terça-feira, 29 de março de 2016

Das antigas - João Pilão e o transporte coletivo em Fortaleza


"João Pilão Personagem Popular na galeria dos Esquecidos.

João Amora Moreira, nasceu em Aquiraz aos 14 de junho de 1914. Faleceu em 2 de maio de 2000. Casado com Nedir Nogueira Moreira, falecida dois meses antes dele, deixou sete filhos. Veio para Fortaleza em 1941, já trabalhando como motorista de uma fabrica de aguardente. Nesse mesmo ano trocou o caminhão pelo ônibus e trabalhou com os primeiros empresários de ônibus de Fortaleza, na Empresa Pedreira (1929) de propriedade dos Srs. Oscar Jataí Pedreira e João de Carvalho Góes, de onde faziam as linhas: Vila São José/Centro; Jacarecanga/Centro; Brasil Oiticica/Centro e Carlito Pamplona/Centro. Depois o Sr Oscar Ficou comandando sozinho o empreendimento.
Eram essas as quatro concessões inicialmente dadas aos empresários. Foi aí que João Amora popularmente em toda Fortaleza motorizada e usuária de transporte coletivo, ficou conhecendo João Pilão. Folgava rapidamente uma mão do volante e acenava para o povo.

Só dirigia de bem consigo mesmo, e sorria para os passageiros. Foi um vereador que não tivemos, se tivesse sido um aproveitador por sua popularidade. Trabalhou ao volante até 1972 quando merecidamente obteve sua aposentadoria previdenciária, aproveitando o encerramento das atividades e perca de concessão da Empresa Pedreira. Ainda cheguei a passear em seus veículos da marca GMC e Ford com carrocerias de madeira, fabricadas em 1946. Depois a frota recebeu ônibus de carroceria Grassi, que com o encerramento das atividades da empresa, ainda me lembro de um dos carros vendidos por Pedreira fazendo a linha Centro/Antonio Bezerra Via Genibaú.

A rua Padre Mororó em 1943. Arquivo Nirez

Rua Padre Mororó ao lado do Cemitério São João Batista. Acervo Diário do Nordeste

João Pilão residindo na Capital, primeiro morou na Rua Padre Mororó defronte ao Cemitério S. J. Batista, depois foi para o Bairro Carlito Pamplona, vindo a residir na Rua Assis Bezerra e por ultimo na Rua Coelho Fonseca até quando nos deixou.
Busquemos recuar no tempo. Foi em 1910 a aprovação pelo Governo Federal do primeiro regulamento para o transporte rodoviário, embora o empreendedorismo fizesse com que o presidente do Ceará, Nogueira Accioly no ano de 1908, arriscasse e concedeu privilégio por cerca de dez anos a Júlio Pinto explorar empresa de carros automóveis, objetivando transportar passageiros e cargas. Dentre as cidades e vilas contempladas mencionamos: Maranguape, Aquiraz, Itapipoca, Canindé e Aracati.
Julio Pinto e seu associado Meton de Alencar importando carros, fundaram a Auto Transporte Cearense. O primeiro carro a circular em Fortaleza foi um HAMBLER que aos 28 de março de 1909, rodou na cidade causando apoteose aos que o viram rodar. Foi um veiculo muito precário.

Automóvel do Dr. Meton de Alencar e Júlio Pinto - Arquivo Nirez

Em 1915, nosso Estado recebeu das mãos do governo um órgão que se destinou peremptoriamente ao controle do serviço de transporte. A Inspetoria fora subordinada à Secretaria de Justiça e Segurança Publica.

A Associação dos Chauffeurs teve sua fundação aos 19 de julho de 1924, sendo anos depois transformada em Sindicato. Depois o dia 25 de julho foi instituído como o DIA DO MOTORISTA, para coincidir com a tradição religiosa fazendo menção a São Cristóvão.
Só lembrando: Oscar Jatí Pedreira faleceu em dezembro de 1977, deixando a viúva a Sra. Francisquinha, daí sua Mansão na Avenida Francisco Sá nº 1855 se chamar VILA QUINQUINHA. Depois a família resolveu vender a propriedade e quando de sua demolição desnecessária, desapareceu um grande galpão, que era a garagem da empresa do Pedreira. Assim é que a aristocracia do Jacarecanga foi se acabando."


Assis Lima
Radialista/Escritor



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