Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Bairro de Fátima
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Os homenageados nas ruas da cidade - Parte VIII



O jornalista, ex-vereador e ex-deputado João Eduardo Torres Câmara (João Câmara), nasceu em Aquiraz, no dia 12 de dezembro de 1842. Fundou em 1895, o Almanaque da Cidade de Fortaleza, que a partir do ano seguinte seria Almanaque Administrativo, Estatístico, Mercantil, Industrial e Literário do Estado do Ceará, ou simplesmente Almanaque do Ceará.

Faleceu em Fortaleza no dia 06 de outubro de 1906, aos 64 anos de idade. Após sua morte, o Almanaque do Ceará passa a ser editado por seu filho Sófocles Torres Câmara (Sófocles Câmara) até 1931, quando passou para Joaquim da Silveira Marinho, que em 1941 entregou à dupla Raimundo Girão e Antônio Martins Filho, passando em 1947 para A. Batista Fontenele e Leopoldo C. Fontenele, que o editou até 1961.
 

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Ex-vereador e comerciante, Joaquim da Cunha Freire foi o  primeiro e único Barão de Ibiapaba. Nasceu em Caucaia no dia 18 de outubro de 1827.  
Era filho do português Felisberto Correia da Cunha e de Custódia Ribeiro da Cunha e irmão de Severiano Ribeiro da Cunha, o Visconde de Cauípe.

Joaquim da Cunha foi presidente da província do Ceará por sete vezes: De 24 de abril a 26 de julho de 1869/ De 13 de dezembro de 1870 a 20 de janeiro de 1871/ De 26 de abril a 27 de junho de 1871/ De 8 a 12 de janeiro de 1872, em 30 de outubro de 1872/ De 12 de setembro a 13 de novembro de 1873 e de 21 de março a 23 de outubro de 1874.

Casou-se com D. Maria Eugenia dos Santos. Dedicou-se a carreira comercial e soube acumular avultada fortuna, tendo colaborado para melhoramentos materiais de Fortaleza.
O Barão de Ibiapaba morreu no Rio de Janeiro em 13 de outubro de 1907. 

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Tristão de Alencar Araripe nasceu em Icó em 7 de outubro de 1821. Era filho do coronel Tristão Gonçalves de Alencar Araripe e de D. Ana Tristão de Araripe - intitulada, Ana "Triste". Foi casado com sua prima-irmã Argentina Franklin de Alencar Lima, com quem teve oito filhos, entre os quais, Argentina de Alencar Araripe, casada com João Tomé da Silva.

Tristão de Alencar passou por diversos cargos públicos: Juiz municipal de Fortaleza, juiz de Direito de Bragança, na então Província do Pará,  juiz especial do Comércio de Recife, desembargador das Relações da então Província da Bahia e da Província de São Paulo e da Corte. Presidente do Rio Grande do Sul e da Província do Pará, ministro do Supremo Tribunal de Justiça, ministro da Justiça e da Fazenda (no governo de Deodoro da Fonseca), chefe de polícia na então Província do Espírito Santo (1856), Pernambuco (1858) e Ceará. Conselheiro de Estado; presidente das províncias do Rio Grande do Sul e da então província do Pará,  deputado da província do Ceará (em três legislaturas), oficial da Imperial Ordem da Rosa e Membro de inúmeras associações culturais dentre elas o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro. Nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal permaneceu no cargo até a sua aposentadoria, em 25 de janeiro de 1892.

Morre no Rio de Janeiro em 03 de junho de 1908, aos 86 anos de idade.
Hoje é nome de rua no Centro de Fortaleza, indo até o Bairro de Fátima, com o nome de Rua Conselheiro Tristão.

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Dr. Paulino Nogueira Borges da Fonseca nasceu em Fortaleza, no dia 27 de fevereiro de 1842.
Era filho de Francisco Xavier Nogueira e de Maria das Graças Nogueira. Neto pelo lado paterno de Pedro da Costa Moreira e de Maria Nunes de Lima e pelo lado materno do Capitão Antonio Borges da Fonseca e de Rosa Maria do Sacramento, do qual era bisneto materno de Antônio José Vitoriano Borges da Fonseca, que governou o Ceará de 25 de abril de 1765 a 3 de novembro de 1781. Teve dez irmãos, dentre eles, o padre Francisco Xavier Nogueira, que foi presidente do Poder Legislativo no Ceará.

Casou-se duas vezes. A primeira em 22 de dezembro de 1866, com Ana Franklin de Alencar, filha do tenente-coronel João Franklin de Lima e de Maria Brasilina de Alencar (tia materna de José de Alencar), com quem teve dois filhos:
João Franklin de Alencar Nogueira (25 de outubro de 1867 - 2 de dezembro de 1947 - Engenheiro civil, historiador e escritor) e Maria Nogueira, falecida em 1869.

Bacharelou-se em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Recife. Pouco depois foi nomeado promotor público de Saboeiro em substituição a Antônio Pinto Nogueira Acioli, cargo que deixou por ter sido escolhido pelo presidente Homem de Melo para ser oficial-mor da secretaria do governo, mas foi exonerado por Melo e Alvim, que sucedeu Homem de Melo, por divergências políticas. Voltou a fazer parte do governo provincial como secretário no governo do Barão de Taquari e no de Freitas Henriques. Exerceu os cargos de professor de Latim e diretor do Liceu de Fortaleza, inspetor geral da instrução pública, deputado geral por duas legislaturas (1872 e 1879) e vice-presidente da província, em cuja qualidade assumiu o governo provincial das mãos de João José Ferreira de Aguiar até o empossamento de Nogueira Accioli. Pelas reformas que realizou na instrução pública da província, foi condecorado com a Imperial Ordem de Cristo (1871).
Faleceu em Fortaleza, aos 66 anos em 15 de junho de 1908.
  
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Emília Freitas nasceu em 08 de janeiro de 1855 na antiga União, hoje Jaguaruana. Foi uma intelectual engajada, inclusive na causa abolicionista. Sua obra foi permeada pelas suas visões políticas e questionamentos à sociedade, assim como a cultura que recebeu em seus estudos (Emília falava inglês e francês) e sua visão de Brasil (a autora morou em Fortaleza e em Manaus, cidades que ela usa com muita intimidade como cenários em seu livro A Rainha do Ignoto).
Filha do tenente-coronel Antonio José de Freitas e de Maria de Jesus Freitas, após o falecimento do pai, a família resolve se mudar para Fortaleza, onde Emília estuda francês, inglês, geografia e aritmética, num colégio particular. Mais tarde se transfere para a Escola Normal, formando-se profesora.
Em 1873 começa a colaborar em diversos jornais literários do Ceará como Libertador, Cearense e O lyrio e a brisa, além de outros de Belém do Pará. A maior parte dessas poesias foi depois compilada no volume intitulado Canções do lar.
Um ano depois, após a morte da mãe, muda-se para Manaus em companhia de um irmão, exercendo o magistério no Instituto Benjamin Constant, destinado à instrução de meninos. Em 1900, casa-se e retorna ao seu estado original com o marido, o jornalista Antonio Vieira, redator do Jornal de Fortaleza




Emília de Freitas participa ativamente da Sociedade das Cearenses Libertadoras, que tinha caráter abolicionista, tendo inclusive discursado em 1893 na tribuna, fato este muito aplaudido e noticiado nos jornais.

Em 1899, sai A rainha do ignoto, sua principal obra, a que deu o curioso subtítulo de "romance psicológico". Trata-se de uma trama novelesca absolutamente insólita, marcada por traços ficcionais, que é considerada por alguns especialistas como um dos trabalhos pioneiros do gênero fantástico ou maravilhoso no Brasil. A autora consegue com rara habilidade acomodar o fantástico no plano da regionalidade e promove uma incursão pelo imaginário, chegando até o inverossímil.
Com a morte do marido, Emília retorna para Manaus, onde falece em 18 de outubro de 1908
, aos 53 anos de idade.


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Antônio Fiúza de Pontes nasceu em Lavras no dia 14 de junho de 1876, filho de Antônio de Pontes Fiúza Lima e Maria Umbelina de Carvalho Pontes. Estudou em Aracati (curso de latim do Cônego João Francisco Pinheiro), Fortaleza (Instituto de Humanidades e Liceu do Ceará) e Recife (Faculdade de Direito, turma de 1902). Promotor Público de Monte Alegre e São Miguel do Guamá (PA). Professor da Faculdade Livre de Direito do Ceará. Deputado Estadual e poeta, pertenceu ao Centro Literário, não chegou a publicar os livros Miosótis e Tempos Idos. É de sua autoria a Memória Histórica da Faculdade Livre de Direito do Ceará (1907). 

Em 19 de fevereiro de 1909, morre, aos 32 anos de idade, vítima de apendicite, em Fortaleza.




Leia também:

Parte I
Parte II
Parte III
Créditos: Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Portal da História do Ceará, Wikipédia, Carta Capital, 1001 Cearenses Notáveis-F. Silva Nobre.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Mudança nos nomes dos bairros


O crescimento urbano gerou a substituição dos antigos nomes dos bairros por denominações mais modernas e atuais

No rol das confusões entre os bairros, a memória e a modernidade travam uma luta diária. Enquanto as novas gerações conhecem nomes como Antônio Bezerra, Aldeota, Meireles, Bairro de Fátima, Castelão e Messejana, moradores mais antigos lembram do Outeiro, do Lagamar, da Praia do Peixe, da Estância e do Mata Galinha. Mesmo com os nomes antigos em desuso, a simples lembrança é significativa para a identificação da população com o bairro.


Bairro Aldeota em 1973 - Foto de Nelson Bezerra

O memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, foi testemunha da mudança de nome de muitos bairros e também do desaparecimento de alguns deles por conta do crescimento de outros. O Porangabussu virou Rodolfo Teófilo, o Coqueirinho e o Campo do Pio se tornaram Parquelândia; o Outeiro passou a ser Aldeota; a Pirocaia ganhou o nome de Montese, etc. 

Nirez lembra de bairros que praticamente desapareceram do mapa da cidade, ou melhor, cujos nomes dificilmente se escuta hoje em dia. A Vila Monteiro, por exemplo, foi incorporada ao Joaquim Távora, o mesmo aconteceu com a vizinha Vila Zoraide. O bairro Tauape é outro exemplo, conta o memorialista. Identificado com a Lagoa do Tauape, no momento em que o manancial foi aterrado para a construção do canal do Jardim América, o nome do bairro praticamente desapareceu junto com as águas.

Foto ao lado do Bairro Meireles - Travessa Acaraú (Vila Bancária) em 1967. Foto de Cláudio Santos

Outro fato interessante relembrado pelo pesquisador é o caso da Piedade, bairro que nunca existiu. “As pessoas chamavam o bairro de Piedade por causa da igreja da Piedade, mas ele não existia”, lembra. Os casos são muitos, assim como as denominações. “Alguns nomes sobrevivem pela força da tradição, do poder político, outros não”, reflete a Dra. em Ciências Sociais Marinina Gruska Benevides
A nomenclatura de um bairro não é apenas uma questão estética, explica a professora. O nome que é dado a uma unidade urbana é resultado de um momento histórico e da organização da sociedade nesse dado período.

Portanto, por trás da mudança de nome de um bairro há vários fatores, como interesses sociais e políticos. Marinina Gruska observa que, anteriormente, as denominações das unidades da cidade eram escolhidas a partir de nomes da fauna e flora regionais (Coqueirinho - atual Parquelândia); das atividades econômicas que caracterizavam uma dada região (Brasil Oiticica, atual Carlito Pamplona); da tradição indígena (Pirocaia - hoje Montese) e também pelos marcos de sociabilidade da área (Açude João Lopes - hoje Monte Castelo).


Bairro  Monte Castelo em 1993

Esses nomes, continua a professora, refletiam a perspectiva histórica de uma sociedade coletivista. Com a modernidade e a ascensão dos valores individualistas, as nomenclaturas foram substituídas por nomes de personalidades, pessoas que tiveram importância para o bairro, indivíduos de poder e influência política ou que desempenharam um papel representativo na sociedade.

Assim, vemos surgir bairros como Edson Queiroz (industrial), Antônio Bezerra (escritor), Farias Brito (filósofo), etc. A professora explica que, para além das homenagens, a troca do nome de um bairro reflete uma relação política. “Apagando o nome de um bairro você apaga a memória de um povo que não se quer lembrar por diversos motivos”, reflete. Por outro lado, a ideia da mudança das denominações dos espaços da cidade são anunciadas como traços da modernidade.


Bairro Edson Queiroz em 1981 - Acervo O Povo

É o caso, por exemplo, do bairro Aeroporto. Localizado em uma área que até os anos 60 era conhecida apenas por Vila União, com a chegada do equipamento, o local passou a ser chamada de Bairro do Aeroporto. No entanto, com a transferência do terminal de passageiros para outro lugar, o nome Aeroporto praticamente caiu em desuso e a Vila União voltou a ser referência na cidade.

Consenso

Para a presidente da Federação de Bairros e Favelas, Gorete Fernandes, a mudança, seja do nome de uma rua ou bairro, não pode ser feita à revelia da população. “Tem que partir do debate, do desejo da população, precisa haver discussão”, afirma.

Ela explica que as trocas sem o consentimento da população geram problemas na entrega de correspondências e podem promover o distanciamento da comunidade. Para que a mudança seja democrática, Gorete Fernandes observa que é necessária a realização de audiências públicas e a coleta de um abaixo-assinado, que deve conter, no mínimo, 50% de assinaturas dos moradores.

Foi assim que se deu a denominação do atual Planalto Ayrton Senna. A comunidade, formada a partir de ocupações de terras, era conhecida como Pantanal. Em 2001, a população se organizou e votou pela escolha do nome atual do local. A troca foi uma forma de quebrar o estigma de violência e pobreza que a área carregava perante os outros moradores da cidade.

Benfica e Jacarecanga resistem às mudanças



Antigo Cartão Postal do bairro Benfica no início do Seculo XX.
Crédito: Carlos Augusto Rocha Cruz

Muitos bairros da cidade foram atingidos pela síndrome da mudança de nome, mas alguns deles, os mais tradicionais, permaneceram com a mesma nomenclatura ao longo dos anos, em uma demonstração de resistência simbólica. O Benfica e o Jacarecanga são exemplos de permanência. Bairros residenciais, durante muito tempo foram habitados pela classe dominante da Capital. No Jacarecanga, as chácaras e palacetes das famílias abastadas eram edificadas a partir das tendências arquitetônicas européias. Um dos exemplos disso, era a casa do intelectual Thomaz Pompeu Sobrinho, inspirada na arquitetura italiana. No entanto, a partir de 1930, com a chegada das fábricas ao bairro, essas famílias se mudaram para o lado leste da cidade e o Jacarecanga entrou em decadência. Apesar da impiedade do tempo, ainda é possível encontrar prédios que mantêm a estrutura original e relembram o tempo de opulência do bairro. Já o Benfica, corredor cultural que abriga o Campus de Humanidades da UFC, ainda guarda o tom residencial e tem como principal ícone de seus tempos áureos o prédio que hoje abriga a Reitoria da UFC, a mansão que pertenceu à família Gentil.



Bairro do Jacarecanga em 1972

Planejamento urbano

No século XIX, o Centro era o núcleo comercial e habitacional da cidade. Com o passar do tempo, ele começou a inchar e as pessoas a buscar outros espaços com maior qualidade de vida. A população, então, migrou para os sítios e áreas mais distantes em que encontravam atrativos como vegetação, mas também vias e um mínimo de infra-estrutura.

Nas décadas de 1920 a 1950, surge o fenômeno das unidades de vizinhança, que eram círculos urbanos vizinhos ao Centro. A expansão dessas áreas acaba gerando o conceito de polarização, que corresponde ao crescimento de uma unidade em relação a outra.



Bairro do Centro no início dos anos 60

Na década de 1960, observamos o desenvolvimento das policentralidades , quando o Centro não é mais o coração da cidade e as unidades de vizinhança ficam independentes. Em Fortaleza, esse processo está associado à facilidade de transporte e à mobilidade da população.

Com a policentralidade, cada bairro passa a ter uso e atrativo diferentes para a população. O planejamento urbano tem o papel exatamente de gerir esse crescimento dos bairros. O planejamento tem que zelar para que os bairros cresçam de uma forma homogênea.

Se essas ferramentas de controle urbano não forem eficazes, os bairros acabam crescendo de forma desordenada e ganhando grandes proporções.

A policentralidade é um fenômeno natural que ocorre com intensidade nos países em desenvolvimento, onde o planejamento urbano é complexo. Temos que ter noção de que o planejamento e ordenamento da cidade não é uma responsabilidade apenas do poder público, mas também da sociedade civil, afinal, somos todos agentes desse espaço urbano.


Naiana Rodrigues


Leia também:



Crédito: Diário do Nordeste

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Fátima - Bairro Abençoado (2ª Parte)



Veio o calçamento da Av. 13 de Maio, feito com pedras toscas de rio e a doação do terreno para ser edificada a Paróquia de Fátima pelo doutor Pergentino Ferreira e esposa. O calçamento da Av. 13 de Maio era feito de pedras tão pontiagudas e mal distribuídas que, o carro que passasse por ela, tinha que desenvolver o mínimo de velocidade, pois se acelerasse, esse carro no mesmo dia estaria precisando de consertos.


Longe da Av. 13 de Maio, em outros bairros, muitos diziam, quando avistavam um local cheio de buracos, "parece o calçamento da Av. 13 de Maio". Com a Igreja de Fátima, veio a venda de mais lotes de terra e a abertura de muitas ruas. A via de acesso se tornou importante e alguns começaram a comprar lotes ao longo da avenida e nas laterais extremas direita e esquerda, isto é, para o lado do sertão e para o lado do centro da cidade. No Início, poucos desejavam ter a sua residência em local tão distante do centro da cidade, pois Fortaleza tinha poucos bairros ainda, e tudo centralizava-se na Praça do Ferreira. Era preciso ser um visionário para almejar bom futuro para o bairro que ensaiava ser somente para os abastados e pessoas de alto nível.

Surgiu a idéia de centenas de pessoas que a data 13 de maio era importante e referia-se a Nossa Senhora de Fátima, pois que deveria ser construída uma Igreja, sem dúvidas em homenagem a Nossa Senhora de Fátima. Logo, passaram a examinar este projeto com carinho; contrataram arquitetos e, em 1955, fizeram a inauguração com a imagem da Virgem de Fátima, que veio direto de Portugal especialmente para a festa. Na inauguração da Igreja houve um fato inusitado: na ocasião das falas pela inauguração, o palanque estava cheio demais e proibiram qualquer pessoa subir. Só que os grandes benfeitores – Dr. Pergentino Ferreira e esposa ainda não tinham chegado para a festa – e ao chegarem não havia mais lugar, pois a multidão era grande. Resolveram ficar parados e assistiram tudo muito tristes a boa distância do palanque. Alguém os viu e certamente foram chamar o casal, pois eles deveriam estar no palanque. Logo perceberam a indelicadeza de não guardarem um lugar reservado e resolveram assistir de onde estavam mesmo (Stélio, o neto do Dr. Pergentino é que conta essa história).


Logo, os moradores de Fátima começaram, através da orientação paroquial, a se reunir e organizar diversos tipos de reuniões com a intenção de congregar mais fiéis. Com isto veio a consciência solidária e a distribuição de atividades em toda a comunidade fazendo nascer novos grupos pastorais, que tanto influenciaram os quatro cantos do bairro de Fátima e os próprios moradores da Av. 13 de Maio. O bairro sempre se caracterizou pela paz e tranquilidade, o seu crescimento residencial e comercial tirou-lhe, enfim, o bucolismo e a imensa vontade de ser o bairro mais aprazível de Fortaleza.


Sem exorbitâncias, como que por providência divina, suas casas são construídas em lotes médios, possui ruas bem definidas, asfaltadas; é composta de irrestrito comércio, e tem infra-estrutura compatível a elegantes bairros da cidade de Fortaleza. Tem significativo número de equipamentos de educação, saúde e transporte, segurança, e hoje conta com bancos, clínicas de saúde, edifícios residenciais, comerciais, restaurantes, boutiques de grife e postos de serviço. Hoje, o seu referencial econômico de casas e apartamentos é equivalente ao da Aldeota.


A 1ª Parte AQUI



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor 


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Fátima - Bairro Abençoado (1ª Parte)


Ele nasceu, quem sabe, de um fio de estrada que existia antes da cidade de Fortaleza propriamente dita, ligando o nascente ao poente; nasceu dos ventos uivantes das matas, do cheiro de água doce dos riachos existentes; ela nasceu, talvez, do farfalhar das bananeirais, da fértil sombra tênue dos milhares de coqueiros da região. Nasceu certamente com o grito dos índios canoeiros e no silêncio deles caçando onça pintada, ou pescando, na época em que os curumins se misturavam e se abandoavam aos passarinhos.

Igreja de Fátima na década de 60 - Acervo Pedro Leite

No verde da selva baixa das matas que seguiam para a foz distante do rio Cocó, eis que surge a esperança de uma estrada que daria o nome a um bairro chamado Fátima. Como predestinada a ser a florescente região abençoada pelas bênçãos de uma santa, na certa quando tudo indicava a transformação de todos os riachos, lagoas, açudes, alagados e matas, neste imenso cenário residencial e comercial, nasce uma longa estrada que em breve ganharia o nome de Av. 13 de Maio. Era uma longa artéria aberta no meio da mata sem fim. E tudo passou tão ligeiro... até que vieram os novos ocupantes cheios de documentos das terras prometidas; os posseiros, depois, os coronéis. Eram as matas do Dumma, rasgada que estava pela nesga gigante, futura Estrada do sol, via de principal acesso aos futuros aglomerados civilizados. Com ela, veio as criações de gado, os grandes pastos; os arrozais dos alagados, (Aguanambi e contorno) as plantações de milho e mandioca. Eram os novos ocupantes, os fazendeiros que moravam na cidade e no campo, ao mesmo tempo em suas belas mansões ou casas de fazenda onde abrigavam as suas famílias. O acesso para suas fazendas então se dava por esta via que, por causa do ambiente promissor passara a se chamar Bom Futuro.

 
Avenida 13 de Maio - Arquivo Nirez

E logo, vieram as denominações para esta estrada que também se chamara do Sol. Tudo o que transitava por ela vinha da estrada do gado ou Estrada de Mecejana, estrada viscinal às três fazendas da localidade. Consolidava-se aquela que cortava os extremos da cidade de uma ponta a outra ligando o outro lado da cidade às ruas centrais da Cidade de Fortaleza. Tudo era o começo da Av. 13 de Maio, sob os olhares atentos de alguns moradores e ocupantes das terras do doutor Pergentino, doutor Almendra e doutor Aldenor, assistida que foi pela presença de muitas outras casas e algumas aglomerações. E quem passava por ela, depois chamada a Flor do Prado, podia ver de uma ponta a outra as muitas residências do Bairro Prado, futuro Benfica, do outro, casas e chácaras – Bairro Vermelho – futuro Atapu.

A primeira fazenda, confrontando com o início da estrada do sol, localizava-se no alto onde hoje é o conjunto residencial Segredo de Fátima, de onde se tinha deslumbrante vista do açude da sede da fazenda e dos alagados que ficavam desde a proximidades da fazenda aos extremos da Aguanambi, e que bem se identificava como um imenso pântano. A segunda ficava nas imediações do Centro Educacional, onde hoje ainda existem várias mangueiras centenárias que ficaram, ainda, no final da rua Napoleão Laureano. E a terceira, mantinha a sua sede da fazenda em frente onde hoje é o 10° GAC, na Av. Luciano Carneiro. Casarão bem construído, cheio de áreas cobertas livres e quase toda alpendrada e edificada com as paredes cobertas de pedra lapidada, onde fica hoje a sede da Editora FTD, na Luciano Carneiro. As fazendas possuíam muitas criações e cultivo de frutas e verduras. Eram residências fartas, sempre festivas e concorridas, além de bastante visitadas pelos amigos dos que ali moravam. As festas eram animadas com muitos folguedos e nunca se deixava de perceber muita gente em São João, Natal e Ano Novo, feriados, carnaval e aniversários. Não posso esquecer que na sede da fazenda do doutor Pergentino existia um bando de quarenta, cinquenta ou mais gansos pretos e brancos, que nunca se cansavam de andar para todos os lados como que mesmo vigiando os quatro cantos da casa dos lados de fora. Quando algum estranho aparecia, mesmo que fosse passante, eles corriam atrás ferozmente e atacavam com bicadas e quachás ensurdecedores. As charretes, os carros, cavalos e passantes teriam de andar sempre devagar para não chamar atenção dessas aves. Na fazenda-sítio do doutor Almendra havia criação de cavalos, charretes e muitas fruteiras; na outra, imperava a criação de gado leiteiro, e o leite sempre era vendido para muitas residências nessa Av. 13 de Maio até alguns anos atrás.



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor 

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Avenida Treze de Maio - Antiga Avenida Flor do Prado


A avenida surgiu na década de 50, por ordem do prefeito, Acrísio Moreira da Rocha.


Nos anos de 1910, em um arrabalde de Fortaleza, São João do Tauape, no encontro das atuais avenidas Visconde do Rio Branco e Pontes Vieira, havia diariamente, dezenas de comboieiros vindos do interior que ali paravam, diariamente, para descanso e reorganização dos seus trabalhos: troca, venda e compra de todo tipo de mercadoria trazida do interior. A este ponto de encontro os nativos deram-lhe o nome de Tauape, significando tauá-barro, pé-caminho; caminho de barro. Por invocação a São João, foi erguida uma capela no local, daí surgindo o nome de São João do Tauape, (1948) segundo o historiador Márlio Falcão.
Os mercadores já se encontravam próximo do seu objetivo, o centro de Fortaleza, mas não era justo seguir toda vida cidade adentro com bois, cargas em cavalos e jumentos pela avenida Visconde do Rio Branco, afinal, gerava tumulto e perigo entre os moradores das casas, atrapalhava os carros e o bonde da Visconde do Rio Branco, que percorria toda avenida até a "terceira" parada, isto é, o final da linha, próximo da esquina onde funcionou o Cine Atapu, da Cinemar, inaugurado em 11.03.1950, conforme relata o historiador Miguel Ângelo de Azevedo - Nirez.

A cidade de Fortaleza crescia e necessitava de cuidados essenciais, não podia permitir mais o ingresso de animais a sujar a avenida e centro da cidade. Nasceu então a idéia do traço de união. Abrir novas ruas e avenidas, antes da cidade, para facilitar a vida de todos. Foi justamente aí que planejaram unir o São João do Tauape com o Benfica, por uma estrada calçamentada e iluminada, já que existia um precário caminho. Seria uma importante avenida que desse acesso aos mercados, outros bairros e dezenas de ruas facilitando as intercomunicações entre bairros. O meio mais fácil seria seguir pela mata rumo ao oeste (futura Av. 13 de Maio) descendo nas férteis terras de pousada e boa caça e pesca, onde havia o encontro de riachos e açude na Fazenda Canadá, do doutor Pergentino Ferreira. Todos os meios de transportes seriam beneficiados. Seguiriam com as suas mercadorias por toda avenida, sem impedimentos, até o bairro Benfica ou Prado, passando por diversas ruas atingindo os objetivos, relata Geraldo Nobre, do Instituto Histórico do Ceará.


O então prefeito de Fortaleza, Acrísio Moreira da Rocha, providenciou, juntamente com sua comitiva, um encontro de amigos com o dono das terras. Teria sido discutida na Fazenda Canadá a criação (hoje no local da sede desta antiga fazenda Canadá, encontra-se construído o Conjunto Residencial Segredo de Fátima) de "uma grande rua que beneficiasse a todos da região, facilitando o acesso para vários bairros". A resposta do dono das terras ao prefeito foi de que ele teria ao seu dispor, não só uma rua, mas terras para uma avenida inteira, se assim o desejasse, reafirma Silvio Theorga, neto do doutor Pergentino Ferreira, então com 13 anos de Idade, quando assistiu toda reunião naquela tarde na sede do Fazenda Canadá.
A grande obra da prefeitura ligaria o bairro São João do Tauape ao antigo Prado, hoje Gentilândia ou Benfica. Naquele tempo o mato alto descia dos dois lados da estrada até o riacho. Quem desejasse vir desse ponto da estrada, isto é, do São João do Tauape para o Prado, teria de seguir uma nesga de terra até a altura de um grande riacho (Aguanambi – no inverno, um grande alagado) atravessá-lo de canoa ou vir pela velha ponte e seguir pela estrada de terra vários quilômetros até próximo ao Prado (altura do CEFET) antigo local de corridas de cavalo.
O prefeito Acrísio Moreira da Rocha, logo determinou que fossem iniciados os trabalhos de limpeza da área, cortada a mata, feitos os canais de seguimento do riacho e calçamentada a estrada onde seria a grande avenida. Nos primeiros momentos todos a chamavam de Flor do Prado, relata o memorialista Marciano Lopes, dizendo da constante ornamentação, beleza natural e ligação com o Prado.

Paralelo a tudo, em 09 de dezembro de 1952 chega a Fortaleza, vindo da Europa, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em visita a algumas Igrejas. O povo, muito devoto, ficou impressionado e o bispo auxiliar de Fortaleza, Dom Eliseu Simões Mendes lançou a ideia da criação de um templo. O doutor Pergentino Ferreira logo se prontificou a doar uma quadra na futura avenida. O que foi feito em 19 de outubro de 1952. O esforço incomum e a enorme motivação fizeram com que Paulo Cabral de Araújo, o novo prefeito de Fortaleza depois de 1952, juntamente com padres e políticos, apoiassem o projeto e fizesse brotar a ideia de um belo santuário para homenagear a santa. Foi formada uma comissão e passaram a visitar vários empresários, e, o engenheiro Luciano Pamplona logo se pôs a elaborar o projeto da Igreja. Veio a pedra fundamental em 28 de dezembro de 1952. Em pouco tempo a Igreja foi edificada, e no ano seguinte, com a nova vinda da imagem santa de Portugal, com a Igreja ainda por terminar, recebeu a imagem peregrina que aqui permaneceu de 14 a 16 de dezembro de 1953, onde foram realizadas várias missas, mas a inauguração somente foi possível em 13 de outubro de 1956.

A inauguração da Igreja de Fátima foi ao ar livre, com a presença de dez mil pessoas. Nesta ocasião muitos convidados estiveram presentes e logo que chegaram subiram ao palanque que foi armado para as autoridades. Centenas de pessoas impediram que o Dr. Pergentino Ferreira e sua senhora, D. Argentina, subissem ao palanque para receber as homenagens. Foi terrível, o tumulto também foi grande e quem tomava conta do palanque não deixou mais ninguém entrar depois da superlotação. Segundo palavras do Stélio, neto do Pergentino.
No dia 12 de outubro de 1955 foi indicado o 1° vigário da paróquia, o padre Gerardo de Andrade Ponte, onde permaneceu por 19 anos. O seu atual vigário é o padre Manoel Lemos Amorim.
A grande surpresa foi quando a Igreja de Fátima foi vítima de tentativa de assalto pela primeira vez. Quanta admiração de todos os moradores ao ouvirem o sino tocar apressado altas horas da noite pelo primeiro e principal ajudante do padre Gerardo Pontes. O Antônio de Souza, providenciou logo fazer alarde quando notou a presença de estranhos. Esta ação de tocar o sino da Igreja várias vezes altas horas, convenhamos, ainda hoje significa acontecimento grave. Logo, dezenas de moradores surgiram silenciosos e espantados no meio da noite e todos com as suas armas em punho, a tomar conhecimento do ocorrido. Ele dormia no andar superior e ao pressintir que alguém entrara na igreja e estava na sacristia, acordou. Não foi à toa quando apanhou a pedra que estava na soleira da porta e a soltou escada abaixo quando pressentiu que o meliante estava subindo. Dizem que o pessoal que trabalhava na obra de construção do canal, para colocação das lages de cimento armado, pois trabalhavam até altas horas da noite, viram quando alguns homens transportavam uma pessoa nos braços e passaram por eles rumo ao Cocorote, localidade das imediações da Base Aérea de Fortaleza. Não se soube mais nenhuma informação.

O terreno da Igreja englobava o quarteirão inteiro, por isso pensou-se em ampliações e, foi-se construindo a casa paroquial, salão, Instituto Educacional, quadra de esportes, muros de proteção etc. Hoje nas dependências desta quadra funciona o orgulho da avenida 13 de Maio, o Colégio Santo Tomás de Aquino, que completou 49 anos de fundação. Este colégio sempre contribuiu com a comunidade de Fátima e já formou, em nível de terceiro grau, muitas autoridades do Estado do Ceará. O seu atual diretor, Vicente Amorim declara: "Em toda nossa existência, nunca deixamos cair o nível de ensino e sempre mantivemos o respeito aos preceitos católicos".
O bairro tomava corpo dia a dia e a Av. 13 de Maio virou atração turística até para quem visitava a cidade, pois todos queriam conhecer a Igreja e passar por esta grande avenida calçamentada e iluminada. Assim, nos seus primeiros momentos, sem deixar de ser bucólica e, mesmo em transformação, os moradores ainda assistiam, naquelas manhãs sertanejas, silenciosas e convidativas a passagem de poucos carros e passeios de pessoas nas matas, riachos, lagoas e trilhas de todos os lados, pois não havia centros comerciais ou movimento de carros, somente duas ou três mercearias. Logo a empresa de ônibus Severino Ribeiro passou a servir o bairro e, alguns ônibus circulavam pela Av. 13 de Maio de hora em hora até o centro da cidade. Um ônibus vinha pelo bairro José Bonifácio até atingir a Av. 13 de Maio e outro pela Visconde do Rio Branco até alcançar a Av. 13 de Maio.


Os ônibus, verdadeiros calhambeques, eram todos de madeira recobertos por flandres, demoravam muito a passar e em determinados pontos de espera, surgiam sempre cinco ou seis pessoas, pois poucos tinham o luxo de possuir carro e trabalhavam no centro da cidade, até os que com o tempo se tornaram grandes empresários e donos de lojas famosas do centro da cidade. Para quem estava no ponto de ônibus, era esquisito, permanecia em vigilância olhando de um lado para outro; quando o ônibus despontava ao longe, pois eram poucos os carros que trafegavam na 13 de Maio, sempre alguém estava a gritar para quem vinha se chegando ao ponto: "corre... lá vem um ônibus", e quem não vinha em desabalada carreira. Ninguém podia perdê-lo, senão teria de ficar mais de uma hora a espera de outro. No ônibus, sempre lotado, havia o cobrador circulando apertadamente no meio dos passageiros, em pé, do começo ao fim do ônibus, com várias moedas na mão a cobrar a passagem, entregar a ficha correspondente e passar o troco de cada um. Para descer do coletivo como também era chamado, esticava-se a mão, como ainda hoje, para um dos lados extremos do teto e puxava-se a sinaleira; em alguns, este objeto constituía-se de um chocalho de cabra na extremidade a produzir barulho suficiente; ao puxar o barbante fazia tremer o dito objeto ao lado do motorista que entendia precisar parar. Era sempre uma longa e barulhenta viajem, pois os ônibus de madeira percorriam todo o calçamento da 13 de maio. Para servir as ruas internas do bairro, a Empresa São José do Ribamar comprou do "poierão" um ônibus e implantou, nos anos de 1960, precária linha de micro ônibus com relativo sucesso. Poeirão era o nome de um morador de um vilarejo ligado ao Bairro de Fátima.

Foto Fortalbus
Em se tratando de comércio, a Av. 13 de Maio passou muitos anos quase com o mesmo formato. Muito depois da inauguração da Igreja, surgiu a primeira sorveteria na esquina da rua Napoleão Laureano, logo transformada em bar com umas poucas cadeiras na calçada. Era uma atração inédita permanente a sorveteria e bar 'A Normalista', frequentado por todos. Fora do centro da cidade, alguns se arriscaram a tomar cerveja, sorvete, ou comer no local um sanduíche de primeira linha chamado mixto quente. Duas mercearias maiores serviram muito tempo ao bairro, a Pontista e o Simeão. Logo depois, em 09 de março de 1959, surgiu a Panificadora Central, que serviu ao bairro muitos anos. Na 13 teve também a presença de um restaurante, na esquina da rua Padre Leopoldo Fernandes, o B'arbras.
Em se tratando de diversão, antes da missa, nos finais de semana, assistiam-se jogos amistosos entre Fortaleza e Ceará no areal em frente a Igreja de Fátima, hoje Praça Pio XII.
O único clube próximo a Av. 13 de Maio chamava-se Maguary Esporte Clube, muito frequentado pelos que moravam na 13 de maio. Pelos anos de 1965 surgiu o único clube do bairro chamado S.B.F.Sociedade Bairro de Fátima, ponto de encontro de todos os jovens que moravam na Av. 13 de Maio, bairro de Fátima e adjacências, capitaneado em primeira instância por Mauro Benevides, um dos moradores do bairro.



Hoje o comércio da Av. 13 de Maio atingiu a maturidade, possui vida própria e não deixa a desejar; identifica-se com o dos grandes centros e tem seu equilibrado movimento em cada quarteirão. O comércio funde-se ao do bairro de Fátima e possui o eterno estigma de ser calmo, pois não existe aglomerado de pessoas, prédios ou de veículos. Ao longo da avenida encontram-se vários bancos importantes, lojas de renome e sempre com estacionamentos disponíveis. Suas casas comerciais são amplas e diversificadas servindo desde vestuário, boutiques de alimentos, sorveterias, panificadoras, pousadas, loja de delicatessens, cursos, restaurantes, supermercados, shopping center, farmácias, lojas de automóveis, hospitais etc., e é servida por inúmeras linhas de ônibus, além de, no seu final, encontar-se com a estação do Metrofor, localizada na esquina da Av. 13 de Maio com a Av. Carapinima. Outras importantes instituições da Av. 13 de Maio são o 23° Batalhão de Caçadores do Exército, instalado em 23 de novembro de 1944. O CEFET, antiga Escola Industrial de Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, no campus do Benfica e IBGE; no bairro de Fátima, Instituto de Educação (antiga Escola Normal Pedro II) e Conselho Estadual de Educação, UECEUniversidade Estadual do Ceará e vários colégios e centros de estudos, além de centros comerciais diversificados etc.



Quando falamos em moradia, na Av. 13 de Maio ou Bairro de Fátima, lembramos que muitos moradores optam atualmente por negociar sua residência para que sejam construídos modernos prédios residenciais, sendo visível a nova fase futurística que o bairro está vivendo com bastante sucesso, tendo em vista as dezenas de edificações novas no bairro com prédios de até mais de 20 andares, e com chances de vir a ser novamente o segmento mais procurado da cidade, tanto pelo lado mais acessível, promissor, quanto pelo lado mais cultural e próximo do centro tradicional da velha Fortaleza, dizem alguns corretores de imóveis.



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor e fotos do Arquivo Nirez

sábado, 11 de setembro de 2010

Bairro de Fátima - Antigo Redenção


Este é um bairro, antes de tudo, acolhedor!



Pracinha da igreja de Fátima

O bairro foi fundado no dia 03 de Setembro de 1956 com o nome oficial de “Redenção” que acabou ganhando o apelido de “13 de maio”, nome da avenida principal. Uma homenagem a abolição da escravatura. Estamos falando da década de 1930.

Hoje a Avenida 13 de maio se tornou uma das dez mais movimentadas da capital. Pergentino Ferreira era o dono do terreno onde foi construída a igreja símbolo do bairro. A paróquia foi inaugurada em 1955. Um ano depois o nome “Bairro de Fátima” foi oficializado pela Prefeitura.

A imagem que fica próxima ao altar, é o bem mais precioso da igreja. Foi esculpida em madeira, pelo mesmo artista que fez a Santa Peregrina, o lusitano Guilherme Ferreira Thedim. A religiosidade ainda é a maior referência do bairro.

Hoje, Fátima tem 26 mil moradores.



Praça vendo-se a igreja

No bairro fica a rodoviária da capital e duas avenidas importantes que cortam a cidade. A 13 de maio liga o Pici a Washinton Soares e a Aguanambi, que liga a praia ao sertão.

Um bairro que cresceu, ganhou uma rotatória, um viaduto, muitos prédios e continua no coração dos moradores antigos.



Panorâmica do bairro

27 hectares são ocupados com o quartel do 23º Batalhão de Caçadores Marechal Castelo Branco, mas pode chamar de 23 BC mesmo.

Foi também no passado, em 1954, que o bairro ganhou a Igreja de Fátima, como forma de relembrar a passagem da imagem peregrina no início da década de 1950.

Os vitrais lembram templos europeus.


Tanta beleza e tradição fazem da igreja uma das mais procuradas para a realização de casamentos e batizados. 
A religiosidade dos moradores do bairro também está na imagem: a estátua de Nossa Senhora de Fátima, com quase 15 metros de altura, foi inaugurada ano passado como um presente aos fiéis.

Tem sempre alguém passando e reverenciando o monumento.



Construção da Igreja de N.S. de Fátima em 1955 - Arquivo Nirez

Década de 50


Igreja de Fátima - Suas formas foram inspiradas em duas mãos justapostas em oração

A estátua é a maior em homenagem à Santa erguida no mundo. Quem segue pela avenida 13 de Maio, uma das 10 mais movimentadas da Capital, se encanta com as 13 praças que existem no bairro.

Fátima, com 26 mil moradores, também é o ponto de partida e chegada para quem chega a Fortaleza de ônibus no Terminal Rodoviário Engenheiro João Tomé. Quem não mora nesse bairro, bem que gostaria.



Ruas internas

Muitas praças fazem parte da infraestrutura do bairro
Diferente de outros bairros, este tem muitas praças a disposição dos moradores. Uma curiosidade: a informação é de que o bairro de Fátima possui 13 praças. O bairro pode ter muitas, se comparado a outros. Mas de que adianta tanta área de lazer, se elas não são conservadas?



A praça Argentina Castelo Branco é concorrida pelos coopistas. Há três anos seu José caminha na praça todos os dias, mas reclama da falta de manutenção.

Basta olhar rapidamente para ver que ela está abandonada. Calçada com piso danificado, pedras soltas que ficam no meio do caminho. Em um trecho a calçada está tomada por materiais de construção, o que virou motivo de queixa dos frequentadores da praça.



Casa na Avenida 13 de Maio

Segundo um funcionário da obra, o incômodo é causado porque eles estão fazendo um reparo no piso que foi quebrado quando os novos postes de iluminação foram instalados.

Outro sinal de má conservação está nas quadras de esporte. Traves enferrujadas e alambrados arrancados. Ao redor delas não existe nenhuma proteção. Moradores lamentam a falta de espaço de lazer para crianças e diz ainda que tem medo que elas brinquem na praça. Entre os banquinhos é difícil achar um que esteja inteiro. Alguns estão até caindo. Todos esses problemas revoltam quem mora na redondeza há mais de 40 anos.



Avenida 13 de Maio

As reclamações não param por aí

Os frequentes assaltos na região ainda são uma das principais queixas dos moradores e comerciantes. Com medo da violência eles investem em segurança. A maioria das casas está protegida por grades e cercas elétricas.



Algumas casas possuem fachadas bem diferentes


No dia 12 de maio do ano passado, o CETV mostrou um outro problema: a insatisfação de alguns moradores da comunidade Maravilha em ter que deixar as casas para ocupar os prédios do conjunto habitacional, construído pela prefeitura. Enquanto uns resistiam a troca, outros reclamavam por não ter sido contemplado. No ano passado, 140 pessoas tinham sido transferidas. Hoje, esse número mais que dobrou. 342 moradores ganharam novas habitações. Também foi mostrado que as famílias reclamavam da sujeira do canal que passa pelo local. Depois de quase um ano, foi verificado que a área foi urbanizada, mas o problema do canal ainda existe.



A maior bronca continua sendo a comunidade Maravilha. Segundo a Habitafor, das 606 famílias beneficiadas com novas moradias pelo projeto, 342 já receberam o apartamento. A fundação disse ainda que já foi inaugurado o complexo esportivo e as outras casas já estão em construção. Também estão em andamento a limpeza e a urbanização de parte do canal do Tauape.

Sobre a segurança no bairro, o capitão da Polícia Militar, Carlos Araújo, comandante em exercício da quinta companhia, disse que existe um carro do Ronda do Quarteirão para o bairro. Além de duas motos e uma viatura da quinta companhia. Mas, segundo o capitão Carlos, não existe projeto para aumentar o número de policiais.




E quando eu disse 'diferente' eu não exagerei rsrs


De acordo com a assessoria de imprensa da Regional IV, a prefeitura já tem um projeto de reforma de 12 praças de Fortaleza, que vai ter inicio ainda neste semestre. A praça Argentina Castelo Branco não está incluída neste projeto. A assessoria disse ainda que a reforma desta praça será realizada logo que o próximo projeto de reforma for aprovado.


Rodoviária - Anos 90

A Rodoviária de Fortaleza, oficialmente chamada de Terminal Rodoviário Engenheiro João Thomé é administrada pela empresa Socicam.

A Rodoviária de Fortaleza foi construída no ano de 1973 e embora seja um prédio modesto, é bem organizado e possui fácil acesso. Na rodoviária passam por dia 8.000 passageiros. Tem 35 empresas e aproximadamente 200 linhas de ônibus diárias.


Rei dos Negros

Folclórico. Não há adjetivo melhor para falar desse simpático senhor de 66 anos que se orgulha de ser um dos mais antigos moradores do bairro de Fátima. Entre suas criações de gesso e cimento, Maurício Gomes de Oliveira, começou sua vida ajudando o pai a plantar batatas na terra de um certo coronel. Hoje, o local da plantação foi substituído pela Igreja de Fátima. Olhando profundamente para a rotatória da avenida Aguanambi, onde vende desde cogumelos até imensas santas para jardins, Maurício lembra que chegou àquele local bem antes até das próprias ruas e avenidas. Eventos históricos para a comunidade de Fátima, como a visita da imagem de Nossa Senhora de Fátima à Fortaleza, em 1951, e a construção da Igreja de Fátima, quatro anos depois, são lembranças pessoais para ele. Mas Maurício gosta mesmo é de lembrar tudo o que fez e diz fazer na vida. Orgulha-se do apelido "Rei dos Negros", e nem gosta de ser chamado pelo nome. Compara-se a Pelé. Não bebe, não fuma e nem vai à praia. Tudo por um objetivo na vida digno de um Rei...

FOLHA DE FÁTIMA: Seu Maurício, o senhor nasceu no bairro de Fátima?
REI DOS NEGROS:
Quando eu comecei a me entender, eu morava em uma fazenda do Coronel Pergentino Ferreira.

FOLHA DE FÁTIMA: E onde era a fazenda? Como era a vida nessa época?
REI DOS NEGROS:
Ficava bem perto desse quartel aí (Base Aérea de Fortaleza). E eu achava muito bonito quando o trem vinha e fazia "café com pão, bolacha com pão; café com pão, bolacha com pão". A maria-fumaça já passava. Passava dentro da fazenda! O coronel, que era coronel porque tinha dinheiro, mandava parar o trem. Ele mandava fazer biju (tapioca) e uns dez cuscuzes e botava nata por cima dos cuscuzes para os trabalhadores do trem. Maquinistas, tudo, todo mundo para comer. E eu olhando e comendo também... Aqueles paus velhos que não serviam mais para o trem, o coronel pedia para fazer as cercas.

FOLHA DE FÁTIMA: E como era o coronel Pergentino Ferreira? Ele era considerado dono de tudo aqui...
REI DOS NEGROS:
Tinha uma lagoa onde hoje é uma rodoviária. Era uma lagoa que ia até a Borges de Melo e tinha muito peixe. E tinha uma Pema que dava um metro e meio. Aí vieram uns amigos do coronel para pegar o Pema. Eu tinha uns nove ou dez anos e fui olhar. Eles colocaram uma rede de quase cinqüenta metros e começaram a puxar lá da Borges de Melo e vieram puxando e dizendo: "o Pema vem aí!" E todo mundo olhando para ver se pegava mesmo. Quando a rede chegou na parede do açude, encheram mais ou menos dois surrões de carás, de mussuns... E o Pema no meio! Então, quando faltavam uns cinco metros para chegar na ribanceira, o bicho deu um pulo por cima da rede. O trabalho todo, desde de manhã, foi perdido! Mas pegaram dos surrões de cará... Vieram outra vez e conseguiram pegar o bicho. Aí perguntaram ao coronel se ele queria o Pema ou os carás, e o coronel, como tinha dinheiro, disse: "leva tudo pra vocês".

FOLHA DE FÁTIMA: Já existia a BR-116, certo?
REI DOS NEGROS:
Sim, mas essa BR não tinha nada a ver com a Aguanambi, ela ia para o Joaquim Távora. Tinha até o bonde do Atapu para lá, quando eu tinha uns doze anos. Chamavam de "Terceira". Nesse tempo, a Base já existia, mas a Aguanambi é mais recente, dos anos setenta.

FOLHA DE FÁTIMA: E a Borges de Melo?
REI DOS NEGROS:
A Borges de Melo era carroçal. Tinha a Base e só depois a Borges de Melo. Ela era um carroçal que levava para o matador modelo, que não existe mais. Ele ficava onde hoje é aquela caixa d'água no final da Borges de Melo atual.

FOLHA DE FÁTIMA: Já existiam casas por aqui?
REI DOS NEGROS:
Não tinha nem esse canal. Era horta de um lado e do outro. Do mesmo jeito que tinha um riacho do matador modelo até onde hoje é a Aguanambi, ele ia daqui até onde hoje fica o jornal O Povo. E não tinha nada: eram só hortas de um lado e do outro lado do riacho.

FOLHA DE FÁTIMA: E quando começou, então, a virem pessoas morar por esses lados?
REI DOS NEGROS:
O que chamou mais atenção foi quando o coronel deu uma quadra para fazer a igreja Nossa Senhora de Fátima. Lá onde fica a Igreja eu plantava batata com meu pai. Quando começaram a fazer a Igreja, o coronel deu outra quadra em frente para começarem a fazer a praça.

FOLHA DE FÁTIMA: Mas porque ele deu uma parte de suas terras?
REI DOS NEGROS:
Ele deu porque na visita da Santa veio muita gente. Fizeram foi uma serraria para poder fazer as cadeiras. Era muita gente, muita gente mesmo. Aí o neto dele fez um time, e dava mais gente para ver o jogo que na Igreja. O campo era onde hoje é a praça. Quem mandava na Igreja, na época, era o padre Gerardo. E ele tava doido para acabar com o jogo, mas quem fez o jogo foi o neto do coronel, e ele não podia! Então o próprio coronel acabou com o time e fez a praça. Mas antes da chegada da Santa, quando ela veio de visita, tinha umas 50 mil pessoas. Só de esmola que deram, deu para fazer a Igreja.

FOLHA DE FÁTIMA: Então acabou sendo um bom negócio. O Pergentino Ferreira ganhou dinheiro doando o terreno para construir a Igreja?
REI DOS NEGROS:
Ora, ganhou... Todo mundo queria morar no bairro de Fátima, por causa da Igreja. Aí ele foi vendendo as terras. E não tinha nem calçamento, só areia, carroçal. Depois é que fizeram...

FOLHA DE FÁTIMA: E hoje, já tem muita coisa aqui no bairro?
REI DOS NEGROS:
Eu considero o bairro de Fátima com mais barões que a Aldeota! Porque lá não tem rei, e aqui tem o Rei dos Negros, que sou eu.

FOLHA DE FÁTIMA: Como começou essa conversa de "Rei dos Negros"?
REI DOS NEGROS:
Eu não era rei. Estavam brigando um negro e um loiro. E eu por trás do muro com meus braços por cima. Aí chegou um deputado e disse: "Porque é que você não aparta essa briga aí?" Aí eu disse: "Doutor, eu não aparto porque é o negro que tá vencendo". E ele: "E você, por acaso, é o Rei dos Negros?" Eu disse que não: "Eu não era Rei dos Negros, mas de hoje em diante eu vou ser". Aí ele disse: "Você sabe com quem está falando?" E eu disse que fala com um homem igual a mim. "Eu sou um deputado federal", ele respondeu. "Pois o senhor, deputado federal, não sabe nem se expressar. Era para o senhor ter dito assim: vamos apartar essa briga? E não chegar como o senhor chegou". Depois da terceira vez que ele pediu, eu dei a volta e ele viu meu peito de aço. Naquela época, eu treinava boxe. Eu fui para o lado dele e ele disse: "Fica-te aí, Rei dos Negros!" O apelido pegou, eu fiquei conhecido como Rei dos Negros, e o mulherio começou a querer saber quem é o Rei dos Negros.

FOLHA DE FÁTIMA: E o sucesso foi grande?
REI DOS NEGROS:
Se foi... Eu transei com 980 mulheres e quero inteirar 1001, se Deus quiser. É para competir com Pelé. Ele fez 1000 gols, só que ele parou e eu ainda estou na ativa.

Esta entrevista é de autoria do jornalista Humberto Leite para o jornal Folha de Fátima nº 79 - agosto 2005



Hebert Lima
Fonte: Tv Verdes Mares, Blog Bairro de Fátima e pesquisas de internet
Fotos atuais: Manilov e RWP

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