CABEÇA DE FOGÃO: Um cognome para definir a expressão de vida inquietante, corajosa, desbravadora de Antônio Bezerra de Menezes. Nasceu em Quixeramobim(CE) a 21 de fevereiro de 1841. Filho do doutor Manoel Soares da Silva Bezerra e de Maria Teresa de Albuquerque Bezerra, nascida a 13 de agosto de 1818 e falecida às 21 horas de 5 de maio de 1908. Neto pelo lado paterno do tenente-coronel Antônio Bezerra de Menezes e Fabiana de Jesus Maria Bezerra e bisneto do coronel Antonio Bezerra de Souza Menezes e Ana Maria da Costa, da família Antunes. Pelo lado Materno neto do tenente-coronel Manoel Alexandre de Albuquerque Lima, pernambucano, da família Albuquerque Melo, e de sua mulher Maria de Nazaré Bezerra de Menezes.
JORNALISMO: Na juventude participou do movimento abolicionista, em função do qual ingressou no jornalismo. Com Teles Marrocos e Antônio Martins, fundou o jornal " O LIBERTADOR ", em 1881, que alcançou renome na imprensa do Ceará como órgão devotado à causa emancipadora. Em 1884 e 1885 fez publicar no jornal "A CONSTITUIÇÃO" as impressões de viagem empreendida à zona norte do Estado em comissão que lhe fora confiada por Caio Prado, então Presidente da Província. Os trabalhos foram, mais tarde, enfeixados em livro sob o título NOTAS DE VIAGEM AO NORTE DO CEARÁ. Com Antônio Augusto de Vasconcelos, Ferreira do Vale e o médico Guilherme Chambly Studart, fundou "O CEARÁ". Pode-se afirmar sem receio de medo que colaborou em todos os jornais literários publicados em Fortaleza, na sua época. Em 1859 fundou "A ESTRELA" com José Barcelos. Havendo-se aposentado como empregado público, que foi por muitos anos, mudou sua residência para Manaus (AM), onde ocupou o lugar de diretor do Museu e foi redator principal da"PÁTRIA", órgão da colonia cearence naquela cidade.
LITERATURA: Ele entrou de cabeça no mundo literário, sendo essa uma das suas mais significativas contribuições. De volta ao Ceará, continua entregar-se aos estudos de sua predileção pretendendo escrever um livro sobre o Estado que no que abundam mapas , gravuras, etc. Foi membro do Instituto do Ceará(1887)sendo um dos seus doze fundadores, da Academia Cearense de Letras(1894), do Centro Literário de Fortaleza(1894) e foi o primeiro presidente da Sociedade de Ciências Práticas e um dos mais ativos padeiros da Padaria Espiritual(1892) com o nome de guerra de André Camurça. Pela intensa atividade realizada foi considerado como uma das mais impressionantes figuras do Ceará intelectual, apesar de autodidata, pois não o ornava nenhum diploma acadêmico, soube projetar-se, em alto estilo, na vida cultural, cívica e política de sua terra. Bem se disse dele que "nunca uma pessoa trabalhou com maior desinteresse e renúncia de toda e qualquer vantagem em prol do progresso de nossa terra".
ABOLICIONISTA: Abolicionista de convicção, foi um dos mais ardorosos e eficientes defensores da extinção do cativeiro. Fez diversas reuniões na Chácara Salubre, e conta-se que quando os terrenos da Chácara foram vendidos encontraram verdadeiros subterrâneos espalhados pelo local. Ele vendia as jóias da família para libertar negros. E sua maior vaidade encontra-se nos escritos do Ceará ainda hoje é a "Terra da Libertação".
PUBLICAÇÕES: "Algumas histórias do Ceará","Província do Ceará", "Dúvidas Históricas","Sonhos de Moço", livro de poesias, "Lampejos","Três Liras", juntamente com Antônio Dias Martins e Justiniano de Serpa, e"O Ceará e os cearenses", coletânea de artigos vindo à luz em Manaus, onde residiu entre 1896 e 1901 na busca de melhores condições de vida.
HISTÓRIA GERAL E CIENTÍFICA: Jornalista combativo cronista delicado, estudioso das ciências naturais, historiador de profunda acuidade. A história cearense deve-lhe a maior das contribuições. É sem conta o número de suas crônicas, artigos de jornais e de revistas sobre os mais variados assuntos. Historiador penetrante, exato e honesto, grande amante do Ceará, além de estudioso das ciências naturais e inspirado poeta. Foi uma figura notável das letras cearenses. O grande feito das suas atividades mentais apurou-se no domínio da literatura e no das investigações científicas. Patrono da Cadeira número 14 da Sociedade Cearense de Geografia e História e cujo primeiro ocupante foi Alba Valdez, pseudônimo de Maria Rodrigues e que atualmente é ocupada pelo maranhense Mozart Soriano Aderaldo. Da Academia Cearense de Letras, de que é membro fundador, é Patrono da Cadeira número 4, ocupada sucessivamente por João Otávio Lobo, Antônio Furtado Bezerra de Menezes, Raimundo Girão, e na atualidade por José Milton de Vasconcelos Dias. Nominou uma das ruas de Fortaleza e um de seus bairros. Apoiou, juntamente com Álvaro Dias Martins, Antônio Papi Júnior, Guilherme Chambly Studart (mais tarde Barão de Studart),...Rodrigues de Carvalho, Justiniano de Serpa, Martinho Rodrigues de Souza e Raimundo Farias Brito, a criação do Centro Literário em oposição à Padaria Espiritual. Foi também um estudioso profundo de ciências naturais. Poeta primoroso. "ALGUMAS ORIGENS DO CEARÁ" foi o seu último excelente esforço histórico, indispensável aos que estudam a evolução econômico-social do Ceará. Faleceu em Fortaleza(CE) no dia 28 de agosto de 1921.