sexta-feira, 28 de agosto de 2015

A nomenclatura numérica das vias públicas da Fortaleza antiga (Parte II)


Em 1890, de acordo com a resolução aprovada em 29 de outubro daquele ano pelo Conselho da Intendência, foi implantada a nomenclatura das vias públicas da cidade.

Na relação abaixo, adotei o seguinte ornamento:


  • Em primeiro lugar o número atribuído à via pública;
  • Em segundo, o nome atualmente adotado;
  • Em terceiro, o nome possuído na ápoca em que se passou a usar a nomenclatura numérica.

Ruas Pares

Nº 2 - Rua Senador Pompeu - Amélia, em 1877.



Rua Senador Pompeu em 1940 - Arquivo Nirez


Nº 4 - Rua General Sampaio - Chamou-se  da Cadeia e dos Três Cajueiros.


Rua General Sampaio sentido Sul norte. O fotografo está na esquina da Clarindo de Queiroz tendo a sua direita a Praça Clóvis Beviláqua. Arquivo Nirez

Antiga Praça da Bandeira - hoje Praça Clóvis Beviláqua - em 1936, antes da construção da Faculdade de Direito, vendo-se, à esquerda, a rua General Sampaio.

Nº 6 - Rua 24 de Maio - antiga Do Patrocínio.


Arquivo Nirez

Supermercado Sino na Rua 24 de Maio entre as ruas São Paulo e Guilherme Rocha
Hoje é o Mercadão Shopping. Acervo Carlos Juaçaba

Nº 8 - Tristão Gonçalves - anteriormente da Lagoinha; em 1888, 14 de Março, do Catavento e do Trilho.


Rua Tristão Gonçalves conhecida como rua do Trilho - Arquivo Nirez

A então rua do Catavento (Hoje Tristão Gonçalves). Arquivo Assis Lima

Nº 10 - Avenida do Imperador - 15 de Novembro.


Avenida do Imperador, vendo-se o prédio da antiga Escola Doméstica São Rafael, inaugurado no dia 30 de novembro de 1938. A escola ficava no nº1490 da avenida. 
Arquivo Nirez

Tradicional Padaria Ideal na Avenida do Imperador - Arquivo Nirez

Nº 12 - Dona Tereza Cristina - Antiga rua do Paiol e Santa Tereza.


Rua Teresa Cristina. Acervo Sérgio Roberto

Linda casa na rua Teresa Cristina. Acervo Sérgio Roberto

Nº 14 - Princesa Isabel - Santa Isabel.


Rua Princesa Isabel cruzando com a rua Guilherme Rocha. Arquivo Nirez

Mesmo cruzamento hoje.

Nº 16 - Padre Mororó - Mororó e, em 1888, São Cosme.


Rua Padre Mororó em 1943 - Arquivo Nirez

O Cemitério São João Batista na rua Padre Mororó - Arquivo Nirez

Nº 18 - Agapito dos Santos - Filgueiras e Concórdia.


Casa na rua Agapito dos Santos, onde morou o jornalista Jáder de Carvalho. Arquivo Nirez

A casa hoje - Acervo do Blog Sertão Poesia

Nº 20 - Conselheiro Estelita.

Nº 22 - Oto de Alencar - Foi chamada de Natal e Dr. Francisco Salgado.


Grupo Fernandes Vieira (Hoje Colégio Juvenal Galeno) na rua Oto de Alencar. Foto da década de 30.

Corpo de Bombeiros - Rua Oto de Alencar. Década de 60


Veja também a parte I com as ruas ímpares



Fonte: Livro Fortaleza Somos Nós - Aurileide Silva/Sara Braga


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

A nomenclatura numérica das vias públicas da Fortaleza antiga


Em 1890, de acordo com a resolução aprovada em 29 de outubro daquele ano pelo Conselho da Intendência, foi implantada a nomenclatura das vias públicas da cidade.

Importante observar que, em geral, eram chamadas Ruas aquelas vias que tinham a largura de sessenta palmos ou 13,20 metros ou mais, tendo a direção Norte-Sul ou do mar para o sertão.
Designava-se por Travessas aquelas vias que tinham a largura de 11,00 metros ou cinquenta palmos ou menos, tendo direção Leste-Oeste. Becos e Corredores os de menor largura, termos que ainda hoje estão em uso.
Para as numerações das vias públicas foram tomadas como eixos Norte-Sul a rua Barão do Rio Branco e Leste-Oeste as Avenidas Duque de Caxias e Heráclito Graça.


Rua Barão do Rio Branco, entre as ruas Antônio Pompeu e Meton de Alencar aproximadamente, lá na frente à esq., vemos a silhueta do Ed. Diogo. A foto é da déc. de 40.
Arquivo Nirez

Avenida Duque de Caxias.

Na relação abaixo, adotei o seguinte ornamento:


  • Em primeiro lugar o número atribuído à via pública;
  • Em segundo, o nome atualmente adotado;
  • Em terceiro, o nome possuído na ápoca em que se passou a usar a nomenclatura numérica.
Ruas Ímpares

Nº 1 - Rua Barão do Rio Branco - Formosa; além deste nome possuiu as denominações de D. Luiz, Nova e Paes de Carvalho.


Rua Barão do Rio Branco

Nº 3 - Rua Major Facundo - Chamou-se da Palma, em 1856, desde o Passeio Público até a altura da Praça do Ferreira, e, para o sul do Fogo. Denominou-se também de rua Nova D'el Rei em 1845.


Rua Major Facundo

Nº 5 - Floriano Peixoto - Boa Vista; o primeiro trecho até a Praça Waldemar Falcão era conhecido como rua das Belas, daí em diante até à Praça do Ferreira - rua das Pitombeiras e mais para o sul - rua da Alegria.


Rua Floriano Peixoto em 1983. Foto de Nelson Bezerra

Nº 5A - General Bezerril - do Quartel e o trecho final, rua da Alegria, que recebeu o Nº 7A.


Rua General Bezerril

Nº 7 - Rua Assunção - Possuiu os nomes de Cons. Liberato Barroso e Cel. João Brígido.

Nº 7A - Rua General Bezerril - Já referida no 5A.

Nº 7B - Rua do Rosário.

Nº 7C - Avenida Alberto Nepomuceno, Conde D'eu e Sena Madureira - João Nogueira afirma que é uma das ruas mais antigas da cidade. Em 1856, o trecho que vai da praia ao Largo da Sé se chamava Rua da Ponte, rua da Matriz e, posteriormente, rua de Baixo a parte compreendida entre o Largo e a rua São Paulo atual. Daí para o sul - Rua dos Mercadores e do Riacho, em 1828. Rua Direita dos Mercadores em 1810. Atualmente, a rua da Ponte é a Avenida Alberto Nepomuceno; a da Matriz, Conde D'eu e a dos Mercadores, Sena Madureira.


Foto aérea, vendo-se a Avenida Alberto Nepomuceno em 1933. Arquivo Nirez

Rua Sena Madureira nos anos 30.

Nº 7D - Rua Governador Sampaio - Rua do Sampaio. Possuiu também os seguintes nomes: Nova do Outeiro e Beco de Apertada Hora, em 1812, José de Alencar e, em 1930, D. Bárbara.

Nº 7E - Rua São José - Essa rua denominou-se Beco das Almas, o trecho atrás da Praça da Sé em 1810. Em 1875, Travessa da Sé e em 1888 passou a possuir o nome atual.

Nº 7F - Rua Baturité - Travessa do Outeiro - Pela nomenclatura de 1933 era Travessa das Escadinhas.

Nº 9 - Rua Sólon Pinheiro - Trindade.


Rua Sólon Pinheiro - Arquivo Nirez

Nº 11 - Rua Barão de Aratanha - Do Lago.

Nº 13 - Jaime Benévolo - Do Açude, chamou-se também João Tomé.

Ao lado, vemos a esquina das ruas Jaime Benévolo e Antônio Pompeu. Marciano Lopes.   -->

Nº 13A - Avenida Visconde do Rio Branco - Boulevard - Rio Branco e Estrada de Messejana.

Nº15 - Conselheiro Tristão da Cruz.

Nº 15A - Rua Boris - da Praia.

Nº 17 - Rua 25 de Março - Em 1888 era do Pajeú e, anteriormente, em 1856, era rua do Outeiro.


Rua 25 de Março esquina com Pinto Madeira. Arquivo Ivan Gondim

Nº 19 - Avenida Dom Manuel - Boulevard da Conceição, rua do Barreiro, em 1875, e antes da denominação atual era Dom Luiz.


Avenida Dom Manuel em época de carnaval. Foto da década de 60 - Acervo Carlos Juacaba

Nº 19A - Rua Almirante Jaceguai - Travessa da Conceição e Subida da Prainha.

Nº 21 - Rodrigues Júnior - da Glória, também Conselheiro Rodrigues Júnior.


Rua Rodrigues júnior, um pouco antes da Avenida Heráclito Graça. Arquivo Nirez

Nº 21A - Senador Almino - Arrecifes.

Nº 23 - Rua Dona Leopoldina - Leopoldina, foi conhecida ainda como D. Joaquim.

Nº 25 - Rua Dom Joaquim - da Soledade e São Luiz.

Nº 27 - Rua Nogueira Acióli - da Aldeota, popularmente era conhecida como João Pedro.


Esquina da Rua Dona Leopoldina com a Padre Valdevino. Vemos a residência do desembargador Álvaro de Alencar.



Fonte: Fortaleza Somos Nós - Aurileide Silva/Sara Braga

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Cem anos da seca (1915-2015)


"O céu, transparente que doía, vibrava tremendo feito uma gaze repuxada. Vicente sentia por toda parte uma impressão ressequida de calor e aspereza. Verde, na monotonia cinzenta da paisagem, apenas um juazeiro ainda escapa à devastação da rama”. A escritora Rachel de Queiroz imortalizou a seca de 1915, mas as palavras da cearense também serviram de retrato de outras grandes secas ao longo desses 100 anos.

Muitas pessoas que sofriam com a seca chegaram à capital e, para conter o fenômeno, centenas de retirantes eram, literalmente, concentrados. Os primeiros campos de concentração foram criados em Fortaleza, um deles no Bairro Otávio Bonfim. O local hoje abriga uma praça e a Igreja de Nossa Senhora das Dores.

“A ideia era muito clara: concentrar, disciplinar essas pessoas. Colocar essas pessoas ali pra que elas não perturbassem a ordem social. Lá havia uma rígida disciplina. Não poderiam sair, tinham, muitas vezes, os cabelos raspados, separavam mulheres de homens. Muitas vezes, o governo que administrava os campos. Havia cadeias pra punir quem agisse com indisciplina. Então, era um modo de controle”, explica o professor e historiador Airton de Farias.


Veremos agora um conjunto de registros fotográficos de vítimas da seca. O autor das fotos é  Joaquim Antonio Corrêa, cujo ateliê ficava em Fortaleza.
Esse conjunto de fotografias pertence atualmente, ao acervo da Biblioteca Nacional. São imagens chocantes, em formato de 'cartes de visite', e retratam crianças, homens e mulheres desnutridos e maltrapilhos, de aparência doentia, e, muitas vezes, as fotos, feitas em estúdio, trazem textos rimados que se referem à miséria.



"Tenho fome! Tanta fome
Que já não me posso erguer!
Miseria que me consome,
Faze que eu possa morrer!"

"Foi o céu inexhoravel
Contra á mim, contra á meus paes,
Deixou-me na orphandade
Entregue a dores e ais!"

"Desgraçado! Assim creança
Pae, mãe e irmãos perdi!
A miseria á mim se avança
Abre as garras e sorri!"

"Triste orphão da ventura
Só dores no mundo achei
Dá-me oh" Deus a sepultura
Onde a paz encontrarei!"

 ILEGÍVEL
"...Foi lusidio e feliz!
Mas hoje é pallido espectro
Que a existencia maldiz"

"Coberto de immundos trapos
Dormindo exposto ao luar
Falta-me n'alma o talento
Té mesmo para chorar!"

"Porque me tornas cadaver,
Miseria, que me assassina?
Porque plantas tantas dores
Na minh'alma inda menina?"

ILEGÍVEL
"Vive exposto o corpo meu!
Meu pae e mãe, meus amores!"
ILEGÍVEL

"Deixei, por amôr a vida
Me roubarem o pudor!
E hoje mulher perdida
Morro de fome e de horror!"

"O filho, como uma furia
Ergueu-se a um pão pedio!
Pobre pae, ante á penuria
Tremeu de fome e cahio!"

"Eu sou cadaver esguio
Que por entre os vivos erra;
Meu-corpo tomba sombrio
No solo da ingrata terra!"

"Tão bello na face outr'ora
Eu tinha os risos dos céus!
E myrrada pelle agora
Cobre mal os ossos meus!"

(Obs.: Os textos das fotos estão com a grafia da época)

Em 1915, uma seca severa fez com que os sertanejos se dirigissem para as grandes cidades, desta feita o Governo do Ceará, optou por criar o primeiro "campo de concentração, no Alagadiço, hoje Otávio Bonfim, ao oeste da cidade de Fortaleza, lá foram "abrigadas" mais de 8 mil almas a quem eram fornecidas alimentação sob a vigília constante de soldados. Mais uma vez (sim, essa infelizmente não foi a primeira e não seria a última seca que tivemos) foi estimulada a migração para a Amazônia e o campo (curral humano) foi desativado em novembro do mesmo ano.

Decididamente aqueles não seriam anos bons para os cearenses. Depois das duas guerras de 1912 e 1914, seu Jader e sua família iriam assistir em 1915 a pior seca de todos os tempos. 

 
Relatório dos Presidentes dos Estados - 1916



Créditos: G1 Ceará/ Brasiliana Fotográfica