“No Porto do Ceará não se embarcam mais
escravos"
Francisco José do Nascimento, Dragão do Mar - Janeiro de 1881.
"A Província do Ceará influenciada pelas ações da Sociedade Cearense Libertadora
teve no grito do líder jangadeiro Dragão do Mar, sua mais forte expressão e
repercussão. Mas, Como começou o processo escravocrata no Brasil? E Por que a
corajosa ação de 'Chico da Matilde' é lembrada até hoje? Se em alguns casos é
possível dissociar História do Ceará da do Brasil, pelo menos nesse caso isso é
impossível. Para entendermos melhor esse universo de revolta que tomou conta de
intelectuais, profissionais liberais e gente do povo como o Dragão do Mar, na
segunda metade do século XIX, precisamos voltar um pouco no tempo...
Sociedade Cearense Libertadora
Como
Começou o Processo Escravocrata no Brasil?
Logo depois de sua 'descoberta’?
Em
1500, e da implantação do sistema de capitanias hereditárias pela coroa
portuguesa, e para dar suporte aos colonos no povoamento e exploração da mais
nova colônia lusitana, Vossa Majestade D. João III cria o cargo de
Governador-Geral. O primeiro a ser empossado na função foi Tomé de Sousa (1549
a 1553), e trouxe junto com ele, mulheres, o Padre Jesuíta Manuel da Nóbrega e
os primeiros escravos africanos a pisar em solo brasileiro.
Duarte da Costa
chega em 1553 trazendo consigo o Padre da Companhia de Jesus - José de Anchieta, (que
lançaria base ao que é hoje a maior capital da América Latina - São Paulo). Mesmo
o sistema de capitanias hereditárias tendo fracassado, se manteve de pé a São
Vicente e a de Pernambuco, principalmente a última devido ao cultivo de cana de
açúcar, fazia grande uso do trabalho braçal. Como não tinham escravos africanos
em número suficiente, os senhores de engenho começaram a levar cativos - índios.
Os jesuítas foram terminantemente contra essa ação, pois era função deles
catequizá-los, e não aceitavam sua escravidão. Aí toma forma em larga escala a
página mais vergonhosa de nossa história - a escravidão.
Durante todo o século
XVI, (1501 a 1600), vindo em navios negreiros abarrotados, (uma parte morria
antes de chegar ao destino, e eram jogados ao mar), foram transportados cerca
de 100.000 escravos africanos. Já ao final do século XIX, um pouco antes da
assinatura da Lei Áurea em 13 de maio de 1888, que pusera fim a escravidão no
Brasil, esse número ascende a 1600.000. Submetidos a trabalho forçado, maus
tratos e açoites (quando rebeldes), os escravos receberam um tratamento
desumano, com o passar dos séculos tornara-se uma vergonha nacional.
A
Inglaterra, logo após a revolução industrial, movida por interesses próprios, começa
a pressionar o Brasil para pôr fim ao tráfico negreiro. E aí nasce um termo
muito conhecido em nossos dias "lei para inglês ver", devido a
inúmeros acordos celebrados com a maior potência mundial, Pré-Eusébio de Queirós,
nunca cumpridos.
Por que a Corajosa Ação do 'Chico da Matilde' é Lembrada Até
Hoje?
Á partir da segunda metade do século XIX, (1801 a 1900), depois da
implantação de leis como a Eusébio de Queirós, pregava-se no Brasil como fato o
fim do tráfico negreiro, e boa parte da elite; médicos, advogados e jornalistas
como José do Patrocínio passaram a se dedicar a causa abolicionista. Mas, a
verdade é que ainda havia o vergonhoso tráfico de escravos. E então nós
passamos a entender a relevância histórica no grito do líder jangadeiro - Dragão
do Mar, quando da chegada de navios negreiros ao Porto do Ceará, (os navios de
grande calado não conseguiam aportar devido aos bancos de areia, por isso se
fazia necessário o trabalho dos jangadeiros no transporte dos escravos.) Foi
com a ação heroica do Dragão do Mar que a Província do Ceará pôs fim de vez ao
tráfico negreiro. Como consequência, o Ceará torna-se pioneiro como a primeira
província a libertar seus escravos em 25 de março de 1884, portanto a exatos
130 anos. Por isso até hoje é conhecida como - 'Terra da Luz'.
Abre também
caminho para a assinatura da Lei Áurea, que viraria essa triste página de nossa
história, manchada de sangue. O Estado do Brasil em meio a culpa para compensar
as enormes desigualdades criadas pela escravidão, criou o sistema de cotas, Lei
n.12711/2012, que não chega a ser unanimidade, mas já é um passo importante
para a diminuição das desigualdades acumuladas por mais de 400 anos.
Para
homenagear o feito do herói cearense a Petrobrás, por meio de sua subsidiária, a
Transpetro batiza um Navio Petroleiro em Pernambuco com o nome de Dragão do
Mar.
Ainda seguindo como parte das homenagens ao 'Chico da Matilde' o Estado do
Ceará dá a um importante equipamento de cultura em Fortaleza seu nome - CentroDragão do Mar de Arte e Cultura.
E a Assembleia Legislativa do Ceará em 2011, em
proposta do Deputado Lula Morais (PC do B), institui 25 de março - feriado
estadual - Abolição da Escravidão!"
Santana Júnior
(Colaborador do Fortaleza Nobre)
Bibliografia;VICENTINO,Cláudio. História Para o
Ensino Médio, História Geral e do Brasil. Editora Scipione. Pág.189, páragrafos 31
ao 38. /AZEVEDO, L. de. História de Um Povo. Editora
FTD. Pág.105, pár.6. Web; Wikipédia.
Que interessante!!!
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