Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Avenida Treze de Maio
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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segunda-feira, 24 de junho de 2019

General Sampaio - A estátua do herói de Tuiuti

O cearense Antônio de Sampaio nasceu em 24 de maio de 1810, na cidade de Tamboril. Filho de Antônio Ferreira de Sampaio e Antônia Xavier de Araújo, o Brigadeiro foi criado e educado pelos pais no ambiente simples do sertão.

O interesse pela carreira militar surgiu logo cedo, galgando postos por merecimento graças a inúmeras demonstrações de bravura, tenacidade e inteligência. Foi Praça em 1830; Alferes em 1839; Tenente em 1839; Capitão em 1843; Major em 1852; Tenente-Coronel em 1855; Coronel em 1861 e finalmente Brigadeiro em 1865.


O General Sampaio teve atuação destacada na maioria das campanhas de manutenção da integridade territorial brasileira e das que revidaram as agressões externas na fase do Império: Icó (CE), 1832; Cabanagem (PA), 1836; Balaiada (MA), 1838; Guerra dos Farrapos (RS), 1844-45; Praieira (PE), 1849-50; Combate à Oribe (Uruguai), 1851; Combate à Monte Caseros (Argentina), 1852; Tomada do Paissandu (Uruguai), 1864; e Guerra da Tríplice Aliança (Paraguai), 1866. Foi condecorado por seis vezes, no período de 1852 a 1865, por Dom Pedro II, então Imperador do Brasil.

Sampaio inspecionando a instrução da tropa durante a Guerra da Tríplice-Aliança

Em 24 de maio (data do seu aniversário), durante a Batalha de Tuiuti, em 1866, foi ferido três vezes. O primeiro, por granada, gangrenou-lhe a coxa direita; os outros dois foram nas costas. Faleceu a bordo do Vapor-Hospital Eponina, em 06 de julho de 1866, quando do seu transporte para Buenos Aires.

Como faleceu nas cercanias da capital portenha, recebeu todas as atenções por parte das autoridades argentinas e do corpo médico brasileiro que o acompanhou nos últimos momentos em vida.
Após as preparações do corpo, o enterro foi realizado no Cemitério Municipal de Buenos Aires, atual Cemitério da Recoleta, tendo o cortejo saído do local onde se encontrava, às 14 horas, com a presença de ilustres personalidades e do povo argentino. Ao baixar o túmulo, em 8 de julho de 1866, o bravo Brigadeiro foi exaltado pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros da Argentina, Dom Rufino de Elizaide.


Sobre a sua morte, o jornal La Nación assim noticiou o infausto acontecimento:

“Diremos de passagem que esse chefe é um dos homens mais valentes que se podem encontrar, foi seu desmedido valor que de soldado o levou a general, sendo hoje ainda moço.Na batalha de 24 de maio, o Brigadeiro Sampaio com sua brilhante divisão, chamada Encouraçada, por compor-se das melhores tropas brasileiras, foi a que aguentou o inimigo, e no meio de um fogo infernal viu-se o Brigadeiro Sampaio a cavalo dirigindo ousadamente suas manobras.

Foi ferido, e momentos depois morto o seu cavalo. Então a pé, continuou, com sua espada em punho, a dirigir as suas forças. Vendo cair ferido o comandante do heroico 4º Batalhão de Voluntários, vários oficiais e a metade dos soldados dessa unidade, compreendendo que esse batalhão era a chave desse círculo de baionetas, colocou-se à frente do mesmo com o que, por tal forma o animou, fazendo que o 4º Corpo se fizesse dizimar pelo inimigo, mas sempre mantendo a sua posição. Foi nessa ocasião que o General Sampaio, sendo novamente ferido, caiu nos braços de seus soldados e foi conduzido exangue ao seu quartel-general”.

(DUARTE, Paulo Queiroz.Sampaio, Bibliex, 2010, Pag 280)

Os restos mortais de Sampaio permaneceram em solo argentino por mais de três anos, quando foi decidida pelo Governo Brasileiro, a sua repatriação para a cidade do Rio de Janeiro, sendo fixada a data de 20 de dezembro de 1869, para a trasladação dos seus despojos para o Asilo dos Inválidos da Pátria, onde foi sepultado na cripta da Igreja de Bom Jesus da Coluna, situada na Ilha do Bom Jesus, sede do citado Asilo. No féretro, seus restos mortais foram recebidos pelo próprio Imperador Dom Pedro II.

Entretanto, seus restos mortais não permaneceriam muito tempo nas terras cariocas. O povo cearense passou a reclamar dos dirigentes da província, pelos sagrados despojos, os quais em 1871, um ano após o término da Guerra da Tríplice Aliança, adotaram medidas oficiais no sentido de construir um mausoléu para receber os restos mortais de seu herói, admirado pelo povo cearense.

Em entendimentos mantidos com o Governo Imperial, em 16 de novembro de 1871, foi efetuada a retirada dos seus restos mortais da cripta da Igreja do Bom Jesus da Coluna no Asilo dos Inválidos da Pátria, no Rio de Janeiro, e em um ataúde, foram transportados no paquete Cruzeiro do Sul para Fortaleza, onde estava sendo concluído o mausoléu no cemitério público da capital cearense, mais tarde denominado de Cemitério São João Batista.

O vapor chegou à Fortaleza no dia 25 de novembro de 1871, tendo sido o ataúde depositado na cripta da Igreja Matriz de São José (antiga ), atual Catedral de Fortaleza. O mausoléu no Cemitério São João Batista foi inaugurado em 25 de outubro de 1873.

No Cemitério São João Batista, os despojos do valoroso guerreiro permaneceram por quase 93 anos, até que no ano de 1966, dentro das Comemorações do Centenário da Batalha de Tuiuti, foi efetuada a retirada e o traslado dos seus restos mortais, do Cemitério para um Mausoléu construído pela Prefeitura de Fortaleza em uma das mais modernas avenidas recém-inaugurada – a Avenida Bezerra de Menezes, onde o túmulo de Sampaio seria mais visto pelo povo cearense.

O local escolhido na Avenida Bezerra de Menezes, ficava defronte ao aquartelamento do então Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Fortaleza (CPOR) passando seus jovens alunos, futuros Oficiais da Reserva, a guarnecerem o referido monumento. A concretização do ato deu-se em 5 de maio de 1966, com a exumação dos restos mortais, e a respectiva lavratura do termo de exumação, coordenada pelo Comando da 10ª Região Militar, com apoio do Governo do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza.



No dia 24 de maio de 1966, às 7h45, partiu do Cemitério São João Batista o cortejo fúnebre conduzindo os despojos do Brigadeiro Sampaio que passaram a repousar no novo Mausoléu construído no canteiro central da Avenida Bezerra de Menezes. Mais um local era ocupado pelos restos mortais do valoroso cabo de guerra cearense.


O cortejo fúnebre foi formado por uma linha de doze alunos do Colégio Militar, montados, empunhando as Bandeiras Históricas, seguida de uma linha de tambores, também daquele educandário; após o que marchavam seis oficiais de Infantaria conduzindo, sobre almofadas as condecorações do homenageado, logo após deslocava-se a carreta fúnebre, tracionada por seis cavalos, conduzida por dois soldados, acompanhada de altas autoridades.

Com o passar do tempo a cidade de Fortaleza se expandiu com rapidez. O Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Fortaleza (CPOR) foi extinto e o aumento desenfreado na quantidade de veículos, tornam a Avenida Bezerra de Menezes, uma via de grande movimento e a permanência do Mausoléu na referida avenida, fica inviabilizada. Mais uma vez é estudado um novo local para abrigar os restos mortais do bravo Patrono da Infantaria - Brigadeiro Sampaio. Fruto dos estudos para escolha de um local definitivo, das sugestões do General de Exército Tácito Theophilo Gaspar de Oliveira e do empenho do General de Exército Domingos Miguel Antônio Gazzineo, antigos Comandantes da 10ª Região Militar, junto ao Ministro do Exército, General Zenildo de Lucena, e com o apoio da Prefeitura de Fortaleza, foi erguido na parte frontal da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção, um panteão destinado a ser a morada definitiva do bravo soldado cearense. 

A instalação do Panteão Brigadeiro Sampaio neste sítio histórico agregou um forte simbolismo por estar situado, no mesmo local onde o jovem sertanejo Antônio de Sampaio, que vindo de Tamboril, se alistou na longínqua data de 18 de julho de 1830. Naquela ocasião, estava sediado na histórica Fortaleza o quartel do então 22º Batalhão de Caçadores, primeira unidade militar que abrigou Antônio de Sampaio. Finalmente, no dia 24 de maio de 1996, é realizado o último translado dos restos mortais do Patrono da Infantaria, para o seu Panteão que passou a abrigar, definitivamente, os despojos desse bravo guerreiro e Herói Nacional.


Homem puro e patriota, Sampaio destacava-se por ser capacitado e corajoso, inteiramente dedicado à vida militar. Exemplo de exponencial bravura, foi consagrado Patrono da Arma de Infantaria do Exército Brasileiro, pelo Decreto 51.429, de 13 de março de 1962.

Estátua do General Sampaio

Em Fortaleza, foi inaugurado no dia 24 de maio de 1900, um monumento em homenagem ao General Sampaio, sendo a segunda estátua erigida na capital alencarina - a primeira é a do General Tibúrcio na Praça dos Leões



A colocação da estátua na Praça Castro Carreira, foi amplamente noticiada por jornais da época.
A praça e todas as casas do entorno, estavam vistosamente enfeitadas, apresentando deslumbrante aspecto.

Em volta do monumento, destacavam-se escudos e galhardetes, tendo gravado, em letras douradas, os feitos de Sampaio. Do lado Sul erguia-se vistoso palanque destinado às autoridades civis e militares e comissões diversas.  

Às cinco horas da tarde, dava entrada na praça e tomava o palanque  o presidente do Estado, Antônio Pinto Nogueira Acióli.



Descoberta a estátua, e sendo inaugurada pelo Sr. presidente do Estado, a multidão prorrompeu em vivas aclamações de entusiasmo e prolongada salva de palmas, tocando para esta ocasião o hino nacional, pela banda de música, enquanto que a guarda de honra fazia continência e subiam ao ar milhares de foguetes, saudando a Fortaleza N. S. D'Assunção com 21 tiros.

A estátua do herói de Tuiuti foi colocada sobre uma coluna de mármore de aproximadamente dez metros de altura, cercada por um gradil de ferro. O gradil foi retirado durante uma remodelação da praça.




Em 24 de maio de 1966, o monumento foi transferido para a Avenida Bezerra de Menezes, em frente ao CPOR (NPOR); ocasião em que a coluna, que era sua base, foi destruída. Em 1981 foi novamente transferida, desta vez para a pracinha na Avenida 13 de Maio em frente ao 23º BC




Em 1996, por iniciativa do Instituto do Ceará, tanto a estátua como os restos mortais do general, foram transferidos para os jardins do quartel da 10ª RM, onde ainda se encontra. 

Curiosidades:

No dia 24 de maio de 1900, além da inauguração da estátua do General Sampaio, também foi inaugurada a rua 24 de Maio. Na mesma ocasião, a então rua da Cadeia passa a se chamar rua General Sampaio, também em homenagem ao General Antônio de Sampaio, que falecera vítima de tiro em 1866, na Batalha de Tuiuti, na Guerra do Paraguai.  




Como vimos, o general foi sepultado a princípio em Buenos Aires, sendo depois seus restos mortais transladado para o Rio de Janeiro e finalmente para Fortaleza, sendo enterrado no Cemitério São João Batista e anos depois, exumado e transferido para um mausoléu construído pela Prefeitura de Fortaleza na recém-inaugurada Avenida Bezerra de MenezesFinalmente, no dia 24 de maio de 1996, é realizado o último translado dos restos mortais do General para sua definitiva morada, em frente o Comando da 10ª Região  Militar.




Fontes: Revista do Instituto do Ceará - 2016, Site Oficial do Exército Brasileiro, Blog História Militar, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012



2012 foi um ano maravilhoso para o Fortaleza Nobre, muitas histórias que tive o maior prazer em pesquisar e aprender para trazer aos leitores do blog. Foi também gratificante acompanhar o crescimento da nossa Fan Page. A participação das pessoas em cada foto postada, foi essencial para esse sucesso! Cada curtida e cada compartilhamento, era uma alegria e um atestado de que o FN* está no caminho certo! Hoje nós já somos mais de 6.600 e tenho certeza que 2013 será ainda melhor, pois voltarei cheia de novidades e com a bateria recarregada e um estoque de fotos antigas, ainda maior! 
Na nossa Fan Page, já foram postadas mais de 1.600 fotos antigas. 

Aqui no blog, já chegamos a 990 seguidores e conforme estatística do Blogger, só no mês passado tivemos 36.628 visualizações da página. E fora o Brasil, o blog já atingiu os Estados Unidos, Suécia, Portugal, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Rússia e Bélgica. Estamos chiques demais! 

Ah, não posso esquecer de agradecer aos amigos do Twitter que vira e mexe, retweetam nossos assuntos e atraem mais seguidores e amigos, valeu mesmo!

Bom, foi pensando em todos vocês que resolvi fazer essa retrospectiva, espero que gostem!!! 









No Auge da Leste-Oeste

...Foi nessa época e nesse ambiente que surgiram e floresceram os inúmeros bares, boates e inferninhos da nova e recém inaugurada Avenida Leste-Oeste. A cidade crescia vertiginosamente, puxada pelo “milagre econômico” e sob a batuta da Gloriosa Revolução de 64. 

Dos Elegantes Cafés vindos do século XIX ao varejo atual

...Existiam ainda na praça quatro quiosques que se denominava “café do Comércio”, “café Iracema”, “café Elegante” e “café Java” – o mais antigo, pois data de 1886 e se tornara o principal ponto de reunião da fina flor da cidade, e dos famosos intelectuais da inovadora Padaria Espiritual.








Primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza - Uma casa, duas antenas e 3  gerações

Em 1922 instalou-se a primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza na Praia do Peixe com duas grandes torres (antenas). Os escritórios ficavam no prédio da Fênix Caixeiral, na Praça Marquês do Herval, na Rua General Sampaio, esquina com Rua Guilherme Rocha, onde hoje fica o edifício do CEMJA.



Colégio Lourenço Filho - 74 anos

... Para patrono da instituição, escolheram o professor Lourenço Filho, que na época já ultrapassara as fronteiras nacionais, devido às suas realizações na área da Pedagogia. No ano de 1939, foi instalado o Curso Ginasial e, em seguida, o Normal e o Colegial. Não foi necessário muito tempo para que o Lourenço Filho fosse reconhecido pela sociedade como exemplo de educação no Estado.







Grupo Escolar Fernandes Vieira - Colégio Juvenal Galeno


Em 6 de setembro de 1923 no bairro de Jacarecanga, foi adquirida para propriedade do Estado a chácara localizada na rua Oto de Alencar frente para a Praça do Liceu. No dia 3 de outubro foi lançada a pedra fundamental para a construção do então Grupo Escolar Fernandes Vieira, pelo então presidente do Ceará Idelfonso Albano...


Clube dos Diários - Fatos Históricos


Em 18 de março de 1913, é fundado o Clube dos Diários, nascido de uma dissidência do Clube Iracema, e que se instalou no dia 23, no Palácio Guarani, no mesmo local antes ocupado pela Associação Comercial do Ceará.
Depois juntou-se ao Clube Iracema, denominando-se Clube Diários-Iracema.









O Correio do Ceará é um tradicional jornal de Fortaleza. Foi fundado em 2 de março de 1915 por Álvaro da Cunha Mendes*, mais conhecido por A. C. Mendes, empresário do ramo gráfico. A partir de 1937 passou a ser integrante do Diários Associados. Antônio Moreira Albuquerque, jornalista que nasceu em Granja (01 de jan. de 1918) e faleceu em Fortaleza (1998), foi secretário do "Correio do Ceará" por vários anos nas décadas de 50,60 e 70.


De Serviluz a Coelce - A Companhia Energética do Ceará

... Desde 1912 a Capital era servida pela luz e força da Light, companhia inglesa que explorou o bonde, ônibus, além de luz e força, sempre com precariedade.
A empresa foi municipalizada, transformou-se em Serviluz, Conefor e finalmente em Coelce.

Fábricas em Fortaleza

...A Gelatti, marca uma nova era, um divisor de águas, pois antes existiam pequenas fábricas de picolés semi-artesanais como a "Princesinha"(na Barão de Aratanha dos irmãos Arruda) e a Gelatti se estabelece com equipamentos modernos, em escala industrial, onde até o carrinhos eram diferentes e os vendedores, trabalhavam uniformizados e de boné.








Avenida Santos Dumont - Antiga Rua do Colégio das Órfãs

...uma das vias mais longas da cidade com mais de oito quilômetros ligando o bairro Centro a zona leste de Fortaleza chegando até a Praia do Futuro cruzando o bairro Aldeota. A avenida começa estreita e de sentido único oeste-leste a partir da rua Coronel Ferraz sendo alargada a partir da rua Dona Leopoldina. A partir da rua Tibúrcio Cavalcante a avenida ganha um canteiro central e passa a ser de sentido duplo.

Rua General Sampaio - Antiga Rua da Cadeia 

Há tempos, muitos anos atrás, a rua General Sampaio se chamava a rua da Cadeia, porque lá no início, próximo à Estação de Trem, estava situada a Cadeia Pública. Esta região era a mais procurada para moradia. Constituía-se a área nobre da provinciana capital do Ceará.

Manuel Morcego e Tristeza

...Na adolescência à juventude, resolveu trabalhar na Construção da nossa Catedral da Sé. Tornou-se um audaz servente e chegou a ser pedreiro da Sé. Sua habilidade não chegou a tanto, porque designado para trabalhar na construção da torre da Igreja, certa vez, escorregou de um andaime que falseara com o vento, logo veio a cair das alturas. Tamanha foi à destreza e agilidade, que, ao cair rolando altura a baixo, deu de encontro às estroncas segurando a uma delas, como se dizia, "agarrando-se com unhas e dentes", enfrentando o medo de morrer ao cair daquelas alturas. Salvou-se graças a ajuda dos demais operários que, num átimo, o socorreram rapidamente.

O Otávio Bonfim dos velhos tempos...

Na década de sessenta, por exemplo, o bairro Otávio Bonfim, oficialmente Farias Brito, na zona oeste da capital, tinha um charme bem particular. Não era de classe alta. Também não estava na linha da pobreza.






Tragédia na inauguração da Av. Leste-Oeste


Foi como se, por alguns segundos, tudo houvesse ficado em silêncio. Como se o tempo houvesse parado um pouco para que as pessoas pudessem entender o que estava acontecendo. Acho que eu nem respirava.

- Caiu! – gritou alguém.

E o tempo voltou a funcionar. Houve gritos e correria. Verdadeiro pânico tomou conta da multidão. Lembro bem de um caminhão de bombeiros saindo, com a sirene ligada, um de seus soldados correndo e se pendurando nele.


Espaços da elite na capital cearense

No século XIX, a capital cearense sofre intervenções no seu traçado urbano. Em um primeiro momento, no ano de 1818, quando o urbanista Silva Paulet projeta a planta de Fortaleza em formato xadrez, e em um segundo momento, no ano de 1875, por Adolfo Hebster, que deu continuidade ao projeto, finalizando a “Planta Topográfica de Fortaleza” que tinha por finalidade disciplinar a expansão urbana e racionalizar os espaços da cidade, eliminando becos e vielas...

Avenida Pessoa Anta - Rua da Praia

A Avenida Pessoa Anta que até então era apenas um caminho chamado "Caminho da praia", foi surgindo com a chegada do progresso e dos históricos prédios, passando a chamar-se Rua da Praia em 1932.













50 Anos da Avenida 13 de Maio

Depois da inauguração da Paróquia de Fátima, na Av. 13 de Maio, no ano de 1955, o bairro veio a ser cobiçado como promissor, e, em grau de importância, chegou a ser dito por muitos que seria o bairro do futuro, tão importante quanto a Aldeota. 

Greve dos portuários - A Construção da trama


Durante o quatriênio de 1900 a 1904, o Governo do 
Ceará estava nas mãos de Pedro Augusto Borges, aliado de Nogueira Accioly que administrou o Estado de maneira a reforçar o poderio da Oligarquia Acciolina. 


Escola Johnson - 50 Anos

...Mais tarde, com o regresso da família Johnson aos Estados Unidos, a escola passou para o quadro da Secretaria de Educação do estado do Ceará, em novas instalações no Bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e hoje é denominada Escola de Ensino Fundamental e Médio Johnson.

O cordão das "Coca-colas"

Nos idos de 45, terminada a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos retornavam ao seu país de origem e as "coca-colas" ficaram desativadas. Mas não estavam mortas, tanto assim  que continuavam a desfilar seu charme e sua elegância pelas streets da urbe, motivando as mais variadas reações: as velhas e respeitáveis matronas, guardiãs da sagrada moral cristã, resmungavam, olhavam de esguelha, condenavam as meninas ao fogo eterno do inferno e até benziam-se. "T'esconjuro, filhas do mal!"...







Escola Normal do Ceará -  De 1884 à 1922 (Parte I)

Fundada em princípios filosóficos e educacionais, defendidos por intelectuais da época, como Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, os professores José de Barcellos e Amaro Cavalcanti, dentre outros, a Escola Normal  do Ceará concretiza, oficialmente, ao final do século XIX os anseios de igualdade, mesmo que fosse de uma “igualdade formal”, presentes na ideia de criação de uma escola pública de formação de professores. 

Colégio da Imaculada Conceição - Fatos Históricos

...Pela manhã, os congressistas visitaram o Colégio da Imaculada Conceição. Às 15 horas, foram recepcionados pelo Interventor Carneiro de Mendonça, depois do que visitaram o Sanatório de Messejana e a casa em que nasceu José de Alencar.

Bairro Vila União

O crescimento populacional da Vila começa depois da Segunda Guerra Mundial com o loteamento de terras da área. É um bairro com uma população dividida entre classe média, média alta e pobre.

É isso amigos! O ano está acabando e eu só tenho a agradecer o carinho de todos e espero contar com vocês no próximo ano!

Forte abraço

Leila Nobre


*FN = Fortaleza Nobre

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fátima - Bairro Abençoado (2ª Parte)



Veio o calçamento da Av. 13 de Maio, feito com pedras toscas de rio e a doação do terreno para ser edificada a Paróquia de Fátima pelo doutor Pergentino Ferreira e esposa. O calçamento da Av. 13 de Maio era feito de pedras tão pontiagudas e mal distribuídas que, o carro que passasse por ela, tinha que desenvolver o mínimo de velocidade, pois se acelerasse, esse carro no mesmo dia estaria precisando de consertos.


Longe da Av. 13 de Maio, em outros bairros, muitos diziam, quando avistavam um local cheio de buracos, "parece o calçamento da Av. 13 de Maio". Com a Igreja de Fátima, veio a venda de mais lotes de terra e a abertura de muitas ruas. A via de acesso se tornou importante e alguns começaram a comprar lotes ao longo da avenida e nas laterais extremas direita e esquerda, isto é, para o lado do sertão e para o lado do centro da cidade. No Início, poucos desejavam ter a sua residência em local tão distante do centro da cidade, pois Fortaleza tinha poucos bairros ainda, e tudo centralizava-se na Praça do Ferreira. Era preciso ser um visionário para almejar bom futuro para o bairro que ensaiava ser somente para os abastados e pessoas de alto nível.

Surgiu a idéia de centenas de pessoas que a data 13 de maio era importante e referia-se a Nossa Senhora de Fátima, pois que deveria ser construída uma Igreja, sem dúvidas em homenagem a Nossa Senhora de Fátima. Logo, passaram a examinar este projeto com carinho; contrataram arquitetos e, em 1955, fizeram a inauguração com a imagem da Virgem de Fátima, que veio direto de Portugal especialmente para a festa. Na inauguração da Igreja houve um fato inusitado: na ocasião das falas pela inauguração, o palanque estava cheio demais e proibiram qualquer pessoa subir. Só que os grandes benfeitores – Dr. Pergentino Ferreira e esposa ainda não tinham chegado para a festa – e ao chegarem não havia mais lugar, pois a multidão era grande. Resolveram ficar parados e assistiram tudo muito tristes a boa distância do palanque. Alguém os viu e certamente foram chamar o casal, pois eles deveriam estar no palanque. Logo perceberam a indelicadeza de não guardarem um lugar reservado e resolveram assistir de onde estavam mesmo (Stélio, o neto do Dr. Pergentino é que conta essa história).


Logo, os moradores de Fátima começaram, através da orientação paroquial, a se reunir e organizar diversos tipos de reuniões com a intenção de congregar mais fiéis. Com isto veio a consciência solidária e a distribuição de atividades em toda a comunidade fazendo nascer novos grupos pastorais, que tanto influenciaram os quatro cantos do bairro de Fátima e os próprios moradores da Av. 13 de Maio. O bairro sempre se caracterizou pela paz e tranquilidade, o seu crescimento residencial e comercial tirou-lhe, enfim, o bucolismo e a imensa vontade de ser o bairro mais aprazível de Fortaleza.


Sem exorbitâncias, como que por providência divina, suas casas são construídas em lotes médios, possui ruas bem definidas, asfaltadas; é composta de irrestrito comércio, e tem infra-estrutura compatível a elegantes bairros da cidade de Fortaleza. Tem significativo número de equipamentos de educação, saúde e transporte, segurança, e hoje conta com bancos, clínicas de saúde, edifícios residenciais, comerciais, restaurantes, boutiques de grife e postos de serviço. Hoje, o seu referencial econômico de casas e apartamentos é equivalente ao da Aldeota.


A 1ª Parte AQUI



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor 


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fátima - Bairro Abençoado (1ª Parte)


Ele nasceu, quem sabe, de um fio de estrada que existia antes da cidade de Fortaleza propriamente dita, ligando o nascente ao poente; nasceu dos ventos uivantes das matas, do cheiro de água doce dos riachos existentes; ela nasceu, talvez, do farfalhar das bananeirais, da fértil sombra tênue dos milhares de coqueiros da região. Nasceu certamente com o grito dos índios canoeiros e no silêncio deles caçando onça pintada, ou pescando, na época em que os curumins se misturavam e se abandoavam aos passarinhos.

Igreja de Fátima na década de 60 - Acervo Pedro Leite

No verde da selva baixa das matas que seguiam para a foz distante do rio Cocó, eis que surge a esperança de uma estrada que daria o nome a um bairro chamado Fátima. Como predestinada a ser a florescente região abençoada pelas bênçãos de uma santa, na certa quando tudo indicava a transformação de todos os riachos, lagoas, açudes, alagados e matas, neste imenso cenário residencial e comercial, nasce uma longa estrada que em breve ganharia o nome de Av. 13 de Maio. Era uma longa artéria aberta no meio da mata sem fim. E tudo passou tão ligeiro... até que vieram os novos ocupantes cheios de documentos das terras prometidas; os posseiros, depois, os coronéis. Eram as matas do Dumma, rasgada que estava pela nesga gigante, futura Estrada do sol, via de principal acesso aos futuros aglomerados civilizados. Com ela, veio as criações de gado, os grandes pastos; os arrozais dos alagados, (Aguanambi e contorno) as plantações de milho e mandioca. Eram os novos ocupantes, os fazendeiros que moravam na cidade e no campo, ao mesmo tempo em suas belas mansões ou casas de fazenda onde abrigavam as suas famílias. O acesso para suas fazendas então se dava por esta via que, por causa do ambiente promissor passara a se chamar Bom Futuro.

 
Avenida 13 de Maio - Arquivo Nirez

E logo, vieram as denominações para esta estrada que também se chamara do Sol. Tudo o que transitava por ela vinha da estrada do gado ou Estrada de Mecejana, estrada viscinal às três fazendas da localidade. Consolidava-se aquela que cortava os extremos da cidade de uma ponta a outra ligando o outro lado da cidade às ruas centrais da Cidade de Fortaleza. Tudo era o começo da Av. 13 de Maio, sob os olhares atentos de alguns moradores e ocupantes das terras do doutor Pergentino, doutor Almendra e doutor Aldenor, assistida que foi pela presença de muitas outras casas e algumas aglomerações. E quem passava por ela, depois chamada a Flor do Prado, podia ver de uma ponta a outra as muitas residências do Bairro Prado, futuro Benfica, do outro, casas e chácaras – Bairro Vermelho – futuro Atapu.

A primeira fazenda, confrontando com o início da estrada do sol, localizava-se no alto onde hoje é o conjunto residencial Segredo de Fátima, de onde se tinha deslumbrante vista do açude da sede da fazenda e dos alagados que ficavam desde a proximidades da fazenda aos extremos da Aguanambi, e que bem se identificava como um imenso pântano. A segunda ficava nas imediações do Centro Educacional, onde hoje ainda existem várias mangueiras centenárias que ficaram, ainda, no final da rua Napoleão Laureano. E a terceira, mantinha a sua sede da fazenda em frente onde hoje é o 10° GAC, na Av. Luciano Carneiro. Casarão bem construído, cheio de áreas cobertas livres e quase toda alpendrada e edificada com as paredes cobertas de pedra lapidada, onde fica hoje a sede da Editora FTD, na Luciano Carneiro. As fazendas possuíam muitas criações e cultivo de frutas e verduras. Eram residências fartas, sempre festivas e concorridas, além de bastante visitadas pelos amigos dos que ali moravam. As festas eram animadas com muitos folguedos e nunca se deixava de perceber muita gente em São João, Natal e Ano Novo, feriados, carnaval e aniversários. Não posso esquecer que na sede da fazenda do doutor Pergentino existia um bando de quarenta, cinquenta ou mais gansos pretos e brancos, que nunca se cansavam de andar para todos os lados como que mesmo vigiando os quatro cantos da casa dos lados de fora. Quando algum estranho aparecia, mesmo que fosse passante, eles corriam atrás ferozmente e atacavam com bicadas e quachás ensurdecedores. As charretes, os carros, cavalos e passantes teriam de andar sempre devagar para não chamar atenção dessas aves. Na fazenda-sítio do doutor Almendra havia criação de cavalos, charretes e muitas fruteiras; na outra, imperava a criação de gado leiteiro, e o leite sempre era vendido para muitas residências nessa Av. 13 de Maio até alguns anos atrás.



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor 

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