Emílio Hinko (Budapeste, 9 de abril de 1901) foi um arquiteto húngaro que radicado em Fortaleza realizou várias obras pelo Brasil, em especial Fortaleza. Estabeleceu-se na capital cearense em 1929. Em 1984 recebeu da Câmara Municipal de Fortaleza o título de "Cidadão de Fortaleza".
Projetos realizados:
Base Aérea de Fortaleza
Casa do Estudante
Clube Iracema
Hospital de Messejana
Igreja do Coração de Jesus
Igreja das Missionárias
Igreja de São Pedro
Jockey Club Cearense
Edifício Lopes
Náutico Atlético Cearense
Sede dos IFCEs de Fortaleza, João Pessoa, Recife, Salvador e Teresina.
Construção da Casa do Estudante
Inauguração do Ed. Lopes
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A produção do arquiteto Emílio Hinko em Fortaleza é ainda pouco conhecida, mesmo entre os profissionais e estudantes de arquitetura, apesar do grande número de obras e do destaque de algumas delas na cidade, como grandes equipamentos públicos.
Emílio Hinko nasceu em 09 de abril de 1901 em Budapeste, na Hungria. Por influência do pai, que era construtor, interessou-se pela arquitetura, tendo-se formado pela Escola Politécnica da Hungria, com especialização em maquete e montagem. Durante a Primeira Guerra Mundial, passou por dificuldades, tendo inclusive perdido familiares no conflito.
A base de sua formação era a arquitetura clássica - passava muito tempo reproduzindo estilos, estudou os livros de Alberti, as ordens arquitetônicas, e dominava perfeitamente o detalhamento. Quando se graduou, saiu de Budapeste e foi para Roma, com dois amigos - arquitetos judeus - em uma viagem de estudos, em busca da arquitetura neoclássica, que merecia ser reproduzida.
Na Itália, Emílio arranjou emprego como apontador de obras, controlando a entrada e saída de material do canteiro. Este emprego, ao ar livre, lhe trazia grande desconforto, por causa do inverno rigoroso. Seus amigos, que tinham conseguido melhores posições em um escritório, lhe indicaram para uma oportunidade que surgiu, trabalhar no escritório de Stachine, arquiteto oficial de Mussolini. A filosofia que Hinko adotou a partir de então foi a de se entregar inteiramente ao trabalho - trabalhava 14 horas por dia, em média. Dessa intensa dedicação nasceu uma amizade com Stachine, com quem ele colaborou em diversos projetos, como no Banco de Tripoli e na Estação Ferroviária de Milão.
Emílio trabalhou na Itália por aproximadamente cinco anos, onde ainda desenvolveu projetos de bancos oficiais e vilas de veraneio. Durante esse período, tomou conhecimento do Brasil, através de uma família italiana que tinha uma casa de comércio em Belém do Pará, e se interessou em conhecer aquele país, motivado pela possibilidade de juntar dinheiro para se casar - sua noiva havia ficado na Hungria. Embarcou num navio, e veio dar em Fortaleza, em 1929, depois de escalas no Amazonas.
Fortaleza à época, na década de 20, com apenas 100.000 habitantes, se restringia a algumas ruas no Centro e a grandes faixas de praias, dunas e coqueirais. Essa primeira visão de uma zona tropical causou uma forte impressão em Hinko, que resolveu ficar por algum tempo. Ele ficou hospedado na pensão da Madame Gautier, e passava os dias fazendo croquis de casas nas mesas dos bares - o que despertou a atenção das pessoas, que não conheciam a palavra arquiteto, mesmo as mais ilustres. Assim começaram as primeiras encomendas, principalmente de casas, para médicos.
(A foto ao lado é de 1978 de Fátima Porto Belém)
A partir de então foram feitas várias residências, no Benfica e em Jacarecanga, de acordo com os desenhos esboçados - o cliente podia ver o que iria ser construído, fazendo alterações ainda na planta.
"Ele imprimiu nova concepção ao tratamento do lote urbano, modificando a disposição da edificação no mesmo. Os projetos de Hinko previam casas afastadas dos lotes, prédios recuados, jardins, muros baixos e banheiros no interior das mesmas. Com isso, ele promovia a saúde e a relação entre o público e o privado. Antes, as casas eram enfileiradas, sem recuo e com os banheiros fora delas. Essa visão de que as casas precisam ser ventiladas, o arquiteto trouxe da Europa, que amargava epidemias de doenças infecto-contagiosas, como a tuberculose".
Com o aumento do número de projetos, ele se socializou muito, principalmente com os clientes médicos, de cuja vida social participava.
Projeto de Emílio Hinko para a rua São Bernardo.
Casas construídas para aluguel, na rua Floriano Peixoto.
Casas na Av. da Universidade.
Casa na Av. Duque de Caxias com rua Major Facundo, onde hoje existe o Hotel Chevalier.
Hospital de Messejana - 1930 (antigo Sanatório).
Casa na Av. Duque de Caxias com rua Major Facundo, onde hoje existe o Hotel Chevalier.
Hospital de Messejana - 1930 (antigo Sanatório).
"O início da obra de Emílio Hinko é marcado pelo grande número de projetos residenciais, onde se observa a preocupação com a salubridade, conforto e higiene das habitações. A implantação é feita de maneira a permitir a iluminação e a ventilação natural. Percebe-se também a utilização de elementos modernos, como o brise e a pérgula, além de um jogo bem equilibrado de volumes".
Em seguida veio o projeto do Hospital de Messejana, onde adotou os princípios de salubridade que seguira para as vilas, na Itália - pavilhões separados para evitar a contaminação, muita ventilação, integração com áreas verdes.
O projeto de Hinko de maior visibilidade talvez seja o Náutico Atlético Cearense, clube criado por profissionais liberais que se organizavam em quiosques, em busca de uma vida social mais dinâmica. A construção da atual sede completa agora cinquenta anos. O Náutico foi construído pela construtora de Hinko, também um empreendedor.
"No início da década de 40, foi convidado pelo brigadeiro Eduardo Gomes para elaborar e administrar a construção dos vários edifícios que compõem a Base Aérea de Fortaleza, inclusive das residências para sargentos próximas à Base, na av. Borges de Melo, e para oficiais superiores na Aldeota".
Em seguida veio o projeto do Hospital de Messejana, onde adotou os princípios de salubridade que seguira para as vilas, na Itália - pavilhões separados para evitar a contaminação, muita ventilação, integração com áreas verdes.
O projeto de Hinko de maior visibilidade talvez seja o Náutico Atlético Cearense, clube criado por profissionais liberais que se organizavam em quiosques, em busca de uma vida social mais dinâmica. A construção da atual sede completa agora cinquenta anos. O Náutico foi construído pela construtora de Hinko, também um empreendedor.
"No início da década de 40, foi convidado pelo brigadeiro Eduardo Gomes para elaborar e administrar a construção dos vários edifícios que compõem a Base Aérea de Fortaleza, inclusive das residências para sargentos próximas à Base, na av. Borges de Melo, e para oficiais superiores na Aldeota".
Sede do Náutico Atlético Cearense, onde predomina o estilo barroco genovês, com marcada influência da cidade italiana de Gênova, onde viveu vários anos antes de migrar para o Brasil.
A construção original da década de 50 é um primor em estilo barroco genovês. É uma edificação toda avarandada, com amplas marquises, colunas brancas e elementos vazados.
A construção original da década de 50 é um primor em estilo barroco genovês. É uma edificação toda avarandada, com amplas marquises, colunas brancas e elementos vazados.
Com esse projeto, ele desenvolveu um estilo regional, fazendo uma arquitetura adaptada ao clima, com varandas, terraços, marquises e elementos vazados. "Outra importante característica diz respeito ao caráter permanente das obras projetadas e construídas por Hinko. Sua obra resiste ao tempo, não apenas pela resistência dos materiais empregados, que embora simples não sucumbem à ação do tempo, mas também porque os usuários gostam das construções, e não fazem intervenções".
A essa época a família de Hinko vem da Hungria para o Brasil, passando a viver com ele em Fortaleza.
A essa época a família de Hinko vem da Hungria para o Brasil, passando a viver com ele em Fortaleza.
Base Aérea de Fortaleza,na av. Borges de Melo
Utilização de moringas (jarros de barro) na construção de colunas.
Conjunto de seis palacetes ladeando o então Castelo do Plácido, na av. Santos Dumont.
Durante a construção, Emílio e Pierina se apaixonam, e se casam.
Emílio Hinko teve a visão do que seria a ocupação da avenida Beira-Mar, ainda um grande vazio, e previu o seu projeto, comprando grandes faixas de terra.
A primeira construção da Beira-Mar foi a sua casa de veraneio, já demolida, no terreno onde hoje fica o estacionamento da Pizza Hut na avenida da Abolição. O terreno do Clube dos Diários, ao lado, foi doado por ele para que tivesse alguma vizinhança.
Existe ainda uma série de obras projetadas por ele, como o Clube Iracema, a atual Secretaria de Finanças da Prefeitura, a Casa do Estudante (na rua Nogueira Acioly), a Igreja do Coração de Jesus, a Igreja de São Pedro e a Capela das Missionárias, além de várias casas na av. Santos Dumont e na Praia de Iracema. Um de seus principais colaboradores foi o engenheiro Alberto Sá, com quem trabalhou em diversas obras - e o desenhista Aldo Mesquita.
Croqui para a sede da Prefeitura Municipal de Fortaleza, atrás do Parque da Criança. Somente o bloco da esquina foi construído,sendo até pouco tempo ocupado pela Teleceará.
Prédio da Companhia Telefônica projeto de Emílio Hinko - Nirez
Após o desabamento da antiga Igreja do Coração de Jesus, elaborou o projeto e participou da construção da atual igreja.
Capela e Casa das Missionárias, na Av. Rui Barbosa.
Hoje é a Secretaria de Finanças da Prefeitura.
Emílio Hinko também atuou como construtor. São dele, como construtor, os primeiros galpões do porto do Mucuripe, assim como a ponta do Mucuripe (o quebra-mar). Sua construtora tinha sede no Rio de Janeiro, e trabalhava principalmente para o Ministério da Educação, em obras como as Escolas Técnicas de Salvador, Fortaleza e Teresina; e em reforma no Colégio Dom Pedro II, no Rio de Janeiro. Fez os armazéns do Porto de Cabedelo, e obras em Pernambuco e na Bahia.
Foi reconhecido como cidadão de Fortaleza e do Ceará. Nos últimos anos de trabalho, Hinko desenvolveu projetos com pré-moldados. Ele tinha planos de criar uma escola de arquitetura para estudantes carentes em Messejana. Há alguns anos, teve um derrame que o deixou incapacitado de trabalhar. Hoje, Emílio Hinko (**)vive no 4º andar do Excelsior Hotel, no centro da cidade.
"A obra de Hinko muito contribuiu para a rápida transformação urbana que Fortaleza sofreu a partir dos anos 30. A pequena Fortaleza de 100.000 habitantes cresceu, mas até hoje a obra de Emílio Hinko tem importância na configuração do espaço urbano da cidade".
Foi reconhecido como cidadão de Fortaleza e do Ceará. Nos últimos anos de trabalho, Hinko desenvolveu projetos com pré-moldados. Ele tinha planos de criar uma escola de arquitetura para estudantes carentes em Messejana. Há alguns anos, teve um derrame que o deixou incapacitado de trabalhar. Hoje, Emílio Hinko (**)vive no 4º andar do Excelsior Hotel, no centro da cidade.
"A obra de Hinko muito contribuiu para a rápida transformação urbana que Fortaleza sofreu a partir dos anos 30. A pequena Fortaleza de 100.000 habitantes cresceu, mas até hoje a obra de Emílio Hinko tem importância na configuração do espaço urbano da cidade".
Acervo Lucas Jr
Em 1941, o prefeito Raimundo de Alencar Araripe contratou os engenheiros Emílio Hinko (o mais alto) e Alberto Sá para a construção do prédio sede do município, que se localizaria onde se construiu o Abrigo Central. Duas torres com relógios de quatro faces, duas galerias térreas, quatro elevadores... Ficou só na maquete. Acervo Lucas Jr
Croqui para a atual Catedral de Fortaleza. O projeto escolhido foi um prédio neo-gótico.
Croqui de proposta do concurso para a Faculdade de Direito. Foi escolhido um outro projeto.
(*)Na década de 30 o castelo foi ocupado pelo Serviço de Malária, departamento federal que equivale hoje a Sucam.
Em 1974 o castelo do Plácido foi vendido para o grupo Romcy para a construção de um supermercado. Na iminência de seu tombamento, o Castelinho, como era conhecido, foi demolido da noite para o dia. Passaram-se os anos e o terreno ficou abandonado até que o governo o desapropriou e nele construiu a Central de Artesanato Luíza Távora.
Em 1974 o castelo do Plácido foi vendido para o grupo Romcy para a construção de um supermercado. Na iminência de seu tombamento, o Castelinho, como era conhecido, foi demolido da noite para o dia. Passaram-se os anos e o terreno ficou abandonado até que o governo o desapropriou e nele construiu a Central de Artesanato Luíza Távora.
(**)Emílio Hinko morreu em Fortaleza no dia 4 de janeiro de 2002, tendo chegado à idade
de 100 anos.
de 100 anos.