Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Fábrica da Brahma
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Fábrica da Brahma - Só restou a saudade...



A Fábrica vista do Conjunto Santa Terzinha. Foto dos anos 80. Acervo Isabel Aguiar


CARNAVAL COM ASTRA

(Marcha) 

Letra e música de Francisco José Abreu

Vamos minha gente simbora
Carnaval chegou já está na hora
Vamos minha gente simbora
Carnaval com Astra é o melhor
Está na hora
Cerveja Astra é a melhor do Ceará
Em qualquer lugar você pode encontrar
Cerveja Astra geladinha o que, que há
Não há outra melhor no Ceará
Cerveja Astra chegou e abafou
Vamos beber e pular até o sol raiar
Cerveja Astra geladinha eu vou tomar
É a cerveja melhor do ceará
Mas quem foi que chegou
E abafou, foi a Astra, foi a Astra, sim senhor (Bis)




Foi em 1965 a solenidade da pedra fundamental do prédio, localizado no bairro do Papicu, 
um dos bairros mais tradicionais de Fortaleza, contendo por exemplo o Hospital Geral de Fortaleza, peça importante da saúde pública cearense; o Terminal do Papicu, o mais movimentado terminal de ônibus da cidade, com um fluxo de 303.129 pessoas transportadas por dia; e também a Lagoa do Papicu. 

O prédio foi construído pelo engenheiro cearense, Luiz Gonzaga de Carmo Paula¹, formado pela Universidade Mackenzie, de São Paulo.

Em 1970, houve a  inauguração e lançamento da cerveja Astra, com festa no Clube Náutico Atlético Cearense.
A cerveja Astra foi criada pela firma J. Macêdo & Cia, em Fortaleza, produzindo então uma cerveja de marca própria. Astra, cerveja do Ceará!

Em 1971 a J. Macêdo adquire o controle acionário da Cervejaria Miranda Corrêa, de Manaus, para, em seguida, se associar à Brahma.



Em 2010 a antiga fabrica da Brahma foi ao chão. A implosão ocorreu sem problemas, deixando, no entanto, a lembrança para alguns que passaram certo período de sua vida ligado a essa cervejaria. Caso, por exemplo, do publicitário Giácomo Mastroianni. Ele conta:

“Eu fiquei em casa para ver a implosão da antiga cervejaria Astra (Brahma), muito ligada ao meu passado, pois participei de seu nascimento, paixão e – agora – morte, como associada de J.Macedo. Fiz a solenidade de pedra fundamental (1965), inaugurei e lancei o produto (1970) e agora estou assistindo ao desmonte (2010).”


Muitos colégios faziam passeios até a fábrica da Brahma, lá os alunos tomavam guaraná Brahma (a inconfundível garrafa marrom com “gominhos”), ganhavam lápis, régua e uma revistinha. 



Dez segundos foi o tempo que o prédio da Brahma levou pra vir abaixo, no domingo, 16 de Maio. O estrondo foi sentido distante dali, na Beira Mar, por quem, na infância, adorava as réguas e lápis distribuídos nos passeios pela empresa e se enchia de refrigerante.


Em dez segundos, o prédio onde Paulo havia trabalhado no início dos anos 70 veio abaixo. Como divulgado pelo jornal O POVO, de pé, restou apenas a caixa d'água. Paulo recorda: passou ali bons anos da vida, como assessor de imprensa da Brahma e, antes, da empresa que fabricava a cerveja Astra, uma legítima criação cearense. A construção, que ficava no bairro Papicu, era não somente um amontoado de tijolos, mas um repositório de histórias.

Há quem se lembre até dos almoços na empresa, das festas, da pompa que gozava uma fábrica de cerveja. O jornalista Paulo Limaverde, 70 anos, por exemplo, resgata um dos pontos que o fazem recordar aquele tempo. "Acho que a Brahma era a única fábrica onde, na hora almoço, o funcionário podia tomar até dois copos de chope."

Paulo também relata um caso curioso. Antes de se instalar na cidade, para desbancar a concorrente local, a marca de cerveja teria feito uma presepada. "Eles compraram caixas de Astra, congelaram, depois levaram pra praia, deixaram no sol e, em seguida, distribuíram." O resultado foi calamitoso. "Deu dor de barriga em todo mundo. É, foi assim. O pessoal conta, ninguém prova nada, mas tenho certeza que eles fizeram isso."

Para as irmãs Dedê e Aldiane Oliveira, a memória despertada pela lembrança da fábrica tem menos a ver com cerveja do que com refrigerante. Quando crianças, elas faziam, junto com os alunos da Escola Dorotéias, passeios periódicos à empresa. A designer Dedê, 32 anos, fala que, além de ganhar brindes, "enchia o bucho" de Sukita. "Bebia porque não gostava de Coca. Eu tinha uns oito anos. Era na quinta série. A gente assistia ao filme da história do guaraná. Como é que fazia tudo, tinha palhacinho". Aldiane, 35, não se interessava tanto pelo refrigerante, mas pela produção em si da beberagem. "Gostava mais do processo produtivo. Como era feito o refrigerante, a garrafinha."

No dia da implosão do prédio da Brahma, Dedê estava em casa. Era domingo. O chão vibrou, ouviu-se um estampido. Havia fogos no Aterrinho da Praia de Iracema, ali perto, mas a menina da Sukita sabia que era fábrica despencando e deixando pra trás apenas um rastro de memória.

"Bons tempos que sinto, ao relembrar a fábrica que visitei varias vezes quando era criança, pela escola. Ganhava régua e lápis do guaraná Brahma, e refrigerante até dizer chega. só de memórias em fotos e pensamentos." 
Paulo Duarte

Para implodir o prédio, foram necessários 250 kg de dinamite. A implosão durou 10 segundos. A população pode assistir, de longe, à implosão, cujo impacto pode ser sentido bem longe dali. E aquele cheiro de gás forte, lavando as garrafas.  


Queda começa e o prédio central tomba e cai, chamando a atenção dos presentes. Ao fundo, os prédios altos e o mar são referência para a boa localização do terreno no Papicu - Foto de Tuno Vieira

Para o jornalista Paulo Limaverde, 70, o momento foi importante. "Foi uma emoção incrível. Porque aquilo acolá tinha uma parte grande da história. Tinha concurso, jantares, muita gente ia almoçar conosco. Tinha muita coisa interessante naquela fábrica."


Outro ângulo: o prédio mais alto foi o último a ir ao chão. A estrutura da caixa d´água não ruiu causando frustração aos presentes.

Histórico na Capital

A implosão mais antiga em Fortaleza foi em 1994, na Beira-Mar com o edifício Jalcy, de nove andares. Em agosto de 2000, foi abaixo o antigo prédio do Fórum Clóvis Beviláqua, no Centro da cidade. A última implosão na Capital aconteceu no dia 17 de fevereiro de 2002; um prédio inacabado na avenida Abolição com a rua Joaquim Nabuco. A estrutura tinha 15 metros de altura.


Uma curiosidade:

Foi Tarcísio Tavares o criador e executor do lançamento da Cerveja Astra no mercado.


Aquele prédio tinha um significado muito grande para todos nós, pois representava a cearensidade destemida que ousou desafiar os carteis de cerveja do país.Todos nós lutamos até a exaustão para solidificar a marca Astra que foi engolida pela Brhama. Quando o prédio implodiu foi-se dentro daquele poeiral enorme parte da história desta cidade que um dia será contada em detalhes.

Paulo Limaverde


¹ O Dr. Luiz Gonzaga era engenheiro civil, formado pela Universidade Mackenzie de São Paulo, com brilhante currículo. Filho de João da Light, figura ímpar da História de Fortaleza.
Ele sempre trabalhou para o Grupo J. Macêdo, onde teve oportunidade de dirigir e construir diversas obras, destacando-se a Cervejaria Astra, depois Brahma. Dele também, a sede, do O POVO, na Avenida Aguanambi.
Esse engenheiro era parente da família Dummar (primo de Demócrito). Mais tarde, resolveu nos deixar e ir morar nas terras da esposa, D. Nilce Scortecci, em São Paulo, onde veio a falecer. 

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Créditos: blog do Eliomar, 
Jornal o Povo,
Site Autentica vida,
Site Cervejas do Mundo  e
Mourão Cavalcante

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