticamente esquecida. Depois que inventaram os shoppings, isso aqui foi esquecido. Mas tão querendo trazer algumas coisas de volta. Vai ser difícil, mas se funcionar vai ser maravilhoso. "


(Glauber Holanda, aposentado, em entrevista ao Jornal O Povo 
de 15 de novembro de 2007). 

San Pedro Hotel em 2006 - Foto Gerson Linhares

Fatos Históricos

  • 13 de dezembro de 1973 - No quarto nº 820 do San Pedro Hotel, na Rua Castro e Silva nº 81, esquina com a Rua Floriano Peixoto, a cearense Vera Lúcia da Silva, mata com 40 facadas e três tiros a bailarina mineira Juçara Costa Abreu, sua amante. O fato aconteceu por volta do meio-dia. No local, os policiais encontraram Vera dopada ao lado de sua vítima. "Maconha, bebida e muita bala", foi o que respondeu a assassina ao ser questionada sobre o que estava acontecendo. As duas haviam se conhecido no Rio de Janeiro e, mesmo sendo Vera casada, tiveram um caso que durou quatro meses.


Foto de 2006 - Gerson Linhares


  • 11 de abril de 2003 - O Edifício São Pedro, prédio onde funcionou o San Pedro Hotel, no Centro de Fortaleza, fechado há três anos, é leiloado pela Imobiliária Lazar, proprietária do edifício. O leilão acontece no Othon Palace Hotel. O administrador do San Pedro, Pedro José Lazar Neto, diz que um dos possíveis compradores, deve transformá-lo em condomínio residencial. Os elevadores estão parados e as instalações elétrica e hidráulica precisam de reparos, assim como quartos e corredores. O San Pedro Hotel fora inaugurado em 29/05/1959, fechou as portas em 1990 passando a ser ocupado pela Secretaria de Indústria e Comércio do Ceará que lá ficou até 1999, ficando abandonado até o leilão. O edifício do antigo San Pedro Hotel, com 11 andares, tornou-se um dos endereços mais chiques e concorridos da cidade. Nos apartamentos refrigerados do San Pedro, repousaram beldades, artistas de rádio, jogadores de times famosos, turistas do Brasil e do mundo. Seu restaurante era o que havia de mais fino e a comida, delícia para poucos endinheirados. 
Crea inaugura sede em prédio histórico


Os primeiros andares do antigo San Pedro Hotel ficaram lotados para a inauguração da nova sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Ceará (Crea-CE). O prédio, localizado na esquina das ruas Floriano Peixoto e Castro e Silva, no Centro histórico, passou por uma grande reforma para abrigar a entidade.

"Esperamos que a proximidade do Crea com a Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, a antiga Cadeia Pública, a Santa Casa de Misericórdia, a Praça do Ferreira, o Theatro José de Alencar, entre outros, faça com que os profissionais do sistema conheçam e usufruam destes patrimônios", declarou José Maria Freire, presidente interino do Crea, durante a solenidade oficial de inauguração.

Foto de 2009 - Gerson Linhares

Os 11 andares do edifício vão abrigar, além do Crea, outras entidades das categorias representadas pelo Crea, um museu e um centro cultural. Segundo Freire, uma central de serviços será inaugurada no local com atendimento da Coelce, Cagece, Prefeitura de Fortaleza e Corpo de Bombeiros, com o objetivo de facilitar o acesso às necessidades do trabalho dos associados.


Jornal O Povo de 18/03/2008



Fontes: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005 de Miguel Ângelo de Azevedo, Portal do Ceará, Dissertação de Cisne Sales de Freitas, Jornal O Povo e Jornal Diário do Nordeste.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Ladeira do André


Fortaleza é metrópole com poucos logradouros de acentuada declividade.
Na rua Almirante Jaceguai, trecho entre a Avenida Monsenhor Tabosa e rua José Avelino, no bairro Seminário, destacou-se – em especial nos anos 60 – o rampadouro conhecido por Ladeira do André.

A denominação da íngreme via deveu-se à bodega, cujo proprietário possuía aquela graça.

Ali, fatos inusitados registraram-se.
Os carrinhos ingleses Prefect e Anglia, para subir, necessitavam do desembarque dos passageiros, que seguiam a pé até o topo e reembarcavam.

 Foto de uma revenda Ford, em 1951. Os carros expostos são Prefect e Anglia. 


O jipinho Crosmobile, modelo 1952, de nosso saudoso professor padre Tito Guedes, para vencer a inclinação, tinha de tomar velocidade desde a Avenida da Abolição.

Ciclistas desciam tranquilamente. Subir? Só levando a magrela no muque. Os
bêbados? Caminhando para cima ou para baixo era um “valha-me Deus!”.

Um curtume usava toda a extensão das calçadas na secagem de peles de animais para transformar em couro. Além da insuportável fedentina, os transeuntes tinham de andar sobre o pavimento de pedras toscas.

Conheci a Ladeira levado pelas circunstâncias.

Junto à Guarda Estadual do Trânsito submetia-me a exame para conseguir a
Carteira Nacional de Habilitação. Dia das provas práticas de direção. Sob o
humor irritadiço do Inspetor Webster, sentado no banco do carona do jeep da Auto Escola Willys, principiaram-se os testes. Baliza e percurso de dirigibilidade na Avenida Dom Manuel, descendo a rua Almirante Jaceguai. Pela mesma artéria retornando. E, no meio, o mando de frear o veículo e desligar o motor.

“Agora, a minha ordem, você liga a ignição, solta o freio de mão e realiza a subida da rampa! Se o veículo recuar ou estancar, está reprovado! Outra chance somente mês que vem! Pronto, execute!”.

Suores frio, morno e quente escorriam pelos caminhos do corpo. Mesmo havendo treinado inúmeras vezes, naquela data, tudo parecia desigual. O carro era outro. Os pedais tinham alturas e folgas diferentes do anterior e o freio de mão teimava em não obedecer, apesar do grande esforço empregado.

Socorri-me de meu padrinho – Santo Antônio de Lisboa – e fui atendido.
Dos doze examinados, quatro foram aprovados. O “... de Tetéu”, como o alcunhavam os candidatos, era tido e havido como o verdadeiro terror dos aspirantes a motorista.


Geraldo Duarte
 
(Advogado, administrador e dicionarista).