Meus irmãos e eu na nossa casa da Avenida Filomeno Gomes em 1987. Arquivo pessoal |
Por já ter morado no Jacarecanga e lá ter vivido os melhores momentos de minha meninice, muitas vezes me pego lembrando da minha época de inocência, época de andar descalça pela Avenida Filomeno Gomes, de tomar banho de chuva na pracinha do Liceu...
Meu irmão. Arquivo pessoal |
Meu pai e meu irmão em 1987 em frente a pracinha do Liceu. Arquivo pessoal |
Tentarei descortinar para vocês, o MEU Jacarecanga, minhas memórias de menina e aquelas "memórias" que me apodero como se minhas fossem, mas são de apenas ouvir falar... Fecho os olhos e como se estivesse debruçada na janela da saudade, chego a sentir o frescor das abundantes e límpidas águas do rio que banha o bairro. Logo mais à frente, observo assustada a chegada avassaladora da urbanização, que modificou toda a paisagem, mas que também trouxe o progresso. Progresso esse que pelas mãos de um visionário*, muitos tiveram a oportunidade de trabalho e um lar para chamar de seu!
Minha casa na Filomeno Gomes nº 50. Minha irmã, eu e o meu irmão em 1984. |
É lembrar as inúmeras castanholas que nós comíamos do chão mesmo, até dar dor de barriga. rsrs
A Praça do Liceu sempre teve muitas árvores e eu brinquei muito de casinha embaixo das suas copas frondosas.
Quando chegamos ao bairro, vindos da Água Fria, eu tinha uns quatro anos e meio. Assim que tive idade, minha mãe me matriculou no saudoso Colégio Juvenal Galeno. Fiquei lá do jardim de infância até a segunda série.
Engraçado que quando eu era criança, o dia só amanhecia depois da sirene dos bombeiros, era o meu despertador diário e eu ficava deitada até ouvir que era hora de levantar pra vida! :D rsrs
Tristeza - O casarão sendo demolido nos anos 80. Arquivo Nirez |
Feirinha da Praça do Liceu nos anos 80. |
Por falar no casarão, era o meu lugar preferido na hora das brincadeiras. No enorme quintal da casa de Meton de Alencar Gadelha, era onde meus irmãos e eu brincávamos de caça ao tesouro. Lá, além do “meu mundo verde” lotado de árvores frutíferas, também existia uma grande quadra de futebol de salão, que eu soube anos mais tarde, que havia sido construída pelo dono da firma Cisa (Caju Industrial S/A), quando esta funcionou no casarão. Tenho tantas lembranças daquele lugar que não consigo aceitar até hoje sua demolição. :(
Meus primos. |
O casarão foi construído para servir de residência ao empresário Meton de Alencar Gadelha, que era dono da Tipografia Gadelha e mantinha o Jornal do Comércio. O responsável pela construção foi o engenheiro Alberto Sá. A casa ficou pronta e foi inaugurada no dia 08 de dezembro de 1930.
Em 04 de setembro de 1945, Meton Gadelha vendeu a casa para o seu sócio José Vidal da Silva. E de 1977 até 1979, funcionou no casarão o escritório da CISA. Depois disso, a casa ficou abandonada. Quando fomos morar no bairro, ela já se encontrava em estado de abandono e ficou um bom tempo assim, até ser invadida por uma família de índios. Ainda bem que eles ficaram pouco tempo na casa, o que foi muito bom, pois com a presença deles, não tínhamos coragem de pular seu muro e ir brincar no quintal.
Reinauguração da Praça do Liceu após grande reforma na década de 90. |
Pela proximidade com o riacho Jacarecanga, o terreno era propício ao nascimento de diversas frutas e ao pé do muro, era normal encontrar pequenos abacaxis ou suculentos tomatinhos.
Em um fatídico dia do ano de 1985, a casa foi demolida. Ela havia sido vendida a uma grande construtora. Infelizmente, não demoliram só a casa, junto com ela, demoliram as lembranças de uma época, de um tempo feliz... O casarão já não era de Meton Gadelha, era nosso, era furtivamente nosso, era patrimônio do Jacarecanga!
Depois volto e conto um pouco mais sobre o MEU Jacarecanga. :)
E você, quais lembranças tem do seu bairro?
* "Pedro Philomeno, Homem visionário, apesar de rígido com seus subalternos, construiu a Fábrica Gomes & Cia Ltda em concomitância com a Vila operária. A Usina São José na parte alta e a Vila na baixa, cujas conclusões datam de 1926. Agora, convém salientar de que originalmente a Vilazinha não era essa que lá está.
A Vila São José primitivamente era umas casas formando um L, ou seja, as Ruas Maria Estela e Isabel. Ficou muita vegetação nativa, com uma arborização impressionante. O lençol freático era cristalino e tinha um chafariz (o primeiro) onde em 1963 seu térreo se transformou no Bar do Seu Teles. Tão bom era o liquido, que recebeu o batismo de “Poço de São Jacó”. Assis Lima
Bom, mas isso é assunto para outra postagem! ;)
Parabéns! Adoro histórias de nossa cidade!
ResponderExcluirEsses tijolinhos vermelhos...
ResponderExcluirMorava no conjunto Ceará nos anos 80 e 90 parece que foram uma eternidade!!! Nostalgia define.
Independentemente do bairro esses anos foram incríveis!!!!
Morei na rua padre mororo esquina com a rua São Paulo, enfrente o clube santa cruz nos anos 82 até 89,
ResponderExcluirA madrinha de meu irmao morava numa casa do lado do Santa cruz , era uma casa de esquina com muro baixo , os donos ja sao falecidos .
ExcluirBoa tarde!,
ResponderExcluirVendo esse posto sobre o bairro do Jacarecanga, me fez lembrar-se da minha infância, em meados dos anos 80 a 90, gostava muito de visitar minhas tias “tias da minha Mãe”, quatro irmãs que junto com o Padre Francisco Mirto Bezerra de Lavor serviram na igreja do Navegantes e que se tornaram quase santas, viveram solteiras até a morte, moravam na rua Santo Inácio, que tempo bom... ficava na janelas da casa vendo o vai e vem dos trens... Grande abraço!
Madson Hermanny
gostaria aqui de registrar que também fui criado nas redondezas no bairro jacarecanga. Morei muito tempo na rua Pedro Pereira onde passei minha infância.
ResponderExcluirQue saudade!!
ResponderExcluirVivi tudo isso que vc relatou.
Morei no Jatahy por 20 anos.
Tempo bom q não volta mais...
Sou o neto mais velho da família Nobre, meus avós Olegário Correia Nobre e Eneide Brandão Maia Nobre chegaram ao bairro Jacarecanga bem no início dos anos 70s. Fui uma criança privilegiada, pois conheci e brinquei dentro da maioria dos casarões do entorno da praça Gustavo Barroso. Nesse meu cinquentenário de vida, só tenho boas lembranças desse lindo e maravilhoso bairro. Parabéns pelo resgate cultural da memoria do bairro Jacarecanga minha querida prima Leila Nobre.👍
ResponderExcluirBelos tempos, belos dias, meu primo querido!
ExcluirSaudades de correr na pracinha, de andar de bicicleta contornando o monumento de Gustavo Barroso, de comer castanhola até ficar de boca roxa... Oh saudade!
Beijossssss
Tambem morei no jacarecanga , na rua liberato barroso 1503 quase na esquina Padre ibiapina . Minha rua de infancia ,quantas saudades ...
ResponderExcluirEm 07/09/1935, o Liceu do Ceará ganhou nova sede própria, a atual, na antiga Praça Fernandes Vieira, hoje Praça Gustavo Barroso, prédio construído pelo Escritório Clóvis de Araújo Janja, meu avô materno.
ResponderExcluirFonte: Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005
Autor: Miguel Angelo de Azevedo - Nirez - 2005