Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Aeroporto Pinto Martins
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sábado, 23 de abril de 2011

Aeroporto Internacional Pinto Martins - Antigo Alto da Balança



                                                                                                  

Fotos do Avião de Amélia Earhart pousado no Campo de Pouso do Alto da Balança - Cocorote 


O aeroporto teve suas origens na pista do Alto da Balança, construída na década de 1930 e utilizada até 2000 pelo Aeroclube do Ceará. Durante a Segunda Guerra Mundial, serviu de base de apoio às Forças Aliadas, época em que foi construída a segunda pista de pousos e decolagens (Base do Cocorote), a atual pista principal do Aeroporto de Fortaleza.


Velho terminal do Aeroporto Pinto Martins. - Arquivo O Povo


Em 13 de maio de 1952, o aeroporto ganhou o nome de Pinto Martins, em homenagem ao cearense Euclides Pinto Martins* que realizou o primeiro voo sobre o Oceano Atlântico entre Nova Iorque e o Rio de Janeiro, no início da década de 1920, a bordo do hidroavião Sampaio Correia


A segunda pista do Alto da Balança foi ampliada de 1.500m para 2.545m em 1963. O primeiro terminal de passageiros e o pátio de aeronaves foram construídos em 1966.

A administração do Aeroporto foi transferida à Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), em 7 de janeiro de 1974 (Portaria nº 220/GM5, de 3 de dezembro de 1973), quando deu início a uma série de obras para revitalização e ampliação do complexo aeroportuário, entre elas a do pátio e a do terminal de passageiros.


Varig - Desembarque no antigo Pinto Martins. Acervo Will Nogueira
Por meio de uma parceria entre a Infraero, governo federal e governo estadual, o aeroporto recebeu novo e moderno terminal de passageiros com 32.000 metros quadrados, inaugurado em fevereiro de 1998, pelo governador Tasso Jereissati. O novo terminal tem capacidade para 2,5 milhões de passageiros/ano, 14 posições para estacionamento de aeronaves e é dotado de modernos sistemas de automação, sendo classificado como Internacional em 1997 (Portaria 393 GM5,
de 9 de junho de 1997).


Atualmente, o antigo aeroporto de Fortaleza funciona como Terminal de Aviação Geral (TAG), onde opera a aviação de pequeno porte (aviação geral, executiva e táxi aéreo).   


Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Crédito: Thiago Castro

*Já se perguntou, alguma vez, qual foi o primeiro avião a cruzar o céu do Brasil vindo dos EUA? E quem pilotava? Pois foi um cearense chamado EUCLIDES PINTO MARTINS. Na verdade, ele era o co-piloto, mas lhe foi cedida a honra de assumir a nave no espaço aéreo brasileiro por seu colega o piloto WALTER HILTON. A aeronave foi um hidroavião biplano cedido pela jornal "The New York Word"!

A viagem começou em 4 de Setembro de 1922 e terminou a 8 de Fevereiro de 1923.


Sua Vida

Euclides Pinto Martins nasceu em Camocim, no Ceará, a 15 de abril de 1892. Entretanto, só foi batizado três meses depois, (28 de julho de 1892), na Igreja Matriz de Macau, Rio Grande do Norte. O fato ocorreu porque seu pai, Antônio Pinto Martins, natural de Mossoró, naquele estado, foi convidado para representar a Companhia de Salinas Mossoró Assú, em Macau. Por isso, Pinto Martins foi batizado na Matriz de Macau e registrado no Cartório Civil daquela cidade. 



Aeroporto Pinto Martins em 1962.  Arquivo Totonho Laprovitera

Sua mãe chamava-se Dona Maria Araújo do Carmo Martins e dedicou-lhe muito amor e carinho. Euclides era um menino bem criado e de inteligência incomum. Aos cinco anos, (1897) já começava a estudar na escola pública local.

Três anos depois, (agosto de 1900), seus pais se mudaram para Natal e o jovem teve que continuar seus estudos primários no Colégio Americano, conhecido como Colégio das Capas Verdes



Charretes do Aeroporto, as crianças amavam!

Charretes do Aeroporto - década de 60

Em 1903, já com 11 anos, se transferiu para o Colégio Atheneu Norte Rio Grandense e, paralelamente, ingressou num curso noturno de náutica. Observem aí, o seu gosto pelas viagens e aventuras. 



 Aeroporto Pinto Martins no final de 1961 - Arquivo Nirez

Quatro anos mais tarde, (1907), embarcou no navio "Maranhão" saindo no ano seguinte, para ser segundo piloto do navio "Pará". Infelizmente, um acidente de bordo interrompeu esta rápida carreira naval e, Euclides, com problemas na carótida, desembarcou em Natal sendo aconselhado pelos médicos a abandonar a carreira.


Praça do Aeroporto em 1979 vendo-se a torre do antigo terminal.

No início de 1909, seu pai mandou-o para os EUA com US$300,00 e uma recomendação para que uma empresa de amigos lhe repassasse uma certa quantia mensal para sua manutenção. Euclides não perdera tempo, matriculou-se no "Drexell Institute" na Filadélfia onde, três anos depois se formaria em Engenharia Mecânica. (1911). Além de estudar, Pinto Martins trabalhava como estagiário na "Baldwin Locomotive", uma fábrica de vagões. Ali, o jovem aprendeu a falar inglês rapidamente e se inseriu na sociedade local, conquistou uma namorada e se casou com a Srta. Gertrudes Mc Mullan.

Nosso herói regressou ao Brasil logo após a formatura, (1911) desembarcou do navio "Booth Line", em Fortaleza. Convidado por seu pai, viajou para Natal, onde passou a trabalhar como engenheiro na "Inspetoria Federal de Obras Contra a Seca" e na Estrada de Ferro. 



Convair no antigo aeroporto Pinto Martins. Década de 60- Carlos Juaçaba

Como seu pai era maçom, Euclides Pinto Martins acompanhou-o e ingressou na loja maçônica "21 de Março".

Em Natal - Rio Grande do Norte, nasceu em 1914 sua primeira filha: Ceres, que viria a morrer, tragicamente, aos 31 anos de idade num acidente de avião em Porto Rico, com seu marido. 



Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

A vida de Euclides Pinto Martins foi marcada por constantes viagens e mudanças. No final da 1º Grande Guerra, (1917) ele se mudou para Recife onde viveu por 2 anos. Ali, ingressou na Loja "Segredo e Amor" (Loja Maçônica). A maçonaria foi outro fato marcante na vida de Pinto Martins.

Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro


Em 1918, faleceu sua jovem mulher e Euclides, muito sentido, retornou aos EUA. Apesar da dor da perda, acalentava no peito o desejo de uma grande aventura entre o Brasil e EUA.

Procurou parcerias e acabou se associando a Ladislau do Rego, que juntos, compraram um navio com a ideia de criar, no Brasil, uma companhia de navegação de cabotagem. Lamentavelmente, o negócio não deu certo, pois o navio afundou... 


Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Euclides permaneceu na América, enquanto seu sócio neste negócio fracassado, voltou ao Brasil terminando assim, sua primeira tentativa de fazer algo grandioso.

Euclides não esmoreceu, casou-se novamente com uma americana Adelaide Sulivan. Adelaide era advogada e doze anos mais velha que seu marido, tendo lhe dado em 1920, uma filha: Adelaide Lillian.

Avião Varig na Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Ainda jovem e em fins de 1922 foi escolhido como parte da tripulação de um avião fretado pelo jornal "The New York World", que patrocinava a tentativa de uma viagem aérea pioneira entre as Américas do Norte e do Sul.

Aquela foi uma época de grandes raides mas se hoje é ainda temerário sobrevoar a Amazônia em aeronaves pequenas, na década de 1920 isso quase beirava a loucura.


Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

A viagem começou em Nova Iorque, em novembro de 1922, e terminou no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1923, após terem sido cobertos os 5678 quilômetros do percurso com cem horas de voo a cada instante interrompidos pelos mais variados problemas, e primeiro pouso em águas brasileiras ocorreu no dia 17 de novembro de 1922, quando Martins e seus colegas americanos aterrissaram na foz do rio Cunani.

Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

O episódio foi posteriormente narrado pelo próprio Pinto Martins a um repórter do Jornal "O Estado do Pará":

"Quando levantamos voo de Caiena encontramos forte temporal pela proa. Rompemos o mau tempo com dificuldade, mas tivemos de procurar abrigo. Tomei a direção do aparelho (ele era co-piloto) e depois de reconhecer o rio Cunani aí descemos às 3,30 horas. O tempo, lá fora, era impetuoso e ameaçador. Não nos foi possível prosseguir e passamos a noite matando mosquitos e com bastante fome, pois não contávamos interromper a rota…"

Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Essa e outras aventuras tornaram a viagem New York-Rio uma terrível aventura de obstáculos, só superados pela coragem dos tripulantes. Martins foi recebido pelo presidente Artur Bernardes e recebeu um prêmio de 200 contos de réis. Viajou à Europa, voltou ao Rio e iniciou negociações para explorar petróleo. Foi quando ocorreu sua morte brutal, no dia 12 de abril de 1924. Até hoje o episódio não está bem explicado, mas Monteiro Lobato, em seu livro "Escândalo do Petróleo e do Ferro", sustenta que Martins foi vítima dos poderosos lobbies interessados em atrasar o desenvolvimento brasileiro.


Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

A verdade talvez nunca venha a ser conhecida. Depois de discutir com seu companheiro de viagem Walter Hinton ele sacou de uma arma e suicidou-se a vista da amante.


Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro

Em 1952, atendendo as aspirações dos seus conterrâneos, o Presidente Café Filho sancionou Lei no Congresso oficializando o nome de Pinto Martins para o aeroporto da capital cearense. Justiça, mas ainda pequena, para o homem dinâmico que na década de 1920 soube antever a importância econômica da ligação aérea regular entre os Estados Unidos e o Brasil. E que teve coragem de investir na exploração de petróleo, no Brasil, quando isso era por todos apontado como uma loucura (Sobre a relação de Pinto Martins com a exploração do petróleo, há algumas informações adicionais no livro de Monteiro Lobato "O Escândalo do Ferro e do Petróleo", que o coloca como um dos mártires dos estudos de prospecção de petróleo no Brasil). A viagem New York-Rio de Janeiro também era considerada loucura, mas ele a concluiu.


Pista do Alto da Balança (Pinto Martins) na déc. 50. crédito: Thiago Castro


Fonte: Wikipédia, http://www.literario.com.br , 
Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e Youtube 



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