segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Relembrando as tertúlias da Vila São José – Jacarecanga



A dança caracteriza-se pelo uso do corpo seguindo movimentos previamente estabelecidos (coreografia) ou improvisados (dança livre). Na maior parte dos casos, a dança, com passos ritmados ao som e compasso de música e envolve a expressão de sentimentos potenciados por ela. A dança é uma das três principais artes cênicas da antiguidade, ao lado do teatro e da música. No antigo Egito já se realizava as chamadas danças astro-teológicas em homenagem a Osíris. Na Grécia, a dança era frequentemente vinculada aos jogos, em especial aos olímpicos. Pois bem, duas coisas são indeléveis no curso de nossa vida. Essas gravações devem-se as energias sensitivas da audição e do olfato. Traduzindo são coisas marcantes: Perfume e música, em que eu evoco uma combinação feliz do maior brega/chique do Brasil Waldick Soriano, quando gravou a música “Perfume de Gardênia”. 


Mas vamos lá. O bom é que na época das tertúlias, as moças e os rapazes se afinavam e dançavam até, por todo o tempo pela combinação de essências. Muitos se queixavam de rejeição ao convidar uma menina, mas tinha lógica, o cabra usava perfume feminino e a pessoa se sentia como se estivesse com alguém do mesmo sexo. Mulher também não deve usar fragrância masculina. Sabiam que isso funciona no psicológico? Agora, não existia nesses bons tempos nada de marcas famosas tais como hoje, com fragrâncias passando da casa dos R$ 100 (Cem reais). Apesar de eu me esforçar pelo meu Malbec, anos atrás, pelo menos minha loção pós-barba era leite de colônia, e o creme de cabelo era o Trim. É o novo! As calças eram boca de sino, blusão por dentro, e o medalhão só perdia para o Erasmo Carlos. Não se fumava dentro do recinto onde a luz negra tornava a sala um escurinho de cinema. Quem quisesse acender seu Hollywood, Minister, Albany, Charm, Marlboro, Consul, Camel Filters (o mais caro) ou até mesmo o Continental, deveria sair para a calçada e após o uso, chupava Piper ou azedinho para mudar o hálito. 




Caramelo do Zorro e Negrito eram chocolates e pregavam nos dentes. Chicletes Adams, Ping Pong, Ploc... O Manuel Pé Cagado levou um spray para se amostrar, e a válvula estourou quase cegando uma menina, e tome vaia. As casas mais tradicionais em cederem espaço para as tertúlias era a residência do Tutuca (Elenilson), da amiga Ilná e a Tayse que já ficava na Avenida Francisco Sá olhando para o Saps. Tayse era namorada do Magão que morava na casa do Artur, zagueiro do Ceará Sporting Clube na época (1973), rua Coronel Philomeno Gomes nº 26. 
A publicidade da tertúlia era notória, pois, o anfitrião saía nas casas solicitando por empréstimo, discos de vinil. Portanto era nossa parceria, bem como ficar próximo da vitrola para ficar virando e sequenciando as músicas. Como a dança era de cerca de três horas, nunca uma música era repetida. Na rua já ouvíamos Roberto Carlos: “Debaixo dos caracóis dos seus cabelos”, “A Distância”, “Maior que meu Amor” ,“Amada Amante”; Os Pholhas: “I Never Did Before” (Nunca Fiz Antes); Roberta Flack: “Killing Me Softly” (Me Matando Suavemente); Stevie Wonder: “You Are Sunshine Of My Life” (Você é forte luz em Minha Vida); Demis Roussos: “Forever And Ever” ( Sempre pra sempre); The Fevers: “Mar de Rosa”, “Vivo a Sonhar com Você”, “Ninguém Vive sem amor”. Tinha também músicas eróticas como “Theme Love Airport”  (Tema romântico do Aeroporto) com Vicente Bell; “Nuvens, Amar Sonhar Sofrer”, JET´AILME... mol non Plus Erótico (Eu Te Amo em francês) e por ai ia... Todos os bailes da Vila São José eram na própria vila, com exceção do Carnaval e Natal que era no Clubinho Marcílio Dias, na Avenida Philomeno Gomes, por detrás do Cemitério São João Batista, depois do muro da Fábrica de tecidos
Quem é que queria saber e, também não podíamos! Náutico Atlético Cearense, Maguary, Diários, AABB, Clube de Regatas nem mesmo os clubes suburbanos que desapareceram, como podemos citar: O Uberlândia no Padre Andrade, Secai no Pirambu, Carlito Pamplona na Avenida Pasteur, Grêmio Recreativo dos Ferroviários na Francisco Sá, Internacional no Monte Castelo, Romeu Martins no Montese e o de Antônio Bezerra. Não, todos ficavam na Vila São José, porque aquele pedacinho tinha tudo de bom!



No escurinho, a gente combinava para chocar um casal com outro.  Se a jovem esboçasse desconforto, ficava como estava, mas do contrário a quentura do corpo (pinar mesmo) tornava mais gostosa a dança. Eram assim as tertúlias. A única despesa que tínhamos era quando o calor se intensificava e nos dirigíamos ao Bar do Chico Lima e/ou do Seu Telles para comprar refrigerantes como Blimp (sabor Limão), Crush (Laranja de verdade) e Grapette (Quem bebe repete). Os dois incidentes de que eu me recordo, foi na casa de um em que a Conefor (atual Coelce) no dia da festa cortou a luz pela parte da tarde. Nada se podia fazer porque era sábado. No outro incidente que também não vou mencionar o nome, foram fazer festa e nos deixaram de lado, trazendo gente estranha, querendo serem os "Reis da Cocada Preta". Fomos ao jardim do Seu Panchico e tiramos todas as pimentas malaguetas de seu jardim/hortaliça. À noite ao chegarmos na festa sem convite, discretamente soltamos pimenta ao chão. Daí começou a espirradeira e coceiras nos olhos e a festa acabou. Então veio a colheita desta travessura de mau gosto. Seu Panchico foi ao Padre Mirton Lavor, pároco da Igreja dos Navegantes e cabuetou (A brasileira) essa travessura. No sermão de sábado à tarde, ele baixou o Pau dizendo que “quem entrasse nos jardins alheios sem permissão, era ladrão e salteador”. Todos baixamos as cabeças. Aí os tertulianos ficaram bonzinhos. Quem achou ruim foram algumas meninas sapequinhas, mas nós que levamos o arregaço do sacerdote, passamos a obedecer ao para-choque de caminhão: dançando “mantendo a distancia”.  Depois as Tertúlias foram substituídas pelas discotecas e deu advento ao Rock não prestando mais... Por isso digo que 1º de novembro é o dia dos homens: “Dia de todos os santos”. kkkkkkkkkk

Bônus:

O Milionário com os incríveis não podia faltar!!! :)
Foi lançada em 1969 mas foi até o fim das tertúlias nos anos 80.

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Vila São José - Jacarecanga


Colaborador: Assis Lima

Ex-Ferroviário, Assis Lima é radialista e jornalista.
Idealizou e mantêm o Blog Tempos do rádio


10 comentários:

  1. Assisti a muitas misssas celebradas pelo Padre Mirton, na Igreja dos Navegantes.
    (Marcelo Constantino)

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    1. Morei no Jacarecanga. Estudei no Marcilio Dias e tinha muitos colegas na Vila Sao Jose. Padre Mirton fez minha primeira comunhão. Bons tempos...

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    2. Morei no Jacarecanga. Estudei no Marcilio Dias e tinha muitos colegas na Vila Sao Jose. Padre Mirton fez minha primeira comunhão. Bons tempos...Adorei esse blog!

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  2. Minha mãe ainda mora na Vila S.Jose, Ria D.Bela número 1.Trata-da Dona Natália, mãe do Mitão.Eu sou o Almir, irmão mais velho.Minha família mora na Vila S. José há mais de 60 anos.Você lembra do Juventus, local onde sempre fazia-mos tertúlia, cujo presidente eta o Isaías.O Isaías foi eleito presidente porque comprou uma radiola grande, som estereofônico.Durou pouco tempo porque os ladrões vieram e roubaram o som.Parabens pelo blog.

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  3. rs rs que legal gosti do blog eu sou João filho do Chico Lima, parabéns pelas lembrans, mas ainda falta muitos detalhes aqui, vamos intensificar. (João Lima - Radialista)

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  4. Morei também minha mãe Dona Izaltina tinha uma vendinha meus irmãos mas novo o Fernando. Antônio a Beth e o Sérgio cresceram na vila tempo bom.Saudedes

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  5. Morei na vila São José por dez anos aproximadamente,foi a melhor fase da minha vida e toda vez que viajo para Fortaleza, obrigatoriamente, visito a vila, embora tenha muito pouca gente daquele tempo. Eu sou o Carlin, irmão do Jacó e filho do seu Feitosa e como a maioria, estudei no Marcílio Dias.Amigo do Pinguim, do Aciomar, do Flavinho, do Julio, primo do Pichica e tantos outros do meu feliz período de menino da vila.

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  6. Estudei no marcili dias tambem e tenho muita vontade de rever meus amigos de infancia. Sou Rosemary estudei com dona Estela e Don Lucy

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  7. Parabéns pelas lembranças.
    Afinal de contas... Recordar é viver.
    Fui vizinho dessa turma toda, pois morei durante 22 anos na Vila Ideal (rua Senador Alencar, entre Imperador e Princesa Isabel). Saudades da época em que eu era feliz e sabia.

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  8. Que histórias lindas,de um passado tão lindo é belo que o tempo nunca apagará,da memória de quem viveu o mesmo amei ler, parece que estive lá não sei como,nem sei explicar.

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