Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Bar avião
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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Fatos Históricos da Avenida João Pessoa


Rua da entrada de Porangaba, hoje se chama Sete de Setembro, é a continuação da Av. João Pessoa - Arquivo Nirez

Em dezembro de 1900 é fundada, na hoje Avenida João Pessoa, Parangaba, a Associação das Filhas de Maria Imaculada da Capela do Sagrado Coração de Jesus, do Hospital São Vicente de Paulo, pela Irmã Thomas.

10 de setembro de 1922 - Inaugurado o Café Centenário, antigo Café Benfica, na Avenida Benfica (atual Avenida João Pessoa), próximo ao cruzamento com a Rua Padre Francisco Pinto.

06 de julho de 1930 - Inauguração da estrada de concreto entre Fortaleza e Porangaba (Parangaba), construída pela Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas - IFOCS (hoje Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DNOCS), falando na ocasião em nome da Inspetoria, Coelho Cintra.Trata-se da hoje Avenida João Pessoa.
O concreto citado está ainda lá, só que sob o asfalto.

25 de junho de 1930 - Lei municipal denomina o jardim da Praça Comendador Teodorico (da Lagoinha - atual Capistrano de Abreu), de Jardim Tomás Pompeu e a estrada de Fortaleza a Porangaba (Parangaba) de Avenida Washington Luís (atual Avenida João Pessoa). A inauguração deu-se no dia seis de julho.

11 de outubro de 1930 - Reunem-se vários cidadãos e arrancam todas as placas da avenida que liga o Benfica a Parangaba, que tinha o nome de Washington Luís, colocando outras com o nome de Avenida João Pessoa.



 Avenida João Pessoa - Arquivo Nirez

21 de outubro de 1930 - O prefeito César Cals de Oliveira decreta que a Avenida Washington Luís passe a ter o nome de Avenida João Pessoa - oficializando a vontade popular - e dá o nome de Rua Paraíba à via que liga o Matadouro Modelo (atualmente Colégio Paulo VI) à Avenida João Pessoa. Depois se chamou Rua América, Rua Moacir Weyne e hoje se chama Rua Major Weyne e seu início, que era na atual Jorge Dummar, hoje é continuação da Avenida Borges de Melo, que vai até a Rua Damasceno Girão.

1931 - A firma A. Beleza & Cia. Ltda., na Rua Padre Mororó nº 67 (antigo), lançou os Cigarros Ideal Club Cearense, onde aparecem na carteira (maço) a bandeira do clube e as instalações localizadas na Avenida João Pessoa, nas Damas.




Avenida João Pessoa, no bairro das Damas trinta anos depois da segunda foto -Nirez

1931 - Surgem vários cinemas em Fortaleza, entre eles o Cine Benfica, na Avenida João Pessoa nº 3141, o Cine São Gerardo e o Cine Popular, na Rua Senador Pompeu, na Praça da Bandeira, hoje Praça Clóvis Bevilaqua.

03 de outubro de 1931 - Inaugurada a sede do Ideal Clube, com seu pavilhão para danças, no bairro das Damas, na Avenida João Pessoa, em terreno pertencente a Luís Gonzaga da Silva que o vendeu ao clube em prestações semestrais. O clube foi organizado por Pedro Augusto de Araújo Sampaio (Pedro Sampaio), que foi o primeiro presidente, Luís Gonzaga da Silva, Joaquim Markan Filomeno Gomes, Raul Cabral, Meton de Alencar Gadelha (Meton Gadelha), Maximiano Leite Barbosa Filho, José Meneleu Filho e Fernando de Alencar Pinto (Fernando Pinto).
A repercussão foi tamanha que logo surgiu uma nova marca de cigarros, a Ideal Clube onde sua sede na Avenida João Pessoa nº 4898 aparecia no verso e anverso, fabricados por A. Beleza & Cia Ltda.
Depois, aproximadamente em 1932 teve uma sede na Rua Tabajaras, nº 505, que era a chamada de "Filial da Praia", e por fim a atual sede, na Avenida Monsenhor Tabosa nº 1381, na Praia de Iracema, em prédio projetado pelo arquiteto Sylvio Jaguaribe Ekman.

07 de setembro de 1931 - Instala-se o Ideal Clube, de acordo com seus estatutos, embora tenha havido uma reunião anterior, no dia 15 de junho. Sua sede ficava na Avenida João Pessoa, nas Damas. Sua instalação deu-se no dia três de outubro.

13 de setembro de 1933 - Visita do sr, Getúlio Vargas ao local do porto de Mucuripe, à Fábrica de óleo de Oiticica e à Fazenda S. Antônio do Pitaguari, onde lhe foi oferecido um churrasco. A noite, jantar no Ideal Clube, à Avenida João Pessoa, homenagem da sociedade cearense.

07 de maio de 1934 - Em sessão realizada no Ideal Clube, na Avenida João Pessoa, o então presidente Joaquim Markan comunica a compra ao advogado Raul de Sousa Carvalho, de terreno na Praia de Iracema, para construção da sede daquele clube.
24 de maio de 1934 - Inauguração, a Avenida João Pessoa, do novo prédio do Colégio Maria Auxiliadora, para cuja construção muito contribuiu o Cel. Juvenal Carvalho.

26 de setembro de 1936 - O Prefeito Raimundo Araripe sanciona a lei municipal que dá a denominação de Rua João Sorongo a uma das vias públicas do lugar Barreiros, na Avenida João Pessoa.


Início da Rua 15 de Novembro - Arquivo Nirez

Início da Rua 15 de Novembro, que nasce no trilho do trem na Avenida João Pessoa onde tem o Bar Avião -Nirez

28 de julho de 1938 - Chega a Fortaleza, a bordo de um hidro-avião do Sindicato Condor, descendo no aeroporto da Barra do Ceará, o cantor Francisco de Moraes Alves (Francisco Alves), para uma temporada ao microfone do Ceará Rádio Clube - PRE-9, que tinha seus estúdios e transmissores na Avenida João Pessoa, nas Damas. Francisco Alves apresenta-se também no Teatro José de Alencar no dia 30.
Hospedou-se no Excelsior Hotel.

28 de novembro de 1938 - O Colégio das Salesianas (Colégio Maria Auxiliadora), passa a denominar-se Ginásio Juvenal de Carvalho, na Avenida João Pessoa, 4279. Na época o bairro era Dom Bosco.



Avenida João Pessoa final dos anos 80-Nirez

02 de outubro de 1949 - Chega a Fortaleza, em viagem de visita, o Presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, desembarcando no Aeroporto do Cocorote, sendo conduzido, via Avenida João Pessoa, onde são colocados arcos de boas vindas, até o centro da Cidade, onde ficava a sede do governo. Com ele veio o Ministro da Viação Clóvis Pestana.

23 de outubro de 1949 - Inaugurado, em Parangaba, o Bar Avião, na Avenida João Pessoa, na entrada da Rua 15 de Novembro, construído por Antônio de Paula Lemos, seu primeiro proprietário, que faleceu em 1958, ficando seu filho José Odacir Natalense Lemos à frente do bar. Atualmente está alugado a Emanuel Sá Linhares.

13 de abril de 1953 - É entregue ao tráfego a Rua Samuel Uchoa, no Jardim América, unindo a Avenida João Pessoa à Avenida 14 de Julho (hoje Avenida Gomes de Matos, com uma extensão de mais de um kilômetro).

13 de junho de 1953 - Inaugurada a Vila Santo Antônio, construída por José Maria Cardoso, na Avenida João Pessoa nº 5094, ficando conhecida como a Casa do Português, toda de concreto armado, três andares com subida de carro até o teto. Nela foram gastos 29 mil sacas de cimento, 540 toneladas de ferro, 180 milhões de tijolos e 40 mil latas de cal.
Depois foi ocupada por várias repartições públicas, começando pela Ancar.
Lá esteve também a Boate Portuguesa.

04 de janeiro de 1957 - Inaugura-se, às 16h, o Posto Shell, na Avenida João Pessoa nº 5.256, de propriedade de Gerardo Pessoa.

30 de junho de 1962 - Inaugura-se a Boate Portuguesa, na Vila Santo Antônio, conhecida como Casa do Português, na avenida João Pessoa nº 5094.

19 de março de 1970 - Inaugura-se o Centro Educacional Dom Lustosa, na Avenida João Pessoa.

02 de junho de 1974 - O Automóvel Clube do Ceará e o Automóvel Clube do Brasil assinam protocolo que resulta na criação do Automóvel Clube do Brasil-Ce., com sede na Avenida João Pessoa esquina com a Rua Álvaro Fernandes.


21 de Junho de 1975 - A Avenida João Pessoa, ainda conhecida pelo nome de Avenida Capistrano de Abreu, é aberta ao tráfego, após reforma, com mão única no sentido sul-norte.
07 de abril de 1989 - Reinaugurada, após reforma, a sede social do Ceará Sporting Club, na Avenida João Pessoa nº 3532, no Benfica.

09 de outubro de 1996 - Pelo Decreto nº 9.952 é criada a Escola de Ensino Fundamental Cláudio Martins, na Avenida João Pessoa nº 6.601, em Parangaba, no prédio onde funcionou o Ginásio Nordeste.

29 de maio de 2003 - O prefeito Juraci Magalhães inaugura, no bairro das Damas, o Pólo de Lazer Professor Gustavo Braga, que urbaniza e arboriza a lagoa de contenção criada para evitar transbordamentos dos canais das Damas e do Jardim América. Com isso, a prefeitura pretende acabar com o acúmulo de muriçocas e sujeiras no local, além de proporcionar à população, lazer e segurança.
O pólo de lazer, em frente ao Colégio Gustavo Braga, na avenida João Pessoa, 4680, é um equipamento com estrutura composta de uma quadra de esportes para a comunidade, bancos, árvores e pistas de contorno.
O titular da Secretaria Executiva Regional IV, João Melo, vereadores e lideranças dos bairros beneficiados estiveram presentes.

31 de agosto de 2004 - Lançado o livro O Benfica de ontem e de hoje, do cearense Francisco de Andrade Barroso, no salão da Saga, localizada na Avenida JoãoPessoa nº 3461, às 19h30min. O autor já tem outras quatro publicações, "Os Andrades", "Família Santos Lessa" e "As Igrejas do Ceará, vol.
1 e 2", todas independentes.
Francisco de Andrade Barroso é conselheiro da Associação Cearense de Auditores Fiscais da Previdência, vice-presidente da Academia do Columinjuba, diretor da Sociedade Cearense de Geografia e História, sócio do Colégio Brasileiro de Genealogia do Rio de Janeiro, pesquisador e autor de crônicas históricas.




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Fontes: Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Nirez e Revista do Instituto do Ceará
 (Histórico, Geográfico e Antropológico) - 1957 e 1958

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Parangaba - O povoado mais antigo do Ceará


Mapa Siará-1629 de Albernaz com destaque para a aldeia dos índios (Parangaba)

Parangaba é um bairro e sede de distrito de Fortaleza. Já foi município do Ceará, mas o tempo avançou, a população aumentou e a tecnologia no transporte fez de Parangaba uma parte permanente da cidade de Fortaleza, ou seja, um distrito, e posteriormente um bairro. 

Parangaba é administrado pela SER IV (Secretaria Executiva Regional - órgão municipal). No bairro localiza-se a Lagoa da Parangaba, uma lagoa que faz parte da baía do rio Maranguapinho e que é a segunda maior lagoa da cidade.

Estrada Fortaleza-Parangaba
Atual Avenida João Pessoa. Na foto de 1929, já temos o pavimento de concreto, feito na época do então presidente Washington Luiz. (Marcos Almeida)

A Parangaba era uma antiga aldeia indígena que foi catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada a condição de vila em 1759 com o nome de Arronches. Foi incorporada a Fortaleza pela lei nº 2 de 13 de maio de 1835 e depois foi restaurado município pela lei nº 2097 de 25 de novembro em 1885 com o nome de Porangaba e finalmente foi incorporado a Fortaleza pela lei nº 1913 de 31 de outubro 1921.
No século XVIII, o antigo Arronches destaca-se como ponto intermediário no transporte de gado, com a estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) - Parangaba; e a Estrada da Paranjana, estrada que ligava Messejana a Parangaba.

Parangaba, chegada da Maria Fumaça na antiga estação de Arronches-Emílio Moitas

Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, a Estação de Arronches, e Parangaba estava ligada com a Capital. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba é expandida com direção ao Mucuripe e em 1944 o nome da estação é alterada para Parangaba. Esta estação é nos dias de hoje parte do metrô de Fortaleza.
Durante o último período como município chegou a ter sua própria linha de bonde entre os anos de 1894 e 1918.
O bairro é ainda um ponto de referência, com escolas (públicas e particulares), ginásios, hospitais (públicos e particulares), mercado municipal do bairro, supermercados, cartório. Na área de transporte faz uma importante conexão entre diversos pontos da cidade, com uma estação de trem (que está sendo transformada numa estação do metrô de Fortaleza) e um terminal de ônibus.

Antiga estação de Arronches - Emílio Moitas

Estação em 2006. Foto Emilio Moitas

Estação de Parangaba

Linha-tronco - km 9,109 (1960)
Inauguração: 30.11.1873
Uso atual: fechada
Data de construção do prédio atual: 1941

Histórico da Linha: A linha-tronco, ou linha Sul, da Rede de Viação Cearense surgiu com a linha da Estrada de Ferro de Baturité, aberta em seu primeiro trecho em 1872 à partir de Fortaleza e prolongada nos anos seguintes. Quando a ferrovia estava na atual Acopiara, em 1909, a linha foi juntada com a E. F. de Sobral para se criar a Rede de Viação Cearense, imediatamente arrendada à South American Railway. Em 1915, a RVC passa à administração federal. A linha chega ao seu ponto máximo em 1926, atingindo a cidade do Crato, no sul do Ceará. Em 1957 passa a ser uma das subsidiárias formadoras da RFFSA e em 1975 é absorvida operacionalmente por esta. Em 1996 é arrendada juntamente com a malha ferroviária do Nordeste à Cia Ferroviária do Nordeste (RFN). Trens de passageiros percorreram a linha Sul supostamente até os anos 1980.


A Estação: A estação foi aberta com o nome de Arronches, em 1873. Na época, era município, que acabou sendo anexado a Fortaleza nos anos 1920. Em janeiro de 1944 teve o nome alterado para Parangaba, por determinação do CNG - Conselho Nacional de Geografia. Era este o nome de antiquíssimo aldeamento jesuítico, ali próximo. Dali sai desde 1941 o ramal para o Mucuripe. Atualmente serve como estação de trens metropolitanos. A estação, segundo o historiador Alexandre Gomes, ainda é a mesma aberta em 1873, tendo sido reformada em 1927, e portanto deve ser tombada. Porém, outra versão afirma que a estação reformada em 1927 foi derrubada em 1939 em consequência da colocação do ramal para Mucuripe. Somente em 1941 ficou pronta a nova estação, 50 m adiante da anterior. O Metrofor, que está construindo o metrô em Fortaleza próximo ao leito da ferrovia original pensava diferente: queria demolir a estação para fazer um viaduto. Existiu por um tempo uma briga judicial para impedir que isso acontecesse. Ela fica no entorno da Praça da Matriz, na Rua Dom Pedro II, no bairro do mesmo nome. Ela não é utilizada pelo Metrofor, que construiu outra estação mas manteve até hoje o velho prédio ali. O prédio da velha estação foi tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal em 2007, depois de várias ameaças de demolição.

Parangaba, a memória Cabocla - Instituto Amanaiara-Emílio Moitas

Parangaba - Instituto Amanaiara

O Instituto Amanaiara foi fundado oficialmente aos 14 de janeiro de 2004. Partiu de um grupo de pessoas que participavam da organização dos festejos da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos, desde o ano de 2001. Mais precisamente, de pessoas ligadas às lutas da Grande Parangaba e engajadas na pesquisa acadêmica sobre história e cultura desta comunidade e da tradição da Festa dos Caboclos.
Antes da formação do Instituto os que hoje são membros efetivos já realizavam pesquisas sobre esse festejo devido ao seu valor histórico que remonta ao período colonial cearense (1603 aproximadamente) e à sua importância para a cultura local. Quem em Parangaba nunca ouviu falar dos "Caboclos da Coroa".
Finalmente, tendo formalizado o grupo como Instituto Amanaiara, estabelecemos algumas parcerias importantes com o grupo Mira Ira do CEFET-CE (Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará), a CCF (Comissão Cearense de Folclore), a FUNCET (Fundação de Cultura, Esporte e Turismo da Prefeitura de Fortaleza), a SECULT-CE (Secretaria de Cultura do Estado do Ceará), e diversos grupos artísticos populares que nos ajudaram na organização e realização das festas em Parangaba no período de dezembro de 2002, 2003 e 2004.
Através de outros apoios conseguimos também realizar várias atividades que tinham em vista a propiciação de atividades culturais para a população local. Realizamos atividades em comemoração ao Dia do Meio-Ambiente, Dia do Folclore, Dia do Idoso, e ainda o I Cine-Clube, a I Mostra de Quadrilhas, o Seminário Vozes da Tradição e a inauguração do Memorial Porangaba por ocasião da abertura dos festejos em setembro de 2004.
Neste momento estamos tentando a articulação com outras formas de patrocínio para darmos o passo seguinte rumo a atividades de longo prazo que possa concretizar e selar definitivamente a existência do Instituto dentro de Parangaba como um meio facilitador entre o povo e sua riqueza cultural.
A atual coordenação que tomou posse no segundo semestre de 2005 é composta por Kelson Moreira como coordenador geral, Lourdes Macena como secretária e José Wagner Sampaio como tesoureiro. São ainda sócios efetivos Maria Rodrigues Barbosa, Tânia Saraiva Leão, Elândia Oliveira Sousa, Raquel da Silva Bento e Flávio Lima da Silva.
Emílio Moitas


Paróquia de Bom Jesus dos Aflitos - Parangaba - Foto de Edimar Bento


Foto de Cláudio Lima


A Lagoa da Parangaba é a maior lagoa em volume de água de Fortaleza. A lagoa dá nome ao bairro e em sua vizinhança está vários equipamentos públicos e empresas. O terminal de ônibus urbano da Lagoa e O Ginásio da Parangaba tem vista para a lagoa. A Lagoa também é conhecida pela feira que se realiza todos os domingos em área urbanizada na margem da mesma - a Feira dos pássaros.


Praça dos Caboclinhos, Lagoa de Parangaba-Claudio Lima

Com aproximadamente 36 hectares, é freqüentada desde pescadores a coopistas. A lagoa da Parangaba faz parte da bacia hidrográfica do Rio Ceará.


Lagoa - Paulo Targino Moreira


Lagoa de Parangaba-Claudio Lima

Praça dos Caboclos em Parangaba-Claudio Lima


Lugar de Beleza e mistérios da antiga "VILA NOVA DE ARRONCHES NO CEARÁ

Porangaba, Vila Nova de Arronches, Parangaba. Três nomes, um só lugar. Lugar de Beleza, segundo o poeta. O que hoje é um dos muitos bairros que compõem a grande cidade de Fortaleza (capital do Ceará estado do Nordeste Brasileiro), é também signo do desdobramento histórico cearense, pois encerra nas suas tradições e memórias o passado que remonta aos tempos da colonização lusitana em 1603. Parangaba - (Tupi Guarani significa - beleza, formosura...), situada nas margens da lagoa do mesmo nome, foi um dos mais antigos povoados do Ceará, o chamado aldeamento indígena de Porangaba, que os jesuítas fundaram no séc. XVI. A vila foi criada em 26 de Maio de 1758 e inaugurada em 25 de Outubro de 1759, passando a chamar-se Arronches (Vila Nova de Arronches). Durante o império foi município, com Intendente e Câmara, ao longo de 112 anos divididos em dois períodos: de 1759 a 1835 e de 1885 a 1921. Anexada à Fortaleza, integra um dos seus mais importantes distritos. Na sua área domina o verde, com os seculares mangueirais, o clima nostálgico, a lagoa paisagística e alguns prédios históricos como o edifício da antiga Prefeitura Distrital, Casas Paroquiais e a centenária casa da Família Pedra, pioneira na indústria da panificação. É ainda na área da Parangaba que se situa o mais antigo cemitério da cidade de Fortaleza. Foi nestas terras cearenses que os padres da Companhia de Jesus em 1607 deram início ao trabalho de evangelização das populações indígenas. Contam que, no decorrer de grande seca no sertão o Padre Francisco Pinto, homem místico a quem os nativos chamavam Pai Pina, ou Amanaiara, o "senhor das Chuvas", ajoelhando-se, acenou ao céu e fez uma oração pedindo chuva. A sua oração foi atendida e ele passou a ser muito querido entre os nativos. Ao que parece ele teria utilizado o símbolo de uma coroa de espinhos para levar a mensagem evangélica aos indígenas destas terras. Saía em procissão de aldeia em aldeia, falando do Cristo, o Bom Jesus dos Aflitos e convidando a todos para as celebrações do nascimento de Jesus. Em 1608, um grupo de indígenas chamados Tucurujus, inimigos dos portugueses, mataram o Padre Francisco Pinto na Serra da Ibiapaba. Os seus restos mortais foram sepultados pelo padre Luiz Figueira, no sopé daquela serra. Mais tarde quando em 1612 houve uma grande estiagem, os Potiguaras não tiveram receio de trazer para a sua aldeia os ossos do Pai Pina que seriam como um amuleto contra a seca. Também neste mesmo ano veio para o Ceará Martins Soares Moreno que aqui permaneceu até 1631. Dizem que durante a sua passagem por estas terras, viveu aqui pacificamente com os índios e fez profunda amizade com um de nome Jacaúna. Depois de longo período sem catequese, apenas em 1694 chegam os padres Manuel Pedroso JúniorAscenso Gago para retomar o trabalho das missões. Em 14 de Setembro de 1758 por Ordem Régia decretada em Lisboa, o Marquês de Pombal, decretou a extinção da Companhia de Jesus, acabando os jesuítas da extinta companhia responsáveis pela missão da Porangaba, por serem expulsos para Pernambuco, com destino às masmorras de Portugal, sendo a sua aldeia transformada em vila. Em 1758 guiada pelo padre Antônio Coelho Cabral, a Missão do Bom Jesus da Porangaba é transferida para o local atual e passa a chamar-se Vila Nova de Arronches, sob invocação de N. Sra. das Maravilhas, em homenagem à antiga vila de Arronches existente em Portugal. Nome lusitano que manteve até 1 de Janeiro de 1944, quando em conformidade com o Decreto-Lei nº. 1114 de 30 de Dezembro de 1943, voltou a adotar o antigo nome do aldeamento fundado pelo saudoso Pai Pina, nome ligeiramente alterado de Porangaba para Parangaba. A devoção destes povos ao Bom Jesus dos Aflitos vinha de longe e sempre foi muito forte. Por isso ainda em 1759, fora ordenado que a jovem vila de Arronches tivesse por padroeiro, em lugar de N. Sra. das Maravilhas o Bom Jesus. É neste mesmo lugar que ainda hoje se celebra com pompa e regozijo a Festa da chegada dos Caboclos, ou da Coroa do Bom Jesus dos Aflitos na igreja do Bom Jesus dos Aflitos, existente na Praça dos Caboclos da Parangaba. 

Segundo a tradição local, dizem que a Coroa do Bom Jesus, foi oferta do Rei de Portugal, quando da construção da igreja. Situada a poucos quilômetros de paradisíacas praias a antiga Vila Nova de Arronches (Parangaba), é hoje um importante e central bairro da capital cearense. É nele que encontramos uma importante e histórica estação ferroviária e um terminal de interligação dos transportes coletivos, agregando uma grande quantidade de linhas, que nos levam a diversos lugares de Fortaleza. Partindo de Parangaba, facilmente se chega a diferentes pontos turísticos fortalezenses, como o Centro Cultural Dragão do Mar, Mercado CentralPonte Metálica, praias e outros lugares de interesse. No futuro seria interessante assistir-se ao estreitar de relações entre ambas as comunidades da Arronches portuguesa e da atual Parangaba brasileira.
Emílio Moitas


Referências Históricas:

Bar Avião e Asilo são ícones

De um lado, o Bar Avião, que o exotismo de sua construção era referência da Parangaba antiga. De um outro, o Asilo de Parangaba, hoje denominado Hospital São Vicente.

Ambos os equipamentos são considerados ícones do bairro. O Bar Avião padeceu do desleixo ao longo do tempo. No lugar do bar, funciona uma borracharia, e a antiga construção de cimento de um avião bimotor se encontra degradada, há tempos sem reparos.

Já o hospital mantém, ainda, viva sua missão de receber pacientes com problemas psíquicos. O psiquiatra Anchieta Maciel afirma que a unidade hospitalar era, no século XIX até meados do século XX, a única que atendia a pobres e desvalidos, apesar das limitações médicas e terapêuticas da época. No entanto, conseguiu acompanhar a modernidade, adotando o que há de mais apropriado para o tratamento das doenças da mente.

No meio de ambos os símbolos do bairro, havia a linha férrea, que teve, na Parangaba, a segunda estação, depois de Fortaleza. O pesquisador Nirez conta que surgiu no momento em que se concebeu a ligação da linha férrea até Baturité. Depois, foi expandida até o Crato, com um ramal que dava acesso ao estado da Paraíba.

Antiga Câmara Municipal de Parangaba- Claudio Lima

Aristocracia

No entorno da lagoa, residia também o Barão de Aratanha, detentor de diversas terras na área central, inclusive onde hoje está o Santuário do Sagrado Coração de Jesus. A construção do templo foi uma iniciativa do poderoso aristocrata.

Missão dos Jesuítas

O bairro era a antiga aldeia indígena catequizada pelos jesuítas da Companhia de Jesus. Foi elevada à condição de vila no anos de 1759, com o nome de Arroches. Foi incorporada à Fortaleza pela lei nº 2, de 13 de maio de 1835; depois foi restaurado município pela lei nº 2.097, de 25 de novembro em 1885, com o nome de Porangaba; e finalmente foi incorporado à Fortaleza pela lei nº 1.913, de 31 de outubro 1921. No século XVIII, o antigo Arroches se destacava como ponto intermediário no transporte de gado, com a Estrada do Barro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) à Parangaba; e a Estrada da Paranjana, que ligava Messejana à Parangaba. Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, e Parangaba estava ligada com a Capital. Durante o último período como município, chegou a ter sua própria linha de bonde, entre os anos de 1894 e 1918. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba foi expandida com direção ao Mucuripe, e, em 1944, o nome da estação foi alterada para Parangaba. Essa estação, nos dias de hoje, faz parte do Metrô de Fortaleza. Uma estação elevada está sendo construída pelo Metrofor


Casinha antiga, provavelmente da época que Parangaba ainda se chamava Vila Nova de Arronches

Depoimento de Nirez:

Para o memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez, a independência do bairro é resultado de sua transformação ao longo da história. No princípio, era uma aldeia indígena. Depois, foi elevada à condição de vila. Chegou a ser distrito de Fortaleza. Até que, em 1921, virou um bairro da Capital.

Os nomes do lugar também foram se modificando com o passar do tempo. Chegou a se chamar Arroches (inclusive, o primeiro nome da Avenida João Pessoa era Estrada do Arroches, homenagem a uma localidade portuguesa), depois Porangaba e, por fim, Parangaba.

Nirez lembra que são diversos os pontos em comum com Messejana. Ambos mantiveram o status de distrito, e existe, ainda, uma semelhança física. As igrejas matrizes mantêm o mesmo posicionamento, assim como suas principais praças e os corredores de acesso.


Fonte: Site Estações Ferroviárias, Wikipédia, Diário do Nordeste e pesquisas na internet

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