Estação da Floresta e o Ramal da Barra - Álvaro Weyne
Os moradores do bairro Álvaro Weyne e os pesquisadores da história de nossa cidade após esse relato, irão agora compreender porque a “Rede de Viação cearense – RVC” construiu uma estação intermediária entre a Central e o Distrito de Barro Vermelho (atual Antônio Bezerra) já que nos anos 20 do século passado, não existia nesse local uma justificativa sócio – econômica para uma parada de trem. A “Floresta” como era conhecida na época, era muito arborizada e um solo abençoado pela natureza, pois, as águas de seus poços eram excelentes para o consumo humano e faça-se justiça, era a melhor água de Fortaleza.
Pois bem, o diretor da RVC Dr. Demósthenes Rochert, o Presidente do Ceará José Moreira da Rocha (Desembargador Moreira) e o Prefeito de Fortaleza Godofredo Maciel, viabilizaram perante o Ministério da Viação e Obras Públicas, a construção de uma artéria ligando por ferrovia Fortaleza ao Rio Ceará, isso devido ao potencial econômico fluvial/marítimo e os já avançado estudos para a implantação do primeiro aeroporto de Fortaleza. A Barra do Ceará foi onde o nosso Estado nasceu. É o berço de Fortaleza e tem mais essa interessante história.
O Ramal Ferroviário da Barra teve como ponto de junção, o Bairro da Floresta localizado no Km 4,180 m da Estrada de Ferro Fortaleza/Itapipoca-EFFI e como não poderia deixar de ser, surgiu a necessidade imediata da construção de uma Estação, cuja inauguração ocorrera aos 14 de outubro de 1926, data também do término das obras do referido trecho Floresta/Barra do Ceará. Tinha uma extensão de 3,800 Km com 3,010m acima do nível do mar. O recebimento de óleo de mamona, a exportação dos curtumes, sal e outros produtos eram movimentados por via férrea. A condução de passageiros nesse ramal era apenas em excursões particulares ou, quando havia interesse da RVC recepcionar ou/em conduzir autoridades ao aeroporto.
Por toda a década dos anos 30 o ramal esteve no auge, sendo posteriormente sua degringolagem marcada por dois grandes motivos: O surgimento do complexo portuário no Mucuripe, quando os navios de médio porte que fundeavam na Barra do Ceará passaram a atracar no novo porto e segundo, com a inauguração (1952) do aeroporto no Cocorote (denominou-se depois Pinto Martins). Os hidroaviões foram desaparecendo.
Em 1954, não existia mais nenhum motivo para o trem ir para a Barra do Ceará, razão pela qual os trilhos foram arrancados. Quem percorrer as Ruas Hugo Rocha e Vinte de janeiro no Bairro da Colônia deve saber que, essas vias rodoviárias surgiram graças ao trem da Barra. Esse capítulo da história de Fortaleza é pouco conhecido, mas que deve ser explorado pelos pesquisadores. Hoje o Rio Ceará é cartão postal e indústria para o turismo.
A Estação da Floresta em maio de 1960 passou a se chamar Mestre Rocha, pois, na época o diretor da RVC que era o Cel. Virgílio Nogueira Paes atendeu ao pedido dos familiares de José da Rocha e Silva, que foi o primeiro maquinista do Ceará, sendo em seguida, mestre geral das oficinas da antiga Estrada de Ferro de Baturité. O mesmo faleceu em 1927.
Com o advento da Revolução política de 1964, o nome do Bairro Floresta foi modificado, passando a se chamar Álvaro Weyne* homenageando por recente falecimento, o comerciante e ex-prefeito de Fortaleza. A RVC por questão de adaptação e interferência política cedeu, e a Estação de Mestre Rocha também passou a se chamar Álvaro Weyne.
A edificação da Antiga Estação Floresta sofreu desativação em fevereiro de 1982, quando a Coordenadoria dos Transportes Metropolitanos - CTM inaugurou uma nova estação, só que com a quilometragem alterada e com plataformas adaptadas ao novo trem. Aí em 1984 a bucólica e nostálgica edificação desapareceu. Os moradores parecem que perderam o seu referencial. O amigo trem nesse local não se achou mais acolhido... Chorando sua ausência foi embora e nunca mais parou.
Assis Lima
*Álvaro Nunes Weyne, comerciante e prefeito de Fortaleza por dois períodos (1928-1930 e 1935-1936). Faleceu aos 4 de julho de 1963, com 81 anos de idade. Em 1964, Murilo Borges, então prefeito de Fortaleza, assina decreto mudando o nome do bairro da Floresta. A estação que era chamada de Mestre Rocha, não suportou a interferência.
Meu avô paterno morava no bairro Floresta, o terreno era enorme com muitos cajueiros e mangueira e realmente havia um poço com uma bomba manual. Meu avô foi maquinista da RVC, muitas vezes passamos em frente à estação.
ResponderExcluirMuito interessante a participação de Assis Lima contando fatos da história recente de Fortaleza.
ResponderExcluirMeu avó era maquinista de trem antiga REFESSA. EU MORAVA a 100mtros da estação de trem.
ResponderExcluirBom dia! Você não teria fotos da estação em outros angulos?
ExcluirMeu avô foi funcionário da REFESSA, um dos "empregados da estrada de forro", como se dizia... Juntos, esses homens construíram suas vidas próximo à "Oficina de Trens"(REFESSA). Assim surge a "Vila Operária", onde hoje(2016) pode se encontrar casas e fámilias inteiras dessa época de ouro da Estrada de Ferro! Eu tenho família lá, na RUA SÃO ROQUE, de frete para o portão da "Oficina de Trens".
ResponderExcluirum importante registro! Parabéns!!!
Quem estudou no Centro Educacional Ferroviario lembra muito bem, nos pegavamos o trem operario e decia nas oficinas do urubu, meu pai tambem foi funcionario da estrada de ferro com eram chamados.
ExcluirCaro Assis Lima, você tem fotografias do trecho final da linha férrea na Barra do Ceará?
ResponderExcluirNós anos 60 eu e meus irmãos e irmãs éramos moradores,alias minha família ainda é,eu que moro em são Paulo,mas cresci neste bairro,meu pai Luiz Machado era funcionário da REFESA,estudei no Colégio José V.Ramos e íamos de trem todos os dias.como esquecer.sao muitas lembranças.(Irene).
ResponderExcluirMeu tio, João Cabral, foi da REFESA. Minha tia Lina ainda mora na Vila Operária. Ele era um dos mecânicos do famoso "Trem de Socorro". - Um conjunto de composições amarela e vermelha que era chamada para socorrer descarrilamentos na rede ferroviária. Sempre o vi como um heroi por me impressionar com sua aparência de "Hercules", em foto levantando sozinho um vagão. Na verdade, o tal vagão estava amarrado a um guindaste. Na epoca , anos 70, chamávamos de "Oficina dos Urubus".
ResponderExcluirMeu pai avô trabalhou na estrada de ferro,meu pai na refesa e meu irmão na cfn.
ExcluirEpoca boa do meu pai ele trabalhava no Socorro.
Porque a nossa barra Ceará e tão esquecida. Local onde foi marco da nossa história do ceara.
Morei no alvaro weyne do ano de 1969 até o ano de 1979 , morava na msm rua da estação, a teodomiro de castro!
ResponderExcluirBons tempos !!!
Meu avô ANTONIO DA PAIXÃO também trabalhou na refesa, todos da minha família moramos de frente aos trilhos q vai dar direto na refesa. Lembro quando era pequena os trens passavam aqui de frente minha casa tinha até uma alavanca aqui de frete no qual se mudava o sentido dos trinhos. Tenho irmão hoje q trabalharam e um ainda trabalha na refesa. Ainda passa trem aqui de frente mas é só vagões velhos ou q precisa de consertos. Toda minha família ainda moram por aqui.
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ResponderExcluirLembro muito bem da estação, passei minha infancia no bairro floresta.
Deixo aqui nosso contato família Weyne , estamos reconstruindo nosso árvore genealógica e ficaríamos muito felizes em conhecer mais Weyne 8199882-6292
ResponderExcluirA saudade e tão grande que chego a chorar parabéns pelo belo acervo .
ResponderExcluirMoro aqui em frente ao muro da "REFESA" no Álvaro Weynne, dá-se para perceber todo o desmatamento na região ainda que se mantenha viva uma parte da flora do lugar. A água ainda jorra e é de ótima qualidade até os dias de hoje. A área da estação cresceu bastante no limite com o bairro Presidente Kennedy, com postos de gasolina, farmácias, supermercados, shoppings e com grandes residenciais. Bom mesmo é poder ouvir o incomodo barulho do ferro, das máquinas e da sirene do intervalo dos trabalhados. Poder conhecer mais da história através do blog é incrível, parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirEu morei na rua Via Ferrea Sobral e estudei no Seminário. Morei perto da Estação.
ResponderExcluirESTAÇÃO MESTRE ROCHA...O MESTRE ROCHA ERA UM ENGENHEIRO QUE VEIO MONTAR A REDE FERROVIÁRIA NO CEARÁ. DAÍ ELE FOI QUEM PRIMEIRO "DIRIGIU" A 1ª MÁQUINA DE TREM EM 1873. MESTRE ROCHA É MEU BISAVÔ MATERNO, NATURAL DO RIO DE JANEIRO. EM FORTALEZA ELE CONSTITUIU SUA FAMÍLIA .
ResponderExcluirPessoal gostaria de reunir todas essas famílias e fotos desse lugar a praça da estação de Álvaro Weyne para fazer um protesto pedindo as autoridades que revitalizem a praça novamente pois hoje o estado e deplorável.
ResponderExcluirNasci e me criei no bairro Álvaro Weyne, inicialmente na vila Soeiro, depois na tenente Lisboa e por último na vila operária, também conhecido como Waldemar falcão, lembro bem da velha estação,da praça com o chafariz, do seminário, do educandário menino jesus, da febence onde aos fundos ficava a loja maçônica Gonçalves Lêdo, lembro-me dos campinhos, da velha autoviária são Vicente de Paula que despunha aquele ônibus verde que fazia a linha centro, boas lembranças dos meus avós, tias e amigos.
ResponderExcluirEu também nasci e vivi no Álvaro Wayne, estudei no Ginásio Paulo Sarasate e o Colégio José Valdo Ribeiro Ramos, morei na R. Hugo Rocha e R. Jacana, iamos de trem para a escola, pois meu pai trabalhava na oficina do urubu, nessa estação existia uma praça onde assistíamos televisão, o bairro era muito bom pra morar, perto do centro e todas as pessoas da época eram conhecidas no bairro. Muita saudades dessa época onde não existia essa violência de hoje.
ResponderExcluirMeu avô João da mata gadelha mas conhercido por Gadelha foi agente de estação e morava em frente a estação na tenente lisboa do lado do trilho na década7 60/70
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