POLYTHEAMA
Já quasi ninguem mais se quer aventurar a entrar no outrora tão florescente
cinema-theatro, pois é um espantalho terroroso, a charanga que o sr. Gerente da “Empreza Cinematographica” poz alli.
Antigamente custava a entrada 500 reis, tendo o espectador a deliciar os seus tympanos, uma magnifica orchestra. Hoje, paga-se 600 reis, e ainda por cima, o gerente arruma no público com sua desafinada confusão musical, que dá dor de cabeça e opila o fígado.
A concurrencia vae rareando dia a dia, e si o sr. Rola não tomar tento, vae à
vela.
No dia seguinte, o “Unitário” volta à critica:
POLYTHEAMA
Pouco a pouco se vão descobrindo os propositos reservados que anteviamos
quando se fomou o trust cinematographico nesta capital. Os cinemas Rio Branco e Cassino estão quasi de portas fechadas, sem orchestra, sem luz e sem frequentadores. No Polytheama, cabeça do syndicato, e segundo nossas previsões, o unico que sobreviveria dos tres, a orchestra está disposta á La volonté do seu secretário, que resiste às reclamações de todo o público frequentador, em conservar alli uma sallada musical ou musica de Sant'Anna que faz mal aos nervos, e vae provocando o abandono dessa, outróra tão procurada casa de diversões.
E, si o trust conseguisse assambarcar também o DiMaio, então já estaríamos nas suas garras irremediavelmente: preço ao talante, musica e programmas à vontade.
Esperamos que o gerente da “Empreza Cinematographica” tome novo rumo sinão irá a matroca.
O Jornal de 06 de outubro de 1916
Em maio de 1913, 0 “Unitário” (6.5.1913), protestava mais uma vez contra o
trust:
POLYTHEAMA
A “Empreza Cinematographica Cearense” tem faltado ao compromisso
perante o publico. Ultimamente, as fitas de valor teem sido exhibidas para mais de cinco vezes, no Polytheama, deixando assim este cinema de projectar, todos os dias, novos films, como prometteu a “Empreza” em sua fundação.
Domingo passado assistimos, nessa casa de diversões, a prática de outro abuso que há tempo verberámos - a venda de lotação excessiva, a qual muito incommóda e prejudica os espectadores.
Quanto aos programmas, salvo quando faz parte delles, esporadicamente
alguma fita de arte, nada teem agradado nestes ultimos tempos, em que, com a formação do trust, deixou de haver competencia entre os cinemas para a exhibição das producções melhores da cinematographia modema.
Não se tem maiores detalhes dos acertos comerciais entre os empresários
cearenses, nessa primeira tentativa de eliminar a concorrência no setor de exibição cinematográfica. Percebe-se que o pioneiro Victor DiMaio resistiu a
qualquer apelo para sua adesão, permanecendo o único exibidor independente. Outro fato visível é que José Rola, que capitaneava o trust,logo que decreta o seu final, em agosto de 1913, dinamiza o seu Polytheama para uma nova consolidação.
O fim do trust, noticia tão reclamada e esperada pelo público, é trazida pela "Folha do Povo" (24.8.1913) numa nota sobre o Polytheama:
POLYTHEAMA
Este bom centro de diversões, acaba de desligar-se da Empreza Cinematographica, assumindo a sua direção novamente o sr. José Rola.
O seu diretor está exercendo toda sua atividade para que o Polytheama venha a ser a primeira casa do genero: para isso recebeu ultimamente grande número de "films" de arte e está reformando os salões do edifício.
O sr. Rola inaugurou novamente as sessões infantis, para a petizada endiabrada que gosta do Bigodinho, Robinet, Cri Cri e outros comicos e disse-nos que sejam também proveitosas para o desenvolvimento intelectual dos mesmos.
Aqui pois, fica registrado a nota sobre o Polytheama.
Os preços de entradas continuam os mesmos.
Praça do Ferreira em 1934. Vemos ao lado do Majestic, o Cine Polytheama. Arquivo Nirez