Anos 50. Choque da Base Aérea de Fortaleza. Caminhão com banco de madeira, ocupando toda a extensão da carroceria, acomodava soldados armados, sentados e voltados para os lados da viatura.
Objetivava conter balbúrdias envolvendo militares da Aeronáutica. Mas, quando chegava, “para não perder a viagem”, havia revista geral. Nasceu, então, um chiste na Capital representando o medo: “Ai da Base!”.
Tal jocosidade denominou um bloco carnavalesco de sujos do bairro Demócrito Rocha. Únicas coisas de cordão momesco: uma, a surrada imitação de estandarte, onde se lia “Bloco Ai da Base!” e, abaixo, o desenho de dois cassetetes, em forma de X, encimados por um capacete; outra, a marchinha “Você pensa que cachaça é água”.
O porta-estandarte era o Bira, filho de dona Luzia Barroso. De tão cambota, alcunharam-no Colhões entre Parênteses. A maioria dos brincantes fantasiava-se de mulher. As vestimentas pertenciam às mães, mulheres e namoradas. Os adereços, os mais variados e estrambóticos.
O Valdir sempre tradicionalista. Portava penico de ágata e dentro cachaça e linguiças. Já o Dorival esbaforia-se. Saia justa, blusa decotada, sutiã com farto enchimento, nádegas postiças, sapato salto alto, peruca loura e longa, brincos, pulseiras e outros penduricalhos. Maquiado profissionalmente. Desbundava-se.
Centenas de outros extravasamentos justificados por Momo.
Charanga do Gumercindo intitulava-se o grupo de músicos do apoio. O “Ai da Base!” desfilou até 1961.
Geraldo Duarte
(Advogado, administrador e dicionarista)