Casarão construído na primeira metade do século XIX pelo Sargento Mor e comerciante português Antônio Francisco da Silva, que lá instalou o seu armazém de alimentos e que depois o vendeu ao comendador e rico negociador, Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, sendo seu proprietário até 1860. Foi um dos primeiros casarões de Fortaleza, originalmente de linhas neoclássicas, o sobrado destacava-se pelas aberturas encimadas com arcos plenos, apresentando uma predominância de cheios sobre vazios e um aspecto compacto, este expresso pelos altos muros que cercavam a edificação. Situado a Rua das Almas – Hoje Rua São José, entre as ruas Rufino de Alencar e Costa Barros.
Quando era o Solar dos Mendes, o palacete foi palco dos mais suntuosos bailes na Fortaleza do século XIX. Conforme os jornais da época, as festas atravessavam a noite e os convidados só saiam ao amanhecer.
Comendador Joaquim Mendes e sua esposa Joaquina Mendes Ribeiro.
Em 1860, o comendador, sua esposa dona Joaquina Mendes Ribeiro e o coronel José Mendes da Cruz Guimarães, o vendem por escritura pública ao Episcopado, perante a Tesouraria da Fazenda no dia 21 de abril, pela quantia de 60:000$000, ou seja, 60 contos de réis, conforme autorização do Ministério do Império em Aviso de 12 de março do ano citado. A entrega deu-se no dia 21 de junho do mesmo ano. Em 1892 a Tesouraria fez entrega do prédio para o Bispado de Fortaleza (Conforme a lei nº 25, de 28 de outubro de 1892), passando a ser conhecido por Palácio do Bispo e por fim veio parar nas mãos da Municipalidade, chamando-se hoje Palácio João Brígido (em homenagem ao jornalista, advogado e político, de acordo com a Lei nº 4.176, de 21 de maio de 1973) e é ocupado pelo Paço Municipal.
Quando era o Solar dos Mendes, o palacete foi palco dos mais suntuosos bailes na Fortaleza do século XIX. Conforme os jornais da época, as festas atravessavam a noite e os convidados só saiam ao amanhecer.
Em 1860, o comendador, sua esposa dona Joaquina Mendes Ribeiro e o coronel José Mendes da Cruz Guimarães, o vendem por escritura pública ao Episcopado, perante a Tesouraria da Fazenda no dia 21 de abril, pela quantia de 60:000$000, ou seja, 60 contos de réis, conforme autorização do Ministério do Império em Aviso de 12 de março do ano citado. A entrega deu-se no dia 21 de junho do mesmo ano. Em 1892 a Tesouraria fez entrega do prédio para o Bispado de Fortaleza (Conforme a lei nº 25, de 28 de outubro de 1892), passando a ser conhecido por Palácio do Bispo e por fim veio parar nas mãos da Municipalidade, chamando-se hoje Palácio João Brígido (em homenagem ao jornalista, advogado e político, de acordo com a Lei nº 4.176, de 21 de maio de 1973) e é ocupado pelo Paço Municipal.
Interessante salientar que na época do Solar dos Mendes (também chamado de Chácara dos Guimarães), o palácio ainda fazia parte do bairro Outeiro e era considerado afastado do Centro, apesar de ficar por detrás da Sé. Foi essa proximidade que o fez ser comprado em 1860 para residência dos bispos, apesar de ainda não haver bispo em Fortaleza naquela época, coisa que só viria a mudar em 1861, com a chegada de Dom Luiz Antônio dos Santos, primeiro bispo da capital, mas ele não ficou no palácio, que só seria ocupado por um bispo em 1892, sendo seu primeiro morador Dom Joaquim José Vieira. O prédio é reformado e adaptado para as novas funções.
O Palácio em 1928
Em 1911, pela ordem nº 226, da Diretoria do Gabinete do Ministério da Fazenda, foi posto à venda e, em março de 1912, foi adquirido por compra pela Diocese (a quem pertenceu até 1973, quando novamente voltou a ser propriedade do poder público).
Uma grande reforma é feita em 1931, pelo arquiteto prático José Barros Maia (o "Mainha"), ocasião em que sua fachada é completamente alterada.
Em 1973, sendo arcebispo Dom José Delgado (Que dá nome ao bosque), na gestão do prefeito Vicente Fialho, o prédio é vendido por mais de três milhões de cruzeiros a Prefeitura Municipal de Fortaleza, passando a funcionar o Paço Municipal. Além do Gabinete do Prefeito, outros órgãos administrativos passam a funcionar no prédio.
Nesse mesmo ano, o Palácio passa por uma nova reforma, conservando num entanto, a fachada projetada por “Mainha”, um arranjo eclético, marcado pelo desenho neoclássico das molduras de suas portas e janelas e pelos arremates Art. Déco de seu frontispício. A fachada leste, voltada para o bosque, apresenta varanda e escadaria monumental.
O Bosque Dom Delgado, espaço aberto do sítio, é repleto de mangueiras, azeitoneiras, pitombeiras e palmeiras de dendê que dividem o lugar com os jardins projetados por Burle Marx. No bosque também se encontra o segundo baobá da cidade, ao lado de espécies exóticas.
Lembro até hoje da entrevista do Sr. Milton, um zelador do Palácio do Bispo, que trabalhou durante muitos anos no prédio, desde a gestão do prefeito Vicente Fialho e que contou várias coisas interessantes e curiosas sobre o Palácio, como a passagem subterrânea que ia até a Catedral e que os padres, quando morriam, o caixão era colocado lá, não havia enterro. Sr. Milton era responsável por orientar a limpeza do riacho, o cuidado com o bosque, com o jardim e que pessoalmente, trazia plantas do horto e mandava replantar no Paço. Nessa mesma entrevista, ele relembrou quando o Riacho Pajeú virou ponto de fuga de assaltantes que fugiam da antiga Cadeia Pública (Hoje Emcetur) e aproveitavam o muro baixinho do Palácio para entrar e se esconder. Depois o prefeito da época mandou colocar grade e guarda municipal tomando de conta.
O Palácio foi sede ininterrupta da Prefeitura de 1973 até setembro de 1991, quando a Prefeitura Municipal de Fortaleza - PMF muda-se para a Serrinha, na Avenida Dr. Silas Munguba (Avenida Dedé Brasil na época), passando a funcionar no antigo Palácio do Bispo a Secretaria do Trabalho e Ação Social da Prefeitura e em caráter provisório a Fundação Cultural de Fortaleza.
Palácio em 1931 após a reforma de "Mainha"
Em 21 de outubro de 1996, após ser reformado, o agora Palácio João Brígido, antigo Palácio do Bispo, recebe novamente o Gabinete do Prefeito que lá fica até 11 de dezembro de 2001, quando se muda novamente, agora para prédio na Avenida Luciano Carneiro nº 2235 no Vila União.
Finalmente, em janeiro de 2010, após 18 meses de reforma, a Prefeitura retorna ao Paço Municipal. A construção, com traços neoclássicos e Art-déco recebeu trabalho de restauro, onde um estudo foi elaborado para retomada dos antigos lustres, do piso e da fachada, sendo o restante da obra adaptada para atender as necessidades atuais, como novas instalações elétricas, hidráulicas, novos sanitários, pontos logísticos para recursos tecnológicos, câmeras de segurança e condições de acessibilidade para pessoas com deficiência (blocos de elevadores e rampas internas), sendo, no entanto, respeitado o projeto arquitetônico. As obras tiveram início em maio de 2008 e custaram a Tesouraria Municipal o valor de R$ 4.646.890,00.
O Paço Municipal (assim como o Bosque que o circunda) foi tombado em 2005 pela importância histórica do espaço da cidade em que está inserida a edificação, como referencial mais antigo do processo histórico que constituiu a cidade de Fortaleza, como também, os valores simbólicos agregados ao prédio, que o transforma num significativo espaço de memória. Tem uma área total de 5.529,22 metros quadrados.
Fachada leste, voltada para o bosque, vendo-se a linda varanda e escadaria monumental.
Não posso terminar essas linhas sem uma breve citação sobre Manoel Cavalcanti Rocha (homem de confiança do Bispo Dom Joaquim), porteiro do Palácio (chegou logo que instalada a Arquidiocese) e mais conhecido por Manezinho do Bispo. Manezinho era uma figura, um dos tipos populares da nossa Fortaleza antiga e valia-se da seção “Ineditoriais”, que a imprensa da época reservava às colaborações dos leitores, para publicar seus confusos escritos sem pé nem cabeça. Simplório, divertido e bem intencionado, praticando as letras com ingenuidade e despretensão.
Andava sempre empacotado num desbotado e surrado terno de alpaca, gravata preta e chapéu. Os bolsos do paletó, abarrotado de papeis, seus escritos. Dias e noites, era comum avistá-lo na abençoada portaria do Palácio.
Sobre ele, escreveu Gustavo Barroso em seu terceiro livro de memórias, Consulado da China: “Também nos visitava a miúde Manuel Cavalcanti Rocha, o célebre Manezinho do Bispo, débil mental (sic), magro, pálido, anzolado, que publicava uma vez por outra, folhetos de pensamentos os mais disparatados do mundo. No meio, alguns deliciosos: "Rapaz moço e sem emprego que se casa com uma moça de dinheiro, dá um tiro com a pistola da besteira nos miolos do futuro".
Andava sempre empacotado num desbotado e surrado terno de alpaca, gravata preta e chapéu. Os bolsos do paletó, abarrotado de papeis, seus escritos. Dias e noites, era comum avistá-lo na abençoada portaria do Palácio.
Sobre ele, escreveu Gustavo Barroso em seu terceiro livro de memórias, Consulado da China: “Também nos visitava a miúde Manuel Cavalcanti Rocha, o célebre Manezinho do Bispo, débil mental (sic), magro, pálido, anzolado, que publicava uma vez por outra, folhetos de pensamentos os mais disparatados do mundo. No meio, alguns deliciosos: "Rapaz moço e sem emprego que se casa com uma moça de dinheiro, dá um tiro com a pistola da besteira nos miolos do futuro".
Fonte: Portal da história do Ceará, Arquivo Nirez, Jornal O Povo, Tribuna do Ceará, Diário do Nordeste, www.fortaleza.ce.gov.br